A Última Ordem Brasileira

Autor(a): Hanamikaze


Volume 1 – Arco 3

Capítulo 18.2: Vida Longa ao Rei

 

Parte 2

Milan estava bloqueando o caminho, apontando a ponta de sua lança para o centro do peito de San. Até então, ele sequer havia mostrado que podia criar uma arma. Todos o encararam, e o clima ficou pesado.

— O que está fazendo, Hoffmann…? — questionou Hifumi, brandindo sua espada lentamente.

— San Hiroyuki não passará daqui — repetiu, sem mudar de expressão.

— Milan… eu consigo resolver isso. Zephyria só precisa entender que isso tudo não é necessário, e eu sou o único que consegue falar com ela agora. Por algum motivo, eu sinto que eu preciso fazer isso, então… com licença, mas eu preciso ir. — San tentou dar um passo à frente, mas Milan tomou uma posição ofensiva contra San, demonstrando que estava pronto para atacar se necessário. San não hesitou, e continuou indo em frente.

— Saia da minha frente, Hoffmann.

Milan não abaixou a cabeça, e continuou em posição. Os dois lançaram olhares frios um ao outro, e a equipe atrás apenas assistia.

— Está ficando tenso, Hifumi. Acha que devemos intervir? — perguntou Arashi.

— Acho que temos outras coisas para nos preocupar agora.

O chão começou a tremer, e passos de patas duras e rochosas ecoaram pelo planeta. Eram várias, e dessa vez, pareciam bem mais pesadas. Os outros se prepararam, e ergueram suas armas.

Depois de um momento de tensão, San finalmente decidiu agir. Correu para cima de Milan, e laçou a ponta de sua lança com uma corrente mágica. Milan usou a conexão entre sua lança e a corrente, e puxou San para perto dele, mas isso apenas permitiu que San pudesse desferir uma cabeçada bem na barriga de Milan. Ele ficou meio atordoado, aparentemente não era muito experiente com lutas. San usou a brecha, e deslizou pelas pedras até o reino novamente. Milan, logo atrás, jogou sua lança direcionada ao San, que passou por um fio de sua cabeça e se fixou nas paredes de pedra do reino.

San seguiu, arrombando os portões do reino com o ombro. A lança de Milan brilhou, e ele se teleportou até ela. Retirando-a da parede, e caminhando lentamente pelo caminho que San estava seguindo. Os lobos começaram a sair da escuridão, passando por San e correndo até Milan. Ele desviava de todos se teleportando para os lados, e então, no último lobo, ele se teleportou para trás de San, agarrando seu uniforme pelas costas e o empurrando para trás.

— Você não vai chegar até lá, San. Ordens do Eterno…

San foi jogado para trás com o empurrão, mas enquanto se afastava, criou um laço de Alquimia que se enrolou pelo seu braço até o pulso. O laço seguia se estendendo com um movimento espiral até o rosto de Milan, que observava o laço cuidadosamente, tentando descobrir o que San iria fazer. Era como se o tempo tivesse parado, com um laço vindo em sua direção, chegando cada vez mais próximo. Quando se deu conta, San havia usado o laço como distração, e agora já estava cara a cara com Milan. Com um punho carregado de magia, desferiu um soco poderoso bem na lateral de sua face. Milan foi jogado na parede com força, rachando um pouco a estrutura do local.

San não desistiu, e continuou avançando até alcançar o Rei Lobo novamente. Hifumi, Tsukasa, Arashi e Thomas estavam em posição, em frente ao reino.

— San tem razão. Se alguém pode falar com aquela coisa, é ele. Se precisarmos protegê-lo até lá, daremos cobertura. Somos uma equipe afinal, não baixaremos a cabeça para criaturas como essas. Não sei o que deu no Hoffmann, mas não é páreo para o San. Vocês sabem o que temos que fazer, sabem que não está apenas nas mãos dele, mas em nossas também. Então deem tudo de si… mas, nenhum lobo passará por nós — declarou Hifumi, e todos lançaram olhares determinados pelo horizonte. Ao longe, centenas de cabeças gigantes de lobos vinham avançando. Desta vez, eram lobos gigantescos de três cabeças.

Os lobos chegaram com velocidade, e Hifumi, com a espada em suas mãos, a lançou como um bumerangue. Arashi apontou um dedo para a espada, e uma corrente elétrica foi gerada, conectando-o com a lâmina. Ele estava controlando a trajetória da espada como uma marionete. Dessa forma, saiu cortando o corpo rochoso dos inimigos à frente. Um dos lobos tentou engolir a espada, mas como estava carregada de eletricidade, se infundiu com a energia atômica, fazendo o lobo sobrecarregar e explodir. A explosão jogou mais dois lobos em volta aos ares, e os outros continuaram seguindo.

Lumen Solidáriun… — recitou Tsukasa, e um frio passou pelo rosto de todos. O vento gelado se ergueu no céu, lentamente esculpindo uma lua minguante de gelo. O frio que passou pelas mãos de Thomas, o fez absorver a magia. Thomas mirou sua mão aos lobos, e uma corrente de ar gelada veio com força, impedindo os lobos de prosseguirem. Hifumi avançou mais uma vez, com um olhar determinado. As cabeças laterais dos lobos começaram a uivar, disparando energia atômica para o alto. Segundos depois, uma chuva de lasers atômicos foi desferida sobre o campo do conflito.

Dando cobertura, Arashi fez um sinal com as mãos, e apontou o sinal para cima.

Tonitrua Leporum!

Da palma de suas mãos, várias linhas de eletricidade se estenderam aos céus. Era como um show de luzes. As linhas elétricas corriam com o ar, até alcançar os lasers atômicos. Quando se conectaram, as energias se repeliram e várias explosões no céu aconteceram, cancelando os dois ataques ao mesmo tempo.

Hifumi seguiu avançando, até passar por baixo das patas dos lobos. Tsukasa, tendo controle de sua lua, fez com que estruturas de gelo segurassem os lobos no lugar. Estruturas como, ursos de gelo os prendendo com os braços, águias montadas nos lobos, os prendendo com as garras, e tubarões, abocanhando as cabeças dos lobos pela frente. Estavam todos imobilizados, e Hifumi — no centro deles — ergueu uma mão ao céu. Sua mão agora funcionava como um imã, atraindo Alquimia de todas as direções. Pequenos ventos mágicos vinham em direção à sua mão, pequenos feixes de Alquimia, e pequenas luzes douradas. Logo, o lugar se tornou uma grande espiral de energia vindo de todas as direções até um ponto só. Esse ato fez com que os lobos fossem atraídos também. Quando já estavam todos aglomerados, Hifumi soltou as últimas palavras antes de seu ataque:

Magna Expansio — recitou, e a Alquimia sugada parou no ar. O tempo por alguns segundos havia parado, e de repente, uma explosão colossal foi liberada a partir da mão de Hifumi. A área da explosão foi se estendendo, até consumir os lobos pelo fogo. Aquele poder consumiu muito da energia de Hifumi.



San continuava fugindo avançando em busca do rei, até que chegou a um ponto onde ele não via mais nada. A escuridão do reino tampava sua visão, e a única coisa que ele sentia era calafrios. Ele continuou avançando, apressado. Estava determinado a encontrar o rei de qualquer maneira. Até que, de repente, seu corpo começou a cair. Sem perceber, ele estava se aproximando de um buraco. Ao qual estava caindo dentro agora. Milan lentamente veio andando à beira da fossa, enquanto via San cair lentamente no vazio.

— Tarde demais, Eterno… eu falhei, me perdoe. Mas se ele for o escolhido mesmo, então vai sobreviver.

San continuava caindo naquele abismo escuro que havia acidentalmente encontrado nas profundezas do Reino dos Lobos. Ele tentava gritar enquanto caia, mas a pressão do ar em suas costas impedia que sua voz saísse por completo. Após um tempo, caindo na escuridão, seu corpo finalmente sentiu algo diferente o envolvendo. Era água, e sua audição foi preenchida pelo som das bolhas criadas pelo impacto direto com a água de uma altura tão elevada. Ele continuou afundando lentamente, enquanto olhava para cima. A água de repente foi iluminada por uma luz externa, uma luz roxa. E com a iluminação, San pode ver o que pairava à sua frente. Era o Leviatã de pedra, nadando sobre os olhos de San com seu corpo rochoso e extenso. Aquele água no fundo do Reino se conectava com o rio no centro do planeta. San, com olhos arregalados, tentou gritar novamente. Só saíram bolhas de sua boca.

O Leviatã aparentemente não havia percebido sua presença, e apenas nadou para a direita, desaparecendo na escuridão das profundezas da água.

O nível de água foi baixando conforme o Leviatã se afastava, até que já estava rasa o suficiente para San se manter de pé. Quando olhou o ambiente em volta, se impressionou com a visão. Se parecia com um santuário de adoração, com um enorme fosso no centro. Aparentemente, se San continuasse afundando, desceria por ali. A água ao chão escorria pelo fosso, como um ralo gigante. Nas paredes do santuário haviam várias janelas, mas o nível da água estava mais baixo que a altura das aberturas. As janelas mostravam as profundezas do subsolo, com uma imensidão de água abaixo.

Do centro do fosso, uma figura emergiu. Era uma esfera grande e radiante, de cor roxa. Era a estrela Zephyria Astralis novamente, mas dessa vez, com vários pequenos meteoritos flutuando em volta da estrela.

— Zephyria… nos encontramos de novo. Hah… já de início, quero deixar claro que não vim aqui para arranjar confusões, Zephyria! — A estrela permaneceu imóvel, pairando sobre o fosso ao qual a água escorria. — Nós podemos resolver isso pacificamente. Você é um ser superior, deve entender que batalhas e sangue não é o melhor meio de purificação! Mesmo que você mate um rato em sua casa, seu sangue se espalharia pelas paredes. É isto que você chama de purificar?

Enquanto San citava seu discurso sem efeitos para Zephyria, os outros na superfície continuavam lutando com tudo que tinham. Os lobos não paravam de vir, e quando finalmente acharam que tinha acabado, o solo estremeceu.

— Ah! O que é isso agora, Hifumi?! — exclamou Arashi, tentando manter o equilíbrio.

— Mais inimigos, preparem-se.

— Essas coisas não vão parar de vir?!

Todos mantiveram as posições, e os pedregulhos no chão se ergueram. Desta vez não eram lobos de pedra comuns, este era pelo menos cinco vezes maior. Era maior que as árvores, seu pescoço cobria a luz da lua. Tinha duas cabeças de lobo, e seu corpo era gigantesco comparado aos outros. Uma pisada do lobo no chão levantava uma enorme quantidade de poeira.

— Como vamos… matar essa coisa? — perguntou Arashi.

— Fazemos o que podemos, sem arregar — respondeu Hifumi, brandindo a espada novamente.

O lobo se aproximou, com lentos e pesados passos. Com olhos assassinos, ele espreitava todos por cima. Hifumi fez o primeiro movimento, cobrindo sua espada em chamas. Firmou-se ao chão em uma posição ofensiva, colocou a espada por trás de um ombro, e recitou:

Flamma Vitae! — lançou o feitiço. Quando efetuou o golpe no ar, as chamas se moldaram em uma ave de fogo, que abriu suas asas e voou até uma das cabeças do lobo. Ele rugiu em resposta, tentando repelir o feitiço para Hifumi, mas sem sucesso. A ave atingiu uma das cabeças, e o fogo se expandiu por ela, como uma tocha ambulante.

Arashi energizou os pés com eletricidade, e avançou como um raio até as patas do lobo. Sua velocidade era suficiente para andar em terrenos inclinados, subindo assim, pela extensão rochosa do corpo da criatura. Uma das cabeças direcionou seu foco em Arashi, que subia desviando de um lado para o outro, dessa forma tornando quase impossível de acertá-lo. A cabeça começou a energizar sua mandíbula, se preparando para um ataque direto e potente.

Quando abriu a boca para liberar a rajada, Thomas usou o ar frio que havia absorvido de Tsukasa para liberar uma corrente que vinha do chão. A corrente de ar seguiu até a boca da criatura, e era tão fria, que congelou lentamente sua mandíbula, travando-a com a boca aberta. Arashi aproveitou a abertura e avançou com um único passo carregado de energia, atravessando a cabeça do lobo de uma vez só. Quando estava pairando sobre a criatura, prestes a cair novamente, ele ergueu um braço ao céu. Uma lança de eletricidade se materializou na sua mão, e ele a apontou bem no centro da nuca de uma das cabeças do lobo.

Furia Dei Tonitrui!

Arashi disparou a lança, e a pressão que ela fez no ar quando foi jogada era tanta, que em vez de atravessar a cabeça do lobo, a cabeça foi levada junto. Uma parte do corpo do monstro se apoiou ao chão, e sua cabeça ficou fixada pela lança. E quando ela tocou no chão, cinco trovões estrondosos caíram sobre a cabeça do lobo.

A lança não desapareceu após o ataque, em vez disso, seu tamanho aumentou após os trovões caírem. Ela estava agora grande o suficiente para fixar a cabeça gigante do lobo ao chão

 Enquanto tudo acontecia, Tsukasa estava focando sua energia na lua de gelo.

— Está pronto, Tsukasa…? — perguntou Hifumi.

— Perfeitamente.

Acima da outra cabeça, um enorme cristal de gelo com a ponta direcionada para baixo surgiu. Ele era reluzente, e brilhava com a luz da lua. Tsukasa estava com a mão apontada a ele, e quando vez um movimento para baixo, o cristal caiu com tudo, amassando a outra cabeça ao solo.

— Uff… outro já foi! — exclamou Arashi, que já estava com a eletricidade quase esgotando. Seus brincos continham apenas uma pequena quantidade de carga. Os cabelos de Tsukasa estavam parcialmente brancos, ele ainda tinha muita energia.

San continuava tentando dialogar com Zephyria. Por um momento, aparentava fazer efeito, mas Zephyria retomou a consciência do que deveria fazer, e se alterou. Liberou uma onda de energia do núcleo estelar, e San foi repelido para trás.

— Cala-se! Eu sei bem o que devo fazer, e não é você quem vai divergir minhas ideias! — berrou com fúria a voz que vinha de dentro da estrela.

Logo, vários pequenos lasers e asteroides se energizaram e foram até San. Ele deu um pulo para o lado, e seguiu correndo, contornando a fossa em que a estrela pairava. Sacou seu laço de Alquimia, e puxou uma das pedras para si, enrolando-a no braço com a ajuda do laço. Os ataques vinham furiosos, e San se defendeu com a pedra que havia prendido ao braço, usando-a como escudo.

De repente, o leviatã se ergueu das águas fora do santuário, e tentou morder San através das janelas. San se esquivou, e tentou lidar com todos os ataques ao mesmo tempo. Pegou seu “escudo”, cobrindo-o de Alquimia, e o lançou até o núcleo da estrela. O choque entre as magias fez todo o lugar vibrar, impedindo San de continuar se esquivando. A criatura atrás acabou trazendo-lhe para uma mordida, mas San segurou os dois lados da mandíbula do bicho com as mãos cobertas em Alquimia. A mandíbula da criatura queimou com a energia, e perdeu a força.

San aproveitou a brecha, e usou o laço para enrolar o pescoço do Leviatã, como uma coleira. Quando finalmente se ergueu de novo, o puxou para frente com um impulso só. Ele foi direcionado para a estrela, abocanhando-a. A energia começou a se sobrecarregar, mas San continuou forçando a boca da criatura ali. Ele não aguentou por muito tempo, e sua cabeça explodiu, levando parte do santuário com o peso de seu corpo sem cabeça conforme o leviatã afundava na água. Agora só havia a outra metade do santuário, e a água descia com muito mais violência até o ralo.

— O QUE VOCÊ FEZ?! O QUE VOCÊ FEZ COM A MINHA CRIAÇÃO?! — Zephyria retomou sua forma física de uma mulher formosa e mágica, com corpo inteiramente moldado por energia quântica. O corpo se aproximou de San, e o segurou pelo pescoço. — Você vai pagar… vai pagar! — falava em um tom elevado. San segurou o braço em que ela estava estrangulando-o, e adicionou magia. A Alquimia de San era forte o suficiente para corroer o corpo de Zephyria, que logo tomou uma cor dourada em vez de roxa. Ela lentamente pôs San ao chão, e ele se afastou, enquanto ela se afastava também.

Cada movimento que San fazia, o corpo de Zephyria imitava.

— O que você… o que você fez…?

Sem responder, San mirou a palma de sua mão para o núcleo da estrela. Zephyria imitou o movimento, e as pedras que pairavam sobre a estrela se infundiram com a Alquimia dourada de San. Todas avançaram contra o núcleo ao mesmo tempo.

— NÃO!! PARE!! — berrou, suplicando ao garoto.

Ele continuou com o ato, e o núcleo foi se sobrecarregando cada vez mais. A energia que saia daquele embate de magias era tanta, que cegava os olhos de quem olhava. Até que finalmente, explodiu em tamanho. Atirando o corpo de San com força para a parede.

Quando isso aconteceu, os lobos na superfície foram libertados da escravidão, e as pedras que flutuavam sobre o Reino dos Lobos caíram até o solo. Quando a energia da estrela foi dissipada, o corpo de Zephyria foi liberto do controle de San, que estava afundado na parede rachada do santuário.

Todos que estavam na superfície ficaram boquiabertos, vendo os lobos se libertarem e voltarem a vagar normalmente. Alguns caíram ao chão de cansaço, e outros brincavam entre si, comemorando, como se não se vissem a um bom tempo.

— Será que ele… conseguiu? — perguntou Arashi.

Zephyria estava sem palavras na frente do corpo imóvel de San, e algumas gotas de coloração mítica caiam sobre o chão. Eram lágrimas, lágrimas de uma estrela. Lágrimas de Zephyria Astralis.

— Eles confiaram em mim… e eu perdi… para um garoto? Que tipo de divindade eu sou…?

— Ainda não notou, Zephyria? Você fez um… ótimo trabalho. Por todos esses anos, protegeu esse planeta das impurezas… Destruiu aqueles que supostamente estragavam o mundo, mesmo não concordando com esse ato, realmente é uma forma de purificação. Mas agora… tudo que restou foram os lobos, seus corações são puros, Zephyria. São criaturas inocentes, que apenas querem ter uma vida pacífica.

— Aonde quer chegar com isso, Hiroyuki…?

— A única coisa que ainda polui este mundo… é você, Zephyria.

Notas:

Aviso: Todas as ilustrações utilizadas na novel foram geradas por IA. Perdoe-nos se algo lhe causar desconforto visual.

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