A Última Ordem Brasileira

Autor(a): Hanamikaze


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 12.3: A Vontade de Órion

 

Parte 3

Tsukasa ao ver seu irmão correu até ele. Seus cabelos já estavam metade brancos por usar muito de seu gelo, mas enquanto se aproximava de seu irmão, seu cabelo ia lentamente voltando ao normal.

— Arashi, vocês demoraram. Aconteceu algo a mais lá embaixo?

— Nada demais… e eu não sei explicar muito bem o que rolou ali, mas fica tranquilo. Inclusive, cadê o San? Ele tinha pulado também.

— Ele ainda não voltou. Deve estar preso lá embaixo, talvez deveríamos dar uma olhada…

San estava caindo atrás de Kyoko, enquanto ela se afundava no vazio. Ele estendia sua mão até ela, mas ela ainda estava distante. O garoto usava um colar com um pingente de coração partido. A outra metade do coração estava no colar de sua irmã Akane, que desapareceu no hospital a muito tempo atrás. O pingente do colar de San começou a piscar ofuscadamente, piscar em uma cor vermelha bem forte.

Um laço de Alquimia se enrolou em seu braço, se estendendo pelo pulso, e seguindo em um movimento espiral até alcançar Kyoko. O pingente brilhou mais, e a Alquimia tomou uma forma mais furiosa. Se parecia com chamas, mas ainda mantinha a cor dourada da magia. A corda em “chamas” douradas atravessou Kyoko, e após atravessá-la, o laço voltou ao normal e se tornou sólido novamente. Enrolando-a e levando Kyoko até o garoto novamente.

San segurou Kyoko nos braços, e seu pingente se apagou, voltando a sua cor normal.

— Você está bem, Kyoko?... — perguntou. Ela logo abriu os olhos e notou que estavam caindo. Com um susto, abriu suas asas, e os dois voltaram a voar novamente. San sorriu para Kyoko, segurando-se na garota. Ela sorriu de volta.

Enquanto planavam com velocidade até o centro da nebulosa, algumas criaturas estranhas começaram a surgir de dentro das nuvens cósmicas que rodeavam o vazio. Eram figuras humanoides, com um corpo gasoso. Do mesmo material das nuvens. Todos eles tinham asas e enormes garras afiadas.

— Monstros… estão vindo! Por trás! — alertou San, então Kyoko acelerou ainda mais a velocidade de seu voo, que já era rápido por natureza. San segurou bem firme nela para não cair ao vácuo novamente com todo aquele impulso.

As criaturas também eram rápidas, mas não tanto quanto Kyoko e suas asas de luz. Os monstros, notando que não iriam os alcançar assim, começaram a atirar projéteis corrompidos pela energia da nebulosa. Eram pequenas nuvens roxas com uma esfera de energia no centro, se pareciam com mini-cometas cósmicos. Kyoko desviou de alguns projeteis que tentavam atingi-la, girando e mudando de direção brevemente. San esforçou-se para escalar nas costas dela e ter uma visão melhor. Estava dizendo a ela a posição das criaturas, para que ela desviasse com mais eficiência.

Kyoko, agora ciente da posição de cada alvo, canalizou bastante energia em seus cabelos dourados, e fez um sinal com as mãos juntas. Após o movimento, um símbolo apareceu pairando sobre os dois. Era um círculo com uma pequena bolinha dourada ao centro, envolvido por uma meia lua. O símbolo que apareceu sobre eles foi se energizando gradualmente, até ficar completamente brilhante com a luz irradiando.

Fluctus Lucis! — recitou, e o símbolo liberou uma estrondosa rajada de luz na direção dos monstros. Era difícil controlar a direção da rajada, pois ela estava muito focada em desviar dos projéteis sem ser atingida.

Os monstros que restaram do ataque de luz se aproximavam cada vez mais, e os dois já tinham alcançado um ponto do interior da Nebulosa, em que pequenos pedaços de asteroides pairavam por ali. San, vendo aquela oportunidade, se jogou em uma das pedras, e esperou os monstros passarem por ele. Quando um deles se aproximou, San canalizou seu chicote, e com um movimento preciso laçou o pescoço da criatura. Usou aquilo como uma coleira, e atirou o humanoide em um dos asteroides por ali, destruindo tanto a rocha, quanto a criatura cósmica, que se dissipou no ar.

Restavam apenas dois monstros, e um deles avançou na direção do garoto. Ergueu suas garras, e quando ia acertar-lhe um golpe, Kyoko atirou uma flecha de luz bem no peito da criatura — onde fica seu núcleo de vitalidade — e a criatura evaporou instantaneamente.

O último ia passar por baixo de San, e ia se chocar contra a Kyoko. O garoto então se jogou, pegou um pequeno fragmento de asteroide e moldou sua magia em volta dele, formando uma lança de Alquimia com um pedaço de asteroide no meio. Ele atirou a lança, acertando em cheio o núcleo da criatura, logo em seguida caiu bem nas costas de Kyoko e se agarrou a ela. Os dois seguiram até o centro da nebulosa sem mais obstáculos.

Na superfície, os que estavam com Hifumi seguiram em frente, ainda procurando pelo centro. Arashi, Tsukasa e Sakura se juntaram a eles, e a maioria estava unida novamente. Mas, de repente, um rugido estrondoso ecoou das nuvens cósmicas.

— O que foi isso?! — exclamou Hifumi.

— Parece grande… — respondeu Namida, em seguida.

Do meio das nuvens, um rosto gigante se formou. Um rosto moldado pelas nuvens que o envolviam. Metade de um corpo inteiro se formou também, braços, tronco e cabeça. O gigante rugiu alto, e deu socos nos asteroides em volta, destruindo-os de uma vez.

O queixo de Arashi caiu.

— Essa coisa… é enorme!

— Moldado pela nebulosa… tão grande assim… esta é a alma de Órion! Carrega a própria vontade dele. — Explicou Thomas, ajustando seu óculos.

— A vontade de Órion… já ouvi falar sobre nebulosas que tem vontade própria, mesmo não tendo forma física — disse Gyokku.

A forma provisória de Órion espancava tudo à sua volta, parecia realmente estar muito enfurecido.

— Eai? A gente vai mesmo ter que enfrentar essa coisa? — perguntou Arashi.

— O que você acha? Bom, não temos mais tempo a perder, já perdemos tempo demais até agora. Então todos juntos! Ao meu comando! — ordenou Hifumi, e todos ficarem em posição. — Avançar!!

Hifumi disparou na frente, e ignorou a criatura, focando em avançar até o centro.

— Alguns de vocês me dêem cobertura! Enquanto isso, o resto de vocês distraem o inimigo! — Hifumi deu as ordens, e a maioria foi junto com ele para defendê-lo.

Tsukasa, Arashi, Sakura e Namida avançaram até Órion, e quando ele rugiu escandalosamente mais uma vez, todos saltaram para dentro da boca dele. Ele tentou desferir golpes neles, mas tarde demais. Entraram, e desceram goela abaixo da criatura.

Com Hifumi, as figuras gasosas de antes apareceram, na tentativa de os impedir de avançar. Gyokku lançou-as para longe com sua forte ventania, abrindo a brecha para que Hifumi avança-se até o centro. E assim foi feito, o líder chegou a beira dos fenômenos, e a visão dali de cima era de se surpreender. Um grande ciclone constituído por nuvens cósmicas girava em espiral, com relâmpagos roxos sobrecarregados de energia galáctica caindo por todos os lugares. Era um verdadeiro tufão cósmico, e no centro dele, estava ali uma barreira feita de água, com um artefato negro dentro, que se parecia com um cálice.

Hifumi, sem medo, se jogou para dentro do tufão. Brandiu sua espada, e cravou-a nas paredes do tufão, que giravam em espiral. A espada atravessou as nuvens cósmicas, e a energia concentrada ali era tanta, que a espada deslizava da mesma forma como se fosse um ciclone de uma lama muito densa. Hifumi usou isto para deslizar até o fundo daquela cova cósmica, determinado a concluir sua missão.

Kyoko e San já tinham chegado ao centro também, e por estarem em uma parte inferior da nebulosa, já estavam de frente ao fundo do ciclone. Quando olharam para cima, viram Hifumi deslizando, enquanto mais criaturas saíam das paredes do tufão para impedi-lo. Kyoko puxou seu arco de luz, e deu cobertura para o Hifumi dali.

— Juntos San, agora! — gritou Hifumi, se jogando com a ponta da espada virada para baixo. San saltou de cima da Kyoko, e caiu sobre a barreira de água também. A espada de Hifumi cravou-se sobre a barreira, tentando perfurá-la com chamas. E San estava com as mãos energizadas em Alquimia pressionando-as contra a barreira de água.

Arashi e os outros ainda estavam dentro de Órion, passando pelo seu corpo até chegarem no coração. Todos ali usavam ataques combinados para destruir tudo que tentasse os impedir de avançar, e seus objetivos eram claros: Destruir a forma física de Órion. Quando chegaram ao coração, todos atacaram ao mesmo tempo usando suas magias. Os ataques combinados se misturaram, formando um feixe colorido de magia que se chocou contra o coração, rachando-o gradualmente. Mas ainda assim, a Vontade de Órion podia resistir ao ataque.

Gyokku, Thomas e Ishida ainda davam cobertura acima do ciclone, eliminando as criaturas cósmicas e defendendo a entrada do tufão para que Hifumi completasse o objetivo.

Todos trabalhavam juntos ao mesmo tempo — menos Kisaragi — para auxiliar e finalmente concluir aquela missão que se estendeu por tanto tempo. Os poderes de San e Hifumi unidos praticamente engoliam os dois dentro da magia, e a barreira estava criando várias rachaduras em sua superfície.

Tsukasa e os outros destruíram o coração após resistirem, e continuarem combinando ataques, e Órion junto das outras criaturas, todos evaporaram no vácuo. Tsukasa se jogou dali de cima sem que os outros percebessem, e caiu de ponta dentro do tufão cósmico. Tinha alguma coisa em mente para concluir.

Após muito esforço, San e Hifumi finalmente quebraram a barreira e os dois caíram no vácuo lentamente, com o impulso de seus próprios poderes. Kyoko sobrevoou-os, e os agarrou com as mãos, trazendo-os para a superfície de novo. Tsukasa, que foi ao fundo, apenas pegou o artefato que antes estava tapado pela barreira, e o observou.

— Humph, vai servir — disse ele, guardando o artefato no bolso. Era um pequeno cálice negro, com um anel roxo por dentro.

Quando todos já estavam na superfície, a nebulosa começou a se estabilizar novamente. Tudo voltava ao normal, as nuvens paravam de liberar raios aleatórios, e o local tomava uma coloração mais viva. Órion também parecia estar mais calmo. O coração não era a “vida” da nebulosa, era apenas o que dava energia às criaturas.

— Conseguimos…? — perguntou Gyokku.

— Sim, está estável agora — respondeu Hifumi, ofegante. — Foram mais ou menos quatro dias de missão… — completou, enquanto limpava o suor da testa.

— Está ficando lento, colega. Antigamente você era tão focado — disse Gyokku, rindo um pouco.

— Tivemos alguns imprevistos no caminho, mas não é nada de se preocupar. Inclusive descobrimos informações bem úteis nesta jornada, vou reportar ao Kenny mais tarde.

— Kenny? — perguntou Arashi, o único que estava cheio de energia ainda.

— Não conhecem o Kenny? É o comandante da sede da Infinity Astra em Tóquio. É um velho com cabelos grisalhos e olhos avermelhados, ele sempre usa um manto branco bem longo. Acho que vocês o viram na arena na hora das provas, ele estava no microfone. O nome dele é Kenny Williams.

— Kenny Williams, hum…

Após Hifumi certificar se estava tudo correto pela área, ele declarou que a missão estava concluída. A Nebulosa de Órion estava estável novamente. Ainda não se sabe quem fez o selo no centro do local, mas Hifumi desconfia que sejam atos da Nakamori. Ele presume que talvez estejam atrás do artefato divino no centro da nebulosa, o anel roxo. Mas o cálice junto do anel só podiam ser retirados de lá após a energia da nebulosa ficar bem enfraquecida, como após um evento de instabilidade, por exemplo. Esse deve ter sido o objetivo deles. Hifumi não conferiu o cálice, pois o viu ali enquanto quebrava o selo de água, e tem certeza de que o cálice ainda está ali, no seu devido lugar.

Notas:

Aviso: Todas as ilustrações utilizadas na novel foram geradas por IA. Perdoe-nos se algo lhe causar desconforto visual.

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