A Última Ordem Brasileira

Autor(a): Hanamikaze


Volume 1 – Arco 3

Capítulo 14: Mercado Antarãla

 

Arco 3: Reino dos Lobos

Todos que haviam invadido a Corp de madrugada tinham tomado um belo sermão de Kenny. Ele não fez nada, pois ele não se importava muito com essas coisas. Mas Hifumi provavelmente vai ficar irritado quando notar que sua nave favorita foi massacrada. Tsukasa e Arashi voltaram para casa de San, e Kyoko seguiu seu próprio rumo. Passaram o resto da noite na casa de San, e pela manhã os três saíram. Estavam caminhando juntos pela cidade. San estava com um pouco de medo que Hifumi descobrisse que a culpa era dele, mas ele havia deixado a nave com San, então ele mais cedo ou mais tarde iria descobrir, e San não poderá fugir de seu julgamento.

— Ei, vocês notaram algo estranho? A luz parece diferente… ou talvez eu esteja ficando daltônico — disse Arashi. A iluminação nas estradas e nos prédios estava um pouco mais ofuscada, não parecia como a luz do dia, e sim a luz de uma lâmpada bem antiga.

— Agora que você disse… realmente, as coisas parecem mais alaranjadas… talvez seja só impressão — respondeu San, que estava andando com as mãos no bolso.

— Não, tem alguma coisa diferente. As cores estão lentamente mudando para um tom mais escuro, isso não é normal. — Tsukasa olhou para o céu, e notou que o sol não estava em sua cor original. Ele não tinha o mesmo brilho, e tinha uma cor um pouco alaranjada.

— Olhem para o céu… o sol está laranja — disse Arashi.

— Estranho… tive um dejá vù agora a pouco. Acho que já vi algo parecido com isso… algo relacionado a quando o Sol ficar Vermelho — disse Tsukasa.

— Sol vermelho? Quando é que o sol ficaria vermelho?

— Sei lá, mas está mudando de cor. Bom, não deve ter nada a ver. Deve ser só impressão…

Os três ignoraram o fato do sol estar mudando de cor, e seguiram em frente. Enquanto caminhavam, um som saiu de dentro de um beco. Alí havia alguém encostado à parede, mas seu rosto estava tampado pela sombra transversal projetada no beco.

— Vocês três… não viram o celular hoje? Hifumi está chamando. Provavelmente deve ser outra daquelas comissões. — San reconheceu a voz, e já sabia quem era. Thomas deu alguns passos para fora do beco.

— Outra missão? Acabamos de sair da nebulosa lá! Que trabalho em… — resmungou Arashi, ele nem quis terminar de ouvir o que Thomas tinha para dizer e apenas seguiu reto até a Corp. De qualquer maneira, Thomas não tinha mais nada a dizer.

Thomas permaneceu quieto o resto da caminhada até lá. Arashi no fundo estava ansioso com a nova missão, mas ao mesmo tempo ele queria ficar na Terra, pois seu mestre iria retornar no próximo dia. Chegando na Corp, Hifumi esperava por eles na recepção. Ele estava comendo uma série de frutos do mar, e bebendo um copo com alguma bebida laranja.

Uh, finalmente chegaram. Mandei o email já faz algum tempo, mas isso não importa agora. Kenny não me deu os detalhes da comissão… então vamos até o Plumo Astral ver o que tá rolando…

A caminho do Plumo Astral, Arashi e San pegaram alguns sushi que Hifumi havia deixado na mesa. No elevador, Hifumi estava com uma cara bem séria, parecia um pouco abalado. San o olhava com medo no outro canto do elevador, ele estava escondido atrás de Tsukasa. Ele imaginava que Hifumi estaria zangado pelos danos causados a Falcon. (a nave)

O elevador abriu, e todos saíram. Estavam de frente ao Plumo Astral. Uma grande mesa no centro da sala que mostrava as propriedades e geografia do universo. O vazio do espaço era visível no Plumo Astral, era como olhar para o Abismo. Algumas partículas roxas pairavam sobre a mesa, mostrando que ela estava completamente carregada de energia.

— Então… veremos agora — disse Hifumi, se aproximando do Plumo. Ele estendeu uma mão sobre a mesa, e as partículas roxas foram lentamente atraídas até a palma de sua mão. A mesa começou a mostrar diferentes coisas, como se alguém estivesse buscando por algo naquele gráfico gigante. Era Hifumi, controlando a mesa com a mente. Ele estava buscando pela anomalia detectada pela mesa.

Após algum tempo de busca, um pequeno planeta era projetado pelo Plumo. A projeção não era perfeita, era apenas a silhueta do planeta contornada por linhas brancas. Ele tinha uma forma geométrica, e ao lado da projeção havia um pequeno painel mostrando as estatísticas e informações sobre o local.

— E então… achou alguma coisa aí? — perguntou Arashi.

Hum… sim, achei. — Hifumi retirou sua mão, e olhou para todos. — O Plumo detectou uma anomalia em Nephthar… é um planeta bem obscuro. Eu não sei muito sobre esse planeta, mas é um local bem deserto e sombrio. Até porque, lá nunca amanhece. A noite é eterna, e a lua permanece cheia. A comissão aparenta ser sobre os animais presentes naquele lugar… se eu não me engano, é lá onde fica o Reino dos Lobos. Não são animais comuns, são lobos feitos de algum tipo de rocha, e carregados com energia atômica. Vocês viram um desses aqui em Tóquio, nos exames, mas Tsukasa o derrubou.

— Reino dos Lobos… lobo de pedra, já entendemos. Mas o que exatamente a gente vai fazer lá? — perguntou Arashi.

— Os lobos estão agindo de forma bem suspeita, parecem não agir por contra própria mais, estão em algum tipo de hipnose talvez. Na última missão descobrimos a existência de Mysthrums e Mórtivus… talvez eles sejam os causadores disso tudo. Ou então, alguma outra coisa que não conhecemos.

San olhou para o Plumo Astral e ficou encarando a projeção do planeta Nephthar. Parecia realmente pequeno, e o Plumo não mostrava características visuais, eles teriam que ir até lá para ver.

— E a gente vai, tipo, agora? — perguntou San, com um pouco de medo. Ele ainda estava pensando na nave.

— Bom… vamos infelizmente ter que ir em outra nave. Pois misteriosamente Falcon foi danificado e agora está em manutenção. Mas isso não importa agora, apenas vamos em frente… — explicou, e então Hifumi liderou o caminho até o elevador. San se sentiu um pouco aliviado por enquanto, pois aparentemente Hifumi não iria lhe dar um sermão. Ou talvez ele nem havia descoberto ainda.

O elevador desceu, e todos se dirigiram ao campo. Hifumi olhou para o painel de naves, e começou a rolar para a direita.

— E então, qual delas nós vamos usar hoje? — perguntou Arashi.

— Eu gostava bastante do Falcon, mas ele não era tão potente. Como não sabemos sobre absolutamente nada, e também para evitar conflitos como na missão passada… vamos com o Guiltank.

Hifumi tocou no painel de naves, e o campo começou a materializar uma nave gigantesca de alquimia. A nave era tão grande que dava agonia observar de baixo, realmente se parecia com uma máquina mortal de guerra. Ela tinha centenas de armas na parte frontal, e na parte traseira havia uma saída de energia enorme. Aparentemente era o propulsor. Debaixo das asas haviam mais propulsores, e na frente dos propulsores haviam metralhadoras atômicas, no topo da nave havia mais compartimentos fechados e na ponta da frente tinha uma arma teleguiada que disparava uma rajada atômica.

— Uou! Nós vamos nesse trambolho?! — exclamou Arashi, ficando cada vez mais ansioso.

— Falcon não está disponível de qualquer forma… então é o jeito. Guiltank foi projetado para batalhas, Falcon foi projetado para ser veloz. De qualquer forma, venham logo.

Todos entraram na nova nave, e por dentro era tão espaçosa quanto um salão de festas. Era possível ver algumas faíscas de energia atravessando com velocidade por dentro do chão, havia um arsenal de armas nas paredes, um saguão imenso ao fundo, uma pequena cozinha à direita, banheiro, nos fundos havia um compartimento para apreciar a visão, eram várias poltronas em volta de uma mesa pequena. O local de controle era imenso, e tinha quatro vezes mais botões do que Falcon tinha.

— Agora sim eu to gostando disso aqui — disse Arashi, correndo até a cozinha.

— Não se anima muito não, Hifumi não vai deixar a gente usar essa toda hora. Provavelmente ele vai voltar com o Falcon depois — respondeu Tsukasa.

Tsukasa e Arashi já estavam atacando a geladeira, Hifumi colocou seu uniforme e foi para o banco do piloto. Thomas foi para o fundo, se sentou em uma poltrona e novamente ficou encarando a janela. San seguiu os irmãos para ver o que tinha na geladeira, mas Arashi não saía da frente.

Hifumi ligou a nave, e ela soltou um estrondo quando seus propulsores ativaram, se parecia com uma explosão. Conforme a nave subia, uma cortina de fumaça era liberada pelos prédios da Infinity Astra. E então, com um impulso poderoso, a nave saiu da atmosfera da terra.

Hifumi dessa vez decidiu não colocar a nave em piloto automático, para não acontecer o mesmo que a última vez. San e Arashi estavam com as mãos cheias de guloseimas. Biscoitos, doces, etc. Tsukasa apenas havia pegado um milk-shake como sempre. Eles se juntaram a Thomas nas poltronas, e comeram enquanto observavam a visão do espaço.

As estrelas passavam pela parede de vidro do salão. Galáxias podiam ser vistas ao fundo, asteroides, planetas, bases espaciais e outras naves vagando por aí. Até mesmo nebulosas, mas San queria distâncias de nebulosas por agora. Enquanto todos admiravam o vazio, Thomas ficou impressionado com a visão que tinha em sua poltrona. Ele estava com a boca meio aberta, e então ele apontou um dedo para a direção em que estava olhando.

— Aquilo é…

Todos ficaram curiosos, pois ver Thomas falando alguma coisa do nada é realmente um evento raro. Os três se juntaram atrás da poltrona de Thomas para ver do ângulo em que ele estava vendo, e puderam ver a coisa em que ele estava falando. Era um buraco negro gigante, sugando a energia do espaço à sua volta, junto da própria luz. Ver um pessoalmente era uma visão aterrorizante, mas por sorte ele estava distante.

— Ei, chefia! Leva a gente para o buraco preto lá, o Thomas disse que quer ver de perto — exclamou Arashi ao Hifumi.

— Tá louco? Um buraco negro daquele tamanho faz essa nave virar um pedaço de paçoca, vamos só seguir em frente.

Enquanto Arashi tentava convencer Hifumi de os levar ao buraco negro, San analisava o espaço em volta, e notou uma base espacial bem pecúiar. Haviam várias naves “estacionadas” ao lado do local, e um letreiro no topo que dizia “Antarãla.”

— Olhem aquilo ali… parece algum estabelecimento. Será que a gente pode dar uma olhada, Hifumi? Não parece perigoso — disse San.

Hum? O Mercadinho Antarãla? Nós podemos dar uma olhada no que tem no estoque hoje… pode ser interessante. Mas não toquem em nada, entenderam?

Hifumi mudou a direção, e seguiu até o Mercado Antarãla. Mesmo sendo uma nave projetada para batalha, sua velocidade não era tão inferior comparada a Falcon. Eles chegaram em poucos minutos, e Hifumi estacionou a nave. Ela ficou flutuando ao lado do mercado, e todos saíram de dentro dela.

Entrando no mercado, as duas portas de vidro se abriram sozinhas. Era um lugar obscuro, as paredes pareciam não existir. Era apenas o vazio lá dentro, e o espaço parecia infinito. Havia uma infinidade de prateleiras, e vários alienígenas, humanos, e outras espécies estavam alí fazendo compras.

— Então… o que é que vamos levar daqui? — perguntou Arashi. Tsukasa estava pegando algumas comidas exóticas daquele lugar e Hifumi estava procurando a prateleira de preparo, para comprar equipamentos. Thomas havia sumido, e Arashi e San estavam parados na entrada.

Uh… os outros sumiram. E agora? — perguntou San. — A gente procura, não devem ter ido longe.

Passaram um tempo andando, e quanto mais andavam, mais se sentiam perdidos naquela imensidão de prateleiras. San olhou para cima,  e apenas viu o vazio. Aquele lugar estava começando a dar calafrios. Quando olhou para frente novamente, Arashi havia sumido. Ele provavelmente se distraiu com alguma coisa que viu nas prateleiras.

Arh… é sério? Logo eu dei a ideia de vir aqui…

San continuou caminhando por aí, nas prateleiras haviam dos mais diversos tipos de coisas estranhas. Corações que batiam sozinhos, artefatos mágicos, itens contrabandeados, olhos, energia petrificada, pó de borboletas, chifre de demônio, entre outras coisas. Andando pelos corredores, San bateu com a cara na barriga de um alienígena. Tinha uma coloração azul meio esverdeada, e sua face era similar a de um peixe. Tinha dentes afiados e finos, seus lábios não se tocavam, o que fazia seus dentes ficarem sempre expostos.

Uuh… me desculpe, senhor — murmurou San, contornando lentamente o peixe-alien. A criatura cuspiu um jato de água na nuca de San, tão forte que o fez cair no chão.

Ah! Qual o seu problema? — A criatura soltou um sorriso quando viu San cair no chão, e então começou a se afastar, andando de costas sem tirar os olhos de San. Ele não parecia muito feliz com isso, ele se levantou, pegou um item qualquer das prateleiras e jogou na cara da criatura. Quando o item acertou a cara dele, ele ficou parado por um tempo e então caiu lentamente no chão. A coisa que San jogou nele começou a se expandir em sua face. Era uma lula, mas não da Terra. Era gosmenta e perigosa. A lula estava corroendo a face do monstro, arrancando a carne de seu rosto.

San ficou paralisado ao ver aquela cena, e então ele correu o mais rápido que podia. As prateleiras começaram a cair atrás dele, e uma manada de monstros veio derrubando tudo pela frente, tentando alcançá-lo. San havia quebrado as regras, além de matar um cliente, usou um item que não havia comprado. Agora ele tinha que ser punido.

Os monstros eram mais rápidos que San, e eles estavam quase o alcançando. Ele chegou na cessão de magia das trevas, e viu uma espiral na prateleira. San criou seu chicote de alquimia, e laçou a espiral. A magia das trevas se fundiu com seu chicote, e ele ficou negro com uma aura roxa emanando dele. Ele então se virou para os monstros, e começou a girar seu chicote rapidamente. A energia das trevas foi se fundindo com o movimento, e foi se criando um vórtex das trevas. Os monstros que vinham eram sugados para dentro dele, junto das prateleiras e uma boa parte do mercado. O vortex foi se expandindo, e San correu para bem longe dali.

Enquanto fugia, ele finalmente encontrou Hifumi e os outros, que estavam procurando por ele. — O que é que você fez?! — gritou Hifumi, olhando para o vórtex negro.

— Eu não sei! A gente tem que sair daqui… e como é que vocês se encontraram?

— O espaço tempo daqui é irregular, eu apenas liberei um pouco de alquimia e conectei ela com o espaço. Dessa forma, pude me teleportar até os outros. Mas olha só para o que você fez! É impressionante! — exclamou Hifumi, encarando o vórtex que crescia cada vez mais. San ficou surpreso de que Hifumi estava impressionado com o que ele havia feito, mas se sentiu aliviado ao mesmo tempo. Hifumi os teleportou para fora do mercado, e todos voltaram para a nave. A maioria comprou algumas tralhas, menos Arashi, que estava tão perdido quanto San até se encontrar com Tsukasa.

Notas:

Aviso: Todas as ilustrações utilizadas na novel foram geradas por IA. Perdoe-nos se algo lhe causar desconforto visual.

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