A Última Ordem Brasileira

Autor(a): Hanamikaze


Volume 1 – Arco 4

Capítulo 20: Soar da Flauta

 

Arco 4: Férias em Londres

Se passaram três semanas desde os eventos em Nephthar, e a maioria dos membros na equipe já não aguentava mais passar no mínimo vinte horas dentro de uma nave espacial a cada planeta que visitassem. Desde o acontecimento com os lobos, as missões foram entediantes e breves. Fazendo com que eles tivessem que vagar pelo espaço com mais constância.

Após a última missão, San se dirigiu até a sede da Infinity Astra para entregar seus relatórios ao Kenny Williams, administrador do prédio em Tóquio. Kenny apenas soltou um resmungo em resposta a papelada que San o entregou, e então o garoto acenou para ele. Saindo da sala de Kenny, os outros membros da equipe estavam esperando no corredor. Tsukasa encostado à parede, Arashi tentando puxar papo com Thomas — sem sucesso — e Hifumi contando os ganhos da missão, para dividir entre eles.

— Uff… que saco. Sério, desde o Reino dos Lobos… as coisas têm ficado tão fáceis. Eu até tinha agradecido no início, mas agora sinto falta de mais ação. Por que nós não podemos ficar só com os trabalhos pesados, Hifumi?

— Ainda com Nephthar na cabeça, San? — questionou Hifumi, com um suspiro de cansaço. — Você realmente parece apegado com aquele lugar agora. Mas, Zephyria não está com você? Deveria se sentir menos ansioso.

Após ouvir isto, antes que pudesse responder, ouviu uma leve e descontraída risada em seu subconsciente.

— Sim… ela está aqui. Mas não é sempre que ela me responde, acho que ela tem coisas mais importantes para fazer… Mas tudo bem, finalmente temos um tempo de descanso agora.

San começou a caminhar pelo corredor, indo em direção ao elevador. Passando por todos da equipe, que estavam encostados à parede.

— Aonde você pensa que vai, San? — perguntou Hifumi.

— Aonde eu vou? Estou indo embora. Não me diga que tem mais comissões? Acabamos de sair daquele buraco de minhoca…

San ficou meio cabisbaixo com o sentimento de ter que trabalhar ainda mais com coisas chatas, e ter que aturar Arashi correndo ao redor da nave a viagem inteira. Hifumi se aproximou do garoto, e colocou sutilmente uma mão em seu ombro.

— Nah, estamos de férias San. Vamos para Londres.

Algumas horas após Hifumi dar a notícia, San já preparou suas malas. Colocou uma roupa de praia e um chapéu de palha que era de sua mãe. No topo do chapéu, havia uma flor rosa grudada nele. O ponto de encontro iria ser na Tokyo Station, para pegarem o trem que leva até Londres. Nesta época, existiam trens com potência o suficiente para atravessar o oceano em poucos minutos. Chegando na estação, com suas malas feitas e usando um óculos de sol, San se juntou a todos. Estavam bem no meio da estação, verificando se as bagagens estavam todas ali.

— Cheguei! Me atrasei, porque minha mãe esqueceu onde tinha deixado o chapéu. Não queria vir sem ele — explicou San, juntando-se ao resto do bando. Arashi estava usando roupas casuais, ele não se importava muito com o modo que iria se vestir. Porém, seu cabelo estava impecável, com o mesmo penteado elegante de sempre. Tsukasa usava suas roupas comuns, que usava todos os dias. Um Quimono japonês branco, e cabelos elegantemente soltos. Thomas usava um moletom preto, e Hifumi roupas de verão, assim como San.

— Bom, todos prontos então? O trem chegará em breve. — Concordaram com as cabeças, e apenas Arashi exclamou “Sim!”. Então permaneceram por ali, aguardando com que a viagem começasse. Arashi, sem paciência, começou a passar o tempo mexendo nos painéis holográficos que ficavam pela estação.

— Essas coisas são quase que fliperamas! Vem dar uma olhada, San!

— Arashi… não acho que seja uma boa ideia mexer nisso daí — avisou, enquanto se aproximava para ver também. Hifumi soltou um resmungo, como se estivesse observando duas crianças brincando em um tapete. Ficaram tão entretidos, que para eles o tempo passou em um piscar de olhos. Quando se viraram para ver os outros, o trem já estava parado na estação, abrindo as portas.

— Chega de fazer bagunça, hora de irmos. Deixem o painel aí — ordenou Hifumi, com um tom meio elevado. Arashi fez cara feia, pois estava se divertindo. San se apressou, pois definitivamente não queria perder esta viagem.

Todos foram embarcando dentro do trem, e se sentaram nos assentos. Eram três assentos de cada lado do local em que estavam no trem. San, Thomas e Arashi estavam de um lado, e do outro lado estavam Hifumi e Tsukasa. O último banco ficou vazio. Quando se sentaram, os assentos se afundaram, soltando uma breve fumaça sem odor. Cintos de seguranças bem rígidos se estenderam sobre seus peitos, e se conectaram, trancando-os ali até que o trem parasse.

A energia mágica era visível vagando pelos circuitos nas paredes do trem, que iam gradualmente ganhando energia. Quando se energizou por completo, deu uma disparada furiosa pelos trilhos à frente. Era tão rápido, que a visão pelas janelas era apenas vultos brancos que passavam por milésimos. Quanto mais ganhava velocidade, a realidade dentro do trem praticamente se distorcia. Os sons abafados do lado de fora não eram ouvidos mais, e a sensação que tinham ali dentro era a mesma que estar no puro vácuo. 

Conforme ele prosseguia, atingiram a fronteira do Japão. Mas mesmo assim, o trem continuou seguindo em frente, entrando por dentro do oceano.

— Woo! Não sabia que essa coisa era um submarino também — comentou San, com os olhos focados na janela.

— O trem não está nadando, San. Tem todo um sistema de trilhos por baixo do mar. Você realmente não sabia disso?

— Achei que era apenas mito. Mas, estamos na era da tecnologia. Daqui a pouco alienígenas vão começar a cair do céu.

— Isso basicamente já aconteceu, quando estávamos fazendo os testes para a prova lá, San — disse Arashi, com uma mão esfregando as laterais do queixo.

O trem continuou vagando pelo mar, e em poucos minutos, já estava subindo novamente sobre as terras de um continente. Não era possível ver a paisagem do local pela janela, pois estava em uma velocidade muito elevada. Mas conforme o trem foi freando, as coisas começaram a ficar visíveis.

Após segundos desacelerando, finalmente parou em uma das estações, e as portas se abriram. Os cintos se desconectaram, liberando todos para saírem dos assentos. San, já pegando suas bagagens, foi o primeiro a sair.

— Londres!! É… a última vez que estive aqui, não foi muito legal. Mas dessa vez, vai dar tudo certo! — San estava falando sobre o episódio com a nave, e os idiotas que não sabiam onde ficava o Japão.

— Nem me fale, mas pelo menos, aquele dia foi louco — murmurou Arashi, em um tom de voz baixo o suficiente para Hifumi não ouvir. Mas quando menos percebeu, Hifumi estava espionando os dois bem pelas costas de Arashi.

— Qual dia, Arashi? Por acaso os dois já vieram a Londres com algum tipo de nave espacial? — Arashi gelou, e San abriu a boca, mas não saíam palavras.

— A culpa é deles, Hifumi. Eram os únicos que não estavam em casa naquele dia — acusou Tsukasa.

— Traidor!

— Mas esqueçam isso por agora, rapazes — tranquilizou Hifumi. — Estamos indo para um hotel bem no canto da cidade de Londres. As outras equipes, Infinity-Z e Infinity-W também estarão lá. Apenas com exceção da equipe X.

— Estão todas de férias também?! E quem vai resolver as coisas no espaço? — exclamou San, começando a ficar animado. Talvez conheceria uma nova equipe, com pessoas que nunca tinha visto antes.

— Existem outras sedes da Corp pelo espaço, San. Em Tóquio, chegaram nossas férias. A Infinity-X só não terá férias, pois foi formada muito depois das outras.

Enquanto se dirigiam para o hotel, Thomas parecia um pouco diferente. Estava admirando a paisagem em volta de uma forma incomum.

— Estamos em… Londres… — murmurou para si mesmo.

— Ah! É verdade! Londres é a cidade natal do Thomas. Ele deve estar feliz por passar as férias aqui.

Thomas ficou em silêncio, olhando para os prédios à sua volta.

Logo quando chegaram na portaria do hotel, adentrando pela recepção, Kyoko Yoshizawa e Namida Sato estavam ali, conversando enquanto Namida tomava café em um copo de Starbucks. San, vendo sua amiga, acelerou o passo em sua direção, acenando com uma mão.

— Yo! Kyoko! — A garota tornou sua visão para San, e quando viu quem era aquela pessoa, lhe deu um grande sorriso. Namida acenou serenamente ao lado dela.

— Chegaram tarde, vocês. Já estamos aqui faz um dia, junto com aqueles lá da equipe W — comentou Kyoko.

— Sakura e Arashi no mesmo lugar… de novo. Da última vez, deu tudo errado com esses dois juntos — caçoou Namida, um pouco antes de tomar mais um gole de seu café.

Hifumi vinha chegando por último, após terminar de falar com a recepcionista.

— Gyokku e Minami já estão aqui?

— Sim, com vocês, agora está todo mundo aqui.

San e Arashi se juntaram aos dois na conversa, e estes quatro logo sumiram para dentro do hotel juntos. O hotel era gigante, tinha área de lazer, saguões de festas, bares, entre outras coisas. Tsukasa já chegou se dirigindo até as pequenas lojinhas ali, para pegar algo para tomar.

— Onde fica o meu quarto? — perguntou Thomas, enquanto se aproximava de Hifumi.

— Já vai ir para o quarto? Você pode tentar passar tempo com os outros, Thomas. Desenvolver sua habilidade de comunicação é a chave para ter sucesso em seus objetivos, lembre-se disso.

Thomas soltou um resmungo, e então subiu para o andar de cima pelo elevador.

Andando pelo andar principal do hotel, Tsukasa se deu de frente com Sakura Yukari, que estava voltando com um pequeno hambúrguer na mão.

— Hum…? Este não é o irmão do Arashi? — Tsukasa parou de andar, e olhou de cima para ela. A garota era relativamente menor comparada a ele.

— Sim, e esta não é a aclamada namorada do meu irmão?

— Sai dessa, cara. Mas… se você está aqui, então os outros também chegaram?

— Sim.

A euforia nos olhos de Sakura era visível após ouvir isso, então ela correu por Tsukasa, em direção a recepção. Ele a observou se afastando, e então continuou procurando uma sorveteria por ali. Tsukasa não conseguia ficar muito tempo sem tomar um milk-shake.

Passando pela área de lazer do hotel, haviam quatro pessoas descansando em volta da piscina. Uma garota de cabelos roxos, com uma expressão mais neutra, um garoto e uma garota de cabelos completamente vermelhos, e um homem de cabelos azuis. Os quatro olharam para Tsukasa, e ao notarem o quimono branco que estava usando, perceberam que ele era do Japão.

— Será que é um da equipe Y? Talvez eles já tenham chegado, Yui — disse Wei Yang, o garoto de cabelos vermelhos. Tinha olhos azuis, e uma expressão tão pacífica quanto a de Namida.

— Deve ser! Será que são legais? Será que são fortes?! Será que são bonitos?! — respondeu animada Yui Kobayashi, a outra garota de cabelos vermelhos. Mas esta, tinha olhos azuis.

Tsukasa passava por aquela área com passos lentos e elegantes. Notou que estavam o observando, e ele discretamente devolveu o olhar. Os outros, ao olharem para seus olhos avermelhados e profundos, tiveram um arrepio incomum no corpo. Todos ali ficaram surpresos com a presença que Tsukasa causou, com exceção da garota misteriosa de cabelos roxos, que apenas devolveu um olhar frio. De todos ali, era a única que olhava diretamente nos olhos de Tsukasa. Os dois se encararam por um tempo, e o clima ficou pesado. Em volta, as pessoas estavam em silêncio, e apenas o som do vento soprando predominava, enquanto movia os fios de seus cabelos.

Após um tempo, a garota desviou o olhar para a piscina, e Tsukasa voltou a seguir seu caminho tranquilamente.

— Você… deveria parar de encarar as pessoas dessa forma Yami, pode acabar assustando eles — disse Wei, enquanto soltava um suspiro.

— Ele não estava intimidado. Fiquem atentos com este garoto, ele tem uma aura diferente dos demais.

Poucos minutos depois de Tsukasa desaparecer entre as pessoas, San, Kyoko, Arashi e Namida se aproximaram das pessoas na área de lazer.

— Vejam, aqueles dali são os da Infinity-W! Eles são legais também, mas… tente não mexer com a Yami, a de cabelos roxos… Ela não é muito, receptivel — explicou Kyoko, enquanto liderava o caminho até eles. San olhou para a garota de cabelos roxos, Yami, e sentiu uma sensação de angústia instantaneamente.

“Yami… o que você acha disso, Zephyria?” pensou, e logo, a voz lhe respondeu.

“Não posso ver para saber se tem algo estranho nela, San. Mas se apenas olhar para ela lhe deu desconforto, deveria ficar atento.”

— Oh, o resto da equipe chegou, Yui — disse Wei, acenando para todos.

— Olá! Sejam bem-vindos. Vocês devem ser os da… Infinity-Y, não é? — perguntou Yui, com uma expressão meiga no rosto.

 

— É, acabamos de chegar. Bom, é um prazer… conhecer todos vocês — respondeu San, tentando não demonstrar desconforto na presença de Yami.

O homem de cabelos azuis e Yami olhavam diretamente para Arashi, e viam o quão semelhante ele era com Tsukasa.

— Como este garoto… trocou de roupa tão rápido? Os olhos dele não eram vermelhos? — questionou Yui.

— Hum? Eu? Não, aquele lá é meu irmão. Somos gêmeos. Meu nome é Arashi Hayami, pode nos diferenciar pela cor dos olhos! Os meus são azuis… e os dele vermelhos.

— Arashi… e qual é o nome do outro jovem? — perguntou o dos cabelos azuis, em um tom sereno.

— Tsukasa Hayami, por quê? Já se encontraram com ele?

— Pode-se dizer que sim…

“Tsukasa Hayami… e um irmão gêmeo, interessante.” pensou Yami Hikari, a garota tinha cabelos roxos e tinha olhos com íris negras, como olhar para o vazio. San deu um passo a frente, mais a vontade, e disse:

— E o meu nome é San Hiroyuki! Ahm… e quem são vocês?

— Wei Yang, aoba — acenou.

— Yui Kobayashi! — exclamou.

— Minami Yamamoto, é o meu nome — disse o dos cabelos azuis.

— Yami Hikari… — murmurou.

Logo atrás, Hifumi se aproximava, acenando para Minami.

— Quanto tempo, Yamamoto. Vejo que sua equipe é bem animada, com exceção de uma. — Minami deu uma gargalhada, e então concordou com a cabeça.

Passou-se um tempo, e Sakura havia se juntado a eles. Ela e Arashi estavam discutindo coisas aleatórias, apenas para terem motivo para brigar. San tinha se juntado a todos na piscina, e Hifumi estava papeando com seu velho amigo, Minami. De repente, em meio ao clima pacifico, Tsukasa apareceu atrás de San e Yui, que estavam conversando.

— San… preciso da sua ajuda.

Yui tomou um susto quando viu Tsukasa ali, e o olhar de todos se voltou para ele.

— Hum? Precisa de algo?

— Sim, venha comigo. 

San imediatamente se levantou, pois quando Tsukasa falava neste tom, era coisa séria. E logo os dois foram se distanciando.

— Posso ir também? — perguntou Arashi.

— Não, você vai acabar atrapalhando. Fique aqui por enquanto, mas logo, precisarei de você também.

San e Tsukasa foram se distanciando de todos, até chegarem em um corredor isolado.

— Então… o que você quer falar? — questionou.

— Antes, vamos esperar a espiã ali ir embora — disse Tsukasa, olhando para um dos corredores. Do fundo do corredor, Yui Kobayashi apareceu andando.

— Você é bom mesmo, heim? Mas… eu… posso ajudar também? Estou meio entediada aqui.

— Hum… tudo bem. Só não faça nada por impulso.

— Certo!

Os dois se aproximaram de Tsukasa, e o observaram atentamente.

— Desde que chegaram aqui… vocês têm ouvido o som de uma flauta…? — sussurrou.

— Eu acho que não… por quê?

— Também não ouvi nada… — os dois responderam.

Tsukasa soltou um resmungo, e murmurou:

— Como eu pensei… então, tem algo amaldiçoando Londres. E está bem debaixo dos nossos narizes…

 

Notas:

Aviso: Todas as ilustrações utilizadas na novel foram geradas por IA. Perdoe-nos se algo lhe causar desconforto visual.

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