A Senpai Coelhinha Japonesa

Tradução: GGGG

Revisão: Sakuta, Mon


Volume 1

Epílogo: E então, Chega o Amanhecer

Depois de passar o mês de maio lidando com a Síndrome da Adolescência, Sakuta teve um junho relativamente tranquilo. Ele havia prometido dizer a Mai que a amava todos os dias, e assim o fez.

Declarar seu amor gritando no meio do pátio da escola certamente havia mudado as coisas. Ninguém mencionava mais o incidente de hospitalização. Agora, ele era um pária por ser considerado tanto "cringe" quanto famoso. Apenas caminhar pelos corredores era suficiente para despertar risadinhas discretas vindas de todas as direções. Estar na escola talvez fosse mais desconfortável do que nunca.

Mas ele tinha Mai de volta, então dizia a si mesmo: "Tudo bem." Esse tipo de atitude era, de certa forma, necessário para Sakuta continuar seguindo em frente.

"Eu sabia que seu coração era feito de aço sólido!" disse Yuuma, dobrando-se de tanto rir.

"Eu teria morrido de vergonha," comentou Rio. "Você realmente é um cafajeste, Azusagawa."

"O que isso quer dizer, afinal?"

"Quando começaram os boatos sobre as hospitalizações, quem foi que insistiu: 'Lutar contra o ar é inútil'?"

"Ah, foi o Sakuta! Eu totalmente ouvi ele dizendo isso!"

Sakuta também se lembrava disso. E não tinha mudado de ideia.

"Você não consegue levar a sério os próprios problemas, mas se for por uma senpai bonita, nenhuma vergonha é grande demais. Não consigo pensar em uma palavra melhor para descrever isso do que cafajeste."

Ele realmente não conseguiu pensar em uma boa resposta para isso.

"......"

Como Rio havia dito, ele nunca tentou mudar o "ar" ao seu redor, mas, quando Mai estava em apuros, ele não conseguiu evitar se envolver. E isso levou àquela declaração de amor no centro do pátio.

"Eu posso zombar disso para sempre," Rio continuou.

"Vou ouvir sobre isso até os meus anos de velhice?"

Na verdade, isso não soava como uma vida ruim... ele tentou dizer a si mesmo. Alguns dias depois, Sakuta passou pelo laboratório de ciências.

"Futaba."

"O que foi?"

"Isso significa que sua hipótese estava certa?"

"Não faço ideia. Se a Síndrome da Adolescência é definida por psique instável de adolescentes e truques da mente causados por conceitos equivocados, então provas científicas não servem para nada."

"Imagino que não..." Mas ele achava que ela estava no caminho certo.

Mai havia agido como se fosse o "ar", então o corpo estudantil a tratou como tal. Como esses pensamentos eram inconscientes, a distinção entre ela e o ar desapareceu. Mudou de metáfora para fato, tornando-se realidade.

Sakuta tinha certeza de que isso estava acontecendo em outras escolas. Qualquer lugar com muitas pessoas começava a desenvolver um "ar" próprio. No caso de Mai, o entendimento silencioso dentro da escola havia se espalhado para o mundo como um todo por meio da Síndrome da Adolescência. Era só isso.

Como Rio disse, não valia a pena ficar remoendo.

Quando estava prestes a sair do laboratório, Rio o chamou, sem tirar os olhos do experimento que estava preparando.

"Bem, se nosso mundo pode ser transformado por uma única declaração romântica, ele é um lugar bem simples. Você provou isso, Azusagawa."

Ele já tinha ouvido muitas coisas dela, mas essa parecia ser a maior verdade.

"Talvez," respondeu.

Pelo menos, uma única declaração tinha mudado sua vida para melhor. Mai recuperou sua vida e estava seguindo em frente.

Ela começou anunciando seu retorno ao trabalho. E a escala daquela coletiva de imprensa certamente era digna de "Mai Sakurajima". Parte do processo envolveu encontrar sua mãe e conversar sobre as coisas, mas, dado o fato de que Mai passou no trabalho de Sakuta depois e descontou o estresse nele, eles claramente não haviam se reconciliado completamente.

Mas, se estavam discutindo toda vez que se encontravam, isso também podia ser considerado uma definição de família... Além disso, Sakuta ficou aliviado ao saber que a mãe de Mai ainda se lembrava dela.

E assim o tempo passou. Um mês depois, era 27 de junho. Uma sexta-feira.

Kaede acordou Sakuta, e ele começou a se preparar para a escola, ouvindo as notícias da manhã na TV.

"E uma grande vitória para o time do Japão!" A sorte do futebol japonês parecia estar em ascensão.

"Bom dia. Hoje é sexta-feira, 27 de junho. Nossa principal notícia de hoje são os resultados do grande jogo de ontem."

Sakuta não sabia contra quem o Japão tinha jogado, mas a empolgação na voz do apresentador de notícias deixava claro que aquilo era um grande acontecimento.

O vídeo dos melhores momentos começou com uma cobrança de falta quase no final do primeiro tempo. O goleiro pulou para o lado errado, deixando a bola entrar no canto oposto da rede.

Sakuta assistiu a isso, disse “Tô saindo” para Kaede, e saiu de casa como de costume.

Ele caminhou até a estação Fujisawa. Depois, uma viagem de quinze minutos no Enoden. Desceu na estação Shichirigahama, juntando-se à multidão de estudantes com uniformes iguais enquanto passavam pelos portões da escola.

Nada de interessante aconteceu. Mas também nada fora do normal. Ele se sentia grato pela normalidade.

Sakuta almoçou com Mai em uma sala de aula vazia no terceiro andar. Não havia outros estudantes por perto. Apenas os dois.

Eles se sentaram de lados opostos de uma mesa próxima às janelas, com vista para o oceano.

Mai havia preparado o almoço deles, o que era simplesmente encantador. Isso foi resultado de uma conversa que eles tiveram no dia anterior.

“Você sabe cozinhar, Mai?”

“Sei. Moro sozinha há tempo suficiente.”

“Ah, é mesmo?”

“O quê? Você não acredita em mim?”

“Bem, você sempre compra seu almoço.”

“Então vou fazer o almoço amanhã.” Foi tudo o que precisou.

Ela tirou a tampa da marmita. Que banquete. Frango frito, omelete doce (tamagoyaki), salada de batata, tomates cereja e até um acompanhamento de hijiki com soja.

Consciente do olhar atento de Mai, Sakuta provou cada item. Todos estavam bons. Não muito temperados, mas com um sabor delicado, verdadeiramente delicioso.

“Agora você vai se desculpar por sua grosseria ontem e implorar pelo meu perdão,” disse Mai, triunfante. Claramente, ela interpretou as expressões dele como um sinal de vitória.

“Desculpa. Fui rude. Atrevido, até! Peço desculpas.”

Ele baixou a cabeça. Era um preço pequeno a pagar. Comer a comida de Mai já era uma vitória total na mente de Sakuta.

“Que bom que você entendeu.”

E Mai parecia satisfeita por ter provado suas habilidades. Era verdadeiramente uma situação onde ambos ganhavam.

“Ah, Mai,” ele disse, olhando-a diretamente nos olhos.

“O quê?”

“Eu te amo. Por favor, namora comigo.”

“......” Mai desviou o olhar. Pegou um pedaço do omelete e comeu.

“......” Ela mastigava devagar.

“......” Ele esperou que ela engolisse, mas ainda assim ela não respondeu.

“Você vai simplesmente me ignorar?!”

“Só não estou sentindo a magia do momento,” ela reclamou com um suspiro cansado.

“Quando você diz a mesma coisa todos os dias por um mês, a novidade perde a graça.”

“Essa foi sua ideia!”

“Eu disse para me pedir de novo daqui a um mês. Você decidiu que tinha que ser todo dia.”

“Verdade.”

“Ah, certo. Consegui um papel em uma série de TV que vai ao ar em julho.”

“Uau! Você tá mudando de assunto assim na cara dura?!” Será que uma situação dessas já havia sido tratada com tanto desdém?

Ignorando os protestos dele, Mai tirou um roteiro da bolsa. Estava impresso em papel amarelo e tinha “Episódio 6” na capa.

“É um episódio único no meio da temporada de um programa noturno, mas...”

Talvez um papel pequeno para alguém com tantos papéis principais como Mai. Mas dava para ver pelo rosto dela que ela estava feliz apenas por estar trabalhando de novo. Ele sentia que nunca a tinha visto tão empolgada com algo.

Mas isso não mudava o fato de que ela tinha ignorado quando ele a pediu em namoro.

“Augh, o que aconteceu com a minha vida?”

Ele se virou e encarou o mar. Era o auge da temporada de chuvas, mas hoje era um daqueles raros dias claros. Um dia perfeito para uma caminhada na praia.

“O quê? Você não está feliz que eu voltei a trabalhar?”

“Estou radiante!”

“E tem uma cena de beijo.”

“...Repete isso?”

Ele sentiu como se ela tivesse acabado de dizer algo alarmante.

“Tem uma cena de beijo.”

“Por favor, recuse esse trabalho.”

“Ah, qual é. Não é como se fosse o meu primeiro beijo.”

“......”

Ele estava imaginando isso? Ou ela realmente tinha dito algo que ele não podia ignorar?

“Volta aí, Mai.”

“O quê?”

“Você disse que era virgem.”

“E você disse que isso não faria diferença para você.”

“Sim, mas beijar é outra história completamente diferente.”

“Não estou acompanhando sua lógica. Você ainda ficaria chateado se soubesse que a primeira pessoa que eu beijei foi você?”

“......” Dessa vez ele realmente não entendeu o que ela queria dizer. A princípio.

“Hã?” Ele murmurou, surpreso.

“Eu te dei meu primeiro beijo. Como ousa não se lembrar!”

“Uh... mas... hã?”

Ele tentou pensar no que ela poderia estar se referindo, mas... não conseguia. Ainda assim, ela não parecia estar mentindo. A única coisa que lhe vinha à mente era o período em branco onde ele tinha se esquecido dela.

“V-você quer dizer...”

“Não funciona como nos contos de fadas. Achei que, se te beijasse, você poderia se lembrar de mim.” A decepção no rosto dela era dolorosa de ver.

“Eu prometo que vou lembrar, então, por favor, diga o lugar e o momento específico.”

“De jeito nenhum.”

“Pelo menos uma dica!”

“Nem pensar.”

“Por favor!” Ele juntou as mãos, implorando.

“Quer tentar de novo?”

Sakuta não estava preparado para essa sugestão. Ela estava olhando para ele de forma sedutora. Ela costumava zombar dele, então isso podia ser uma armadilha... Mas, como não estava agindo de forma fofa, não parecia que ela poderia recuar depois.

“Com certeza.”

“Então feche os olhos.”

“Mm? Agora?”

Ele estava assumindo que recriariam completamente a cena do primeiro beijo, mas, aparentemente, não era esse o caso.

“Você não quer?”

“Não, estou dentro!”

Ele fechou os olhos e esperou. Seu coração estava disparado. Definitivamente estava nervoso.

“Lá vai,” disse Mai. Ela parecia um pouco envergonhada.

Ele sentiu a respiração dela em suas bochechas, o calor dela próximo. Ele sabia que ela estava se inclinando sobre a mesa.

Houve um atraso de um segundo inteiro, e então seus lábios sentiram algo macio. Os lábios dela estavam mais frios do que ele esperava. E tinham gosto de caldo de peixe. O mesmo sabor do ovo que ele tinha acabado de comer... Espera, isso era ovo.

Ele abriu os olhos e encontrou Mai usando os hashis para pressionar o tamagoyaki contra os lábios dele, lutando para não rir.

“Você realmente achou que eu ia te beijar?” O sorriso dela era pura malícia.

Em vez de responder, Sakuta comeu o tamagoyaki. Seus lábios se fecharam ao redor das pontas dos hashis dela.

“Um beijo indireto! Urrul!” ele disse, com a voz totalmente monótona. Achou que isso a deixaria mais autoconsciente.

“......” De fato, os olhos dela ficaram fixos na ponta dos hashis. Ela tinha comido apenas metade do almoço. Devia estar pensando em como proceder.

“Mas você é toda madura, Mai,” ele disse, cortando qualquer esperança de fuga.

“Nunca ficaria preocupada com um beijo indireto com um cara mais novo.”

“C-certo...”

Ela hesitou por um momento, mas já tinha se comprometido. Pegou outra mordida com os hashis e levou à boca. Continuou comendo o resto do almoço em silêncio. Ela estava levemente corada o tempo todo, o que era uma visão encantadora.

“Só para deixar claro, não é meu,” disse ela, enquanto embrulhava a marmita em um guardanapo.

“Mm?”

“O beijo. É da protagonista.” Sakuta estava tanto aliviado quanto irritado.

“Você realmente me pegou de surpresa.”

“Mas você ainda me ama, certo?”

“Não sei. Até meu amor pode começar a esfriar nesse ritmo...”

“Q-quê?!” ela exclamou, subitamente desconcertada.

“Quero dizer, você simplesmente não parece interessada. Você não sente a mágica? Isso é tão desanimador.”

“...Eu não disse não.” Ela franziu os lábios, emburrada, e abriu o script.

“Isso é um sim?”

“Bem, é...” Ela ficou vermelha e escondeu o rosto atrás das páginas.

“É mesmo?” ele perguntou de novo. Os olhos dela espiavam por cima do topo do script.

“...Tá bom. É um sim,” Mai cedeu.

Sakuta não se lembrava muito do resto do dia. Ele estava muito animado com o fato de estar oficialmente namorando Mai para pensar em mais alguma coisa.

Na manhã seguinte, ele ainda estava nesse alto astral.

Ao se preparar para a escola, ligou a TV, assobiando para si mesmo. Ele olhou para as notícias rapidamente.

“E um grande triunfo para o time do Japão!” disse o apresentador, animado.

“......” Estranho. Ele franziu o cenho para a tela. Isso soava muito familiar.

“Bom dia. Hoje é sexta-feira, vinte e sete de junho. Nossa principal notícia de hoje são os resultados do grande jogo de ontem.”

O que ele acabou de dizer? Junho 27? Aquilo definitivamente era o que ele disse.

Os momentos destacados do jogo de futebol também eram familiares. Um chute livre perto do fim do primeiro tempo, a bola marcando um gol no canto oposto da meta.

Ele correu de volta para seu quarto e verificou o relógio digital que usava para acordar. Tinha a data na tela.

“Que...?” A tela dizia Junho 27 também. Sakuta Azusagawa acordara para a manhã de ontem.

Apoie a Novel Mania

Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.

Novas traduções

Novels originais

Experiência sem anúncios

Doar agora