Volume 2 – Arco 1
Capítulo 57: Cérebros Explosivos
As luzes de toda Cyberion foram se apagando aos poucos, a energia que mantinha os mecanismos e redes de sistema virtual acabou em um piscar de olhos. Os sistemas de segurança pararam de funcionar, os criminosos estavam fugindo de suas celas pois as grades não eram de aço, elas eram lasers atômicos.
As variáveis dos computadores e da própria programação dos robôs que trabalhavam entre os ligamentos de metal do planeta foram todas deletadas de repente.
Enquanto todo esse caos se instalava no planeta de metal, alguns objetos voadores flutuavam por cima da órbita do planeta. Se pareciam com containers, eram caixas pretas pairando e emitindo luz por um feixe similar a um farol.
— Aquilo… não me parece muito normal. Desde quando eles apagam as luzes na madrugada? — Questionou um dos robôs que estava dentro de um dos containers voadores. Em seu braço estava marcado o modelo “CSMI-930”.
— Talvez estejam economizando energia para a bomba que vão soltar no Las Stellarie esse ano — respondeu o outro robô ao lado, do mesmo modelo.
Os dois eram robôs projetados pelo Belo-Mestre para auxiliarem na CSMO (Coordenação de Supervisão e Monitoramento Orbital), que eram as equipes que ficavam dentro daqueles caixotes voadores, monitorando o planeta de cima.
— Seus imbecis! É um apagão! — enfureceu-se o outro cyborg que também era do mesmo modelo. Este, porém, tinha mais senso de responsabilidade que os outros dois. — Temos que emitir um sinal de alerta crítico de emergência! Veja isto, Sr. Comandante!
Um quarto indivíduo lentamente se aproximou. Veio do fundo da aeronave, com os braços recolhidos atrás das costas. Vestia um casaco vermelho com a sigla da CSMO estampado nas costas, cabelos castanhos e olhos também castanhos. Uma grande cicatriz em volta do seu olho direito, que permanecia fechado sem precisar de tapa-olho. Tinha uma barba castanha que não se conectava ao bigode.
Em seu crachá estava assinado "Cmt. Jason.”
— Faz um tempo que não vemos um problema nesse lugar… — disse Jason, tragando do charuto eletrônico que fumava.
— Observe! — O cyborg disciplinado bateu continência e abriu caminho para que Jason vesse a situação de Cyberion pela luz do farol. — A energia do planeta se apagou, comandante!
Jason soltou a fumaça do charuto e o colocou sobre o painel de controle da aeronave.
— Eu já to vendo. Foderam com as luzes… bom, vou emitir o sinal para a AUREA.
Jason se posicionou no centro da aeronave enquanto puxava as mangas do casaco. Seu braço era meio peludo. Enquanto puxava as mangas, o poder da Alquimia iluminou suas veias com um brilho dourado. O poder seguiu a linha das veias e se acumulou nas mãos, até formar um revólver canalizado da magia. Era uma magia semelhante à que Sakura Yukari usava.
Jason apontou o revólver para o alto, bem no centro do teto daquela nave havia um pequeno buraco. Puxou o gatilho, e um feixe de luz dourado subiu, sinalizando no céu. As outras naves quadradas ao redor seguiram o exemplo da nave central, onde o comandante estava, e uma por uma foram soltando feixes de luz dourada para o alto também.
Ao longe, inúmeras luzes douradas no céu foram visíveis. Havia várias torres de administração de energia espalhadas por Cyberion, torres essas da equipe AUREA. (Administração Unificada de Recursos Energéticos e Automação)
— Não precisavam emitir sinais… a situação já é visível de qualquer lugar — disse uma mulher que observava dentro de uma grande esfera de vidro, localizada no topo de uma das torres da AUREA. — Se Cyberion se apagou, então o Sagitário falhou em impedir aqueles criminosos…
A mulher tinha belos cabelos ruivos, olhos verdes e exuberantes. Pequenas linhas traçavam a íris de seus olhos verdes, o que fazia parecer o traçado de uma esmeralda. Seus lábios eram bem vermelhos pelo batom e ela vestia roupas semelhantes as de Jason, porém, as desta mulher eram brancas.
Em seu crachá estava assinado “Dra. Fischer".
— Para terem derrubado aquele espectral, devem ser um grupo perigoso de criminosos. Talvez uma organização especial — comentou Kaelan Blackwood, caminhando ao lado da mulher. — Talvez devêssemos mandar o Takeshi atrás deles, quando ele finalmente terminar de caçar o Hiroyuki. Ou até mesmo você pode lidar por conta própria, Srta. Fischer. Sua força é admirável.
Kaelan ofereceu a ela uma taça de whisky, já estava bebendo uma e por “gentileza” trouxe uma a ela também. Mas a mulher afastou a taça com a mão, recusando.
— Você é muito charmoso, Blackwood. Mas seria mais encantador se você não mostrasse seu charme para todas as mulheres que conhece.
Com isso, Fischer saiu caminhando até o elevador para ir resolver outros assuntos, e Kaelan continuou observando a vista pelo globo de vidro.
— Mas estou falando sério. Não é arriscado ficarmos muito tempo sem energia?
— Na verdade não. Só temos um problema… — A mulher parou de andar em frente ao elevador, e mirou o olhar em Kaelan mais uma vez. — Os "Estoura-Crânio”.
San e Luke andavam pelas ruas apagadas de Cyberion, enquanto no céu, vários feixes dourados subiam para o além. Os dois estavam bem tranquilos em meio a toda aquela situação, diferente do próprio povo daquelas cidades, que gritavam e corriam por toda parte como se estivesse chovendo meteoros.
— O que são aquelas luzes? — questionou San, observando os feixes dourados aparecerem um a um.
— Sinalizadores. Quando chegamos aqui, essas máquinas de supervisão já estavam rodeando o céu e observando tudo que acontecia aqui embaixo, com exceção das arenas do coliseu — respondeu Luke, com frieza.
Na mesma hora que ele citou o coliseu, uma das pontes flamejantes que conectavam as arenas e a Bela-Casa se ascendeu nos céus. Significava que mais uma rodada do torneio estava prestes a começar. — Acho que nós deveríamos estar lá em cima.
— Não, nós não vamos ser convocados dessa vez — tranquilizou San.
— E como é que você pode afirmar isso?
— A lista dos próximos convocados já fica disponível nas tabelas de todas as arenas a todo momento… mas eles não mostram isso pra nós.
Luke demorou um pouco para responder, mas seu olhar apático ainda espreitava San ao lado.
— Então, é por isso que você não estava perto do menino elétrico ou da garota de luz antes. Você visitou as arenas. Por quê?
Ignorando a gritaria e o caos dos cidadãos em volta, San baixou o olhar e começou a pensar. Quando baixou o olhar notou um alien semelhante a um crocodilo tentando morder seus sapatos. Ele logo tentou espantá-lo com chutes, mas o bicho só foi afugentado quando San infundiu fogo nos pés para chutá-lo. Com isso o crocodilo fugiu.
— Bem… depois que terminou a luta do Hifumi contra aquele ogro, eu tentei procurar ele por aí e não encontrei. Ele disse que estava em uma missão secreta, mas eu quero saber o que exatamente ele quer investigar aqui no coliseu…
— Você seria um idiota se tentasse procurar ele na arena horas depois da luta já ter acabado.
— Eu sei. Mas tinha uma coisa que eu queria conferir.
San colocou as mãos nos bolsos e acabou chutando uma pequena placa de sinalização de trânsito para insetos gigantes. Estava escuro demais para ver a placa depois que as luzes se apagaram. — Enquanto o Hifumi lutava com aquele ogro, ele fez um rio de lava na arena. Então, eu imaginei que o solo de areia teria se tornado vidro ou que pelo menos as paredes estariam queimadas…
— Deixa eu adivinhar. Para a sua surpresa, tudo estava exatamente idêntico ao início da luta — interrompeu Luke, a ideia de San já era óbvia. — Mas isso não é nada suspeito. Na própria Infinity Astra, na prova de admissão, a arena era feita de concreto Alquímico. É só desintegrar e materializar de novo. Me impressionaria se eles não usassem uma tecnologia assim.
San se lembrou de quando estava concorrendo nas provas finais para entrar na corporação. Em um dos duelos, Kyoko Yoshizawa contra Thomas Grace, Thomas utilizou da magia do concreto ao seu favor contra Kyoko.
— É… mas não era exatamente isso que eu…
De repente, a conversa casual foi cortada por uma explosão um pouco à frente. A rua escurecida foi iluminada por um instante. Um corpo decapitado caiu ao chão enquanto os habitantes corriam mais desesperados que antes.
— É ISSO!! ELES ESTÃO AQUI!! — Berrava um deles, tropeçando nas próprias pernas enquanto corria.
— Será o nosso fim…
— Eles tiraram nossa proteção! As luzes sagradas, as luzes da vida! ISTO É PUNIÇÃO DIVINA!!
Em meio ao caos, uma moça comum e bela chamou atenção de todos, abrindo os braços para a multidão.
— Escutem com atenção! Desespero só vai nos levará a morte iminente! Temos que nos unir e construir nosso próprio abrigo de iluminação mútua! Eu sou uma usuária de Alquimia, eu posso ajudar vocês!
Mas ao final do discurso da bela moça, sua cabeça inchou e no segundo seguinte explodiu como uma granada. O fogo iluminou as ruas por um momento mais uma vez, e o desespero voltou com mais força.
— Que merda foi essa?! — exclamou San, tampando o rosto pela fumaça da explosão.
Luke olhou ao redor, procurando algum inimigo ou responsável pelo ataque.
— Terroristas, talvez…
Não demorou muito para que a próxima cabeça de um inocente explodisse, e o sangue junto do fogo voasse pelo ar. Os donos de comércio rapidamente foram fechando os portões dos seus estabelecimentos, e as janelas e portas das residências foram se trancando aos poucos também.
— Terroristas?! A gente tem que sair desse lugar! — Exclamou San, se afastando da multidão enlouquecida. As cabeças iam explodindo gradualmente, e a cada explosão, uma chuva de gritos vinha em seguida.
— A gente não tem nada a ver com isso. Melhor voltarmos lá pra cima, de qualquer forma — disse Luke, indiferente. E tranquilamente seguiu o caminho de volta para o ponto de teleporte abaixo da Bela-Casa.
Um pequeno garotinho desesperado veio correndo e se agarrou na perna de San, impedindo-o de continuar andando.
— Você! Você possui a luz! Me abençoe com a sua luz, por favor!! —A cabeça do garotinho estava inchando também. — Você precisa me ajudar!
— Se acalma! Se acalma!! — San tentava repeli-lo de sua perna antes que o pior acontecesse, mas ele estava grudado.
— EU PRECISO DA SUA AJUDA!
— ME SOLTA!!
Por instinto de sobrevivência, San chutou o pequeno garotinho para dentro de um beco ao lado. Ele caiu no chão e saiu rolando, até que sua cabeça explodiu também, fazendo com que vários fragmentos de metal das casas ao lado voassem por aí.
E seguido do garotinho, um alienígena veio desesperado também. Se agarrou nos ombros de San, acreditando que ele era algum tipo de salvador. Sua cabeça começou a inchar, San fechou os olhos pois já era tarde para tentar empurrar o alien.
Passou-se alguns segundos e nada explodiu em sua cara. Ele abriu lentamente os olhos, e viu a cabeça do alien apunhalada na parede. Lule cravou a cabeça do alien ali com sua katana antes de explodir.
— Que esquisito, você tá praticamente atraindo eles… — ponderou, mexendo um pouco a espada para ter certeza de que o alien estava morto.
Mas quando Luke removeu a lâmina de dentro da cabeça da criatura, não deu um segundo para que ela explodisse. San foi atirado para o chão com a explosão, e acabou ferindo a testa. Luke foi atirado para o outro lado, mas antes de cair ele conseguiu guardar a espada e deslizar com a mão no chão para evitar o impacto.
— Que desgraçado! — exclamou San, com ódio. Se levantou e limpou um pouco do sangue de sua testa. — A gente precisa sair daqui!
— Aqui! Venham por aqui! — Gritou um homem mascarado, recepcionista de uma loja de discos de vinil. — Rápido!
San e Luke desconfiaram à primeira vista. Antes de fazer qualquer movimento, Luke olhou para San antes, esperando uma resposta dele. San o encarou de volta, com um pouco de raiva pela última explosão.
— A gente não tem muita escolha — disse ele, e os dois correram para dentro da loja antes que mais algum lunático tentasse explodir em cima deles.
Assim que os dois entraram na loja de discos, os portões da loja se fecharam abruptamente, a batida causou um grande estalo. Agora, aparentemente, estavam seguros das cabeças explosivas.
— Foi por pouco… — suspirou o misterioso homem que os salvou. — Vocês não são de Cyberion, então, acho que posso garantir que não vão explodir minha loja do nada.
— Nós viemos do coliseu — disse Luke, seu olhar continuava apático.
— Sim, somos forasteiros — completou San.
O homem veio apressado até San com um paninho e algumas faixas na mão. Cuidadosamente foi limpando o sangue de sua testa, e a enrolando em uma faixa. Estava saindo vapor de dentro da ferida...
— Eu já sei… vi a chegada de vocês um pouco antes do torneio começar.
A sinfonia de abertura da arena Zenith Mortal ressoou por boa parte daquela área. Seguido de uma chuva de aplausos, provavelmente dos espectadores. — Inclusive, algum desafio está em andamento lá em cima…
— Mas o que está acontecendo aqui embaixo?! Depois que a energia acabou, eles ficaram desesperados e suas cabeças começaram a explodir!
— Ah… — o homem suspirou mais uma vez. Assim que terminou de enfaixar a testa de San, voltou para o balcão e pegou um disco de vinil antigo e o colocou sobre o toca-discos. Começou uma música tranquila, um pouco melancólica que trazia a sensação de uma madrugada chuvosa. — Na verdade isso é bem comum por aqui.
— Comum? — Luke cruzou os braços, procurando saber mais. — Não vi nenhuma cabeça explodir na minha cara desde que cheguei aqui.
— É uma longa história… e não é tão simples quanto parece ser. Bem… — o homem começou a preparar café enquanto se lembrava dos detalhes da história. — Isto é, na verdade, um sistema de defesa. Ou melhor dizendo, de tortura. Está instalado no cérebro de todos os cyberianos.
— Um sistema de tortura instalado em todo mundo? Mas por quê? — San ficava irritado sempre que ouvia situações de injustiça como esta.
— É um parasita. Uma larva incandescente, que serve como uma bomba. É instalada no cérebro de todo bebê assim que ele nasce, em seu batizado… Ela serve não só para monitorar todos os cidadãos da cidade, como também serve para efetuar um julgamento de sentença de morte quando cometem crimes graves.
— E este julgamento consiste em explodir a sua cabeça? — perguntou Luke, pegando a xícara de café oferecida, mas não se atreveu a experimentar.
— De maneira resumida, sim. Para ativar o potencial total desse parasita, é necessário a inalação da luz incandescente… essa “luz” está espalhada no ar, por todo o planeta. Mas existe um sistema de segurança que purifica o ar e extermina essa substância. Para o julgamento, eles colocam o culpado em uma sala escura, cheia desta substância espalhada no ar… Os cyberianos pensam que as cabeças explodem quando ficam no escuro sem iluminação. Mas isso foi apenas parte da lavagem cerebral que fizeram neles. Eles esperam no escuro até que inalem acidentalmente a substância no ar… o que pode demorar bastante tempo, ou até ser instantâneo. Alguns até imaginam que já partiram dessa vida enquanto esperam na pura escuridão, pois a morte é tão repentina, que eles não sabem distinguir se ela já aconteceu ou não pela falta de luz.
— É definitivamente um método de tortura — observou San, dizendo o óbvio.
— Então, eles pensam que estando no escuro vão morrer por isso. Quando na verdade, vão morrer apenas por terem azar ao respirar. O apagão parece ter atingido os sistemas de segurança também, pelo visto — observou também Luke. Uma análise bem melhor que a de San. — Mas de qualquer forma, isso não é problema nosso. Agradeço pela sua ajuda.
Luke se preparou para ir embora da loja de discos, quando notou que San não estava o acompanhando. Virou as costas, e San parecia estar delirando.
— O seu amiguinho ficou nas nuvens… — sussurrou o dono da loja.
— Ei, San. Vamos voltar.
Mas San não respondeu. Luke se aproximou do garoto, o olhou de frente por um tempo, e não hesitou em dar um belo tapa na cara de San para fazê-lo se mexer. San despertou na hora.
— Ah! Que coisa… será que dá pra desligar esse relógio?
Quando San disse isso, Luke finalmente notou. Havia um relógio romano na parede da loja. O som dos ponteiros se movendo não o incomodavam, mas San parecia ficar hipnotizado por aquilo.
— Hum? O relógio de Millennia? Está te incomodando?
Na mesma hora, San tomou um susto com o que ele disse. Depois de tanto tempo, finalmente uma informação sobre aqueles relógios romanos esquisitos.
— Relógio de quê?!
— De Millennia. É uma cidade… fica lá em Zamãnã, em um planeta bem longe daqui. Às vezes sinto nostalgia daquelas terras… minha terra natal…
Luke observou a expressão fascinada de San com dúvida e suspeita. Mas para o garoto, aquilo era como ter encontrado uma mina de ouro.
— Me conte mais sobre esse lugar.
— Zamãnã é uma das três grandes divisões do planeta de Zarah Alkhulood… É um lugar bem deserto, literalmente. Não importa para onde você vá, só vai ver areia em todos os lugares. E Millennia, é uma pequena civilização conhecida principalmente pela torre do relógio. A torre onde fica o Eón. E eu não posso desligar esse relógio aí na parede, porque ele segue o horário marcado no grande Eón de Millennia.
— Você sabe de tanta coisa! — exclamou San, encantado com aquele homem. — Mas… tem uma coisa que eu realmente preciso saber. Você já ouviu falar sobre… O portador de Eón?
O homem riu, estava relembrando dos velhos tempos.
— Esse nome, faz tempo que não escuto. É o título do faraó… mas não tem porque se interessar por essas lendas. O faraó adormeceu a muitos anos. Já deve estar até morto. A única coisa que faz o povo acreditar que ele ainda esteja vivo é a atividade da Jade Vortex. Essa pedra, é a relíquia divina que dá ao faraó o controle absoluto do vento. Dizem que ele controla o tempo também… mas eu não sei não.
— Então… o faraó está nesse planeta de nome estranho? Onde ele fica?! — San colocou as mãos na mesa, excitado. Estava prestes a descobrir sua maior dúvida desde que teve aquele sonho com a tumba do faraó.
— Onde fica…? Eu não sei… ninguém vai saber. Se você busca encontrar as terras de Zarah, então desista. É impossível…
— Você não era nativo de lá?!
— Sim, eu era mas… é complicado de explicar. — O homem parou para tomar um gole de seu café. — Mas se vocês querem tanto saber… posso contá-los tudo que eu sei sobre esse lugar. Pode servir de base. Mas quero algo em troca.
— Pode dizer — Luke deu um passo à frente, se propondo a ajudar. — Eu disse que ajudaria o San. Então, se ele precisa dessa informação nós vamos nos esforçar para conseguí-la.
— Perfeito. Mas meu pedido, no entanto, é um pouco complicado…
O homem apontou seu olhar para os fundos da loja de discos. Lá, havia duas crianças. Uma menina e um menino. Eles usavam máscaras semelhantes às do homem. — Eles são os meus filhos… eles estão assustados, nunca viram uma situação assim antes. Então… quero que vocês nos ajudem a parar a crise de cabeças explosivas por ora.
— E como você planeja que façamos isso?
— Existe um grupo, na cidade. Os “Estoura-Crânio”. São seres de luz, bem arrogantes, responsáveis por espalhar a substância da luz incandescente no ar. Não sei muito sobre eles mas… meus filhos podem ajudar. Eles sabem de tudo quanto é lenda deste planeta.
— E como você garante que as cabeças dos seus filhos não vão dar inicio um show de luzes quando sairmos daqui?
— Pelas máscaras que estamos usando... com elas, torna impossível inalar a luz incandescente.
Passaram algumas horas, Luke e San conseguiram uma certa intimidade conversando com as duas crianças mascaradas. O plano seria apenas negociar com a gangue dos Estoura-Crânio, mas o real problema, seria encontrá-los. Talvez, não fosse necessário nenhum tipo de confronto. Mas ninguém podia afirmar nada com certeza.
Todos estavam no segundo andar, na casa do dono da loja que ficava em cima do local. Luke segurava sua katana em seu colo, passando suavemente a mão sobre a lâmina que refletia metade de seu rosto. As crianças pareciam bem animadas em volta de Luke, quase escalando em cima dele.
— Tio! Por que você nunca sorri? Zaha já contou nossas melhores piadas… você não riu de nenhuma delas… — disse Kha, a menina. Ela era um pouco mais quieta que Zaha, que era um garotinho bem mais agitado.
— Não sei se as piadas de Zaha foram boas. Eu não tenho o que vocês chamam de senso de humor. Não sinto felicidade, nem tristeza, nem raiva. Eu não sinto nada.
— Oh… — Kha pareceu ter pena de Luke. — Que triste… mas por que, tio?
— É porque… — Luke olhou para sua espada novamente, incerto se deveria responder a esta pergunta. Mas toda essa dúvida lhe fez lembrar de uma coisa. — San. Antes de irmos encontrar essa tal gangue, existe algo que quero testar em você.
— Quê? Testar em mim?
Notas:
Aviso: Todas as ilustrações utilizadas na novel foram geradas por IA. Perdoe-nos se algo lhe causar desconforto visual.
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