Volume 3 – Parte 3
Capítulo 81: Berço da Vida

Com o ápice da madrugada sobre suas cabeças, o grupo resolveu realizar uma pausa para descansar.
Lúcifer não achava isso necessário quando falava de si próprio, mas aqueles jovens não iriam muito longe sem uma noite minimamente pacata.
Mesmo em meio à região florestal não tão densa, eles pareciam dormir bem tranquilos.
Por sua vez de pé, encostado num tronco com os braços cruzados, os observava com certo cuidado.
Norman tinha dormido, de algum modo, sentado com as costas repousadas na base de um dos arvoredos adjacentes.
Em seu abraço, essa sim deitada na medida do possível, estava Bianca, de feição e respiração plácidas, como se estivesse numa cama bem acolchoada.
Lúcifer chegou a se impressionar com o costume adquirido pela dupla a condições desfavoráveis a exemplo daquela.
Facilitava bastante o trabalho, já que ambos acordariam bem-dispostos e revigorados a favor do prosseguimento na jornada.
No máximo, só não conseguiriam suportar o frio da floresta, mesmo na primavera.
Portanto precaveram-se com a utilização de um lençol, grande o suficiente para cobrir os dois, naquela posição.
Olhando por fora, parecia que nada e nem ninguém poderia acordá-los até o sol raiar.
A única diferença vinha do lado posterior ao tronco onde se encontrava, apto a lhe arrancar uma fraca lamentação.
— Você não vai dormir também? —
O questionamento foi realizado no timbre mais fraco possível, a fim de não atrapalhar o sono dos dois adiante...
E alcançar a jovem deitada na grama, logo atrás.
— Tô sem sono... — Alice Crowley mussitou de equivalente modo, sorrindo à medida que fitava o céu sem nuvens.
— Não se preocupe com prováveis ataques surpresa. Caso ocorram, cuidarei disso em dois tempos.
— Não estou preocupada com isso, pode deixar.
Lúcifer ofereceu uma encarada de esguelha por cima do ombro, embora mal pudesse enxergá-la detrás daquele corpo de madeira, responsável por separá-los a ínfimos metros de distância.
Restou a ele aceitar aquela justificativa, em vista de que não contava tanto assim com ela em comparação aos escolhidos da Águia e do Cisne — apesar de, como na aceitação recente, dar o braço a torcer quanto a capacidade dela.
Mesmo sabendo de muitas coisas, pouco sabia sobre a Marcada de Spica.
— Aliás, eu ‘tava querendo te perguntar... — Ela voltou a dialogar. — Você realmente é um anjo caído que persegue a luz?
Ainda que não pudesse enxergá-la, o soturno pôde experimentar uma olhadela curiosa vindo de sua orientação. Não foi acometido por ansiedade, tampouco intimidou-se.
Somente sustentou a taciturnidade durante um breve período, como se para estudar as motivações por trás daquela indagação.
Conectou os cílios e decidiu deixar o fluxo da conversa seguir da forma mais orgânica possível:
— Onde deseja chegar com uma colocação dessas?
Um fraco riso soou entre os dentes da marcada.
— É o significado desse seu nome: Lúcifer, né? Me diz, foi ‘cê mesmo que escolheu ou tem alguma história maior por trás?
O questionado nada declarou, o que serviu para atiçar os lábios sorridentes da garota.
Considerou o silêncio uma resposta positiva, portanto não sentiu a necessidade de ir além.
— Interessante — cochichou, agora sem ser escutada pelo misterioso.
E então, também não teve mais algo a dizer.
Somente fechou os olhos e deixou ser levada pelo sono que começou a se apossar de sua mente.

Nas ruínas de um altar a céu aberto, Sothis observava as poucas estrelas remanescentes do céu escuro.
Os globos cianos semicerrados denotavam sua preocupação elevada a níveis de urgência jamais imaginados depois de falhar com o objetivo principal.
Acompanhada pelo Marcado de Sirius sossegado sobre uma das pilastras sobreviventes ao avanço do tempo, via-se incapaz de deixar de pensar no limite imposto até o fim.
Sem ter para onde correr na armadilha criada por tais divagações, sentia-se dominada por um frio incômodo na barriga.
As pernas, pêndulas na beirada da colina, balançavam para frente e para trás numa celeridade fora do comum.
Soltava grunhidos por entre os lábios prensados, no intuito de deixar escapar um pouco daquela torrente inquieta de dentro do corpo.
Ainda assim, não encontrava o estado de tranquilidade desejado, o que só fazia crescer sua impaciência.
Tentou cerrar as vistas à força, mas nem por decreto alcançou a intenção.
No fim, desistiu desse meio e jogou o torso contra o solo, abrindo os braços e voltando a encarar a abóbada superior.
Tirou esse intervalo em prol de retomar o fôlego perdido durante a diligência fracassada.
Isso levou-a a encarar o rapaz e questionar sobre como ele conseguia manter as aparências daquela forma.
Chegou a fazer beiço sozinha quanto a isso, soltando uma bufada de exasperação no processo.
Parecia uma criança irritada com o mundo a sua volta sem qualquer razão aparente.
Gabriel percebeu isso, embora bem-sucedido em sustentar a circunspecção voltada à paisagem de morros adiante.
A brisa fria fazia as pontas do curto cabelo menearem, assim como as mangas do casaco sobre suas costas. Em breve, o sono chegaria. Em breve, o novo dia da corrida contra a marcha da entropia teria seu início.
Baseado nessas certezas irrefutáveis, permitiu o corpo relaxar, mesmo na posição ereta a qual se dispunha.
Sem que pudesse esperar, no entanto, escutou um ruído extravagante se proliferar próximo ao ouvido canhoto.
Isso o fez abrir as vistas novamente, vigiando de soslaio o local em questão.
Acima da pilastra ao lado, um pouco maior comparada à qual estava sentado, a anã branca surgiu com a ponta dos dedos descalços.
Conforme os fios brancos dançavam no mesmo compasso do vestido de igual tonalidade, mantinha seus braços atrás do pequeno corpo, como se fosse a encarnação da placidez.
Aquilo deixou o rapaz intrigado por um momento, visto que ela sofria com a inquietação não fazia dois minutos.
Depois de arrumar a postura diante dele, Sothis ajeitou a barra inferior do vestido que ia até os joelhos e sentou-se com delicadeza.
— Oi! — exclamou sorridente, inclinando a cabeça à esquerda. Ele não a respondeu, um pouco incrédulo, então a própria prosseguiu: — A gente pode conversar um pouco? Sei que as coisas não estão indo muito bem a nosso favor, por isso queria distrair a mente...
O Marcado de Sirius a encarou nas vistas recheadas de pureza, portanto não negou o pedido.
— O que foi?
Correspondida da maneira desejada — embora esperasse um pouco mais de afabilidade por parte dele — a anã branca abriu um sorriso de euforia até mostrar os dentes.
— Pode me contar como conseguiu a marca? — Apontou com o queixo às costas dele, onde residia o símbolo da constelação específica. — Eu sempre quis te perguntar isso, mas nunca achei a oportunidade.
Por essa, de todas as hipóteses, o rapaz jamais esperaria, então ficou sem lhe oferecer uma resposta positiva ou negativa durante alguns segundos.
Remeter a tais ocorridos seria o mesmo que despertar os traumas que o perseguiam desde então.
Relutou bastante a isso, na iminência de descer o olhar ametista até o solo abaixo e resguardar-se em profunda introspecção.
A garotinha buscou a atenção dele, como quase sempre fazia quando desejava construir uma linha de diálogo — e quase sempre era ignorada.
Mas dessa vez foi completamente o oposto.
— Eu tinha uma irmã mais nova. O nome dela era Sophia. — Encarou de canto, para depois voltar a fitar a paisagem. — Você é parecida com ela, por isso eu tentei te ignorar no começo. Por me fazer lembrar...
O tom vocal do marcado soou bastante enternecido, o que desfez o semblante eufórico da garota em sobrancelhas elevadas e a boca levemente aberta.
Antes de prosseguir, retirou o colar escondido sob a roupa grossa, abriu o medalhão oval que carregava na extremidade e mostrou a foto para a pequena.
Ela levantou ainda mais as sobrancelhas em estupefação ao comparar a semelhança real entre si e a irmã mais nova do acompanhante.
— A gente nunca teve uma vida fácil. Éramos bem pobres e, por causa da pressão de cuidar de nós dois, nossa mãe tirou a própria vida. Depois, fomos enviados a um orfanato, só que nunca nos demos bem com as pessoas de lá e fugimos. — Arriou as sobrancelhas, as imagens dolorosas vívidas em seu coração. — Tentamos sobreviver como dava. Mas Sophia era uma menina frágil...
— Frágil como? — Sothis inclinou de leve o rosto, a fim de o observar melhor.
— Ela nasceu com uma doença. O tratamento e os remédios eram caros, então a gente sempre fez o que podia. Só que, um dia... — Fechou os olhos, sentindo o regresso da dor... a dor daquele dia. — Ela começou a passar mal. Eu tentei buscar ajuda, implorei pra quem passasse na nossa frente... Ninguém aceitou ajudar.
Apertou o punho sobre a perna, a ponto de o estremecer. Sothis notou isso e começou a ficar preocupada, mas não tinha muito o que fazer a respeito.
No fim, lágrimas quentes começaram a transbordar no canto dos globos cianos.
— Ela morreu nos meus braços. — Ergueu-os, como se estivesse pegando algo em seu colo, como fez com ela naquele dia. — Tudo que eu lembro... é de sentir uma dor tão forte que pensei que iria morrer também. Foi quando... meus poderes surgiram.
Assim que finalizou o breve conto de seu passado doloroso, a forma com a qual foi escolhido pelas estrelas ao passar pela dura Provação, o marcado enfim virou o rosto à orientação da criança.
Ao enxergar o pranto verter pela face enrubescida da própria, não soube como reagir além de esgazear as vistas.
Sothis demorou a notar, como se alertada apenas pelo próprio reflexo na íris do companheiro.
— Ué — mussitou com a voz embargada, levando o dorso das mãos a secarem as lágrimas. — O que...? Por que eu...?
— Está chorando...
— Chorando? — Entrecortou-se pelos soluços. — Isso são... o que vocês... chamam de... lágrimas?
— Sim...
Gabriel notou que as tais lágrimas pareciam um pouco mais brilhantes com relação ao habitual, além de desaparecerem no contato final com o ar.
Observou o presente efeito sem proferir uma sílaba a respeito, enquanto a garotinha tinha dificuldade para se livrar da fina cachoeira que transbordava os olhos.
Não bastasse isso, experimentou um aperto sufocante no peito, destacado a cada contração do diafragma.
De pouco em pouco, começou a controlar a torrente extravagante, jamais sentida durante toda a sua longuíssima vida.
— M-me desculpa, mas... eu posso te... abraçar?
O peregrino arqueou os supercílios.
— Por quê?
— Porque... eu preciso...
“E você também”, guardou no coração.
Diante do pedido consternado da menina, ele não conseguiu deixar seus verdadeiros sentimentos aflorarem. Ainda não se sentia preparado para entendê-los da melhor forma.
Assim, desviou o rosto até ficar distante da linha de visão marejada dela e respondeu, num mussito:
— Faça o que quiser...
Embora não fosse o tipo de resposta desejado, a garotinha não se segurou e realizou um salto instantâneo ao pilar adiante.
Sem delongas, envolveu-o no desejado afago, puxando o pescoço com as mãos e levando o rosto a descansar sobre seu peito.
Foi um gesto diferente do cogitado, ao menos na forma de fazê-lo. Isso deixou o Marcado de Sirius um pouco deslocado no começo.
Contudo, aos poucos, uma onda calorosa passou a envolvê-lo, até superar o vento frio daquela quase madrugada.
Aquilo o trouxe um conforto inexplicável, encarregado de fazê-lo fechar as vistas e aproveitar o instante singular. Não era só a aparência que remetia a sua irmã, ponderou.
Gradativamente, a cada contato e demonstração de carinho, seu inconsciente começava a cogitar a natureza trazida pelo fim adjacente.
Já estava habituado à presença dela ao seu lado. Nem um outro indivíduo somou tanto a sua vida — ainda que por poucos dias juntos — desde a própria Sophia.
O gelo em seu coração começara a derreter, sem ter mais a capacidade de ser interrompido.
A despeito disso tudo, aprendeu, da maneira mais inusitada possível, como era a sensação de abraçar uma estrela.

Um pouco distante dali, mas também à vista da cadeia de colinas, mãe e filha caminhavam pela região deserta envolta por outras montanhas distantes e uma estrada isolada do mapa.
Na companhia delas, vestidas em roupas aconchegantes contra o frio, uma menina de cabelo azul-ciano avançava a passos curtos sem deixar de encarar o céu noturno.
O vento forte fazia os fios de seus cabelos esvoaçarem e obrigava as semelhantes à frente a protegerem o rosto e segurarem o tecido superior, para que não saísse voando.
Ao contrário de ambas, a pequena estrela não aparentava incômodo pela corrente fria, que fazia um pouco de terra e poeira subir pelo ar.
— Como ela consegue andar tão despreocupada nessa ventania? — Judith resmungou, quase sem conseguir abrir os olhos.
— Eu diria que é um mistério..., mas ela se diz uma estrela. — Beatrice projetou um tênue sorriso ao responder.
Aquilo arrancou um estalo de língua da jovem Marcada de Acrux, que parou de andar e virou o corpo pela metade.
— Ei, Pálida! — gritou pela estrela, que enfim desceu a linha de visão. — Onde fica esse lugar que você ‘tá levando a gente mesmo!? Já estamos a uns dois dias viajando, ‘tá começando a cansar, sabia!?
A cerúlea ficou boquiaberta por um tempo, como se utilizasse tal período a fim de processar os questionamentos da companheira.
Quando assimilou isso, seus lábios também se curvaram num semblante sorridente, que a levou a levantar o braço canhoto.
— Está lá na frente. — Apontou na direção das colinas a diversos quilômetros e completou: — Acho que ainda falta um pouquinho para chegarmos!!
“Pouquinho?”, a jovem freira arqueou uma das sobrancelhas, à medida que a bochecha contrária sofreu leves espasmos de nervosismo.
Definida a localidade correta que deveriam alcançar, prosseguiram por mais alguns minutos.
Com seu Áster da Criação, Judith criou água para as hidratar e comida quando a fome vinha sem problema algum. O único inimigo da longa jornada era o cansaço.
Quando a pequena estrela recomendou uma pausa mais longa no meio do trajeto, as marcadas suspiraram aliviadas e planejaram a montagem de um acampamento para passarem o resto da noite.
Novamente, a Marcada de Acrux usufruiu de sua habilidade, agora no intermédio de um esforço maior em prol de conceber uma barraca, capaz de abrigar o trio unido.
Com os mantimentos prontos, estabeleceram-se protegidas do vento forte, enquanto tomavam chocolate quente — também originado pelo poder místico.
Pálida bebia o líquido sorridente, soltando fracos gemidos de alegria a cada golada na pequena xícara de porcelana.
Judith, de soslaio, a encarou curiosa com um assunto que ainda não saía de sua cabeça, sem algum esclarecimento.
— Aliás — murmurou para a deleitosa. — Como você ganhou forma física?
A cerúlea interrompeu o último gole, direcionando a atenção à menina que a encontrou no bosque.
— Como assim? — Tentou tirar mais detalhes daquela indagação.
— Você sabe. Estrelas ganharem formas humanas, aqui na Terra.
A faceta sorridente da pálida esvaiu-se num piscar, até ganhar uma dose severa de sisudez, o suficiente para trazer leves calafrios à mãe e filha.
Levou algum tempo em prol de formular a melhor resposta.
Nesse intermeio, fitou a lona da barraca, responsável por ofuscar a plena visão do céu estrelado acima de suas cabeças.
— Creio que seja o mesmo para quando humanos perdem a vida. — As palavras naquele tom soturno despertaram arrepios nas semelhantes à frente. — Os seres vivos deste planeta... vocês, humanos... todos foram criados a partir das estrelas.
— Como assim?...
À dubiedade da menina, que seguia uma crença absolutamente diferente quanto a da criação da vida e da espécie, Pálida assentiu a cabeça com lentidão.
Por outro lado, a Marcada de Capella encarava a elucidação através de extrema seriedade, sem questionar ou negar aquela visão...
— Estrelas são o berço da vida. Neste planeta... e fora dele. — Encarou o resto do líquido escuro, à medida que passeava com o polegar na borda da xícara. — Portanto, também somos uma forma de vida.
Judith sequer percebeu a própria expressão boquiaberta, como se fosse assolada por um choque repentino.
Isso a fez encarar sua mãe, mas, ao vê-la de vistas fechadas, irresoluta no posicionamento aquiescido, a curiosidade passou a ser o sentimento de maior predominância em seu peito.
Por conseguinte, tornou a encarar a menina de cabelo azul-ciano, que sorria tanto com os lábios quanto com os globos de tonalidade equivalente.
— Por que vidas de mesma origem deveriam ser diferentes, afinal?
As sobrancelhas da freira arriaram.
— Você ainda não respondeu minha pergunta...
— Nem todas as perguntas possuem resposta, Juditinha. — A criança prendeu uma risada, sempre gentil em seu modo de interação. — Nem mesmo nós temos todas as respostas. E, talvez, seja isso que faça a vida ser como ela é...
Passado o instante da fina retruca, o silêncio tomou conta do recinto.
Beatrice terminou de beber o chocolate, sem oferecer qualquer opinião acerca do assunto.
Judith acuou-se na mesma posição, incapaz de definir alguma abordagem.
Não importava quantas indagações e negações carregasse em prol de rebatê-la...
Simplesmente se rendeu à imagem da entidade mística ao alcance dos olhos arregalados, como se contemplasse a própria essência do Cosmos.

Opa, tudo bem? Muito obrigado por ler mais um capítulo de A Voz das Estrelas, espero que ainda esteja curtindo a leitura e a história!
★ Antes de mais nada, considere favoritar a novel, pois isso ajuda imensamente a angariar mais leitores a ela. Também entre no grupo do whatsapp para estar sempre por dentro das novidades.
★ Caso queira ajudar essa história a crescer ainda mais, considere também apoiar o autor pelo link ou pela chave PIX: a916a50e-e171-4112-96a6-c627703cb045
Catarse│Instagram│Twitter│Grupo
Apoie a Novel Mania
Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.
Novas traduções
Novels originais
Experiência sem anúncios