A Voz das Estrelas Brasileira

Autor(a): Altair Vesta


Volume 2 – Parte 2

Capítulo 32: Abalo

Layla e Bianca estremeciam da cabeça aos pés, tamanho o esforço que faziam para que pudessem se desprender da paralisia.

No entanto a ordem dita pelo garoto de olhos sombrios provou-se absoluta.

Aproximou-se das garotas com lentidão nas passadas.

A mão posicionada no zíper do casaco, aberto até a altura do pescoço, escondia em parte o brilho irradiado da boca levemente aberta.

“Não pode ser...”, Layla estava tão incrédula quanto durante o início da balbúrdia com os tremores imprevistos dentro da sala de cinema.

Incapaz de mover o rosto, restou encará-lo de canto, o suficiente para reconhecer sua aparência jovial delineada por um semblante apático.

Com o passar dos segundos, que mais pareciam horas de eternidade, o garoto alcançou a Marcada de Deneb e inclinou o tronco esguio até sua orelha.

Durma...

Ao ter a voz ressonante proclamada diretamente contra seu ouvido, Bianca sentiu um efeito eletrizante espalhar-se por todo o corpo.

Numa velocidade ímpar, sua cabeça foi abraçada pela escuridão.

— Irmã... zinha...

Por meio de um último balbucio, ela perdeu a consciência em tempo recorde.

Ao fechar as vistas enfraquecidas, que ainda lutaram a fim de manterem-se abertas, foi libertada do efeito da paralisia.

Com o esvanecer repentino das forças, a gravidade lhe puxou para baixo, fazendo-a cair em direção ao asfalto.

Antes que tombasse por completo, porém, o rapaz desbotado se agachou, quase a tocar um dos joelhos no solo, com o intuito de segurá-las nos braços.

Reergueu-se segundos depois, já a carregando sem dificuldades no colo. Já com a gola do agasalho fechada, a boca toda coberta, se afastou alguns metros.

Foi o intervalo de tempo suficiente para que a paralisia absoluta fosse desfeita, permitindo que Layla retomasse seus movimentos.

Sem a oportunidade de agir contra o inimigo, já tendo perdido a criança sob sua proteção, a Marcada de Vega virou o restante do corpo até ele.

Num estalo de língua, cerrou os palmos com força descomunal, algo nada usual para seu modo de agir.

— Então foi você — murmurou, rangendo os dentes de aflição.

— Edward. — A voz cansada dele a antecipou. — Pode me chamar por esse nome, aqui.

Ao ouvir o inesperado, a alva arregalou os olhos. Contudo, rapidamente os apertou de novo, os cílios bem próximos uns dos outros.

— Por quê?...

— Não estou com vontade de discutir sobre isso agora. Quero voltar o quanto antes...

— Foi você que provocou os tremores e chamou nossa atenção. — Layla insistiu, se segurando como podia. — Também mandou aquelas marcadas para me confundir...

— Do que está falando? — A indagação de Edward fez a nívea piscar desentendida. — Ah, entendo. É bem a cara dela fazer esse tipo de graça.

Layla pareceu acusar ainda mais o golpe ao escutar as palavras dele, sentindo um calafrio poderoso subir a espinha.

— Não faz muito o meu tipo, portanto estamos separados... — Desviou o olhar pesado, quase abrindo um sorriso de escárnio. — Diria que é uma grande coincidência.

— Seus...!!

Layla por pouco mordeu o beiço inferior, tamanha a fúria que tomava seu peito naquele instante.

Por outro lado, Edward demonstrava tanto controle da situação que sequer precisava se preocupar.

Achava que tinha falado um pouco demais para o momento atual, mas não faria mal.

Encarou o rosto adormecido de Bianca, sobre seus braços, então tomou a decisão:

— Temo que nos encontraremos, muito em breve. Afinal, seu desejo torna esse destino inevitável...

Antes de completar os dizeres, experimentou a elevação de uma influência calorosa pelo ambiente.

As sobrancelhas de Layla se ergueram, varrendo momentaneamente a vulnerabilidade emocional.

Os dois encararam a mesma direção: a entrada e saída do shopping, cujas portas tinham sido derrubadas.

Essas, agora, eram envoltas por uma camada de energia branca que as fazia flutuar a alguns metros do solo.

No centro das estruturas metálicas, Norman andava na direção de ambos a passadas curtas, porém intensas.

Seus dois braços estavam abertos; suas palmas voltavam-se, com dedos contorcidos, às portas atingidas pela Telecinésia.

Os olhos verdes arregalados pareciam cintilar como faróis que rasgavam até mesmo a luz natural.

Uma expressão feroz que tornava qualquer reação inibida por parte de Layla.

— Entendo... — Edward franziu o cenho.

“Foi por isso que ela veio até aqui”, guardou a resolução consigo, atento ao ápice do nervosismo do Marcado de Altair.

Do lado de Norman, fitou a aliada atordoada como jamais tinha visto. Depois, voltou a encarar o principal motivo de sua angústia...

— Larga a Bianca. — A voz soou áspera, mas nada adiantou. Então, ele passou a erguer um dos braços, levantando as portas. — Ou eu vou ter que pegar ela à força.

Layla também nunca tinha visto o rapaz agir tão ameaçador. Nem mesmo durante os encontros com o Marcado de Regulus.

“É um blefe”, Edward determinou.

Ele poderia, sim, lançar aqueles corpos pesadíssimos e enormes contra sua integridade.

Porém, o fato de estar segurando Bianca, que poderia ser atingida, garantia a ele a vantagem de liderar aquela “guerra fria”.

— Não seja precipitado, Norman! — Layla gritou, pegando a atenção para si. — Se fizer isso, vai machucá-la e pode piorar a situação.

— E se eu não fizer nada, ele vai fugir — resmungou de volta, os dentes rangendo. — Eu...!!

— Não precisa se preocupar. Meu intuito não é machucar essa criança, em hipótese alguma. — Edward virou o restante do rosto ao garoto. — Apenas a levarei comigo por um tempo. Não passa de uma jogada estratégica.

— “Jogada estratégica” uma ova... — Moveu, outra vez, as portas flutuantes. — Vou acabar com essa “estratégia”!!

— Norman, não...!

Antes que Layla pudesse correr para impedi-lo, o Marcado de Altair deixou-se levar pelas emoções deturpadas e...

“Ele realmente vai...”

Lançou as portas contra aquele que deveria derrotar a fim de salvar Bianca.

Parem.

A ordem veio acompanhada de um brilho ínfimo, ofuscado pela gola fechada do casaco.

Foi o suficiente para que as portas parassem em pleno deslocamento no ar, a poucos centímetros de o atingir.

“Também funciona em objetos...”, a Marcada de Vega se assustou ao ver aquele efeito.

Mas, é claro, o maior afetado foi o telecinético.

Ainda sentia o controle da energia de seu Áster sobre as estruturas metálicas, mas estava inapto a movê-las a bel-prazer.

Nesse momento, seus olhos cruzaram com os daquele misterioso...

“Ele também...!?”, mal completou, atingido pelos arrepios que outrora experimentou com aqueles de olhos azuis.

Retorne.

Tanto que demorou a entender a nova ordem do desbotado, responsável por causar o efeito reverso sobre as portas que, segundos depois, voltaram a se deslocar.

Dessa vez, lançadas contra o próprio cacheado...

Não apenas isso, como a velocidade dobrou, elevando a força do impacto dos objetos pesados.

De forma imprudente, um pouco em antecipação à jogada do agasalhado, Layla correu com tudo que tinha para se lançar contra o corpo do aliado.

O abraçou e, dessa forma, se jogou com ele no asfalto, fazendo as portas passarem rente a suas cabeças.

Elas atingiram com violência as paredes da entrada do shopping, provocando uma explosão de escombros e fumaça por boa parte do local.

Foram segundos preciosos até os dois se recomporem.

Quando o fizeram, viram que Edward não estava mais onde estava.

Eram apenas a dupla de marcados e os carros estacionados perto das calçadas.

Atônito, Norman, sem palavras para descrever os respectivos sentimentos, socou o asfalto três vezes.

— Merda!! Merda!!!

No instante que o dorso do punho começou a liberar sangue, Layla o interrompeu ao enlaçar o braço dele com os seus.

O rapaz ainda tentou continuar, mas acusou a derrota.

Então refugou o próprio corpo.

De joelhos no chão, incapaz e desorientado, só pôde remoer a perda tão fácil daquela que tinha jurado proteger.

Depois da fuga bem-sucedida, Marcel e Catherine alcançaram uma zona campada distante da cidade.

Um riacho criava a separação com a pequena mata à frente, de onde a brisa aconchegante era disseminada.

Com alguns ferimentos pelo corpo, o homem ofegante sentou-se no relvado e deixou a esposa repousar ao seu lado, no intuito de descansar os braços doloridos.

Ela aproveitou o clima fresco do local e deitou-se sobre a grama, as pontas do cabelo ondulado dançavam com leveza.

 — De alguma forma... a gente fugiu... — Marcel fechou os olhos ao exalar um profundo suspiro.

— Sim, ele era forte... — Catherine encolheu as sobrancelhas. — Me perdoe, querido. Eu não passo de um peso para você. Se estivesse sozinho, com certeza conseguiria...

— Não fala isso. — A interrompeu com um peteleco em sua testa.

— Ai!

— Se não fosse seu poder, não ia dar pra fugir daquele garoto. E eu te amo. Não me importo de te carregar e vou te proteger sempre. Estamos juntos nessa.

— Querido...

Após as bonitas palavras proferidas pelo marido, Catherine projetou um sorriso leve.

Os dois aproximaram os rostos lentamente, fecharam os olhos e, prestes a contatarem seus lábios rosados... sentiram uma presença incômoda que os observava.

Interromperam a ação conjunta em prol de virarem o rosto. Encontraram, a poucos metros, a figura sorridente de fios dourados ao vento.

Fitada por silenciosos semblantes afiados, a jovem levou uma das mãos à frente da boca em prol de esconder sua risada.

Na sequência, cerrou as vistas noturnas e murmurou:

— Não se importem comigo! Podem continuar, sabe!?

— Não, obrigado...

Desconfortáveis, marido e mulher abriram nova distância entre si e deram atenção especial à misteriosa.

Catherine voltou a erguer o tronco sobre o solo. Assim conseguia ter um melhor panorama sobre a pessoa em questão.

Marcel sustentou a postura e, após recusar sua deixa para que prosseguissem com o beijo, estreitou os cílios no intuito de questioná-la sem dizer uma palavra.

Compreendendo onde ele desejava chegar, Stella não escondeu o jogo.

— Vocês realmente conseguiram sobreviver ao Gabrielzinho, hein!? Os quase três meses de preparação não foram em vão, certo!?

“Então esse era o nome dele”, o esguio resolveu retrucar de outra maneira:

— Você realmente já conhecia ele.

— Nos encontramos uma vez, logo após eu salvar vocês daquele Marcado de Arcturus, entendem!? — Ergueu o indicador destro, mediante o sorriso triunfante. — De qualquer forma, não precisam ficar chateados por terem falhado dessa vez! Esse já era o previsto, sabe!?

— Então mandou a gente pra enfrentar aquele garoto sabendo que era mais fácil a gente morrer? — Marcel agravou o tom de voz.

— Não, não, não! Euzinha não contava com a morte de vocês! Diria que foi apenas um processo necessário de evolução, além de ter somado à minha apresentação, entendem!?

Eles não entendiam nem um pouco, mas estavam duvidosos sobre desejarem saber ao certo.

Enquanto isso, a loira realizou uma pequena pausa em prol de abrir os braços.

— O que está por vir, certamente, indicará a passagem àquilo que desejam!

Perante a ausência de respostas verbais do casal, Stella apontou em direção à mata adiante, logo após o raso riacho.

— Ocorrerá uma importante reunião aqui. Será a oportunidade predileta para que busquem encurtar o caminho em busca do triunfo, sim!?

— E você vai participar dessa vez? — O esguio perguntou sem nem a encarar.

— Quem sabe! Diria que, após o evento de hoje, fiquei bem mais instigada a ser uma participante ativa, sabe!? Então, é melhor se prepararem!

Quando encerrou a frase, jogou uma pedra incolor na cabeça do homem adiante.

Ele sentiu-se incomodado com aquilo, portanto a apanhou na grama, conforme passava a outra mão acima da área afetada.

Ao observar o símbolo de uma estrela em relevo no cristal, estalou a língua e virou o rosto novamente.

Dessa vez não encontrou a presença da marcada.

Se tudo estiver indo de mal a pior, esse fragmento os oferecerá poderes que superam seus limites...

O que restou foi a voz dela, a ecoar pelo espaço, na iminência de lhes transmitir o recado final.

Catherine repetiu o gesto do marido e arregalou os olhos avelãs ao contemplar o mesmo vazio.

Ambos trocaram olhares dúbios, mas não era como se estivessem desacostumados àquilo.

As atenções voltaram-se ao objeto, parecido com um diamante. E ali permaneceram durante um tempo.

Por sua vez, Stella entranhou-se na pequena floresta onde tal “reunião” viria a ocorrer, como dito pela própria.

Com os dedos entrelaçados atrás do corpo, caminhava a passos curtos sobre as folhas secas acumuladas por toda a extensão.

Enquanto cantarolava sem muitas pretensões, fitava o céu azul-ciano, parcialmente poluído pelas copas das maiores árvores ao redor.

— Isso só tende a ficar mais interessante — murmurou ao semicerrar os olhos soturnos. — Estava tudo em seus planos desde o princípio? Nosso pai...

Levou os dedos maiores até o lábio inferior.

Em seu rosto, a expressão excitada era acompanhada pelo enrubescer das bochechas que se alargavam em virtude do sorriso avantajado.

Sem opções, Norman e Layla decidiram procurar por Bianca na grande cidade.

A quantidade de autoridades reunidas em todas as ruas era colossal e atrapalhava a busca desesperada dos marcados, ainda que soubessem ser inútil.

O misterioso inimigo, Edward, não fugiria para locais tão próximos e tampouco facilitaria sua procura.

Durante o anoitecer, eles enfim jogaram a toalha e assumiram a completa derrota.

Embora um combate real sequer tivesse acontecido, foram incapazes de responder à altura.

Por conta do abalo, Norman sequer notou o que sua companheira pôde constatar; a gama de destruição espalhada por diversos pontos da metrópole central.

Talvez fosse a resposta para os tremores do shopping, mas uma série de dúvidas lhe dominava e nenhuma conclusão precisas podiam ser atingidas.

No fim, acabou convencido de que a ausência de informações apenas os faria perder tempo. 

Ambos concordaram em voltar para a casa onde estavam, a fim de se recuperarem do evento inesperado.

Logo após chegarem, envoltos em um clima tão pesado que chegava a ser hostil, Layla, mais calma, resolveu elucidar:

— Minha Clarividência não encontrou nenhum destes acontecimentos. Pelo contrário; o que me mostrou foram cenários completamente seguros para nós.

Norman se sentou em uma das cadeiras da mesa na cozinha. Sua ansiedade o fazia bater um dos pés freneticamente contra o chão.

— Então ‘tá dizendo que seu Áster falhou de uma hora pra outra, é isso?

A Marcada de Vega segurou as pontas por estar ciente sobre as condições atuais do aliado.

— Isso é impossível... — Limitou-se a desviar o olhar carregado. — Algum fator externo modificou minha previsão. Só consigo pensar nesta possibilidade por ora.

— Sei... — Abaixou a cabeça.

— Temos que achar uma maneira de encontrar aquele marcado. Pela forma de agir e falar, ele quer nos atrair e tem algo em mente por trás disso.

Enquanto mordiscava a ponta da unha polegar, o Marcado de Altair voltou a levantar o rosto.

Tentava pensar em alguma maneira de encontrá-los. A cabeça, porém, estava tão cheia de diversos devaneios que era muito difícil seguir qualquer linha de lógica mais apurada.

— Aliás, por que retornou? — Antecipando suas palavras, Layla indagou. — Sei que foi uma ótima coincidência. Porém, o que te levou a...?

— Foi a voz dela... — A interrompeu. A voz soava abatida. — Eu escutei a voz dela, pedindo ajuda... Isso foi depois que encontrei aquela garota. Era uma marcada também...

Ao escutar aquela descrição ambígua, a alva estremeceu de leve.

— Espera, um momento. Uma garota, marcada? Como isso aconteceu? E como ela era? — Enrustiu as sobrancelhas quando o fitou.

Ele não viu.

— Quando eu ‘tava no meio do caminho, de repente todas as pessoas no shopping desapareceram... Uma garota de cabelos dourados... — Ergueu o olhar na direção da inerte aliada, quase boquiaberta. — Os olhos dela... eram iguais os seus.

O abalo de Layla se cruzou com a severidade do rapaz, de um modo que nem mesmo o silêncio foi capaz de mascarar.

Ela cerrou os punhos sem o deixar ver. Abaixou de leve a cabeça, capaz de enxergar os próprios dedos dos pés.

Podia rebater, afinal, diversas pessoas podiam ter tons de íris semelhantes. Mas ela sabia...

Um dos motivos para que o jovem tivesse sido atraído a ela era o fato de seus olhos remeterem ao céu noturno.

Uma desculpa daquelas dificilmente funcionaria.

Do lado de Norman, toda a interação tida com Stella foi revivida em retrospectiva.

Além do detalhe dos olhos, tinha toda a influência irradiada por aquela garota.

Unir isso aos mistérios levantados sobre o acidente de carro que vitimou sua família, de certo conhecimento daquela pessoa...

Não pode deixar que ela se torne Rainha...

Algumas teorias começavam a ganhar cores mais fortes em sua mente.

— Ei, Layla... — murmurou, em desprezo ao semblante atônito da garota. — Por acaso você...?

Antes de completar o que pretendia dizer, o som de seu celular atravessou o clima de pura tensão.

Após alguns segundos com somente o ruído do aparelho sendo proliferado, Norman venceu a indefinição e o pegou da mesa na cozinha.

Logo verificou o dono da ligação.

Leu o nome de Bianca com uma florzinha ao lado, descrito na tela acesa. Seus olhos arregalaram e o polegar arrastou o ícone de atender esverdeado imediatamente.

Ao ler o nome de Bianca escrito na tela acesa, arregalou os olhos e arrastou o ícone esverdeado para atender.

— Bianca!? Bianca!! — Seus gritos assustaram Layla, que voltou a encará-lo; desprendeu-se da tensão absurda que havia sido imposta. — Me responde! Onde é que você...!?

Não se preocupe. — Uma voz masculina o cortou. — A Bianca está dormindo agora.

Assim que escutou a voz do inimigo, o garoto quase rugiu como um animal ao murmurar entre os dentes cerrados:

— Você...!?

Preocupada com a nova situação, a Marcada de Vega se aproximou a passos curtos, podendo escutar a conversa entre ambos.

— Onde você ‘tá? Cadê a Bianca!?

Já falei que está dormindo, muito bem. Por sinal, pode me chamar de Edward. Não cheguei a me apresentar a você...

— Não quero saber disso.

De qualquer forma, é bom saber desses detalhes. Então, se quiser ter a garota de volta, você e sua parceira têm duas opções. — Edward adotou uma breve pausa e, como nenhum deles respondeu, resolveu continuar: — Renunciem suas qualificações como Marcados.

— Hein? — Norman ergueu uma das sobrancelhas.

Desde que desejem, podem desistir da Seleção Estelar a qualquer momento. Ela nunca te contou isso?

No instante que ouviu aquilo, o cacheado encarou mais uma vez a parceira que correu de seu olhar.

— Sim, é possível — ela disse. — Eu não lhe contei por conta de que tal determinação obriga o desistente a pagar um “preço”.

É, eu te ouço bem. — Edward a acompanhou, com o tom levemente irônico. — Você pode perder a visão. A capacidade de andar é bem possível, também. No fim, o Rei Celestial é quem costuma decidir.

— É muita presunção sua achar que faríamos isso. — Layla arriou as sobrancelhas ao retrucar.

Mesmo Norman se impressionou ao vê-la falar daquela maneira. No fim, ele também não pretendia abrir mão de algo para desistir àquela altura...

Imaginei que diria isso, então preparei uma segunda proposta. — Voltou a provocar com o silêncio, até disparar a mensagem final: — Venham até a floresta no limite da cidade.

Apesar da ausência de respostas verbais por parte da dupla, o marcado do outro lado da linha soltou uma fraca risada.

Entendeu a omissão como uma resposta positiva.

Ficarei no aguardo...

— Espe...!

O som da ligação finalizada impediu que o cacheado ao menos contestasse.

Com um xingamento raro, jogou o aparelho eletrônico na mesa, o fazendo quicar e cair no chão em seguida.

Ele voltou a repousar na cadeira, deixando todo o peso do corpo colidir com o assento.

Com a mão apertada na testa, inclinou-se sobre o móvel retangular.

Embora relutante sobre as dúvidas dele, e eram diversas, Layla voltou a se aproximar.

Após a resposta enunciada através das emoções deturpadas — algo que também era raro de acontecer — suspirou profundamente.

— A gente vai... salvar a Bianca.

— Norman...

O rapaz ergueu o rosto, sem deixar de retirar a palma sobre o olho esquerdo.

O outro, em destaque, liberava um ar ainda mais hostil na direção da Marcada de Vega.

— Vai ser a segunda vez... e a última. — As palavras de tom absoluto reverberaram no silencia dela. — E depois disso a gente vai ter uma conversa.

Para finalizar, ele se levantou ao dar um tapa forte na superfície da mesa e deixou o local a passadas pesadas.

Solitária em meio à quietude desagradável, Layla, pela primeira vez em muito tempo, sentiu-se incapaz de fazer algo a respeito.

Opa, tudo bem? Muito obrigado por dar uma chance À Voz das Estrelas, espero que curta a leitura e a história!

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