A Última Ordem Brasileira

Autor(a): Hanamikaze


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 8: O Guardião da Masmorra

Hifumi, decepcionado por ter deixado o Mórtivus escapar, seguiu de volta à procura do resto de sua equipe. Thomas parecia tranquilo e misterioso, como sempre. Enquanto os dois caminhavam pela trilha em que tinham vindo, Arashi e Tsukasa estavam em uma parte muito distante do planeta. Arashi andava com pequenas dancinhas pela neve, e Tsukasa segurava um graveto na mão. Ele batia com o graveto nas árvores suavemente, apenas para fazer um barulhinho. Ele parecia entediado de andar por tanto tempo na neve.

Tsukasa estava usando um cachecol marrom por cima de seu uniforme, mesmo não precisando, pois sua Alquimia de gelo o tornava imune ao frio. Arashi, eletrizante como sempre, seguia tão animado que sua agitação já aquecia seu corpo. A neve ia ficando cada vez mais densa conforme eles iam caminhando, tampando cada vez mais suas visões.

— Não sei por que Hifumi queria que procurassemos por algo que nem sabemos o que é. Obviamente não vamos achar nada em um lugar desses — disse Tsukasa, enquanto dava uma última batida com o galho, que fez com que ele se partisse no meio.

— É melhor do que ficar lá, parados, não acha? Pelo menos estamos fazendo alguma coisa!

— Bom, por mim tanto faz. Inclusive, você decorou o caminho para voltar, né?

Tsukasa arrancou outro galho de um arbusto. Naquele momento, os dois pararam de caminhar ao mesmo tempo, e trocaram olhares.

— Caminho… AAH! O CAMINHO! — gritou Arashi, começando a ter uma crise de desespero.

Tsukasa colocou uma mão na cintura e olhou para baixo, soltando um suspiro de cansaço.

— Ótimo. Além de entediados, agora estamos perdidos.

A neve já estava muito densa, e tampava quase que completamente a visão. Era praticamente impossível se localizar naquele lugar.

— E agora?! Como vão achar a gente aqui?! E se consertarem a nave… forem embora… e nós ficarmos aqui?! — Arashi estava realmente desesperado.

— Hifumi não simplesmente esqueceria dois membros de sua equipe. E com certeza notariam que a nave está muito quieta sem você lá, e voltariam.

Tsukasa quebrou mais uma vez o galho. Desta vez, tinha quebrado em apenas uma batida na árvore. Esse devia ser um galho velho. Arashi continuou meio aflito, a sensação de que talvez o esqueceriam ali o atormentava.

— Bom, vamos continuar explorando então. É pra isso que estamos aqui, né…

 Toda a sua alegria e agitação de Arashi tinha desaparecido.

Os irmãos gêmeos continuaram avançando pela nevasca, com passos cada vez mais lentos pelos ventos fortes que vinham junto da neve em seus rostos. Após um bom tempo caminhando, a única coisa que ainda podiam ver ao redor eram as suas pegadas lentamente sendo cobertas por mais neve.

Repentinamente Tsukasa parou de caminhar e ficou em alerta. Tinha detectado algo em seu grande campo invisível de Alquimia, que funcionava como um radar.

— Tem… algo aqui por perto… Algo muito grande! Cuidado! — Exclamou Tsukasa ao Arashi, enquanto olhava em volta rapidamente.

Arashi logo ficou em posição ofensiva, esperando pelas instruções de Tsukasa. Tudo ficou silencioso naquele instante, os dois ficaram imóveis, o assobio do leve vento gelado era ouvido passando por seus rostos, acompanhado por uma neve densa que fazia seus cabelos cintilarem com o sopro.

— Embaixo de nós!! — berrou, se afastando rapidamente do lugar em que estavam. Arashi começou a correr meio atrasado, enquanto a neve atrás deles ia subindo do chão lentamente. Algo bem grande estava saindo de dentro dela. Em poucos segundos, a imagem do que estava saindo da neve foi se revelando. Era um gigantesco Yeti.

O Yeti era enorme, quase não dava para ver sua cabeça pela neblina que a neve fazia. Tinha grandes pelos brancos e lisos, braços fortes e mãos carnudas, uma face completamente tampada pelos seus pelos, apenas sendo visível seus olhos amarelos, vibrantes e penetrantes.

A gigantic Yeti, with smooth white fur, strong arms and fists, and a face covered with body hair, and yellow eyes. With a snowy backdrop, and very strong fog, which covers part of the Yeti's body above in a anime lineart.

— Que merda é essa?! — gritou Arashi, se afastando lentamente do Yeti. Ele soltou um ensurdecedor rugido que fez as árvores balançarem ao longe e a neve correr na direção contrária. Arashi caiu no chão com a força do rugido, e a neve repelida do ar foi com força em seu rosto.

O Yeti socou o chão, liberando uma enorme quantidade de água do lugar em que ele atingiu.

— Água… no chão… Arashi! Estamos em cima de um lago congelado!

 Tsukasa estava tampando seu rosto por causa do vento e da neve. Eles estavam em cima de um enorme lago congelado coberto por neve. Arashi logo entendeu, e teve exatamente a mesma ideia que Tsukasa teve.

Arashi preparou-se, estava prestes a se movimentar, até que olhou para frente. Uma montanha de neve vinha em sua direção. Aquela era a neve que o Yeti levantou com um chute que deu ao chão. Olhando para aquela enorme quantidade de neve, os olhos do garoto se arregalaram, e ele ficou boquiaberto. Logo, retomou a consciência e num passo veloz saiu da área em que aquela chuva de neve iria atingir.

Arashi continuou avançando, com muita neblina tampando sua visão. Ele não tinha a menor noção de onde estava o Yeti naquele momento. Mas logo pôde perceber, quando viu grandes bolas de neve caírem do céu em sua direção. O abominável monstro estava jogando-as aleatoriamente para os ares. Arashi não parou, aumentou a eletricidade que emanava pelo corpo e disparou pela neve, indo na direção em que as bolas de neve eram jogadas. A velocidade era alta o suficiente, então nenhuma das bolas era capaz de atingi-lo.

Chegando próximo ao Yeti, uma pequena avalanche vinha em direção ao garoto. Ele olhou para o lado, e aquele era o gigantesco braço do Yeti, se arrastando pelo chão, varrendo tudo pelo caminho. Sem pensar muito, Arashi correu contra o braço da criatura. Estava um pouco distante, e a velocidade que adquiriu foi suficiente para executar um salto por cima da avalanche de neve acompanhada pelo braço peludo do Yeti. Arashi caiu em cima da extensão daquele braço, percorreu todo o caminho ao longo daquela criatura das neves, enquanto um rastro de neve voador o perseguia. Aquele era Tsukasa, controlando a neve do solo com sua magia. Arashi e o rastro de neve continuaram avançando, e aquele pequeno rastro o passou, indo diretamente nos olhos do Yeti, que quando atingido, balançou o corpo agressivamente. Arashi não conseguiu manter o equilíbrio, e acabou caindo de cima do braço.

No ar, despencando até a neve, o Yeti ergueu um punho, e desferiu um poderoso soco em Arashi. Sua mão era grande o suficiente para cobrir o corpo do garoto inteiro. A força do ataque foi tanta, que Arashi foi repelido como uma bala até o solo. Ainda sendo levado pela potência do ataque, ele se arrastava pela neve, quebrando as árvores conforme se distanciava. Apenas parou, quando seu corpo chocou-se contra um pedregulho. Ele gritou com o impacto, e caiu de joelhos e mãos apoiados no chão.

— Arh! — resmungou. — Filho da puta...

Agora, o olhar de Arashi carregava a derradeira fúria. Seus brincos se iluminaram com eletricidade, e pequenos raios eram visíveis em seus olhos. Ergueu-se do chão, cheio de fúria, e levou sua mão ao ar. Dali, uma lança de eletricidade apareceu, repleta de energia e com runas antigas gravadas na haste da lança elétrica. A arma liberou uma quantidade de energia em massa, e a neve em volta tomava outro curso com tamanha eletricidade. Com a lança em mãos, gritou o nome de um feitiço bem alto:

Furia Dei Tonitrui!! — rugiu o garoto, lançando com tudo a arma em direção ao Yeti, que estava tão distante que nem era mais visível na neblina. A pressão que a lança causou no ar foi forte o suficiente para as árvores serem repelidas com o vento, e um buraco entre a neblina foi aberto no rastro da lança. Em milésimos, a lança perfurou a mão do Yeti, arrastando-o com a pressão. Quando atingiu seu alvo, a lança liberou toda a energia acumulada, e três trovões vieram do céu, pulverizando por completo o punho direito da criatura.

O sangue jorrado daquele ataque caía sobre Tsukasa, imóvel, assistindo do chão. Ele olhou para aquela chuva de sangue caindo sobre ele, e sem se mover, várias colunas de neve se ergueram levando o sangue consigo. As colunas foram crescendo até chegar no que sobrou do braço direito do monstro, e o congelou por completo, tornando-o inutilizável.

Arashi, voltando ao longe com eletricidade, avançou até os pés da criatura. Com raiva, o Yeti pisou estrondosamente no chão, liberando neve e água para o alto. Como ainda estava em cima do lago de gelo, sua perna quebrou a superfície do lago e adentrou-se na água. Ele caiu, ficando imobilizado no chão por um tempo.

— Agora, Arashi! — gritou Tsukasa,  pegando um galho que estava entre a neve no chão e erguendo um amontoado de neve misturada com gelo. O amontoado começou a flutuar com Tsukasa em cima dele, e então o garoto estendeu a mão na direção de Arashi, criando um caminho de gelo — como uma rampa — que subia em espiral à volta do Yeti imobilizado. Arashi habilmente começou a seguir por cima do caminho usando sua eletricidade para acelerar seus passos.

O Yeti desferia sem sucesso fortes golpes em Arashi com o punho esquerdo, entretanto, Tsukasa continuava a criar caminhos em direções variadas, fazendo os socos do Yeti passarem direto. Arashi continuava a subir, perto de chegar na altura do peito do Yeti. Ele abriu a boca, inspirando todo ar pelos pulmões para dar mais um grande e estridente rugido e derrubar todo o caminho de gelo no processo. Tsukasa foi ágil e agarrou seu graveto com vigor, cobrindo-o inteiramente de gelo. Assim, rapidamente o arremessou como uma lança com alvo claro; a goela do Yeti.

E, assim foi feito com sucesso, o graveto transmutado em lança cravou na goela do monstro, e expandiu-se em inúmeros espinhos congelados dentro de sua enorme boca, perfurando, cortando, machucando e então preenchendo totalmente o interior de sua mandíbula, deixando-o incapaz de rugir novamente

Arashi pôde chegar a altura da cabeça do bicho. Dali de cima ele deu um salto para trás, com um mortal, virando-se com a cabeça direcionada para o peito do Yeti bem abaixo. Seus olhos brilharam com a eletricidade, e seus brincos sobrecarregaram. Arashi deu uma potente arrancada na velocidade de um raio em direção ao peito do Yeti. Atravessando-o e atingindo diretamente o gelo do lago, e atravessando-o também.

O lago começou a se rachar, pois a altura em que Arashi estava fez com que o ataque tivesse muito mais impacto. O Yeti, com o peito perfurado, começou a tombar para trás, e lentamente caiu no lago, quebrando completamente o gelo na superfície. O monstro começou a afundar, e Arashi que estava dentro do lago também começou a liberar eletricidade na água, eletrizando completamente o corpo do Yeti que gemia de dor embaixo d’água.

Tsukasa pulou de cima da neve flutuante, e caiu de ponta no lago também, nadando até o seu irmão para resgatá-lo. Tsukasa segurou Arashi pelo braço e o enrolou em seu pescoço, e os dois subiram nadando até a superfície. Arashi tossia água em cima da neve, e Tsukasa estava com três mechas de seu cabelo na cor branca. Pois tinha usado um pouco de sua Alquimia neste confronto. O cabelo de Tsukasa foi lentamente voltando a sua cor original (preta)

— Okay, isso foi massa… — disse Arashi, lentamente se levantando com as roupas molhadas.

Arashi torceu suas roupas, removendo um pouco a umidade. Enquanto isso, Tsukasa observava a coisa que estava bem à frente deles.

— O que foi? Achou alguma coisa aí? — perguntou Arashi, terminando de tirar o excesso de água das suas mangas.

— Achei… e isso sim parece ser interessante.

Arashi logo se aproximou, e agora os dois estavam de frente a uma gigantesca entrada de uma caverna. A caverna tinha o formato da cabeça de uma cobra com grandes presas na parte superior. Nos olhos da estrutura da cobra, haviam duas tochas queimando bem forte em uma cor vermelha. Os dois entraram, sem hesitar. Tsukasa pegou uma das tochas que estava nas paredes da caverna, e seguiu iluminando o caminho, era uma escadaria bem escura. Conforme iam descendo, o caminho deixava de ter o formato de uma caverna comum, e começava a ter um formato mais reto, como um corredor. Logo chegaram ao fim da escadaria, e tinha apenas um corredor com paredes de tijolos cinzas à sua frente.

— Esse lugar… não é uma caverna comum — disse Arashi, começando a se animar.

— Óbvio que não é, nenhuma caverna tem a aparência de uma cobra na entrada. Isso deve ser algum tipo de ruína. Não achou estranho que tenhamos encontrado uma criatura como aquela por aqui?

— Espera… então você acha que aquele Yeti é tipo o guardião desse lugar?

— Provável, e se tem alguém guardando o lugar, então deve ter algo especial, ou então secreto aqui dentro.

O lugar era completamente escuro, apenas iluminado por pouquíssimas tochas com fogo vermelho que estavam presas à parede. Tinham algumas portas de madeira com uma alça de aço escuro nas paredes dos corredores.

— Parece ser um lugar enorme… Se realmente quisermos achar alguma coisa aqui, então vamos cada um olhar uma porta — disse Tsukasa, já abrindo a primeira porta. Parecia com um armazém, com caixas de madeira e barris de vinho. Arashi abriu a porta ao lado, lá dentro tinham algumas ferramentas desgastadas em cima de uma mesa. Na mesa haviam esculturas que não tinham terminado de ser esculpidas, aparentemente aquelas eram as ferramentas usadas no serviço, mas ninguém o terminou.

Eles continuaram abrindo as portas, às vezes tinham coisas esquisitas, e outras vezes tinham coisas relativamente comuns, mas desgastadas ou antigas. Até que em uma porta, Arashi encontrou uma grande poça com um líquido verde, era como uma piscina. Ele soltou um resmungo, e então voltou para o corredor para avisar ao Tsukasa.

— Ei, achei uma coisa bem peculiar…

Mas Tsukasa havia desaparecido. Arashi olhou nas portas à frente e nas portas em que eles já tinham aberto também, mas Tsukasa desapareceu completamente. Arashi então começou a berrar pelo seu nome, mas a única coisa que ouviu foi o eco de seus berros retornando das paredes.

Arashi, com medo e preocupado com seu irmão, continuou seguindo em frente pelo corredor. Pegou uma das tochas nas paredes, pois o caminho à frente já não era mais iluminado. Tinham duas retas, esquerda e direita. Arashi seguiu pela direita. Então, mais duas retas, frente e direita. Ele foi à direita de novo. Mais duas retas, esquerda e frente. Ele seguiu reto. No final da reta tinha uma passagem fechada com um símbolo nos portões. Era o símbolo da cabeça de uma cobra com chifres e grandes presas. Arashi sentiu um arrepio no corpo inteiro, e então decidiu voltar. Mas o caminho às suas costas havia desaparecido, só tinha uma parede de tijolos cinzas ali.

— O quê…? Mas eu acabei de… — Arashi estava intrigado com a situação, e perdido também. — Quem está aí?! Isso não pode ser algo normal, tem algum feiticeiro brincando com a minha cara! Apareça, covarde! — Mas ninguém respondeu. Novamente, apenas os ecos de seus berros retornando pelas paredes.

Então Arashi decidiu seguir pela passagem com o símbolo da cobra. Ele lentamente se aproximou dos portões, e os empurrou, ainda meio trêmulo. Do outro lado, não havia absolutamente nada. Era apenas um vácuo escuro, com apenas a luz da tocha que Arashi estava segurando. Ele já não tinha para onde ir de qualquer forma, então decidiu continuar. Ele caminhou, caminhou, e caminhou. Mas nada aconteceu, apenas um vazio imenso.

— Que lugar é esse afinal…?. E cadê o Tsukasa…

Arashi já parecia sem esperanças, achando que ficaria ali para sempre. Até que uma voz aguda e grave o respondeu.

— Uma alma confusa… perdida, procurando um caminho em meio à selva escura… Diga-me, pequeno percevejo, diga-me suas ambições… — Uma luz roxa iluminou ao lado de Arashi, era o fogo embaixo de um caldeirão, e uma velha, meio banguela, com roupas roxas e um grande nariz curvado para baixo. Ela estava com um sorrisinho maligno.

— U-uh… senhora, e-eu estou meio perdido… você trabalha aqui?

— Ambições… ambições… todos almejam aquilo que lhe conforta… Me diga suas ambições, e então para ti, abrirei a porta… — A velha falava enquanto arregalava os olhos cada vez mais, e esticando ainda mais seu sorriso, que já parecia estar no limite de seu rosto.

— A-ambições? Eu não tenho ambições… Oh, espera, você quer que eu faça um desejo?

A velha não respondeu, apenas arregalou mais ainda seus olhos, que pareciam que iriam pular para fora.

— Eu quero… encontrar meu irmão… — disse Arashi, com uma voz trêmula. — A velha então mexeu no seu caldeirão com um cajado, o líquido lá dentro tomou uma cor completamente preta.

— Beba… beba… e seus desejos se realizarão…

Arashi estava relutante em beber aquilo, mas também sentiu que não tinha mais nada que pudesse fazer. Então a velha pegou uma tigela e encheu-a com um pouco do líquido e deu nas mãos de Arashi. Ele segurou a tigela por algum tempo, pensando se realmente deveria beber aquilo, até que a velha berrou:

— BEBA! 

Mas antes que Arashi pudesse reagir, a cabeça da velha foi perfurada por uma lança de gelo, e Tsukasa apareceu de dentro da escuridão.

— Solte isso, Arashi! — Tsukasa deu um tapa na tigela, derrubando-a no chão com todo o líquido preto. — Isso é sangue de Mysthrum! ela te enganou, idiota. Você ia se tornar um se bebesse isso.

— Tsuki! — Exclamou Arashi, logo abraçando Tsukasa. — Onde você estava? Eu fiquei preocupado… eu fiquei… com medo…

— Eu entrei em uma porta, e ela desapareceu logo em seguida. A estrutura desse lugar é feita de Alquimia, tudo aqui é controlado pelo dono do feitiço… temos que sair daqui o mais rápido possível.

Os dois então voltaram pela direção em que Tsukasa veio, e uma porta invisível se abriu, eles saíram de dentro de uma parede, e a parede se fechou.

— Como você conseguiu entrar lá? — Perguntou Arashi.

— Notei a Alquimia nas paredes, e misturei com um pouco da minha. Então pude ver essa passagem escondida, mas esse não é o foco agora, nós precisamos…

Tsukasa foi cortado por um som de alguém gritando por ajuda, em uma porta no fim do corredor que estavam. Os dois se aproximaram, e abriram a porta lentamente. Ali dentro, tinham várias correntes presas às paredes, e uma pessoa acorrentada no meio da parede, ele estava sem as vestes de cima, usando apenas uma calça desgastada. Tinha cabelos marrons, e olhos bem amarelados.

— M-me ajudem… por favor… — seu corpo estava com várias cicatrizes de cortes, e Arashi se aproximou rapidamente das correntes, tentando arrancá-las.

— Arashi! Não sabemos se é confiável… — disse Tsukasa, segurando seu irmão.

— Mas…! Estão torturando ele! Não ligo se for uma armadilha, não vou deixar esse cara sofrendo sozinho em um lugar desses!

Arashi então pegou sua katana e tentou partir as correntes.

— Argh… está bem. Você não vai sair enquanto não libertarmos ele, então eu vou ajudar — Tsukasa congelou as correntes, deixando-as mais frágeis. Arashi então partiu o gelo junto das correntes em um corte só. O prisioneiro caiu no chão, parecia fraco. Ele tossia bastante, e tinha uma voz fraca.

— Você está bem? Por que eles te prenderam aqui? — Perguntou Arashi.

— Estou bem… Muito obrigado pela ajuda, depois eu posso explicar, temos que fugir daqui!

O garoto se levantou, pegou um manto de bruxo que estava em cima de uma mesa próxima e se cobriu. Logo começou a correr para fora da sala.

— Me sigam, eu conheço a estrutura das masmorras! Vou guiá-los até a saída! — gritou o garoto, se distanciando. Os irmãos seguiram ele rapidamente, e após algum tempo, eles chegaram a saída das masmorras. Todos estavam ofegantes, e o garoto parecia aliviado.

— Mas e então, quem é você? — Perguntou Tsukasa, ainda ofegante.

— Meu nome… é Ishida Majutsu… Muito obrigado por terem me liberto, devo uma à vocês…

Ishida passou a mão na testa para limpar o suor.

— Por que estava preso lá embaixo? — Perguntou Arashi, ofegante também.

— Bom, é bem complicado… Vocês não precisam saber disso.

— Não precisamos saber? Nós te libertamos! Não confia na gente? — Exclamou Arashi.

Ishida deu um suspiro profundo, e então olhou para os dois.

— Bom… vocês salvaram minha vida, mas não significa que eu confie em vocês. Mas acho que não custa nada…

“Eu meio que… tenho o Coração de Vorthis dentro de mim…”

— Coração de Vorthis… então você é… o receptáculo vivo de Vorthis Crepitus? — Perguntou Tsukasa, definitivamente não esperava por essa explicação.

— É, isso aí. Ele está adormecido, de alguma forma eu consegui resistir ao seu controle… e então me capturaram e me prenderam na masmorra deles, para tentar despertar o Vorthis.

— Interessante. Então a alma dele está dormindo dentro de você? Realmente é alarmante — disse Tsukasa.

Logo em seguida, um grande braço peludo e molhado saiu de dentro da água do lago, e o Yeti, ainda vivo, se rastejou de dentro da água em direção a eles.

— O RECEPTÁCULO ESTÁ FUGINDO!!!! — berrou o Yeti, se rastejando com um braço, e com a cara na neve.

— Arashi! Afaste-se com o Ishida! — gritou Tsukasa, e então Arashi segurou Ishida e se afastou com sua eletricidade.

Tsukasa fez um sinal com os dedos, e então recitou o feitiço:

Lúmen Solidariun! — A lua de gelo se ergueu nos céus. O vento frio rapidamente desceu da lua e cobriu completamente o corpo do Yeti, com cada vez mais força. E lentamente, congelou o corpo inteiro do Yeti junto com uma boa parte do lago. Metade do cabelo de Tsukasa ficou branco por usar muita magia, e então a lua desapareceu.

O Yeti ficou congelado ali, e Tsukasa se aproximou dos outros, enquanto seu cabelo lentamente voltava ao normal.

— Precisamos achar os outros… Ishida vem com a gente, ele não pode ficar aqui. Vamos, Arashi. A essa hora eles devem estar indo para o reino de Hyoten. Não acho que Hifumi tenha conseguido algo naquele vilarejo, então vamos. Seguiremos até ele… o Reino de Hyoten.

Notas:

Aviso: Todas as ilustrações utilizadas na novel foram geradas por IA. Perdoe-nos se algo lhe causar desconforto visual.

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