A Última Ordem Brasileira

Autor(a): Hanamikaze


Volume 1 – Arco 4

Capítulo 25: Tsukasa, O Suspeito

San havia terminado o treinamento com Yui, e o garoto saiu vitorioso do duelo de feiticeiros. Logo voltaram para dentro do hotel, junto de Yami, que assistiu todo o duelo de longe. Agora os três estavam de volta ao hotel, na área de lazer. Todos estavam ali, reunidos na piscina. Wei Yang estava descansando à beira da piscina, apenas observando as nuvens ao céu. Yami não quis entrar, e estava tomando limonada, sentada em um banquinho. Yui, Kyoko, e San jogavam vôlei dentro da água, tocando a bola entre os três.

Thomas, que também estava na piscina, parecia incomodado com algo. O garoto usava uma camisa preta, e uma bermuda na água. Estava sem seu par de óculos, e esta era uma das raríssimas vezes que podiam ver o garoto sem seu suéter.

— O que foi, Thomas? — perguntou Namida, que tomava um milk-shake à beira da piscina também.

— Ele é assim mesmo, sempre teve essa cara aí. Não se impressiona não, nunca nem vi esse cara sorrir — comentou Arashi, que chegava até a piscina também.

— Sei… é complicado, entendo como ele se sente — disse Namida, desviando o olhar para o céu. — Às vezes também tenho umas brisas loucas…

Os respingos de água vindo de San e Kyoko rebatendo a bola para Yui voavam por todo canto. O hotel continuava vazio, então não tinha ninguém para reclamar. Podiam fazer o que quisessem, até que o mistério fosse resolvido. E obviamente, ninguém estava achando essa situação ruim.

— Continuo achando que tem algo errado com o Tsukasa… — disse Thomas, literalmente do nada. Todos voltaram suas visões para ele, curiosos com o que ele ia dizer. — Se lembram do que eu disse antes, não é? Ele anda suspeito… não consigo ficar confortável com esse sentimento.

— De novo com isso, Thomas? — perguntou San. — Quer saber? Se está tão preocupado assim, eu e Kyoko vamos tirar o dia para investigar o Tsukasa por você. As coisas tão bem entediantes sem o Hifumi por aqui… então não será um problema.

— Bom, eu concordo — disse Kyoko, enquanto saía da piscina. — Vamos procurá-lo, vai ser bom para mexer um pouco os ossos.

Logo, Kyoko e San foram até o vestuário, e vestiram suas roupas normais. Quando voltaram, partiram direto para a recepção do prédio. Tsukasa havia saído já há um tempo, dando a desculpa de que iria pescar. Mesmo parecendo uma desculpa inventada, na verdade, isto era exatamente o tipo de coisa que Tsukasa provavelmente faria ao estar entediado.

Na piscina, após Kyoko e San partirem, Yui ficou sem ter mais o que fazer. Logo, lembrou-se da pérola corrompida que Yami tinha consigo, e deu uma nova sugestão a todos.

— Ei… que tal darmos uma andada pela cidade? Sabe, Yami ainda tem aquela pérola. Podemos tentar usar para ver se encontramos alguma coisa! O que acham? — perguntou, começando a se tornar eufórica.

— Não é uma ideia ruim — disse Wei. — Podemos tentar detectar algo novo. Se descobrirmos todo esse mistério antes dos instrutores chegarem… vamos ganhar um reconhecimento bem maior.

Todos a volta concordaram com a ideia, e foram ao vestuário também, colocar suas roupas. Yami permaneceu no banquinho, pois ainda vestia seu chapéu e vestindo negros e belos. Logo, todos se dirigiram para a saída, deixando o hotel completamente vazio.

Andando pela estrada, San notava o quão desertas as ruas de Londres estavam naquele momento. Nenhuma pessoa andava pela calçada, nenhum carro passava pela rua. Por mais estranha que aquela paisagem fosse, ainda assim, era um tanto divertido andar pela cidade deserta daquela forma.

— Não acho que tenha nada de errado com o Tsukasa… talvez, o Thomas esteja pensando demais. Ele sempre foi bem tranquilo, na verdade, o único suspeito aqui é o Thomas. Você não acha, Kyoko? — perguntou San, para Kyoko. Segundos se passaram após a pergunta, e ninguém respondeu.

— Kyoko? — perguntou mais uma vez, voltando o olhar para trás. Kyoko estava hipnotizada por um doce de chocolate dentro de uma confeitaria. Ela estava com a cara na vidraça, observando atentamente aquele doce. San aproximou-se da garota, e olhou também.

— Tá com fome, é? — perguntou.

Uhum… a gente pode pegar, né? Não tem ninguém na loja mesmo.

— Bom… por que não? Vamos lá.

Antes de entrarem na confeitaria, San verificou onde estavam todas as câmeras olhando pela vidraça do lado de fora, e então ergueu uma mão, bem para o balcão do estabelecimento.

Adeptio… — sussurrou, e um brilho dourado envolveu completamente o balcão.

— Finalmente aprendeu esse feitiço, hum? — caçoou Kyoko.

Shhh… fala baixo.

O garoto usou a magia que agora se localizava no balcão para criar três correntes a partir dali. As correntes saíram de dentro do balcão, e se estenderam agressivamente até as câmeras. Se enrolaram à elas, e puxaram as três ao mesmo tempo para dentro do balcão, consumindo-as.

Após o ataque ser concluído, o local tomou sua cor original, e o brilho sumiu. Os dois abriram a portaria da loja e entraram de fininho. Kyoko enfiou todos os doces que conseguia na boca e nos bolsos, enquanto San vigiava a portaria.

— Guarda alguns para mim… — murmurou, para Kyoko.

— Pode deixar! — respondeu, acenando para ele.

Minutos depois, os dois saíram da confeitaria de mãos cheias. Os dois carregando várias guloseimas nos braços, e passaram o resto do caminho inteiro desfrutando daqueles doces. Kyoko principalmente, comendo os chocolates. A garota não gostava muito de açúcar, mas sempre teve uma paixão interna por cacau.

Os dois prosseguiram nas ruas desertas de Londres, e momentos depois, chegaram à encosta de um pequeno lago. Havia uma humilde cabana de pesca à beira do lago, com uma ponte que se estendia apenas apenas o suficiente para pescar.

San e Kyoko observavam aquele cenário por cima, pendurados em uma árvore ao topo de uma colina próxima. Estavam escondidos entre as folhas, e Kyoko ainda comia alguns pequenos docinhos de chocolate.

Ao longe, na beira da pequena pontezinha, estava Tsukasa, com uma vara de pescar ao lado, mas ele não estava utilizando. O garoto apenas sentia a brisa do vento bater sobre seu rosto, enquanto apreciava a beleza da natureza de perto. Como esperado, algo que San poderia facilmente imaginar Tsukasa fazendo.

— Ele está agindo normal… como eu pensei. Viu? Thomas está apenas delirando demais — disse San, enquanto pegava mais um chocolate das mãos de Kyoko.

— Bom, de qualquer forma, vamos continuar dando mais uma olhada. Não estou afim de voltar para o hotel agora — disse Kyoko, desviando o olhar para San.

— É… eu também não.

Quando os dois retornaram o olhar para a cabana de pesca, não havia mais ninguém sentado na ponte. Tsukasa havia desaparecido completamente, repentinamente, e rapidamente.

— Para onde ele foi?! — exclamou San, que logo tornou seu olhar para a estrada. Ali estava o garoto do gelo, fazendo o percurso de volta para Londres tranquilamente.

— Não podemos perdê-lo ele de vista! Vamos, Kyoko!

Enquanto isso, no centro da cidade de Londres, os que estavam antes no hotel agora haviam saído no objetivo de conseguir rastrear ou descobrir algo com a ajuda da pérola corrompida. Mas, todos ficaram boquiabertos com a cena que encontraram ao se aproximarem do centro da cidade. Todos os habitantes estavam imóveis nas ruas, carros não saiam do lugar, e ninguém mexia sequer um músculo. Estavam todos hipnotizados por alguma coisa, ou energia.

— O que aconteceu aqui…? — perguntou Arashi, observando de olhos arregalados toda a cena.

— Estão todos sobre algum tipo de hipnose… — respondeu Thomas imediatamente, ajustando seu par de óculos com os dedos.

— Hipnotizados pelo o quê?!

Yami se aproximou de todos, erguendo a pérola para o alto. Ela logo emitiu uma grande quantidade de energia que apontava para a direção do maior prédio visível em Londres. No topo do prédio, as nuvens se juntavam e tomavam uma forma espiral, como se a energia desferida daquele ponto alcançasse até mesmo os céus. As nuvens próximas ao prédio, que formavam a espiral no céu, tinham uma coloração roxa, assim como todo o horizonte do ambiente acima.

— Acho que é dali de cima… — disse Yami, apontando para o topo do prédio. A visão de todos logo voltou para aquele ponto, e o encararam por instantes.

— Bom, vamos lá dar uma olhada então — disse Namida, com as mãos sobre os quadris.

Os garotos foram avançando até o prédio que aparentemente hipnotizava as pessoas normais. Porém, mesmo olhando diretamente para aquele ponto, nenhum deles ficou hipnotizado de verdade. Com exceção de Kisaragi, que ficou paralisado na hora. Mas, ninguém notou que ele havia parado de os seguir.

Ao passar ao lado de uma das pessoas paralisadas, Arashi começou a tocar o rosto da pessoa. Era um homem, com roupas de trabalho e carregando uma mala marrom.

— É… paralisou de vez — comentou.

— Será que ele notaria se pegássemos o dinheiro dele? Essa mala me parece carregada… — disse Wei, olhando o homem também.

— Ei, vocês dois! — exclamou Yui, que estava acompanhando o resto do grupo bem à frente. — Parem de perder tempo! Deixem o civil aí.

Arh… para de ser chata, vai.

Todos foram avançando em meio aquela multidão de pessoas paralisadas, estaticamente com olhares voltados ao topo do prédio. Quando finalmente chegaram perto do edifício, posicionaram-se atrás dele, para ninguém de fora ter alguma suspeita de que estavam tramando algo. Mesmo com todos estando imóveis, era melhor prevenir.

— E então… o quê que a gente faz agora? — perguntou Arashi, a Yami. Antes de responder, a garota logo sacou a pérola do bolso, que brilhou com uma radiância nunca vista por eles antes. Aquele era o sinal perfeito, de que aquele lugar, talvez fosse a chave de tudo.

— Vamos ter que dar um jeito de subir até o topo…

San e Kyoko continuavam à espreita de Tsukasa. O garoto talvez nem imaginava que estava sendo seguido, mas também, não fez nada de suspeito o caminho todo. As ruas de Londres continuavam estranhamente desertas e silenciosas, e este fato começou a rodear os pensamentos daqueles dois.

— Mas não tem como todo mundo ter sumido do nada… tem algo de errado acontecendo, e não é com o Tsukasa! Estamos perdendo nosso tempo aqui… — comentou San, de braços cruzados.

— Também acho… será que deveríamos voltar? Ou já é tarde? — perguntou Kyoko, enquanto colocava o último chocolate restante na boca.

— Não sei… bom, vamos investigar mais um pouco antes de voltar — disse o garoto, e quando olharam para a estrada, Tsukasa havia desaparecido mais uma vez.

Arh! de novo?! Para onde ele foi agora? — exclamou Kyoko, dando uma pisada com raiva no chão.

Os dois estavam em um bairro residencial em Londres, então a maioria dos lotes ali eram casas comuns. Mas quando olharam ao lado, Tsukasa estava dentro de uma pequena vendinha pegando um suco de caixinha de dentro dos freezers. O garoto pegou o produto, e colocou um pouco de dinheiro sobre o balcão. Diferente dos outros dois que tentavam o acompanhar, ele não tentou roubar nada.

— Ele pagou por aquilo? Que gentil — comentou Kyoko, enquanto observavam de dentro de um arbusto.

— Tsukasa é realmente muito gentil… ainda não sei como Thomas está tão desconfiado de uma pessoa assim.

Logo, enquanto Tsukasa saía de dentro da loja tomando o suco de uva que havia acabado de comprar, após alguns passos para fora da loja, ele soltou um olhar sério para dentro do arbusto em que estavam. Naquele momento, os dois puderam sentir suas almas saírem para fora do corpo. Ele não olhou apenas para o arbusto, o garoto olhava diretamente nos olhos dos dois. Aquilo não podia ser coincidência, talvez o garoto soubesse que estava sendo seguido desde o início.

— Será que… ele descobriu a gente? — perguntou San, com seus pelos arrepiando. Kyoko não respondeu, por algum motivo, uma tensão imensa cobriu todo seu corpo.

Após instantes, o olhar do garoto suavizou-se, e ele continuou seguindo o seu caminho por aquelas estradas vazias.

No prédio suspeito, Arashi estava escalando com auxílio de sua katana e velocidade. Estava pendurado pelo fio da lâmina em um ponto bem alto do prédio, quase no topo. O garoto observava por dentro das janelas se havia algum funcionário ou civil dentro daquele edifício, mas até então, estava completamente vazio.

— Décimo andar, limpo também… — sussurrou, desviando o olhar para os outros abaixo. Todos estavam no solo, e Yami apontava duas mãos em direção ao garoto, fazendo um símbolo para ele. Estava conectada a ele através de um feitiço, e dessa forma, podiam se comunicar daquela distância.

— Bom, se até este ponto está limpo… provavelmente podemos prosseguir… ao meu sinal, Arashi — avisou a garota, enquanto aproximava-se das paredes.

— Certo… estou esperando.

Yami repentinamente puxou de dentro de uma pequena fenda cósmica uma espada roxa, que refletia a própria essência das galáxias. A lâmina era composta por energia cósmica, e uma visão do espaço era visível ao observar a espada.

— Uou! — exclamou Sakura. — Onde conseguiu isso, Yami?

— Não há tempo para isso agora, Senhorita Yukari! — exclamou, e então efetuou um corte no ar. O rastro cósmico deixado pela espada abriu uma fenda na realidade, que logo se expandiu para os lados e sugou todos para dentro, com exceção de Yami, que antes de partir, olhou para Arashi uma última vez. — Agora, Arashi! — exclamou, e então partiu para dentro da fenda também.

Arashi, ao receber a ordem, deu um salto para trás e tomou impulso com a eletricidade no ar, dando uma investida bem no centro da vidraça no décimo andar. O garoto adentrou-se no prédio, e no mesmo instante, a fenda apareceu de dentro da parede e todos foram saindo dela em sequência. Yami havia viajado no espaço tempo com todos até o décimo andar do prédio.

— Vamos, continuem! — ordenou Yami, e todos juntos prepararam suas magias, e avançaram para subir ao topo do prédio. Todos andavam em grupo, e talvez nada seria capaz de barrá-los no caminho. E assim foi feito, chegaram ao topo do prédio com facilidade, mas não duraram muito tempo.

Chegando ao topo, avistaram um salão inundado por gosma negra e energia rosa vagando por toda a área. Era a mesma sala que a do topo do hotel, porém, completamente inundada por gosma. Sentada em uma poltrona enquanto observava a vidraça, ali estava a mesma mulher do vestido preto e branco, tocando a flauta dourada. Todos puderam observá-la por um instante, até a melodia se intensificar.

Antes que qualquer um pudesse dizer uma única palavra, um falso demônio com corpo feito de gosmas negras segurou todos em seu punho ao mesmo tempo. Este era surpreendentemente imenso comparado aos outros. A criatura girou um pouco o corpo, e atirou todos os pequenos garotos pela vidraça ao mesmo tempo.

Enquanto despencaram até o chão, Yami usou suas fendas para trazer Wei, Yui e Sakura para cima de uns prédios. Logo em seguida Yui firmou as mãos ao chão, e várias raízes grossas ergueram-se, segurando os que restavam no ar. Arashi, Thomas, e Namida.

Todos observaram o topo daquele edifício, e vários falsos demônios gigantescos e gosmentos começaram a sair pelo buraco feito na vidraça. Alguns voavam, outras deslizavam pelo prédio até alcançar o chão, e outros simplesmente apareciam de dentro das paredes.

— Merda! Ela está criando mais deles! — exclamou Arashi, sacando novamente sua katana e se preparando para o combate. A visão do céu era catastrófica, as nuvens eram roxas com uma espiral no meio, e várias criaturas negras, gigantes e gosmentas sobrevoaram os céus. Era a visão do apocalipse.

Mas para a surpresa de todos, quando olharam ao alto do prédio, um garoto descia voando com asas negras, vindo dos céus. Era como um anjo corrompido. Aquela figura misteriosa ergueu uma pequena varinha, e atirou uma rajada negra bem na cabeça de uma das criaturas gosmentas, que se desintegrou instantaneamente.

— O que é aquilo?! — exclamou Namida, forçando a visão para olhar de longe.

— Aquele… é o Ishida…? — perguntou Sakura, reconhecendo o seu novo parceiro de equipe. Ishida Majutsu estava envolvido por uma aura negra, e em suas costas, grandes asas negras como as de um dragão se movimentavam em sincronia. Os olhos do garoto estavam com sua cor amarelada mais florescente que o comum.

Notas:

Aviso: Todas as ilustrações utilizadas na novel foram geradas por IA. Perdoe-nos se algo lhe causar desconforto visual.

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