A Última Ordem Brasileira

Autor(a): Hanamikaze


Volume 2 – Arco 1

Capítulo 44: Problemas com Canhões

Amélia sentiu-se aterrorizada com a visão do pequeno Xarphus rolando ao chão, com a cabeça agressivamente estourada. Deu um passo hesitante para trás, mordeu nervosamente os lábios e entrelaçou os dedos. A maneira como ele simplesmente perdeu a vida ali, sem avisos, apenas acabou aumentando seu medo sobre aquele lugar.

— Amélia! — exclamou Arashi, segurando o tridente em mãos. — Vai ficar tudo bem, okay? Apenas… fique firme.

Ele tentou esboçar um sorriso reconfortante para ela, mas assim que o sorriso gentil começou a desenhar em seu rosto, foi acertado pelas costas por uma bola de metal em alta velocidade. Ele foi jogado ao chão com tudo, tendo o pulso esquerdo quebrado quando colidiu com o chão.

— STRIKE!!! — anunciou Valaric, do alto da arena. — Ficar parado no meio da partida não é exatamente o aconselhado.

Arashi gritou de dor com o pulso quebrado, se esforçando para tentar se reerguer no chão.

— Merda!

As borboletas sobrevoavam a arena como se fossem pequenos cometas. Kaelan tentava acompanhá-las com os olhos, mas os rastros das verdes se entrelaçavam com as azuis acabou tornando a tarefa cada vez mais complicada. Quanto mais olhava as borboletas voarem de uma ponta a outra da arena, percebia que os rastros formavam um padrão no ar.

— Rota pré-definida… ou… se movem com base nos sensores.

Um canhão carregou uma boa quantidade de energia nas paredes da arena, e atirou mais uma bola na direção de Kaelan. Ele observou por cima a bola se aproximar, mas decidiu não fazer nada; nem se esquivou e nem tentou defender. Mas logo foi protegido por Jokull Thorisson, que se pôs à frente de Kaelan, levou as mãos ao chão e recitou um feitiço:

Speculum Claustra! — e então, ergueu-se uma barreira de espelhos em volta dos dois. — Por pouco, sr. Blackwood.

— Astuto demais Jokull, não precisava.

A este ponto Amélia já tinha tomado coragem e começado a se mover. Seu senso de sobrevivência havia retornado, e não podia se deixar morrer ali, em uma prova de um torneio. Arashi também se recompôs, com o pulso esquerdo quebrado e carregando o tridente na mão direita.

— Já me tiraram uma mão… pena que eu sou destro — caçoou, se esquivando de mais uma bola com um flash para trás, utilizando os raios nos pés.

— Ele fez uma barreira! — exclamou Amélia.

— Sim, uma barreira espelhada. Tem a mesma Alquimia que Namida, aparentemente. Não acho que vai ser um problema.

— Namida Sato, você diz? Encontrei este na Infinity Astra antes de virmos pra essa loucura.

— Ele é um grande… — Arashi teve que se esquivar de mais uma bola, ficando atrás de Amélia. — Prodígio. Melhorou bastante de uns tempos pra cá… Se tivéssemos ele aqui agora, ficaria bem mais fácil!

Passos apressados passaram bem diante da barreira de espelhos criada por Jokull. Era Zorvax Vonblade, atravessando a arena rapidamente, seguindo uma borboleta verde de Elysium. A borboleta fazia movimentos circulares no ar, até chegar à parede, e então subir com tudo em linha reta. Zorvax saltou, usou a parede como apoio e foi mais alto ainda. Um dos canhões atirou uma bola tão veloz quanto um tiro em sua direção, mas foi ficando cada vez mais lenta ao se aproximar do corpo de Zorvax. Quando estava bem próxima, ela já quase não se movia. O jovem então usou-a como apoio e saltou até a borboleta acima, girando as pernas no ar para dar um chute giratório. As pernas brilharam com a Alquimia acumulada na rotação, e deu uma pancada no ar tão forte que deu impacto no chão abaixo, levantando poeira.

Porém, debaixo da cortina de poeira que subiu do chute aéreo, um brilho verde faiscou e então transpareceu em uma bela borboleta esverdeada. Zorvax pousou ao chão, imponente.

— Vocês dois — bradou, olhando para a Jokull e Kaelan na barreira. — Não vão ajudar em nada? Mexam-se!

— Hah! — Kaelan riu, e Jokull se apressou para imitar a risada, como um pato imitando a mamãe. — Vamos deixar essa contigo, por enquanto. Sei que você tem potencial… é hora de mostrá-lo para o mundo!

Zorvax rosnou, mas logo teve que se movimentar. Uma bola veio em sua direção como uma bala, atravessando o chão da arena. Mas Zorvax foi capaz de saltar antes da bola atingir seu crânio.

As bolas que os canhões atiravam chegavam até a barreira de Jokull, mas apenas faziam pequenas rachaduras nos espelhos. O tempo de outra bola atingir a barreira era suficiente para regenerar as fraturas e deixar o escudo perfeito novamente.

— Espero que seu feitiço sirva de alguma coisa, Jokull.

A energia da Alquimia vinha de duas fontes principais: Um catalisador, caso tivesse uma natureza, como água por exemplo. Poderia se propagar em algum artefato de valor, ou parte do corpo como os olhos. Este seria o catalisador da água, que conteria toda a energia da água, que poderia se esgotar conforme utilizada. Já para os que não possuem natureza e utilizam Alquimia pura, como Zorvax, a Alquimia se mistura com o sangue. Quanto mais estes usam sua Alquimia, mais força vital acabam queimando, consequentemente fazendo o coração produzir mais sangue. Consumir Alquimia pura demais poderia resultar em problemas cardíacos, ou até mesmo parada cardíaca.

O catalisador de Jokull, apesar de ter natureza de sua Alquimia, continuava sendo o próprio sangue. Talvez, fosse um pouco azarado por sua magia ter se manifestado exatamente no ponto inicial. O que no fim, não trazia a vantagem de não gastar força vital quando utilizada Alquimia adaptada a um elemento.

— Vou resistir, sr. Blackwood — afirmou, a testa começando a ficar suada.

Do outro lado da arena, Amélia deslizou para um lado e então para o outro, acompanhada por uma onda de magia branca que vinha do chão como águas tão leves que quase flutuavam no ambiente. Em volta de seus braços, símbolos brancos brilhavam. Eram marcas que aprisionavam seu corpo em uma maldição eterna, correntes amarradas na alma. Isto era o "estado Xamã”. Um poder mortal que envolve um contrato sombrio, que vende parte da alma do usuário em troca de poder temporário.

Uma bola veio na direção de Amélia, desta vez veio em chamas. A bola passou de raspão na orelha da jovem, e caiu sobre as águas brancas, transformando-as lentamente em fogo.

— Enfeitiçaram os canhões?!

— Adicionando um pouco mais de dificuldade ao jogo! — exclamou Valaric, com excitação na voz. Uma orbe em chamas girava rapidamente no aro quase perfeito no topo de seu cajado.

Amélia não pôde perder tempo. Parou de correr sobre as águas e ergueu uma mão para o alto, fazendo um símbolo como se estivesse agarrando o sol. As águas se ergueram em cinco colunas em volta dela, indo todas em direção a uma borboleta azul de Aniônius. Porém, a borboleta azul se multiplicou em duas repentinamente, como se tivesse criado um clone.

— Elas se multiplicam agora?! — berrou Amélia, indignada.

— Não! É a habilidade daquele canalha! — respondeu Arashi, apontando para Jokull que agora não estava mais protegendo Kaelan na barreira. Estava com as duas mãos miradas na borboleta azul, espelhando uma miragem dela no ar.

Jokull não teve muito tempo para focar em seu feitiço; uma bola de metal banhada em água vinha em sua direção. Ele desviou uma mão a ela, e criou um espelho para proteger-se. A bola foi repelida pelo espelho e se dissipou em água. Jokull deu um suspiro aliviado, mas o líquido escorreu pelo espelho e o contornou, e quando atravessou a extensão, se formou em uma bola de metal novamente, atirando-se contra o rosto de Jokull que foi jogado de costas no chão.

O impacto da bola em seu rosto não foi muito grande, por ter sido rematerializada bem próxima a ele.

Zorvax veio se aproximando rápido, saltou por cima de Jokull ao chão e usou a parede como base mais uma vez. Girou o tridente no ar e apunhalou uma das borboletas verdes em cheio. Assim que eliminou a borboleta, uma bola de vento vinha em sua direção, mas também foi ficando lenta ao se aproximar, até dissipar-se no ar.

— Temos que usar o tridente para matá-las! — exclamou Arashi para Amélia, um pouco antes de ser jogado aos ares por uma bola de vento.

Os cinco pilares de água que Amélia havia erguido ainda estavam no ar. A borboleta azul que ela queria acertar se movia um pouco mais devagar agora com tantos obstáculos, mas as gotículas de água ainda não causavam efeito. Mas este não era seu objetivo. O seu tridente logo saiu de dentro de um dos pilares, curvando-se no ar e cravando a borboleta azul no chão. Ela evaporou em pequenas faíscas em seguida.

— Que saco… — disse Kaelan, caminhando pela arena. — Essa coisa não fica quieta. — Estava tentando alcançar uma das borboletas apenas com o olhar, mas ainda era difícil.

Kaelan não teve muito tempo para tentar observar. Logo, uma bola de metal veio furiosa em sua direção. Ele nem a viu, então a bola colidiu com seu crânio, espatifando sua cabeça na hora. O corpo ainda se manteve de pé, mesmo sem a cabeça.

San nas arquibancadas se levantou, os olhos se arregalando em excitação ao ver a cabeça de Kaelan explodir daquela forma.

— Se aquieta, San! — exclamou Kyoko, o puxando para o banco novamente.

Arashi se levantou ao lado de Amélia, observando.

— Ele morreu? Tão fácil…

O corpo imóvel de Kaelan permaneceu parado, sem a cabeça. As águas moviam-se subindo até o pescoço, aparentemente reconstruindo um novo rosto. Em poucos segundos, a cabeça já estava de volta no lugar, e os cabelos se reconstruíam como uma cachoeira de verdade.

— Ele… voltou a vida? — questionou Amélia, incrédula ao ver a cabeça regenerando-se.

— Mas como?! Destruíram a cabeça… o cérebro também virou mingau! Mesmo se pudesse regenerar, como faria sem o cérebro…

— Ah — resmungou Kaelan. — Calem a boca, vai — disse, e um novo som ecoou na arena. O som das asas de besouro batendo, um som ensurdecedor e irritante. Era o corpo decapitado de Xarphus, carregando o tridente e dilacerando uma borboleta verde sem que ninguém notasse antes, pois todos estavam focados na suposta morte de Kaelan. — Agora só falta mais uma.

O corpo do besouro caiu no chão novamente, e água escorreu de seu corpo, insinuando que Kaelan estava controlando seu cadáver.

Duas borboletas de Elysium foram eliminadas, e apenas uma de Aniônius pereceu. Valaric e a plateia iam à loucura com a eletricidade e o fervor na arena.

Arashi notou que o tempo já estava escasso, e que precisavam daquela vitória de uma vez por todas. Já haviam perdido um ponto para Aniônius com a morte de Xarphus, e a derrota só os deixaria mais para trás ainda. Ele ergueu-se e se concentrou. Amélia observou, baixando a guarda por um momento. Arashi então deu um impulso, correndo como um raio por toda a arena.

Zorvax que tentava alcançar a última borboleta sentiu Arashi correndo até ele, mas não se preocupou muito. Sabia que ele ficaria lento ao se aproximar; mas não foi bem o que aconteceu. Arashi estava tão veloz que acabou atropelando Zorvax, lançando-o para o alto. Quando foi lançado, uma bola de metal colidiu ferozmente contra o seu braço, quebrando-o na hora.

Zorvax berrou enquanto caia, e Kaelan observou.

— Eu estava gostando dos poderes dele…

Arashi estava quase alcançando uma das borboletas por baixo, até que sentiu uma energia passar bem ao lado. Era Jokull, lançando um feitiço de domínio contra Amélia. Ela estava com a guarda baixa, e não poderia revidar. Então Arashi fez sua escolha, entre a borboleta azul, e Amélia Harris, sua companheira.

Speculorum Dominium! recitou Jokull, as mãos miradas em Amélia.

Arashi sequer teve tempo para pensar, com um arranco cheio de eletricidade ele chegou junto de Amélia, e se empurrou para dentro do feitiço, jogando-a para trás com o cabo do tridente. Arashi acabou trancado dentro das espelhagens.

— Arashi! — gritou Amélia, e então caiu no joelho. O estado Xamã estava começando a causar efeitos colaterais.

Dentro do feitiço de Jokull, Arashi se via sem saída. Estava cercado em uma pequena área, de cinco metros de diâmetro, adornado por vários espelhos rodopiantes. Todos refletiam Arashi, e apenas Arashi. Ele tentava olhar para outras direções, tentava empurrar ou socar os espelhos, mas nada acontecia.

As bolas de metal foram atraídas por Valaric, todas em direção ao Arashi dentro do feitiço. Estava cercado por ilusões, não podia sentir nem ouvir, muito menos ver as bolas que vinham. Primeiro seu braço esquerdo foi atingido mais uma vez, depois o tronco, as costas, canelas, barriga, e quando estava prestes a acertar no rosto, ele desviou para trás, prevendo que esta viria para assassiná-lo de vez.

Arashi já não tinha mais forças, a ilusão de Jokull se encerrou e ele estava completamente ensanguentado. O cabelo se soltou, cobrindo parte de sua face e escorrendo pelas costas. Um braço quebrado, e o outro apoiado ao tridente.

— Arashi… você… — começou Amélia, mas ela não precisou dizer mais nada. Arashi olhou para ela, sorriu, e lhe mostrou o polegar positivamente.

— Eu já não tinha avisado antes… — começou, sangue escorrendo entre os dentes e a respiração pesada. — Que eu era destro, seus merdas! — berrou, erguendo seu tridente com o braço direito e enchendo-o com eletricidade. Furia Dei Tonitrui!!

Lançou o tridente com toda a força que lhe restava. Ele cortou o ar, repeliu todos do caminho, com um único alvo certeiro: A borboleta azul. Ela foi carbonizada apenas com a proximidade do tridente envolvida pela aura exorbitante de eletricidade, e quando ele se fincou na parede, três trovões caíram ao mesmo tempo em cima do tridente.

Arashi caminhou lentamente até ele, mancando, o corpo sangrando e a mão apoiada no ombro esquerdo. A cabeça baixa, e o coração bem lento. Ele alcançou seu tridente e o empunhou mais uma vez.

— BRAVO!!!! — berrou Valaric. — Agora só nos restam uma borboleta de cada um dos lados. Então, para chegarmos ao ápice do jogo, abriremos a etapa final!

O chão da arena começou a tremer, e Amélia rapidamente se juntou ao lado de Arashi. Zorvax também se levantou, retomando a posição com um braço quebrado. O chão se abriu, abrindo um grande buraco para inúmeros espinhos abaixo. Mas antes de todos caírem, uma teia de aranha bem fina se estendeu no lugar do chão, como um lençol. Agora todos estavam presos em cima das finas linhas da teia de aranha, e o azarado que caísse dali, não teria um final feliz.

— Ah! Arashi! — exclamou Amélia. — Como vamos alcançar a borboleta assim?!

Duas bolas de fogo vieram em direção aos dois. Tiveram que agir rápido; Amélia ergueu as mãos e criou um pentagrama cintilante, branco, irradiando símbolos e uma estrela no centro. A força do pentagrama colidiu com a bola, tentando forçar para resistir.

Fulmen! — bradou Arashi, erguendo a mão direita. Um raio potente e avaçalador saiu de sua mão, colidindo também contra a bola de fogo que vinha contra ele.

Dois ataques tentando impedir duas bolas ferozes, enquanto os alvos estavam presos na linha de uma teia de aranha. Jokull e Kaelan apenas assistiam de longe, enquanto Zorvax tentava analisar a situação.

— Hum… — resmungou Kaelan, reerguendo o tridente em mãos. — O elétrico já não aguenta mais nada. Distraia a mulher, Jokull.

— Certo…

Kaelan saltou das teias e se esgueirou por elas no formato de água. Criava ondas cada vez maiores conforme vinha avançando pelas teias, destruindo uma parte da base delas. O outro lado da teia começou a tombar em direção aos espinhos, e Arashi junto de Amélia tiveram que se segurar para não caírem. Jokull, um pouco distante, criou um reflexo de Amélia logo em frente a ela. Seus pelos arrepiaram quando teve a visão do próprio corpo bem diante de seus olhos, mas não demorou muito para que entendesse que era apenas uma miragem do poder de espelhar. Ela tentou lançar alguma magia em Jokull, mas seu ombro ardeu fortemente. As marcas em seu braço irradiaram uma cor vermelha por um momento, e então regressaram até o ombro, onde tinha a marca do Xamã de Amélia. Ela repousou a mão ao ombro e apoiou todo o corpo na linha da teia.

— O estado Xamã acabou, huh… Sempre me diziam que não durava muito — comentou Jokull, com olhos confiantes.

Kaelan continuou avançando, aumentando cada vez mais o tamanho e volume das ondas que o acompanhavam. Amélia mesmo sem forças pôde ver o tridente pelas ondas, e sentiu que Kaelan estava prestes a concretizar o fim do jogo. Ela ergueu uma mão na direção das ondas, mas seu corpo repentinamente ficou super lento. Surpresa, os olhos se reviraram para tentar ver o que estava acontecendo.

Zorvax tinha a parado, estava agachado em cima de um dos canhões nas paredes. Quando o canhão atirou mais uma bola de metal, ele se apressou para deixá-la lenta também, até que ficasse parada no ar. Ele segurou-a e então mirou a bola na boca do canhão, e retornou ela a velocidade normal novamente. Ela entrou como tudo no canhão, destruindo-o e levando junto todo o sistema de canhões que ficava no interior da arena.

— Impressionante! — anunciou Valaric, transbordando de excitação. — O gladiador Vonblade destruiu o sistema de canhões usando a inteligência! Posso sentir o calor de sua determinação daqui!

Arashi analisou a situação, relutante em tentar fazer alguma coisa. Até aquele ponto a derrota já era iminente, as ondas de Kaelan se aproximando cada vez mais do centro da arena, onde as duas últimas borboletas rodeavam. Arashi encheu os pulmões com ar, se tivesse que escolher, apenas os deixaria ganhar de qualquer forma. Maior parte de seu corpo já não responde mais, o sangue ainda sujava sua camisa. Mas não podia perder agora, não na frente de todos eles. Olhou para a arquibancada; Eterno, Myaku, San, Kyoko, até mesmo Thomas estava ali para assistir. E no fundo, bem no interior de seu coração, ele sabia que um último par de olhos também o observou pela rodada inteira.

— Você também tá me vendo, né… Tsukasa? Hah, você não… perderia a chance de me ver tentando fazer alguma coisa… mas como sempre…

Os olhos começaram a se fechar, a eletricidade tomou tudo ao redor. Amélia, Kaelan, Jokull e Zorvax pararam para assistir tamanha energia sendo concentrada. Seu sangue emanava energia, eletricidade pura. Aquele seria o último movimento de Arashi, o movimento que definiria o resultado daquela prova. — Como sempre… eu falhei.

Kaelan não demorou mais muito tempo. Capturou a borboleta com os olhos, e lançou o tridente com toda a força que tinha. Ele correu pelo ar, acompanhado pelo rastro de águas deixadas quando Kaelan o atirou.

A energia de Arashi continuou a subir e Amélia se apressou para escalar as teias e sair do caminho. Arashi começou a se mover, mas desta vez, muito mais rápido que o comum. Foi de um canto da arena até o outro, ricocheteando nas paredes e na teia. Os movimentos tomavam uma forma circular, e estava tão rápido que seu rastro não se dissipava quando ele voltava na mesma área. Havia ultrapassado a barreira do som, e estava próximo de ultrapassar a barreira da luz. O circulo criado pelas arrancadas começou a rodear toda uma área, que sofria ataques de relâmpagos tão rápidos que ofuscaram a visão. Em poucos segundos, aquele campo em que Arashi se movia se tornou uma grande esfera de eletricidade massiva, que jorrava trovões nas paredes e incinerava a teia abaixo.

Jokull se desesperou, viu o tridente de Kaelan adentrar no campo elétrico e ser pulverizado. Mas era tarde demais para correr; quando se virou para trás, as teias abaixo dele se partiram, e o homem caiu de bruços aos espinhos.

— Jokull, seu imbecíl! — vociferou Kaelan.

Os espinhos atravessaram a barriga e a testa de Jokull, e ali, jazia seu caixão. O sangue escorreu na ponta do espinho, não lhe dando a chance de ao menos gritar de dor.

— Ponto para Elysium! — anunciou Valaric, animado.

O círculo elétrico no centro se dissipou, e um flash azul saiu de dentro da fumaça deixada por ele. Era Arashi, com a última gota de consciência restante, de pé sobre seu tridente, que estava envolvido por eletricidade. O tridente serviu como uma prancha, e ele estava surfando no ar até a última borboleta azul de Aniônius. Porém, no último momento, os canhões se reativaram e uma bola de metal foi cuspida na direção de Arashi, seguindo-o em alta velocidade. Ele não desistiu; aumentou a velocidade do voo e seguiu a borboleta, até que finalmente, a ponta de seu tridente a partiu ao meio, e ela queimou no ar.

— ESPETACULAR!!! Fim de jogo! Declaro Elysium vencedora desta rodada, recebendo assim dez pontos adicionais para a casa! — anunciou Valaric, e então começou a fazer o discurso para encerrar a competição.

Arashi estava tonto no ar, o tridente voou até a beirada da arena, onde ficava a entrada. Ele colidiu na parede ao lado de Amélia, e se sentou por lá. A bola de metal continuou a vir numa velocidade incrível. Mas Arashi estava tão exausto, que começou a lentamente perder a consciência. Sua cabeça tombou alguns centímetros para o lado, mas foi suficiente para desviar da bola. Ela destruiu a parede no lugar onde a cabeça de Arashi estava antes de tombar um pouco, perfurando e desaparecendo dentro da arena. Arashi perdeu a consciência logo em seguida, e Amélia o apoiou em seu ombro.

— Eles venceram! Arashi e Amélia conseguiram! — comemorou Kyoko, dando pulinhos no banco.

Os olhos de San estavam fixados em Kaelan na arena, que estava escalando as teias para voltar para a entrada. Suas pupilas brilharam em um leve tom de vermelho, e a marca abaixo do cachecol acompanhou o brilho. Uma face estática, e olhos praticamente hipnotizados.

— Por quê…? Por que ele me faz sentir tão… — Kaelan tinha um relógio de pulso na mão, feito de ouro. Por algum motivo, San podia ouvir os ponteiros daquele relógio se mexendo mesmo naquela distancia. — Fraco…

Notas:

Aviso: Todas as ilustrações utilizadas na novel foram geradas por IA. Perdoe-nos se algo lhe causar desconforto visual.

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