Volume 1 – Arco 1

Capítulo 10: Além da Pele

Bom... passaram-se três dias desde que um desgraçado caiu do céu e fez a escola virar um buraco negro de sete andares. Literalmente.

As crateras? Sumiram. Tipo... puff. Reconstruídas magicamente, como se nada tivesse acontecido. Nem rachadura na parede, nem poeira fora do lugar. Ninguém sabia quem tinha feito aquilo, ou por quê. Só que não foi só um "reparo mágico" qualquer. Foi... algo maior.

Os professores, claro, surtaram. Chamaram a polícia maga. E não qualquer uma. Vieram eles — os Detetives Temporais. Aqueles filha da puta que botam medo até em fantasma. Sério, dizem que eles conseguem ver o passado inteiro de um lugar. Conseguem descobrir quem roubou uma colher na cantina em 1993. São a salvação de qualquer crime.

Mas dessa vez? Nada. Nadinha. Como se aquele desastre nunca tivesse existido.

A teoria? Alguém voltou o lugar no tempo. Tipo, não reconstruiu — simplesmente reverteu os andares pra antes da queda. Como se tivesse dado Ctrl+Z em sete andares de destruição.

Magia do tempo. É... coisa de gente fodida. Tipo, nível "quebra todas as regras da realidade". E se essa pessoa não quer ser encontrada... então, meu amigo, ninguém vai encontrar mesmo.

Mas enfim. A vida seguiu. E sim… finalmente entrei pros Furacões.

Quer dizer… vocês devem conhecer como os Bambis. Todo mundo chama de Bambis. Nome merda, inclusive. Mas foda-se — agora eu tô dentro.

Virei praticamente a melhor amiga da Trrira. A Trrira. E antes que alguém comece com aquela ladainha de “ai, ela tá apaixonada”, não, porra. Eu só acho ela foda. Sabia que ela curte Queen? Tipo, Queen de verdade. Ela tem um pôster do Freddie Mercury escondido atrás do armário. Eu vi. Eu quase chorei. 

E o Gumer… bom, ele é um puta gostoso. Não tem nem como descrever de outro jeito. Alto, forte, carisma no talo, sorriso de comercial de refrigerante. E ainda toca violão. Qual é, né? 

Firefy nem se fala. Um anjo. Sério, se eu for pro inferno, é só porque ela existe e a balança do universo precisa se equilibrar.

E o Glomme... ah, o Glomme é bem gay, na real. Tenho tipo 98% de certeza. Só não digo 100 porque ele fica nervoso quando a gente pergunta, e aí eu fico com dó. Mas enfim, ele é fofo demais, e eu daria um murro na cara de qualquer um que encostasse nele.

E por falar em gente que merecia um socão…

A Misha é uma filha da puta mesmo. Com todas as letras. F-I-L-H-A-D-A-P-U-T-A. Jogou sopa na cabeça da Firefy ano passado. Sopa, mano. Quem faz isso? Eu juro por tudo que é mágico que eu só não taquei uma cadeira porque a Firefy me segurou. Ela é evoluída demais pra esse mundo, e eu claramente não sou. O Quinn é outro. Babaca. Babaca nível “vomita testosterona e acha que é perfume”. Ficava zoando o Glomme pelas orelhas dele, pelo jeito que ele anda. Quando me contaram, eu tive que me levantar e dar umas voltas. Respirar. Contar até cem. Só não fiz merda porque ainda quero me formar, mas olha… que vontade.

Enfim. Esses idiotas que mexam com outro grupo. Com o meu, não. Eles são meus protegidos agora. E eu levo essa porra a sério.

Mas vambora. Capítulo novo. A calmaria acabou. Chegou a hora do grande mistério começar. O quebra-cabeça. As pistas. Os segredos.

Essa merda toda vai enlouquecer. E eu tô no olho do furacão. Literalmente.

Que comecem os jogos.

Quinta-Feira, 21 de fevereiro. Atrás do internato. Ahelys tinha ido até lá porque Quinn dissera que precisava dela. Só isso — e ela foi. Porque no fundo, ainda esperava que ‘precisar’ fosse mais do que corpo. A parede fria e áspera que parecia morder as costas nuas de Ahelys como se quisesse acordá-la. Quinn a segurava com uma posse selvagem. As mãos dele agarravam as nádegas dela com força, os dedos enterrando-se na pele, deixando marcas vermelhas que ainda arderiam depois. O corpo dele era sólido, quente, como uma rocha viva, cada músculo contraído enquanto ele impulsionava o quadril com pressa, cravando seu pênis  dentro da vagina dela, que se esforçava para aceitar aquela invasão brutal.

O ritmo era duro, ríspido, quase violento — ele batia contra ela com urgência de um animal preso, o suor escorrendo pelo pescoço dele e descendo pelos ombros largos. O corpo dela respondia, quente, quase em chamas, mas a mente buscava algo que o toque nunca alcançava. Uma palavra. Um carinho. Um ‘nós’ que nunca vinha. Enquanto o corpo dele era um instrumento de pressão, controlando o dela com mãos ásperas que apertavam não só a carne, mas pareciam querer marcar a alma.

Ahelys sentia o pênis dele entrando fundo, empurrando com força cruel contra suas paredes, cada movimento fazendo o útero dela vibrar, mas não de prazer — de dor contida, de resistência. O rosto dela, boca entreaberta, o corpo entregue ao fogo do momento, mas os olhos semicerrados guardavam uma tempestade — uma mistura amarga de prazer físico e uma esperança silenciosa por algo mais. Era como se tentasse convencer a si mesma que aquilo era mais do que um ato físico — que existia algo além daquele toque duro e impiedoso.

Os dedos de Quinn apertavam firme as nádegas dela, puxando para mais perto, esmagando com uma pressão que deixava marcas vermelhas quentes, enquanto a boca dele encostava no pescoço dela, mordendo, sugando — não por desejo, mas por necessidade de dominar. Ela sentia a dor da possessão, mas ansiava pelo toque que dissesse cuidado.

Ahelys respirava com dificuldade, a boca entreaberta numa mistura de suspiro e silenciar forçado. Os seios dela eram pressionados contra o peito duro dele, a pele arrepiada, os mamilos endurecidos pela tensão — não pelo desejo. Cada toque dele era um lembrete de que ela estava ali apenas para ser usada, e mesmo assim, ela segurava uma esperança torta de que ele, em algum canto daquela frieza, pudesse sentir algo.

Quando ele chegou no ápice, foi rápido, seco. Um último impulso forte dentro dela fez o corpo dele se tensionar, os músculos do quadril se contrair violentamente, enquanto ele soltava um gemido rouco que parecia mais um aviso do que um prazer. Sem nenhum cuidado ou gentileza. 

Ele se afastou um pouco. Respirava pesado, o peito subindo e descendo em movimentos bruscos, enquanto ele já começava a puxar a calça pra cima com uma mão rápida e nervosa.

— Vai se limpar e faz o de sempre, tá? Não quero saber de bagunça depois — ordenou ele, com a voz baixa, ríspida, carregada daquele misto de comando e desdém.

Ela não respondeu. Apenas fez um aceno tímido, sem coragem de olhar para ele.

Ele ajeitou o cinto e a camisa desabotoada, puxando o tecido para dentro da calça, como se com isso pudesse organizar também aquele momento bagunçado que tinham acabado de viver.

Quinn se virou, pegando a mochila jogada ali perto. Antes de sair, deu um passo atrás e agarrou o rosto dela com uma mão firme, segurando o queixo dela como se a tivesse na palma da mão. Então, com um movimento brusco e urgente, inclinou-se e a beijou — não um beijo doce, mas uma mistura de possessão e desprezo. Ela correspondeu não por vontade, mas por um desejo torto de ser vista, de ser tocada além do corpo. E logo ele se afastou, deixando um gosto amargo no ar.

— Não esquece — sussurrou ele, os olhos frios cravados nos dela.

E então Quinn saiu, o som dos passos firmes se perdendo na escuridão, enquanto Ahelys ficava ali, com o corpo dolorido. Ela sabia que não era amor. Nunca foi. O corpo dela ainda pulsava. Não de prazer. Mas de ausência. A alma permanecia fria e faminta. Ainda assim, a esperança, estúpida e silenciosa, queimava lá dentro, só para mantê-la viva.

Quinn.

Às vezes eu acho que tô aqui só porque ele me deixa ficar.

Não pelo que ele diz… porque ele não diz porra nenhuma. Mas pelo que ele faz. Pela forma como ele me olha depois de gozar dentro de mim e mandar eu dar um jeito nisso. Sempre com esse tom raso, nojento, como se eu fosse uma maldita lata de descarte.

Já aconteceu tantas vezes que virou rotina.

Nunca é um “você tá bem?”, nem um “desculpa”, nem um “precisa de algo?”. Nada.

Só o silêncio. Ou o som dele indo treinar, rindo com os amigos, pegando mais alguém talvez. Enquanto eu ficava ali, apertando o próprio ventre no banheiro e me encarando no espelho tentando lembrar por que caralhos ainda tava com ele.

E o pior? Eu fico. Eu volto. Eu deixo. Não porque ele me ama. Mas porque eu não sei o que fazer com essa parte minha que ainda espera isso dele.

Às vezes acho que se eu for embora, ninguém mais vai me querer. Pelo menos aqui, ele olha pra mim. Pelo menos aqui, eu existo.

Mas... Porra… foda-se também. Treinamento agora. O chão gelado e silencioso da sala, o cheiro de suor ao ar livre, os sacos de pancada flutuando com magia. Pelo menos ali, quando eu bato em alguma coisa... ela sente.

E não me abandona depois.

Minutos depois do sinal da próxima aula, a nova turma subia até o terraço, onde a sala de treinamento físico se abria para o campo externo — uma sala no topo da escola com uma das paredes laterais completamente ausente, abrindo uma abertura para um vasto campo sintético no terraço. Equipamentos de treino ficavam espalhados pelo espaço que permanecia calmo, contrastando com a agitação do lado de dentro da sala de treinamento.

Sob o olhar tenso do professor Kevin, os pares se formaram, mas ninguém dava a mínima. Cabeças se viraram em sincronia, pescoços se esticando, bocas se abrindo num misto de choque e excitação:

— Icegren...

— Anaru?!

— Vai dar merda.

— Não acredito que o Kevin autorizou isso.

Lá fora, no campo de treino, a grama parecia prender a respiração. Os alunos cercavam o espaço como uma plateia faminta, formando um círculo longo. O céu aberto refletia o mesmo tom carregado de tensão no ar — havia um clima de julgamento, como se qualquer passo em falso custasse não só a luta, mas a reputação.

Icegren se alongava com precisão, os movimentos controlados, prontos pro impacto. Focada, como quem se aquece para a guerra. Os ombros girando, o pescoço estalando devagar, os punhos cerrados e firmes, os olhos fixos na adversária com uma calma perigosa.

Anaru também se preparava. Estava silenciosa. Um pouco dura demais. Suava antes mesmo da luta começar.

— Sem show. Sem chilique. Técnica limpa. E brutalidade só com propósito! — gritou Kevin, abrindo espaço com os braços.

O primeiro ataque veio como uma explosão.

Icegren se lançou com o rugido de uma fera — não um grito qualquer, mas um som de carne rasgando o próprio limite. O corpo dela se contraiu e explodiu pra frente com uma precisão aterradora. O primeiro soco foi rápido. O segundo, mais rápido ainda. O terceiro, um borrão.

O impacto dos socos reverberava pelos ossos de Anaru mesmo ao bloquear. Cada pancada contra os antebraços fazia os músculos arderem. O som era seco e duro, reverberando no campo. Cada impacto parecia arranhar o silêncio da plateia.

Perto da beirada do campo, quatro silhuetas se destacavam no meio da plateia. Quinn estava recostado com os braços cruzados, sorrindo como quem já sabia o final da história. Makkolb mastigava alguma coisa com a boca aberta, sujando o uniforme. Tiruli, sempre mais quieto, assistia com os olhos semicerrados, mas com um canto de sorriso que denunciava o prazer daquilo tudo. E Misha, estava sentava um pouco atrás mas entre eles, com o rosto sério, como se estivesse sendo obrigada a estar ali

— Pega leve, Ice! Vai sobrar só o sutiã da garota! — gritou Makkolb, gargalhando.

— Que sutiã, idiota? Essa aí nem peito tem. — rebateu Quinn, sem tirar os olhos da luta.

Tiruli não disse nada, mas riu baixo, e o som foi mais cruel que qualquer piada.

Icegren não parava. Era como um relógio de guerra, cada batida uma martelada.

— Reage, porra! — cuspiu, com os dentes cerrados, enquanto girava o corpo para um soco no estômago que Anaru mal conseguiu desviar. — Não me faz perder tempo com defesa manual, garota!

Lá dentro da sala, Ahelys mal disfarçava o ódio enquanto desferia socos secos e desajeitados num dos sacos de boxe mágicos. O saco rangia, os braços tremiam. Ela não olhava pra luta, mas o rosto parecia escutar cada soco. Cada impacto do lado de fora batia por dentro, nos nervos, no estômago, nos olhos semicerrados. Ela socava mais forte. Como se estivesse lá. 

Anaru respirou fundo. Recuava. Bloqueava. Deslizava. Cada impacto a fazia recuar mais um passo, os pés cavando terreno pra se manter de pé. Mas não tremia. Ela não parecia assustada.

Parecia... atenta. Os braços trêmulos, os olhos intensos. Então girou. Um giro limpo, ensaiado no instinto. E suas asas surgiram — dois pares imensos, orgânicos, mas de um poder quase místico. Asas de mariposa, mas não frágeis. Marrom-claras, com manchas brancas e bordas espessas como escudos. As asas se abriram num rasgo repentino, rasgando o ar com um som cortante, o vento gritando em resposta. 

Icegren não teve tempo. Travou por um segundo. Só um. Mas bastou. As asas colidiram sobre ela com um impacto seco, a força foi tanta que o som ecoou como uma pancada no osso. Jogando Icegren para trás. Voou de costas, os braços tentando se firmar no ar, sem sucesso. O corpo girou uma, duas, três vezes, os cotovelos raspando a grama, a cabeça inclinada para o lado, a boca aberta num grito mudo. O mundo pareceu desacelerar ao redor dela...

A plateia congelou.

E Ahelys parou de socar. Ficou ali, imóvel, encarando a luta com a testa suada, os punhos cerrados, a respiração pesada. Os olhos dela não piscavam.

E Icegren... não se levantou de imediato.

O campo se encheu de silêncio, e uma dúvida rastejou pelo ar.

Seria esse o fim?

Mas se tem uma coisa que ninguém ali deveria ter feito — era subestimar Icegren.

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