A Última Ordem Brasileira

Autor(a): Hanamikaze


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 9: Invasão ao Reino

Enquanto toda a equipe procurava por um caminho até o reino de Hyoten, San Hiroyuki e Myaku Yukari já estavam de frente aos enormes portões do reino. San estava nervoso pela sensação de entrar em um lugar como aquele, era um reino de verdade, ele apenas tinha visto aventuras desse tipo nos painéis de Tóquio com sua mãe. Mas também tinha um sentimento de que não estava preparado para participar desse tipo de coisa. Já Myaku, parecia bem tranquila, por mais que agisse e se vestisse como uma moradora comum, San tinha uma impressão de que Myaku era alguém muito mais importante que isso.

À frente dos portões, estavam parados ali dois guardas usando armaduras brancas. Pareciam ser feitas de gelo, não gelo comum mas algo como um gelo mágico. Conforme San e Myaku foram se aproximando, os guardas que estavam com suas lanças encostadas ao chão, logo ergueram suas armas e as cruzaram, tampando os portões.

— Forasteiros não são permitidos sem documentação, se são habitantes locais então mostrem suas identidades, se forem forasteiros sem documentação então se afastem imediatamente. Temos total permissão para eliminá-los. — Os dois guardas falavam ao mesmo tempo.

Antes que Myaku pudesse falar qualquer coisa, os guardas já perceberam que era ela. Ergueram suas lanças em sua direção ofensivamente.

— Myaku Yukari, este é o último aviso. Aproxime-se de novo e nós não teremos piedade.

Os guardas aumentaram o tom de voz, pareciam realmente irritados com a presença de Myaku.

— Eeh, eles não vão muito com a minha cara. Vamos voltar, San — disse a garota, puxando San pelo braço rapidamente. Myaku foi arrastando San pela neve até entrarem na floresta, e então ela parou, encostando San numa árvore.

— Eai? O que a gente vai fazer então? — perguntou San.

— Aqueles canalhas realmente não gostam nada de mim. Só porque invadi o palácio da imperatriz para ver como era por dentro, mas acabei derrubando uma taça de gelo… Não é culpa minha se minha foice é maior do que deveria ser. Mas esse não é o foco, sempre há uma maneira de entrar… e nem sempre vai ser a mais fácil.

— Espera, você quer literalmente invadir o reino?

— Querendo ou não, é o jeito! — San olhou para Myaku, com uma expressão que já dizia para ela que isso não iria dar certo.

— Oh, não faça essa cara! Só precisamos achar uma brecha… tipo aquela ali! — exclamou Myaku, puxando San pelo braço novamente, ele continuava sendo puxado como se fosse um ursinho de pelúcia. Ela o arrastou até um arbusto, e ficaram olhando dali. À frente tinham alguns soldados patrulhando a floresta, era um pequeno acampamento e os soldados estavam descansando. Perto das barracas, haviam alguns cavalos presos a uma carroça que carregava alguns suprimentos.

— É uma péssima ideia… — disse San, enquanto observava a cena.

— É uma ótima ideia… — completou Myaku, logo após San terminar de falar.

— Arh… bem, se der tudo errado a culpa é sua. Mas se você quer mesmo entrar naquela carroça, então vamos ter que esperar o momento certo.

— Apenas pararam para dar uma pausa, logo voltarão a sua patrulha. Eles não carregariam os suprimentos para patrulhar a área, então provavelmente os cavalos vão ficar, e alguns soldados devem ficar de guarda no acampamento. Essa vai ser nossa hora.

Os dois ficaram observando os soldados por alguns minutos, eles estavam assando algumas carnes perto da fogueira enquanto outros cozinhavam uma sopa com patas de coelho dentro das barracas.

— Acho que não vai ser tão rápido quanto você pensa… Bom, até eles irem, quer jogar Likkho? — perguntou San, já puxando sua moeda.

— Aquele joguinho idiota de moedinhas? Ha! Você nunca vai ganhar uma partida comigo aqui! — Myaku parecia se empolgar facilmente.

Os dois ficaram vários minutos jogando o jogo das moedas, os bolsos de San já estavam sem metade das moedas que tinha antes. Myaku era realmente boa naquilo. Então os dois espiaram o arbusto para dar uma olhada nos soldados, e a maior parte deles já tinha saído dali para continuar a patrulha. Os que restaram estavam de guarda com fuzis na mão.

— Perfeito… É o nosso momento, carinha! No três… — San ficou nervoso, e Myaku ficou em silêncio por alguns segundos após anunciar a contagem. — Três! — Ela pulou todos os números, e apenas disse três do nada.

Ela sumiu do arbusto antes mesmo que San se desse conta, e já estava caindo no meio dos soldados enquanto liberava uma alta quantidade de veneno de sua foice. Ao notarem a garota, a primeira reação deles foi começar a metralhar tiros em direção a Myaku, ela apenas começou a girar muito rápido sua foice, enquanto a mirava na direção dos tiros. A velocidade em que sua foice girava repelia todas as balas enquanto liberava veneno pelo ar muito mais rápido.

Em poucos segundos, o acampamento já estava coberto pelo gás venenoso de Myaku. Após a fumaça desaparecer, San saiu do arbusto e se aproximou com lentos passos. E os soldados estavam todos no chão.

— Você… eles… morreram? — perguntou San, com voz trêmula, enquanto Myaku vestia a armadura de um dos soldados.

— Estão apenas desmaiados, não usei veneno fatal neles. Daqui uns dois dias devem acordar… Mas ignore eles e entra logo naquela carroça!

Myaku soltou as cordas de alguns cavalos que estavam presos a carroça, e deixou só um preso a ela. E então montou no cavalo que ainda carregava a carroça. San se apertou entre os suprimentos que estavam dentro do caixote, e então o tampou.

Myaku foi guiando o cavalo até a lateral do reino, e chegando lá, tinham mais dois guardas na pequena entrada do armazém do reino. Ao verem a armadura de soldado (que tinha capacete e tampava o rosto de Myaku), os guardas abriram o portão do armazém, e eles entraram com o cavalo e a carroça. O local era bem escuro, tinham várias prateleiras com caixotes e outras coisas guardadas. San logo saiu da carroça, e Myaku desceu do cavalo tirando a armadura.

— Ótimo! Já paramos dentro do armazém. Aqui devem ter os materiais que você procura… rápido, me passa a lista que o Hifumi te deu.

 San foi tirando a pequena listinha de materiais do bolso, e Myaku a pegou em uma grande puxada. Eles foram procurando caixote por caixote, e então conseguiram achar quase tudo que procuravam ali e guardaram em uma mochila preta que acharam por ali também. San colocou a mochila nas costas.

— Já pegamos tudo, né? Até que a mochila ficou leve… — disse San, terminando de ajustar a mochila nos ombros.

— Não, ainda falta um pouco de pó das estrelas. Com certeza não vamos achar esse tipo de coisa por aqui.

— Então… acho que devíamos voltar com o que… — antes que San terminasse, Myaku já exclamou empolgada.

— No palácio! Têm no palácio! Não é tão difícil de entrar, só me segue, carinha! — Myaku foi empolgadamente em direção a um bueiro no chão, e abriu a tampa.

— Isso não vai dar certo… — disse San, e logo em seguida Myaku completou.

— Tem tudo para dar certo!

Os dois pularam para dentro do bueiro, que estava bem escuro, apenas iluminado pelos pequenos buracos das outras tampas de bueiro acima. Os dois ficaram um tempo andando no bueiro, e San se arrepiava a cada som diferente que escutava vindo dali.

— Fica quieto… eles podem nos ouvir lá de cima…

De repente um rato apareceu rastejando ao lado de Myaku, e ela começou a gritar de um modo ensurdecedor. San pegou o rato e gentilmente o colocou entre os buracos da tampa do bueiro, e o rato correu para fora.

Vários passos começaram a vir de cima em direção aos bueiros, e os dois correram o mais rápido que conseguiram em frente. San escorregou na água do esgoto e caiu, enquanto isso Myaku abria a tampa do bueiro e subiu pelo asfalto. San subiu logo em seguida. Os dois estavam atrás de uma casa de pedra, e então Myaku furtivamente entrou pela janela da casa, e San apenas a acompanhou.

— A casa parece estar vazia… estamos seguros aqui… — logo após Myaku terminar, um grito agudo surgiu do outro cômodo. Era uma mulher encapuzada, que gritava sem parar ao ver os dois em sua casa. Myaku rapidamente jogou sua foice na parede do lado da mulher, a foice se fixou na parede e liberou veneno bem na cara da mulher gritante. Ela caiu no sono logo em seguida. Myaku se aproximou e pegou sua foice de volta.

— Ok… acho que agora sim estamos seguros. — Segundos depois de Myaku dizer, um homem gritava loucamente pela janela da casa.

— INTRUSOS! INTRUSOS AQUI!! 

Vários guardas arrombaram a porta e entraram rapidamente na casa procurando pelos intrusos. Myaku e San correram para as escadas da casa e começaram a subir, os guardas atiravam lanças pela casa tentando atingi-los, os quadros caíam pelo caminho, lâmpadas quebravam, móveis caíam e os dois continuavam fugindo para cima. Chegaram no último andar, e se jogaram da janela. Myaku caía segurando seu chapéu branco, e San caía logo atrás. Myaku caiu já pulando a cerca da casa, e San caiu dentro dos arbustos e saiu tropeçando. Os guardas da janela da casa continuavam jogando lanças na direção dos dois, e as pessoas na rua apenas assistiam. Eles correram pelos becos das casas, escalaram os muros e subiram nos telhados, correram por cima das casas enquanto os guardas gritavam pelos intrusos, e então os dois se jogaram na janela de uma das casas. Os guardas os perderam totalmente de vista.

San correu para a porta do quarto em que estavam e criou uma barreira de Alquimia na porta, impedindo que qualquer coisa passasse dali. Myaku foi para a janela e observou sorrateiramente. Uma mulher descia caminhando em degraus de gelo que eram criados conforme ela ia andando, ela estava descendo do topo do palácio por degraus que se formavam em um beco entre as paredes do palácio. Ela então parou de caminhar, e os degraus pararam de descer.

— Quanta indelicadeza… Vocês são guardas reais, e não animais selvagens. Mantenham a postura independente da situação, vocês estão aterrorizando nossos nobres habitantes. Me deem uma explicação concreta para essa situação, agora — disse a mulher, com uma voz delicada e suave, como uma princesa. Ela tinha cabelos azuis bem claros, quase brancos, e suas pupilas eram completamente brancas e belas, lembravam um floco de neve. Usava um elegantíssimo vestido preto, que era grande o suficiente para arrastar no chão. E usava uma tiara de gelo no topo de sua cabeça, sua pele era branca como a neve, e ela andava com a delicadeza de uma rainha.

Todos os soldados imediatamente se curvaram, e pediram desculpas pela inconveniência.

— São intrusos, minha rainha — disse um dos guardas, ainda saudando a imperatriz.

— Myaku Yukari novamente, hum? Desta vez não ataquem-a, nem tentem prendê-la, tragam-na para a minha sala. Eu quero vê-la pessoalmente. — A imperatriz começou a subir as escadas de gelo que ela criou de volta para dentro do palácio.

— Ela é… — antes que San completasse, Myaku já respondeu.

— Sim! A imperatriz do gelo. Hyoten no Megami, a Saikai Primordial do gelo… Aparentemente ela quer me ver pessoalmente, seria uma honra! — Exclamou Myaku.

— Não acho que você deveria ficar muito feliz com isso…

— De qualquer forma, temos que alcançar o palácio logo. Mas é melhor atrairmos o mínimo de atenção possível dessa vez — explicou Myaku, analisando calmamente o quarto em que estavam.

— Agora você não quer aparecer, né? Mas acho que já é tarde demais.

Myaku foi até o guarda roupas e pegou dois mantos marrons. Deu um ao San, e vestiu o outro. San liberou a barreira na porta e os dois desceram até o primeiro andar da casa. Caminharam lentamente, para que ninguém os notasse desta vez, mas a casa estava vazia. Olharam pela fresta da porta, e viram um guarda sozinho andando por ali.

— Nossa chance… — sussurrou Myaku, então San criou um laço de Alquimia em sua mão e começou a girar o laço, esperando pelo guarda passar na frente da janela. Quando a sombra da silhueta do guarda surgiu no chão, na pequena iluminação que saia da janela, San imediatamente jogou seu laço, e laçou o pescoço do guarda, puxando-o para dentro da casa. Myaku puxou sua foice, e a apontou para o capacete do guarda, liberando uma pequena nuvem de veneno para dentro do seu capacete, envenenando-o por dentro.

— Perfeito! Agora podemos ir.

Myaku pegou a armadura do guarda, e jogou o corpo na escuridão ao fundo da casa. Ela vestiu a armadura e os dois saíram da casa, caminhando em direção ao grande palácio de gelo no meio do reino.

— Com licença, por acaso os senhores avistaram uma garota de cabelos rosas, que casualmente usa um chapéu branco, e sempre anda com uma foice vermelha nas costas? Precisamos encontrá-la, são ordens da rainha — questionou um guarda, que os parou de repente.

— Desculpe, senhor. Não vimos nada, estamos indo até o palácio da imperatriz, eu sou um comerciante estrangeiro e desejo fazer negócios com a honorável Hyoten. Esse nobre guarda está me acompanhando, então com licença, estamos com um pouco de pressa. — San deu uma desculpa improvisada ao guarda, e os dois seguiram o caminho até as portas do palácio.

Os guardas ao verem que se tratava de outro guarda real, abriram as portas e os dois entraram. Tudo por dentro do palácio era feito inteiramente de gelo. Móveis, lustres, quadros, tudo era radiante e belo, com formatos geométricamente perfeitos, e todos os itens eram de altíssima classe. À frente da porta havia uma escadaria de gelo coberta por um belo tapete vermelho. Ela levava até o topo do palácio, onde provavelmente era a sala do trono. Os dois estavam prestes a subir, quando viram vultos correrem pelos pilares do palácio. Os vultos estavam indo em direção à parte inferior. San e Myaku, por curiosidade, seguiram os vultos até os porões do palácio. Myaku tirou sua armadura, e a deixou pendurada em um pequeno gancho em uma parede acima das escadas, e então eles foram descendo.

As paredes eram frias, e novamente tudo ali era feito de gelo. Até mesmo as tochas tinham um fogo azul, que na verdade deixava o lugar mais frio em vez de esquentar. Myaku puxou sua foice, e seguiram lentamente. Até que um garoto com cabelos marrons e olhos amarelos surgiu de um dos corredores. Ele usava um manto de bruxo de cor roxa.

Myaku imediatamente mirou a foice na direção do garoto.

— Quem é você?! — Exclamou Myaku, em uma posição ofensiva.

— Quem sou eu? A pergunta é quem são vocês! O que fazem aqui?! — Respondeu o garoto.

— Ishida! Cuidado! — Gritou uma voz familiar. Era Arashi, vindo para ajudar Ishida, aparecendo como um raio. — Ah, são vocês. Eai San!

— Você os conhece? — Perguntou Ishida.

— Sim, fazem parte da minha equipe. Já encontramos vocês, mas ainda falta o Hifumi…

O solo e as paredes começaram a tremer repentinamente, e Arashi se afastou, ficando ao lado de Myaku e San. Uma enorme cobra de cor verde escura passou pelos corredores, levando Ishida junto com ela. 

— ISHIDA!! — Arashi gritou, enquanto via a cobra ir embora pelos corredores. Logo atrás da cobra, Tsukasa passou deslizando rapidamente pelo gelo para alcançá-la. Todos se separaram, e correram em direções contrárias procurando pela cobra. San corria desesperadamente pelos corredores de gelo, até que o tremor voltou, e bem à sua frente, uma cobra enorme vinha se arrastando até ele. San ficou imóvel pelo medo, e a cobra o engoliu, levando-o junto de Ishida.

Notas:

Aviso: Todas as ilustrações utilizadas na novel foram geradas por IA. Perdoe-nos se algo lhe causar desconforto visual.

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