A Saga de Hyan Fayfher Brasileira

Autor(a): A. F. Willians


Volume 2

Capítulo 66: Um inverno mais quente (2)

 

 

 

— O Jovem Mestre Hyan também está muito elegante, tenho certeza que despertara a paixão no coração de muitas damas nesse encontro... — Falou Celine graciosamente, quando sussurrou algo em meu ouvido.

Elise, vendo essa ação, franziu as sobrancelhas. Contudo, não mostrei nenhuma reação além de lhe dar um sorriso gentil. E isso se devia a mensagem secreta que Celine me passou, usando sua energia interna para que ninguém além de nós dois escutasse.

Enfim, indicando para Elise e Celine adentrarem a carruagem. Os soldados entraram em formação, cercando todas as carruagens presentes, quando partimos em direção ao nosso objetivo.

Em jornada, conversando agradavelmente com as garotas durante um longo tempo; em uma breve pausa, olhei pela janela da carruagem, enquanto observava os soldados marchando em direção ao nosso destino.

E vislumbrando tal visão, a mensagem de Celine veio a mente, o que era bastante simples. Do esquadrão que foi designado para proteger o patriarca e sua família, uma parte desses membros eram leais a Lionyr Fayfher, em outras palavras, nossos inimigos.

Claro, não é como se não tivéssemos feitos alguns preparativos, e apesar da minha força e de meu pai, que conseguiu com sucesso romper para o Reino da Conexão Anímica. Um nível de cultivo praticamente inexistente no Reino Ershter; ainda teríamos nossa dificuldade diante tantos inimigos.

Portanto, sendo um pouco reconfortante, tínhamos Naozaj e seus homens montados a cavalo entre a milícia, atentos a qualquer ação que nos apresentasse perigo. No entanto, não deixei que tais circunstâncias me tornasse negligente.

Afinal, um esquadrão era constituído de cento e seis pessoas, sendo o maior posto um capitão, que coordenava o esquadrão com a ajuda de cinco tenentes e seus soldados de elite. E por mais que somente uma parcela dessas pessoas sejam leais a Lionyr, ainda era uma força de combate que não poderia ser negligenciada.

Essa situação ocorria devido à grande quantidade de responsabilidade que existia ao gerenciar um território; e mesmo sendo o patriarca da família, meu pai não poderia gerenciar uma família dessa magnitude sozinho.

Assim, enquanto assuntos correspondentes ao gerenciamento do território era de sua responsabilidade, assim como a autoridade total da ordem dos cavaleiros. O segundo ramo da família era responsável pelos assuntos militares, em outras palavras, eram eles que gerenciavam a milícia do território.

E por mais que nem todos os presentes fossem cegamente leais a sua família, como comprovado pela existência de Xim e o Terceiro Pelotão, era difícil discernir sua influência dentro da milícia, onde seus cargos superiores, como Capitão e acima, não eram inferiores a força de combate dos cavaleiros, tendo que ser tratado com cuidado a situação.

— Hyan. Tudo bem? Você parece distraído — indagou Elise, vendo-me olhando distraidamente para fora da carruagem.

— Desculpe. Somente estou pensando como esse dia finalmente chegou — comentei, sorrindo em sua direção, enquanto observava seu rosto preocupado.

— Na verdade, aproveitando que estamos sozinhos, deixe-me entregar os presentes que preparei nesses últimos dias a vocês duas... — declarei abruptamente, tirando dois anéis interespaciais de dentro do Sharky.

Assim, entregando um anel interespacial para Elise e Celine; vendo seus sorrisos sinceros, eu realmente apreciava esses momentos, o que era completamente opostos à minha vida passada.

E vendo Celine retirar um par de adagas feitas com as lâminas da cauda do Lasgotan adulto. Utilizei uma vertente de mithril em seu interior para fortalecer sua condução de energia; assim como um arco, utilizando de suas pinças, reforçando sua estrutura externa com ferro negro, como utilizando o restante do mithril em seu interior, seguindo os mesmos padrões das adagas.

Desta forma, com essas duas armas e suas novas habilidades, Celine poderia aumentar em muito sua força de combate, tendo certeza que conseguiria se manter segura independentemente da situação.

Quanto a Elise, apesar da alegria expressada em seu rosto, ainda não tinha despertado sua energia interna, portanto, não poderia acessar os presentes em seu interior. Além disso, não queria estragar a surpresa.

— Elise, como ainda não despertou, ainda não tem a capacidade de acessar seu anel interespacial. No entanto, não se preocupe, lhe dei algo que a muito tempo desejava, tenho certeza que irá gostar. — Brinquei, instigando sua curiosidade, vendo-a não conseguir tirar os olhos do anel interespacial feito à base de jade.

Satisfeito, conversando com as duas por várias horas, aproveitei também para tirar as dúvidas de Celine sobre seu controle interno, ao qual ainda não tinha tido a oportunidade.

E continuando a viagem, vendo o entardecer desaparecer no horizonte, tendo todo o comboio se preparando para descansar. Pelos próximos quatro dias acampamos nas planícies pirideta, onde acabei utilizando desse tempo para elaborar alguns projetos de construção, tendo a ajuda de Celine e Elise.

Enfim, passando assim os dias, se acostumando com a viagem exaustiva, após percorrer quase um quarto do caminho, avistamos uma vila a distância, tendo todos sinceramente ansiosos, podendo descansar mais confortavelmente.

Essa era a Vila Tegak, que também pertencia ao nosso território, sendo um ponto de passagem muito importante para a próxima cidade da região.

Entretanto, conforme aproximávamos, acabei franzindo sutilmente as sobrancelhas. Primeiramente, a Vila Tegak não tinha uma muralha, mais uma cerca mau sustentada de madeira, algo bastante precário, demonstrando como a vida não era fácil nesse território.

E observando o entorno, vendo as casas velhas e desgastadas, aquela atmosfera degradante, onde os moradores praticamente se esconderam com nossa chegada.

A partir do meu sentido espiritual, poderia perceber facilmente que os aldeãos eram magros e desnutridos, assim como seus olhos eram desanimados, me deixando bastante desconfortável, ainda mais quando lembrava que essa vila estava sob a proteção de um cavaleiro intitulado do segundo ramo familiar.

Enfim, um pouco desconfiado, tendo o comboio começando a descarregar as carruagens sob as ordens do meu pai, observei como os poucos aldeões na estrada se afastavam com bastante cuidado, murmurando desagradavelmente enquanto o vice-chefe da vila nos recebia educadamente.

E tentando não pensar muito sobre a condição de vida dessas pessoas, desde que atualmente não poderia tomar descuidadamente nenhuma providência. O vice-chefe da vila acabou nos recebendo e informando que o responsável pelo território não estava presente, não conseguindo assim nos receber em sua mansão.

Impotente, meu pai indicou que não se importava, ordenando que os soldados montassem um rápido acampamento, e se necessário utilizaríamos das pousadas próximas, onde acabei observando os servos trabalhando diligentemente para preparar um lugar adequado a nossa família, onde devo dizer, os métodos presentes da Família Fayfher eram definitivamente ineficientes.

Suspirando, presenciando tanto trabalho da parte dos trabalhadores, principalmente devido ao clima gélido, não consegui evitar de pensar como era rápido e eficiente o uso das capacidades de Sharky.

No entanto, me mantive em silêncio, desde que não poderia exibir minhas capacidades diante tantos inimigos.

Desta forma, assistindo assim os preparativos, em um momento posterior, nos aconchegamos no entorno de uma Estrela da Alvorada, enquanto esperávamos os servos terminarem seus afazeres, assim como o preparo da comida, usando dos instrumentos mágicos.

Enfim, presenciando as pessoas se acostumando lentamente com as mordomias que meus instrumentos mágicos forneciam, acabei ficando orgulhoso, vendo como um dos meus objetivos começou a ser alcançado, que era melhorar a praticidade do dia-a-dia.

Além disso, durante nossa jornada, também poderia presenciar o semblante dos soldados mais tranquilos, sabendo que os instrumentos mágicos poderiam também proporcionar uma certa segurança, mesmo não estando sob a proteção de uma grande marulha.

Satisfeito, esperando assim que nossos aposentos fossem finalizados, detínhamos quatro cavaleiros, que liderados por Naozaj, nos cercavam e protegiam; ao qual olhei para o meu pai, querendo começar uma conversa, quando observei inesperadamente uma certa preocupação em seu semblante.

— Pai, algo lhe incômoda? Não precisa se conter, formei uma barreira intangível em nosso entorno — relatei, usando minha energia mental, quando sua atenção se direcionou a mim.

— Hyan. Você realmente não está preocupado? Lionyr Fayfher pode tentar utilizar a nossa ausência para almejar as pessoas pertencentes ao empreendimento. Mesmo que Xim e o Terceiro Pelotão estejam atentos, ainda temos poucas pessoas a disposição... — Lembrou Lytian, observando o entorno.

— Além disso, a Vila Tegak também está sob o gerenciamento de Lionyr, e como estamos cansados, poderíamos muito bem acabar caindo em uma armadilha. Olhe essas pessoas, seu estado deplorável; não ficaria surpreso se eles não detivessem nenhuma lealdade a nossa família, onde poderíamos ser muito bem alvejados nessa situação — expressou Lytian, suspirando.

— Não se preocupe, pai. Além da presença de Xim e o Terceiro Pelotão, não podemos nos esquecer de Sheridan, que se manteve na cidade. Temos até mesmo Feng e Lya, e com seus sentidos aguçados, mesmo os melhores assassinos não podem ultrapassar nossas defesas...

— Quanto as pessoas da Vila Tegak. Usando meu sentido espiritual e observando a situação como um todo, acredito dificilmente que tenham uma emboscada nos esperando — comentei, vendo visivelmente a pobreza dessas pessoas.

— Na verdade, como você mesmo mencionou, as pessoas aqui estão em um estado lastimável, isso demonstra como a situação em nosso território é terrível, onde podemos somente fechar os nossos olhos.

— Entretanto, esteja ciente, terminando o Ritual do Despertar, mudarei definitivamente a realidade desse território. E tal visão desagradável não será mais encontrado em nossas terras — proclamei convictamente, demonstrando assim minhas ambições.

— Hyan. Entendo seus sentimentos, como apoio plenamente suas intenções... como pode ver, acredito que tenhamos decepcionado não somente você nesses anos, como também outras pessoas aos quais nunca verdadeiramente prestamos a devida atenção… — declarou Adália. Se sentindo envergonhada ao ver a convicção, a determinação estampada nos olhos de seu filho.

— Eu... mãe, não era a minha intenção, desculpe — expressei, vendo a tristeza no rosto de minha mãe, assim como a frieza silenciosa de meu pai, não conseguindo imaginar as emoções escondidas em seus corações.

— Em momento algum pensei que essa situação era culpa sua ou do pai. Estou plenamente ciente que somente por manter a Cidade de Eydilian viva já foi um feito extraordinariamente difícil, ainda mais quando lembro daqueles parasitas desavergonhados. — Rosnei, expressando-me com sinceridade; quando a indignação me bateu ao lembrar dos membros da família.

— Obrigada. Você não sabe filho... como isso é significativo para mim — expressou Adália, dando-me um leve sorriso. Contudo, sabia que as coisas não eram tão simples, tendo provavelmente alguns arrependimentos enraizados em seu coração gentil.

Entretanto, como se nenhum de nós quisesse continuar nesse assunto, tendo meus pais relaxando inconscientemente nessa breve trocas de palavras. Acabamos conversando um pouco sobre outros assuntos, quando me lembrei do progresso inesperado do meu pai, dizendo:

— Pai. Eu quase esqueci, ainda não o parabenizei, como sabe, você pode se considerar a primeira pessoa ao ter atingido esse nível de cultivo em nosso reino. Me pergunto como foi a experiência ao ter rompido para o Reino da Conexão Anímica? — expressei interessado, sabendo que mesmo eu nunca tinha alcançado tal reino de cultivo.

Surpreso, sorrindo diante minha pergunta, meu pai ficou agradecido, respondendo imediatamente o que procurava saber.

Na verdade, vislumbrei um leve sorriso presunçoso em seu rosto, sabendo como estava orgulhoso de si mesmo, quando começou recontar vagarosamente sua experiência, escondendo sua excitação.

— Sabe, após ter tido muita dificuldade para criar e convergir minha vontade em uma chama da vida, os antigos registros diziam que nessa etapa deveria repartir a chama da vida em pequenas vertentes, fundindo-as no centro de energia, fortalecendo-o. — Recontou Lytian.

— No entanto, por mais que praticasse esse método, ou minha chama da vida se exauria desnecessariamente, ou acabaria prejudicando a fundação do meu centro de energia — expressou Lytian impotente, se relembrando dessa amarga experiência.

— Porém, após treinar a Técnica de Fortalecimento Corporal – Coração Congelante, assim como a ajuda inesperada da Fruta do Desabrochar Celeste. A minha chama da vida que não teve nenhum crescimento ou mudanças por muitos anos, antes totalmente escarlate, se transformou em um azul celeste com um pequeno centro em sua antiga cor... — Relatou Lytian, sendo grato ao seu filho, mudando sutilmente seu tom de voz.

— Nesse momento, quando criei vertentes com essa nova chama da vida, inesperadamente se fundiram com sucesso nas paredes do centro de energia, criando gravuras misteriosas por toda a sua base — explicou Lytian, reprimindo a exultação em seu coração.

— Desde então, uma nova energia vem preenchendo vagarosamente o meu corpo, deixando-me ciente que adentrei formalmente o Reino da Conexão Anímica, Estágio da Modelação. — Finalizou Lytian, muito satisfeito; envolvendo assim sua esposa em seus braços, sorrindo ao recontar sua experiência.

— Hmm... como eu tinha pensado, os mistérios abaixo do céu não são facilmente compreendidos. Infelizmente, as pesquisas e estudos antigos se perderam na maior parte em nossa atualidade — expressei, não escondendo meu tom decepcionado.

— Porém, com essa experiência, parece que mesmo dentro de nossos corpos as energias ainda tem diferentes reações; isso comprova minha suposição que no passado existia diversos caminhos para alcançar o auge do cultivo. — Considerei, expressando seriamente minha opinião.

— Enfim. Meus parabéns, pai. Estou realmente feliz que você conseguiu romper com o obstáculo que persistentemente o atrapalhou durante tantos anos — declarei, vendo seu sorriso gentil.

— Hmm... obrigado. Mas acredito que não serei o único a ter essa inesperada sorte... — falou Lytian, olhando de relance para Naozaj, que se mantinha um pouco afastado, exercendo sua vigia.

Sorrindo, entendendo sua intenção, não consegui deixar de ficar realmente satisfeito. Naozaj também recebeu uma Fruta do Desabrochar Celeste, estando próximo de romper com seu gargalo, avançando assim em seu cultivo.

 

 

 

 

                      

 



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