Volume 2 – Arco 1
Capítulo 39: As Preocupações de Arashi
Não demorou muito para que chegassem à primeira estação visível na cidade de Cyberion. Por sorte ou coincidência, aquela era exatamente a estação em que Kali Iyer queria chegar. Um pouco adiante, havia várias carruagens de ferro que não eram movidas por cavalos, e sim flutuavam com a mesma tecnologia que as arenas acima da cidade. A frente das carruagens, tinha um cyborg vestindo roupas de maquinista. Quando todos se aproximaram dele, ele fez uma reverência bem longa, e então retornou para encará-los.
— Bem-vindos a Cyberion, o verdadeiro lar da tecnologia. Aqui estão os seus passes, forasteiros, por favor os guardem com cuidado.
Ele ergueu um dedo, e pequenos cartões saíram do bolso da frente de seu casaco. Cada cartão voou até as mãos de cada um ali presente, e todos guardaram o cartão. San deu uma olhada, e ali tinham todas as informações sobre ele.
Nome: San Hiroyuki.
Idade: dezessete anos.
Planeta Natal: Desconhecido.
Moradia: Japão, planeta Terra.
Status: Feiticeiro; Infinity Astra.
Perícia: Nível 10/10 de Perigo.
Nacionalidade ou descendências desconhecidas.
Ordem Nacional: Caso apresente qualquer perigo, ordem máxima para eliminar o indivíduo.
San ficou indiferente ao ler aquilo tudo. Guardou o cartão nos bolsos, e olhou para o cyborg novamente.
— Aproveitem sua estadia em Cyberion. Caso desejem estabelecer uma nova moradia no planeta, favor procurar o ministro do Controle Residencial na Bela-Casa.
— Sim, obrigada — agradeceu Kali, sem nem olhar nos olhos do cyborg. Ela avançou à frente de todos e entrou em uma das carruagens.
Logo, o grupo todo se dividiu entre as carruagens que os esperavam. De alguma forma, Kali já havia programado a chegada deles e já tinha lidado com todos os passos para a estadia do grupo em Cyberion.
— Como é que você já cuidou de tudo tão rápido, Srta. Iyer? — perguntou Kyoko Yoshizawa, que estava na carruagem de trás. Ali estavam ela, Luke e Amélia Harris. Na de trás, estavam Aiden e Cornélia. Junto com Kali na primeira carruagem, estavam Arashi Hayami, San, e mais um jovem de moletom preto.
— Configurei tudo remotamente desde nossa viagem até o encontro com o Pilar de Peixes. Não se preocupe, pequena, já está tudo devidamente planejado — respondeu Kali, com um sorriso suave e um olhar profundo.
Arashi parecia um pouco incomodado com alguma coisa. Estava sentado bem ao lado do estranho. Tinha cabelos verdes e olhos verdes mais escuros. Também usava um óculos quadrado de lentes pequenas. Mas apesar de Arashi estar do lado deste estranho, não era isso que o incomodava. Mordia os lábios com ansiedade, e esfregava seus dedos com as mãos juntas impacientemente. Olhava para os lados e o teto da carruagem a cada momento.
— O que foi, Arashi? — perguntou San. — Você parece inquieto…
— Nada… não é nada.
— Não se preocupe, Hayami — começou Kali, em um tom de voz relaxante. — Vai ficar tudo bem, por mais que esse lugar seja meio esquisito, o planeta de Cyberion é bem seguro.
Após mais um tempo andando naquelas carruagens e adentrando-se na cidade, perceberam que não haviam carros, e sim vários outros meios de transportes semelhantes às carruagens. Várias linhas de energia passavam por toda a estrada, que criavam uma corrente magnética oposta às ondas que os veículos emitiam, fazendo-os flutuar. As casas da cidade adornavam as estradas, e várias lojas e edifícios também. Tudo bem tecnológico, com hologramas servindo de letreiros, cyborgs trabalhando nos estabelecimentos, tubos e linhas de energia passando pelas paredes e pelo chão também, como se todo o planeta fosse um núcleo gigante.
— Para onde estamos indo, Iyer? — perguntou Arashi.
— Para um hotel. Vamos nos hospedar por enquanto, já que este planeta é imenso… Achar a pequena Miller por aqui vai dar um trabalho. O planeta é bem maior que a Terra.
— Bem maior que a Terra?! — exclamou San, surpreso.
— Sim. Porém, existem portais e pontos de teleporte que te levam para qualquer lugar que você desejar.
— Então por que estamos indo nessas coisas? — questionou Arashi. — Não era só teleportar?
— Sim, seria, mas os pontos de teleporte ficam em locais específicos do planeta. Shoppings, estações específicas de transporte, certos estabelecimentos, entre outros lugares. A estação em que estávamos não tinha coisas assim.
— Mas… se esse planeta é maior que a terra… — começou San. — Então devem ter várias cidades, não é? Em qual estamos agora?
— Não, existe apenas a cidade principal, que não tem nome. O planeta inteiro já é a cidade. E ela não se limita apenas na superfície, a cidade se estende por todo o interior do planeta também. Ele é oco por dentro, mas populoso lá também.
— Pessoas moram no subsolo?!
— A maior parte dos habitantes, sim.
Os queixos de San e Arashi caíram. Nunca imaginaram um planeta que pudesse ser colonizado até mesmo no núcleo.
A viagem durou mais um tempo. Todos já estavam meio entediados, pois a carruagem era meio lenta comparada ao tamanho das estradas que pareciam não ter fim, era apenas linha reta. Mas mesmo não parecendo, aquelas carruagens eram muito mais velozes que um carro comum na Terra.
San estava começando a ficar incomodado assim como Arashi, mas não era por estar sentindo nada no ambiente. Ele olhou para um lado, apertou os olhos, olhou para o outro, e então suspirou.
— Kyoko… — começou ele. — Dá para tirar essa coisa do seu ombro?
Kyoko também tomou um susto quando percebeu que o pássaro negro estava adormecido em seu ombro mais uma vez. Ela sacudiu o próprio corpo, e o pássaro saiu voando pela carruagem até pousar no banco ao lado de Luke. Ele se expandiu, e adotou a forma de Ishida Majutsu novamente.
— Foi mal, San, não gostei nada da aparência daquela baleia.
— Você estava no ombro dela até embaixo d’água?!
— Bom, magia serve para essas coisas.
Após mais alguns minutos que se pareciam horas, San e Arashi se impressionaram. O jovem de cabelos verdes usando o capuz decidiu falar pela primeira vez. Estava na carruagem, viajando com todos, e até o momento estava calado.
— Vocês se esqueceram de mim mesmo, não é…
— Hum? Quem é você?
— Espera… — Arashi estava reconhecendo os cabelos e os óculos. — Thomas?!
— Eu tive que dar a dica para me notarem… decepcionante.
Aquele era Thomas Grace, antigo parceiro de equipe de San e Arashi. A pouco tempo atrás foi transferido para outra equipe, a Infinity-X, pois Kenny estava reformulando as equipes de feiticeiros, deixando-as balanceadas para cada tipo de situação. No fim, Thomas se encaixava mais com a outra equipe.
— E então, a equipe X está por aqui também, Thomas?
— É.
— E como eles são? São legais?
— São mais irritantes que vocês dois juntos.
Kali segurou uma risada após o comentário de Thomas.
— Ah, e quantos são? — perguntou San.
— Somos quatro até então. Eu, duas irmãs e nosso líder.
Agora com Thomas ali, a viagem ficou menos entediante. Por mais que ele não fosse muito de falar, estava se comunicando normalmente com eles na carruagem. Talvez, ele estivesse com uma certa saudade de sua antiga equipe.
Quando chegaram ao hotel, as carruagens pararam. Todos saíram e adentraram no prédio. Era bem grande, tinha pelo menos quinze andares. O cyborg recepcionista verificou o passe de todos, e liberou a passagem para os quartos. A porta de cada quarto poderia ser aberta apenas escaneando o hóspede, ou pela recepcionista.
Ainda na recepção, havia duas garotas idênticas conversando alegremente. Seus penteados e cada mecha de seus cabelos eram perfeitamente iguais, porém as cores eram diferentes. Estavam usando a mesma roupa, de cores também diferentes. Uma tinha cabelos vermelhos e a outra cabelos brancos. A dos cabelos vermelhos usava roupas brancas, e a de cabelos brancos usava roupas pretas.
— Aquelas são as irmãs que comentou antes, Thomas…? — sussurrou Arashi, baixinho entre San e Thomas.
— Sim, infelizmente.
Quando avistaram Thomas, as duas irmãs correram ao encontro dele. A de cabelos vermelhos o abraçou, eufórica, e a de cabelos brancos encarou San e Arashi com um olhar de encanto. Logo, a vermelha se juntou à branca, e ficaram lado a lado.
— Olá! — exclamaram as duas ao mesmo tempo.
— Eu sou Kana — apresentou-se a de cabelos vermelhos.
— E eu sou Kanako — apresentou-se a de cabelos brancos.
As duas baixaram as cabeças para comprimentá-los ao mesmo tempo.
— Antes que perguntem, sim. Elas são sempre assim — murmurou Thomas, em um tom baixo o suficiente para as duas não o ouvirem.
— Thomas! Nós precisamos de você, agora! — exclamaram ao mesmo tempo.
Kana e Kanako seguraram Thomas pelos braços e o arrastaram para o andar de cima. A única coisa que ele pôde fazer foi ajustar seus óculos, utilizando dois dedos em cada lente.
— Acho que está bem complicado para o lado dele agora — disse San, segurando para não rir. Mas Arashi não respondeu, seu ar de preocupação retornou mais uma vez. — Que foi, hein?
— Vem comigo, San…
San e Arashi estavam prestes a sair do hotel, quando Kali segurou San pelo ombro. Ele olhou para ela, e seus olhos avermelhados tocaram sua alma. A mão de Kali lentamente deslizou do ombro para o pescoço, do pescoço para o queixo. E então, lentamente foi retirando a mão, até que sobrasse apenas o dedo, e então a unha tocando o queixo de San delicadamente.
— Tome cuidado lá fora, docinho…
Kali então virou as costas e voltou para o hotel. O rosto de San ficou completamente avermelhado de vergonha, e então ele retomou o foco e voltou a seguir Arashi para fora.
Os dois caminharam por um tempo por Cyberion. Vários veículos exóticos flutuando pelas estradas, hologramas e painéis bem iluminados para cada canto que iam. San pôde ver um prédio sendo erguido por pura tecnologia ao longe, acima das casas. O prédio ia sendo materializado conforme o sistema de tubos e hardwares moldava a forma do edifício inteiro. San ficou vidrado naquele efeito, se perguntando se alguém poderia ter uma magia que controlasse a tecnologia em si. Talvez fosse um pouco inusitado, mas Charlotte podia alterar a realidade por meio de “erros no sistema”, glitches. San não duvidaria que isso também fosse possível em Cyberion.
Arashi estava bem quieto, não disse nada em todo aquele tempo em que estavam andando pela cidade. San o encarou, se aproximou, e então perguntou.
— E então, o que foi? Você está estranho desde as carruagens.
— Tsukasa… tô sentindo a energia dele.
— Tsukasa? Por aqui?! Como você sabe?
— Somos irmãos, eu sei identificar quando ele está por perto… Eu tenho certeza, não tenho dúvidas. Tsukasa está bem ali…
Arashi apontou para o alto, mostrando uma das arenas flutuantes do Coliseu Anisium. Aquela em específico era a do Bastião do Titã, onde tinham várias criaturas confinadas para serem usadas no torneio.
— Naquela coisa voando? Como ele teria parado ali?
— Eu não sei, mas é o Tsukasa. Eu tenho absoluta certeza disso.
— Bom, se for assim, vamos procurar um jeito de chegar até lá então.
Analisando de baixo, aparentemente não havia nenhuma forma de chegar lá em cima que não fosse voando até lá. Nenhum dos dois tinha uma nave, e provavelmente não era uma boa ideia lançar uma nave no meio da rua daquela forma. Nenhum dos dois estava vendo nenhum veículo voar pelos céus, então talvez não tivessem veículos voadores por ali também. Logo, San tirou a conclusão de que não adivinhariam apenas olhando dali.
Os dois decidiram então se mover para dentro de algum estabelecimento e pedir informações. Estavam do lado de um pequeno bar, e foi o primeiro lugar que tentaram chegar. Entrando no local, ficaram boquiabertos com a pessoa que encontraram ali. Com uma foice de rubi nas costas, cabelos rosados, olhos vermelhos, um chapéu branco e roupas largas, não havia dúvidas. Aquela era Myaku Yukari, a garota que conheceram em Ice Rings na primeira missão.
— Myaku! — exclamou Arashi, acenando e se aproximando da mesa em que ela estava. — Já sabíamos que estaria por aqui, mas nunca imaginei que te acharia tão rápido.
— Hum? Não… impossível! Os dois patetas da Infinity! Quanto tempo, hein? Já faz um ano se não me engano.
Arashi se sentou junto à Myaku na mesa, e San ficou de pé ao lado deles.
— Estão aqui pelo coliseu, é? Também estou. Boa parte de nós estamos, no caso.
— Nós quem, a Nakamori?
— Shhh, não fale em voz alta…
— Oh! Perdão — Arashi baixou a cabeça. — Bem, então geral está aqui?
— Não todos. Phoenix e Chrono decidiram não aparecer, e o Hawk sumiu.
San ficou animado com a ideia de que todos pudessem estar em Cyberion agora, assim, poderia reencontrar sua irmã mais uma vez. Mas Myaku quebrou totalmente suas expectativas ao dizer que Phoenix decidiu não aparecer. Mas o que também o intrigou, foi que “Hawk” teria sumido.
— Como assim sumiu? — perguntou ele.
— Ninguém sabe. Mas provavelmente ele está bem, se realmente tivesse acontecido algo de errado, pode ter certeza que Phoenix seria a primeira a sentir.
Arashi e Myaku iniciaram um papo sobre o coliseu, e Arashi começou a se interessar também. San aproveitou aquela brecha para se afastar dos dois sorrateiramente, e seguir direto em direção ao barista. Provavelmente ele era quem tinha mais informações, já que passava o dia todo ali, ouvindo os clientes conversarem em voz alta. Ele provavelmente seria a melhor pessoa para dar informações no momento.
— Ei, senhor… — chamou San, e o barista logo se aproximou do balcão. Estava limpando alguns pratos com um paninho. — Você sabe alguma coisa sobre… o portador de Eón?
— Portador de Eón… — o barista estremeceu. — Haha, onde ouviu esse nome? Histórias de bêbado? Suponho que não, se fosse, eu provavelmente já saberia dela, hahaha!
— Você não sabe de nada mesmo, nadinha?
— Nem ideia, jovem. Mas se for alguma coisa de espaço, pergunta pra aquela alí dos cabelo rosa! Ela tem umas histórias insanas desses negócio de galáxia aí.
— Certo…
San ficou meio decepcionado com a resposta, mas logo retornou junto de Arashi e Myaku, que já estavam saindo do bar.
— Que cê tá fazendo aí, San? — exclamou Myaku. — Vem logo!
No hotel, Kyoko e Amélia estavam juntas no quarto de Cornélia. Ela e Aiden estavam bem no canto, com Aiden abraçando Cornélia para esquentá-la, já que a garota não havia levado roupas para o frio. Cornélia estava lendo um jornal tecnológico que um cyborg deu a ela na entrada do hotel. Estava lendo não pelas notícias, mas simplesmente porque gostou da estética daquele jornal. A cada holofote ou notícia que ela pressionava, abria-se um grande diagrama com uma série de informações, vídeos, fotos, representações 3D do momento com opções de aceleração, foque, zoom, opções de acessibilidade para cegos e surdos, legendas e descrições detalhadas de cada acontecimento do incidente.
— Você também não acha ela um tanto estranha demais? — perguntou Kyoko, à Amélia.
— Não, achei a Srta. Iyer bem educada e elegante. Gostei de estar perto dela. Acho que você está com muito ciúmes da relação dela com o San… Vocês são namorados?
— N-não! — Kyoko escondeu o rosto. — Não é nada disso. Acho que seu irmão concordaria comigo se estivesse aqui… inclusive, cadê ele?
— Não sei, ele e aquele maguinho que gosta do seu ombro subiram para o sétimo andar e ficaram por lá.
— É a hora perfeita! — exclamou Kyoko, os olhos brilhando. — A hora perfeita para investigarmos aquela mulher…
— Investigar quem?! — exclamaram duas vozes ao mesmo tempo. Eram Kana e Kanako, as irmãs de cabelos diferentes.
Kyoko tomou um susto, pois não tinha visto as duas chegarem logo atrás dela. Ela ficou meio envergonhada, não gosta de causar impressões ruins no primeiro contato.
— Ninguém importante, meninas…
— Oh, vamos lá! A gente pode ajudar! — as duas falavam em perfeita sincronia.
— Hum… pode ser, vai.
— Não acho que seja uma boa ideia… — avisou Amélia, mas Kyoko já estava decidida.
Cornélia e Aiden observaram as meninas deixarem seu quarto desconfiados, mas resolveram não se intrometer.
Minutos depois, Kyoko e as outras estavam no terceiro andar, acima do quarto de Kali. Ela estava hospedada em um quarto do segundo andar. Kana e Kanako observavam o corredor, cada uma olhando para um lado, para ver se não vinha ninguém. Amélia e Kyoko estavam tentando abrir a tampa de uma ventilação, mas sem sucesso, era muito resistente.
— Deixe comigo — sussurrou Amélia, e então Kyoko se afastou. Amélia ergueu dois dedos, fazendo um sinal com a mão. Uma marca em seu ombro brilhou, uma marca branca, mostrando que na verdade ela era uma Xamã. Uma energia branca que se movia como água no ar desceu de seu ombro, pairou até a tampa e corroeu as frestas ao redor dela. Logo, ficou tão escorregadia quanto a gema de um ovo.
Kyoko com facilidade removeu a tampa da ventilação, e as duas entraram. Kana entrou também, e Kanako fechou a ventilação, fazendo a guarda do corredor enquanto elas não voltassem.
Não demorou para que chegassem até o quarto de Iyer. Olhando pelos pequenos buraquinhos das outras tampas da tubulação abaixo, podiam ver o que ela estava fazendo ali. Estava sentada na cama, lendo um livro que não dava para ler o título pela distância. Porém, era um livro vermelho, com três jóias estampadas na capa.
Kali suspirou, ergueu uma mão e um líquido vermelho saiu como uma garra debaixo do lençol da cama. Subiu até a tubulação e removeu a tampa embaixo das garotas uma a uma. Elas foram caindo de cara no chão do quarto de Kali.
— Vejo que ganhei alguns fãs…
— O-oi, Iyer! — exclamou Kyoko, totalmente envergonhada.
— Boa noite, Yoshizawa. Precisam de alguma coisa?
— Não! Já estávamos de saída. Só queríamos… saber o que… você está lendo — respondeu Amélia, apressada. Kana estava tremendo demais para dizer algo.
— Estou lendo um livro. Se quiserem me fazer companhia, eu não me importo.
— Não! Já estávamos de saída, como ela disse… tchau, Iyer! — despediu-se Kyoko, e as três correram para a porta do quarto, praticamente arrombando-a para sair.
O líquido vermelho saiu debaixo do lençol mais uma vez, formando uma mão, e então fechou a porta novamente.
— Essas crianças…
Myaku, Arashi e San continuaram vagando pela cidade. Myaku apontava para cada uma das arenas acima e explicava ao Arashi como elas funcionavam, e como iria acontecer o torneio. San estava com os pensamentos agora focados no portador de Eón, que até então, ele não tinha nenhuma pista sobre. No meio da falação, ouviram-se gritos vindo de uma rua vazia à esquerda. San virou-se para ver, e tinha uma cyborg feminina implorando pela vida, enquanto um homem de cabelos azuis bem longos, vestindo roupas pretas e vários utensílios de ouro, acompanhado por dois cyborgs a encarava.
— Você não tem mais escapatória. Aquele homem está morto, com o rosto perfurado, só você estava no quarto. Obviamente foi você quem o assassinou — vociferou o homem, com raiva e satisfação na voz. — Você foi projetada para satisfazer os desejos sexuais das pessoas, e não para ferir ninguém, sua inútil.
A cyborg continuava implorando. Estava vestindo apenas roupas íntimas, e aparentemente estava prestes a satisfazer alguém antes de acabar naquela situação. San viu um olhar de inocência naquela cyborg, e lembrou vagamente de Aiden. Logo, um ódio subiu sua cabeça, e ele se aproximou para interromper aquilo tudo.
— Parem! Ela é inocente, está dizendo a verdade.
O homem de cabelos azuis se virou, e seus cyborgs continuaram a encarar a “criminosa”.
— E quem é você para dizer isso? Tem alguma prova? Viu o verdadeiro assassino?
San deu um passo para trás e mordeu os lábios. Cerrou os punhos e o olhou com fúria.
— Não, mas tenho certeza de que ela não fez nada. Você também deve saber disso.
— Hah! Só ela estava na cena do crime. Independente se foi ou não, deveria ter nos contatado sobre o homicídio. Se não reportou, está com defeito… vamos eliminá-la de qualquer jeito.
— Não! Ela é inocente, não pode fazer isso! Pode não ter reportado pois estava com muito medo…
— Máquinas não sentem medo, garoto… máquinas não sentem nada.
— Cala a boca! — San ficou enfurecido.
— E o que você vai fazer? Me parar? — o homem fez um sinal de pistola com a mão, e apontou-a na cabeça da cyborg. — E se eu fizer isso?
Uma gota d’água se ergueu do chão, ficando bem à frente do dedo apontado na cabeça dela. Teve um momento de suspense, até que o homem quebrou o silêncio dizendo:
— “Pow”
E então, como uma bala, a gota d’água perfurou a cabeça da cyborg e ela desligou instantaneamente. — Está vendo? É isso que acontece com quem não segue as regras. E é isso que vai acontecer com você, se continuar me olhando com esses olhinhos de cadela irritada.
O homem e seus cyborgs se viraram e se distanciaram, desaparecendo na escuridão das ruas. Myaku e Arashi correram ao encontro de San, preocupados.
— Que é que deu em você?! Aquele é Kaelan Blackwood, da Bela-Casa, cuida do Controle de Cyborgs. Está maluco? Ele poderia ter te matado…
— Eu… não quero ver esses cyborgs inocentes morrendo. Não podemos deixar o Aiden e a Cornélia saírem do hotel mais.
Notas:
Aviso: Todas as ilustrações utilizadas na novel foram geradas por IA. Perdoe-nos se algo lhe causar desconforto visual.
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