Volume 2 – Parte 2
Capítulo 39: A Última Noite
A brisa gélida levantava os fios brancos da garota, fazendo-os dançarem diante de seu rosto.
A grama ao redor de seus pés seguia o mesmo ritmo de tranquilidade e leveza. O pôr do sol no horizonte diante de si pintava o céu num degradê de cores quentes e frias.
Como toque de refinamento, diversos pontos brilhantes pulsavam em uma briga intensa para sustentar a luminosidade perante o surgimento da escuridão.
Uma escuridão tão bonita quanto a daqueles olhos que contemplavam a paisagem celestial, como se totalmente voltada a sua presença.
Abraçada pela chegada da noite, ela virou o rosto para trás, junto a metade do corpo.
O sorriso se alargava na feição pálida, sem condizer às lágrimas que, porventura, escorriam das vistas trêmulas.
Os lábios se moveram, no intuito de dizer algo. Porém, graças ao ruído poderoso provocado pelo vento que cresceu em impetuosidade, nenhum som foi proliferado.
Ainda assim, o rapaz que a observava a poucos metros abaixo, pareceu entender o que ela tinha dito.
“Me desculpe.”
Incapaz de compreender a razão de não ter escutado a voz dela, arregalou seus olhos em plena perplexidade.
Depois, entre os longos e dançantes fios ao vento, viu a sequência de seus dizeres:
“Preciso voltar...”
Mesmo imóvel em frente à grande árvore que precedia a beirada da falésia, ele esticou o braço na direção dela.
Os dedos das mãos apontaram ao limite, fazendo tudo que era possível a fim de a alcançar.
Um turbilhão desenfreado em seu coração o conduziu a superar as correntes invisíveis que o mantinham preso à terra.
Conseguiu caminhar um ou dois passos. Numa vontade súbita responsável por lhe esmagar o peito, constatou a realidade melancólica.
Ele não podia a tocar. Não mais.
Conforme o corpo dela se desfazia em partículas brancas e azuladas, tomando seu caminho de volta ao céu...
— Eu juro!! — A voz dele escapou em um grito valente, mas que só podia ser escutado por ele mesmo. — Não importa quanto tempo leve!! Se dez anos!! Se cem anos!! Mil anos!! Eu vou...!!
As palavras se perderam pelo ar, absorvidas pura e somente pelo vazio.
E, mesmo assim, ele finalizou:
— ... te esperar... aqui...
— ...nesse... mundo...
O murmúrio tomou conta do pequeno quarto frio.
As velas acesas sobre os móveis antigos iluminavam o local tal como o afago de uma pequena brasa no meio de uma floresta.
Os olhos de Norman estavam fechados.
Ele não tinha ideia do que balbuciava, pois tudo vinha do sonho que estava tendo.
Era isso que Layla, de joelhos e com o corpo acima dele, queria acreditar.
A exemplo de semanas atrás, ela tinha o rosto muito próximo do dele. Mechas do cabelo branco chegavam a cair ao chão, rodeando o rosto plácido do garoto.
Os olhos azul-escuros encontravam-se vidrados na serena respiração do rapaz, enquanto o ar quente vindo das narinas dele tocavam sua face.
Por um momento, desejava aceitar a forte atração que sentia com ele para se unir ao aconchego.
No entanto, ela venceu aquela vontade ao empurrar-se para o alto, voltando a se levantar.
Dessa vez, nenhum sinal de que ele iria despertar. Deu meia-volta, caminhou a passos curtos e sentou-se em um banquinho ao lado da janela fechada.
Sem fazer barulho, olhou também para Bianca, descansando na pequena cama do cômodo, agasalhada da cabeça aos pés.
Mesmo assim, ela tremia um pouco.
Isso pois o clima tinha mudado drasticamente. As temperaturas estavam quase em zero graus, pois fazia uma fraca nevasca que recheava o solo de branco no exterior.
Layla fixou a atenção nos flocos albinos que caíam pelo ar. O céu continuava nublado, porém as nuvens pareciam um pouco mais claras do que há algum tempo.
O amanhecer onde o sol era totalmente ofuscado.
Com aquele cenário à sua disposição, era difícil se desprender dos arrepios que vinham de dentro do cômodo.
A influência de Norman só crescia. Chegava a um nível atual em que ela precisava se esforçar para não se contorcer...
“Foi naquela vez...”, conforme levava uma das mãos ao peito e a apertava contra ele, lembrou-se...
De quando tiveram um rápido contato corporal, depois que Norman deixou o cemitério onde seus pais e irmão estavam enterrados.
O momento exato em que ela tinha, de forma protocolar, ativado o Áster da Clarividência.
Foi onde tinha começado.
“O que eu fiz?...”, contorceu as sobrancelhas.
Em seguida, fechou as vistas com força.
“Se continuar assim... eu...!!”
Incapaz de controlar aqueles sentimentos calorosos, a boca se abriu para remediar a respiração, soltando ar condensado pelo ar.
No entanto, falhou em manter a compostura por muito mais tempo.
Levantou-se, deu a volta na velocidade do pensamento e retornou ao centro do quarto.
Foi até onde o Marcado de Altair estava deitado e, que nem há pouco, se agachou bem acima dele.
Sem pestanejar, levantou, com cautela, a franja de cachos que cobria parte de sua testa.
Encontrou a marca da constelação da Águia, mas seu foco não estava ali.
Percebendo que nem a seu toque frio ele reagiu com o despertar, tomou a liberdade de levar os lábios até ali.
O beijou na testa por alguns segundos. Enquanto o calor indescritível a permeou por inteiro, sentiu a ânsia em ascensão ser saciada.
Queria ficar por mais tempo.
No entanto, tomou uma decisão baseada puramente na série de confusões emocionais que desabrochavam dentro de si.
— Desculpa — mussitou, afastando o rosto do dele.
Reergueu-se mais uma vez e mordeu o lábio inferior.
Sem pensar duas vezes, apenas com o vestido branco de alças finas, avançou até a porta.
Moveu a maçaneta e, antes de sair, ofereceu um último olhar à dupla em sono profundo.
“Eu preciso...”, escondendo o lamento no olhar, a Marcada de Vega prosseguiu ao fechar a passagem.
Ficar longe.
Norman despertou quando uma claridade adentrou o quarto.
Sentiu uma estranha dor de cabeça, portanto sua primeira ação foi verificar se a marca na testa não estava ressoando o alerta.
Confirmando a ausência de qualquer brilho, ficou mais tranquila para bocejar e se espreguiçar.
Lento por conta do frio — e imaginando que a dor de cabeça também era fruto disso —, ele se levantou antes de ser puxado de volta ao sono.
Logo foi até o casaco não muito grosso na cabeceira da pequena cama e esfregou as mãos para se livrar daquela sensação congelante.
Depois, fungou o nariz algumas vezes, até soltar todo o catarro acumulado.
“Não dá pra ficar doente agora”, divagou ao ver que as velas na cômoda ao lado tinham se apagado.
Depois disso, virou o rosto até a cama desarrumada.
Avançou até ela para acordar as outras duas, então retirou o lençol que as cobria por completo.
Quando o fez, viu apenas Bianca deitada. Não achou estranho, acontecia com alguma frequência, ainda mais naquele frio.
Então, com delicadeza, moveu o ombro da garotinha.
— Bianca, acorda...
— Nnng... Só mais... uns minutinhos...
Ela tentou puxar de volta a coberta, mas o rapaz foi irredutível em sua decisão.
Com o tempo a menina não resistiu e precisou abrir os olhos cheios de remela.
Repleta de frio, repetiu o gesto feito por ele ao despertar, enquanto erguia o corpo para ficar sentada na cama.
Esfregou as vistas com lentidão, depois bocejou de maneira demorada e, então, percebeu a presença do rapaz à sua frente.
— Ah... Bom dia... maninho... — Abriu um fraco sorriso, ainda sonolenta.
— Bom dia. Layla já deve estar fazendo algo pra gente comer... — Ele deixou o tecido na cama e foi até a porta.
— A maninha já acordou... Por isso o quentinho foi embora...
Bianca se espreguiçou por meio de um novo bocejo, ainda trêmula de frio.
Norman se antecipou a abrir a entrada que dava ao pequeno corredor da casa, onde mais duas passagens podiam ser vistas antes da sala de estar.
— Layla? — chamou sem obter uma resposta. — Ué...
Ainda sereno, caminhou pela única passagem da casa.
Passou pelo ínfimo banheiro, não encontrou a garota. Depois o segundo quarto e, na sequência, a cozinha, onde ela provavelmente estaria fazendo o café da manhã.
— Não ‘tá aqui?... — Foi à saída, onde o mar de neve dominava a paisagem desértica, cheia de árvores a uma distância considerável. — Layla!? Se ‘tiver aí, me responde!
Apesar das novas tentativas, seus gritos não alcançaram a quem devia.
Confuso, retornou ao quarto enquanto Bianca ainda se levantava da cama.
Ela tomou um susto quando a porta de madeira foi aberta com força, alheia à expressão contorcida do garoto.
— Maninho...?
— Não ‘tá aqui... — ele murmurou, desacreditado. — A Layla não ‘tá aqui.
— Hm?
Sem responder o questionamento fraco da menina, o garoto começou a revirar os móveis antigos do quarto.
Abriu as gavetas cheias de poeira, conferiu embaixo da cama suja com várias teias acumuladas nos estrados e derrubou os quadros descascados das paredes manchadas.
Bianca acompanhou o desespero dele com medo de se aproximar.
Após verificar toda a extensão do local, o cacheado recuperou o fôlego e partiu em disparada até o restante da casa.
“Nada...!! Nada!!”, procurou por todos os lugares possíveis, contudo não encontrou o que desejava.
A garotinha o seguiu na sequência, uma das mãos apertava o peito por conta da apreensão diante das reações abruptas tomadas por ele.
Norman, após minutos ininterruptos em uma correria que o deixou sem fôlego, cerrou os punhos com força e rangeu os dentes.
De sobrancelhas contorcidas, tentou pensar em qualquer coisa que explicasse aquele repentino sumiço.
— Ela não deixou nada...
— Maninho?...
— Pra onde ‘cê foi, droga? — Socou a parede com a lateral da mão fechada.
— Mas... por que a maninha iria embora assim? Ela vai voltar, não vai?
À pergunta feita pela abalada criança, Norman não encontrou qualquer resposta possível para oferecer.
Talvez fosse como aparentava; podia ter saído para encontrar suprimentos ou qualquer auxílio a favor deles.
Mas, no fundo de sua alma, pelo que conhecia dela...
“Que merda...”, sabia que tinha sido algo delicado. Levou as costas à parede e as arrastou até cair sentado no chão.
— O que ‘cê ‘tá pensando, sua idiota? — grunhiu, a voz remoída.
Levou as mãos sobre o rosto, no intuito de mascarar o desespero.
— Maninho... — Bianca se aproximou a passos cuidadosos, ainda receosa. — O que... vamos fazer?
Depois de esfregar a face rubra pelo calor do momento, Norman encarou os próprios joelhos dobrados.
Uniu as palmas em forma de concha sobre a boca, o que abafou sua voz:
— Isso nunca aconteceu...
— E se ela... acha que ‘tá protegendo a gente?...
Àquela hipótese levantada pela Marcada de Deneb, ele parou um pouco a fim de pensar.
Logo chegou a sua conclusão:
— Não, não faz sentido. — Desceu mais as mãos, agora abaixo do queixo. — A gente não deixa de ser um alvo, porque ainda somos Marcados. Alguma coisa deve ter acontecido enquanto a gente dormia.
Bianca desviou o olhar, segurando um dos antebraços.
Passados alguns segundos em completo silêncio, Norman se reergueu ao empurrar o chão com as mãos.
O mais rápido que pôde, voltou ao quarto.
— Bianca, pega suas coisas. A gente vai sair.
— M-mas... pra onde?
— Ela não deve ter ido tão longe. — Ele apanhou uma mochila encostada na cômoda. — Se agasalha bem, ‘tá um frio de rachar hoje.
— E se ela voltar?
Não tinha pensado nisso, mas foi rápido ao resolver:
— Vou deixar um bilhetinho. A gente procura um pouquinho, qualquer coisa voltamos.
“De qualquer forma a gente iria pra outro lugar”, terminou de enfiar os pertences na bolsa.
Bianca fez o que ele mandou. Vestiu seu casaco mais grosso, que tinha ainda um capuz para proteger sua cabeça, e ajeitou as alças da mochila que quase tomava toda as costas.
Não durou nem dois minutos, ambos estavam prontos. Já tinham se preparado caso precisassem fugir em uma emergência.
Agasalhado, Norman colocou sua touca, que só não cobria alguns fios rebeldes que caíam sobre a testa.
Pegou um lápis quebrado e escreveu a mensagem num pedaço de papel que tinha consigo, achado de dentro de uma das gavetas empoeiradas.
“Você sumiu de repente, então eu e Bianca fomos te procurar. Caso esteja de volta, nos espere que vamos voltar logo.”
Dobrou a folha no meio e a deixou sob o prato rachado onde uma das velas tinha sido posta.
Tudo pronto, a dupla trocou olhares decididos.
Assentiram um para o outro e foram até a saída da morada maltrapilha.
Sem virar o rosto, Norman puxou a maçaneta e fechou a porta com força.
Nem tanto tempo se passou após ambos deixarem o abrigo e um enorme obstáculo surgiu com tudo sobre suas cabeças.
A nevasca de mais cedo retornou, agora ainda mais intensa.
Com um dos braços posicionados rente a face, Norman tentava proteger as vistas da vigorosa queda de neve piorada pela ventania poderosa.
Era um tormento só para avançar dois passos seguidos naquele mar albino.
Bianca, grudada à cintura dele como podia, nem capaz era de deixar os olhos abertos; seu rosto estava avermelhado como um tomate, tamanho o frio.
Mesmo agasalhados com capuzes e tudo, não era o suficiente para os livrarem da queda agressiva de temperatura.
Se continuassem por mais alguns minutos em meio ao cataclisma invernal, sofreriam com hipotermia. Ainda mais a menina, que já tinha apresentado sintomas graves de febre.
Sem contar os ruídos assombrosos vindos da ventania, que tirava qualquer capacidade de conversação entre os dois.
“Só pode ser brincadeira... Por que tudo dá errado!?”, o rapaz amaldiçoou enquanto tentava verificar os arredores.
Nada além do puro branco podia ser enxergado a alguns palmos de distância, fator preponderante para que perdessem qualquer rumo gravado na mente.
Norman queria voltar, mas não parecia ser uma opção viável.
Se continuasse seguindo em frente, talvez tivesse sucesso em encontrar alguma pista sobre o paradeiro de Layla, ou de quebra um outro abrigo.
Pensou em usar a Telepatia da menina como forma de auxílio nessa busca, mas as condições climáticas não ajudariam.
“Se a gente continuar assim, ela vai acabar ficando doente... Merda!”, o próprio rapaz sentia alguns sintomas de resfriado vindo à toda, o que lhe provocava diversos espirros esporádicos.
Se a criança também contraísse algum problema relacionado, a situação se tornaria ainda pior.
— Bianca!! — gritou o mais alto que pôde a fim de alcançá-la, ainda que bem próximos um do outro. — Vamo’ tentar voltar!! Não dá pra continuar nessa nevasca toda e...!!
O marcado interrompeu a si próprio quando foi assolado pela sensação arrepiante que tanto desejava evitar.
Dos pés à cabeça, literalmente, experimentou a fraca descarga elétrica chegar até a área da testa.
Não pôde conferir por conta do excesso de branco adiante, porém tinha certeza; o símbolo da constelação da Águia estava ressoando o brilho do alerta.
Ao encarar Bianca, notou a expressão perplexa vinda também dela.
“Não pode ser...”, rangeu os dentes debaixo da camisa protetora. “Tem um marcado por aqui? Nessa nevasca!?”
O pior nem era conhecer a existência de um inimigo ali, mas sim sobre esse ser alguém completamente inédito, já que a marca só os alertava na presença de novos semelhantes.
— Pode usar sua telepatia!? — Voltou a gritar para ela.
— N-Não...!! — respondeu como pôde.
O cenário não parava de piorar.
Num local vulnerável, onde praticamente não podiam se mover ou determinar para onde ir, um ataque fatal poderia os atingir a qualquer momento.
“Droga... O que eu faço!? Não tenho nada pra usar com minha Telecinesia”, encarou os arredores com dificuldades, a procura de algo.
Nada de objetos potenciais a favor de ataque ou defesa foi encontrado.
Logo, caso permanecessem inertes ali, o quadro poderia piorar ainda mais. Nenhum fator trabalhava a favor da dupla em quaisquer hipóteses.
O Marcado de Altair voltou a arriscar um avanço, um passo de cada vez conforme era acompanhado pela criança.
Sentindo a perda de forças dela, deu o melhor de si em prol de conduzi-la pelo braço descansado.
O brilho cessou após algum tempo. O alerta mental do rapaz mantinha-se ativo.
No entanto, a sorte revelou indícios de que começaria a sorrir em prol deles.
A alguns metros de onde estavam, Norman enxergou uma construção erguida.
As vistas se arregalaram no mesmo instante do reconhecimento, o que lhe cedeu fôlego extra no intuito de acelerar as passadas fundas na neve.
— Vem, Bianca! Vamo’ tentar entrar ali!
Apesar de ouvir a voz baixa dele, mesmo proferida em gritos, ela assentiu com a cabeça.
Os dois se aproximaram do provável abrigo e constataram a diferença comparada ao que estavam há pouco.
Com sinos espalhados por aberturas superiores e uma enorme cruz ofuscada pela nevasca, o marcado logo percebeu a natureza do local.
“Uma igreja. Mas, tão isolada?”, pensou por um breve átimo, até que pensou logo em tentar entrar.
Deu a volta na estrutura extensa até chegar à entrada da frente, onde havia pequenos degraus.
A primeira coisa que fez foi empurrar a porta, mas não teve sucesso em abri-la. Então, bateu nela algumas vezes, com toda força que tinha.
O ruído da madeira se perdia em meio ao forte estampido da ventania. De qualquer forma, ele insistiu por mais alguns segundos.
Até que...
“‘Pera aí...”, parou de forma abrupta, retomando a clareza perdida dos devaneios. Foi ao se dar conta que poderia ter cometido um crasso erro. “E se o brilho de antes foi...?”
Proveniente de um possível novo marcado... e ele estivesse dentro daquela igreja.
Recuou dois passos involuntários ao sentir a aflição se apossar de seu corpo. Engoliu em seco, já pensando em retornar o quanto antes.
No entanto, as tosses fortes de Bianca o impediram de sequer dar meia-volta.
Ela não iria aguentar mais naquelas condições.
Atônito ao extremo por conta do impasse severo, mordiscou a borda do lábio, a ponto de quase fazer um corte.
Só não o fez, pois escutou o som do rangido da grande porta de madeira se abrindo ao seu lado.
Encarou de canto, na expectativa temerosa de enfrentar o pior.
Foi quando a responsável por o atender se revelou...
— Ora, ora. É um tanto raro ver pessoas andando pelas redondezas. Ainda mais nessa época do ano. — Uma alta mulher, coberta por um hábito religioso apenas. — Por acaso estariam perdidos?
Sua pele negra combinava com os intensos olhos âmbar, assim como com as mechas cacheadas ruivas, quase alaranjadas, a caírem por dentro da touca.
Ela sorria com uma benevolência digna de uma grande freira.
— Venham, podem entrar. Está bem perigoso aí fora!
E, ao estender o braço e oferecer a ajuda através de sua palma aberta, fez o convite irrecusável aos dois perdidos.
Opa, tudo bem? Muito obrigado por dar uma chance À Voz das Estrelas, espero que curta a leitura e a história!
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