A Saga de Hyan Fayfher Brasileira

Autor(a): A. F. Willians


Volume 1

Capítulo 51: Os Cavaleiros

 

 

 

— Ei, garoto. Podemos, certo? — indagou Sheridan, sentindo seu coração ser arranhado por sua curiosidade, olhando fervorosamente para o local ao qual guardei os talismãs mágicos.

Na verdade, Sheridan; por mais que quisesse encontrar falhas ou provocar o jovem em sua frente, tinha que admitir, tudo que presenciou era incrivelmente preciso e coordenado.

Assim, acompanhando o processo quase por um dia inteiro, Sheridan já conseguia imaginar a quantidade de talismãs mágicos que poderiam ser criados, tudo isso ainda provindo de uma única unidade de criação.

— Ainda não, esse não é o momento. Mas não se preocupe, irei demonstra-los quando todos tiverem respectivamente presentes — expliquei, vendo a expressão azeda de Sheridan.

Enfim, indo em direção ao campo de treinamento, sendo avisado de antemão por meu pai, conduzi meu grupo em direção ao local, percebendo que Celine estava com uma expressão distante.

— Celine, algum problema? — indaguei, vendo sua expressão.

— Eu… eu sabia que você era um nobre, mas não sabia que era o Jovem Herdeiro desse território — comentou Celine, me olhando peculiarmente.

— Oh! Isso é importante? — perguntei, mas vendo sua expressão, sabia que algo a atormentava.

— Celine. Não irei entrar em detalhes sobre o preconceito que está frequentemente enraizado entre a nobreza. Porém, esteja ciente, nem todos seguem essa postura, talvez seja raro, tendo que muitos a se esconderem. Mas existe ainda pessoas que pensam diferente.

— Além disso, esteja avisada, não sou um “nobre” qualquer, também não estou disposto a me esconder…

— O que quero dizer é, acompanhe com seus próprios olhos, então saberá respectivamente se sua escolha estava certa ou errada — declarei, olhando-a nos olhos. Quando me virei, continuando a guiar o grupo em direção ao campo de treinamento.

Celine sem dúvidas sofreu barbaridades, e não precisava pensar muito para saber que os executores de tais atrocidades eram os nobres, os desprezando profundamente.

Porém, atualmente, sua escolha já tinha sido feita, se minha identidade inesperadamente provocasse eventualidades emocionais, então Celine certamente poderia acabar sendo morta pelo selo espiritual; e não era algo que gostaria que acontecesse.

Portanto, tinha que conduzir esse relacionamento com cuidado. Celine tinha um potencial tremendo, e sua personalidade inesperadamente não era distorcida pelas suas experiências.

Claro, tudo poderia ser também uma atuação ardilosa de sua parte, e somente o tempo demonstraria sua verdadeira natureza.

 

 

Chegando finalmente no campo de treinamento, presenciei o Terceiro Pelotão treinando diligentemente. E observando os presentes, prestando atenção com cuidado, a aura que cercava cada indivíduo com certeza emanava uma sensação única e especial.

E conforme nos aproximávamos, pude perceber pequenas duplas de combate, percebendo como o meu “pequeno” estímulo tivera um tremendo efeito, presenciando o seu esforço em conjunto, tudo para satisfazer a ânsia em se tornarem mais fortes.

Parada! Formação!

Tendo nossa presença descoberta, o Terceiro Pelotão rapidamente parou suas atividades, entrando em formação, quando demonstraram o seu respeito.

Na verdade, esse era um procedimento padrão, ao qual não me importava se estivesse sozinho, mas necessário se indivíduos desconhecidos estivessem em minha companhia.

Enfim, esse comportamento expressava sua força, sua coordenação, assim como o rosto presente de seu apoiador, que nesse caso, era a Família Fayfher.

— Todos, podem descansar. Logo outros visitantes iram aparecer, e as coisas certamente ficaram interessantes — comentei, vendo o pelotão expressar sua animação silenciosa.

Afinal, nessas duas semanas que permaneci concluindo as matrizes na mansão, meu pai tinha saído inesperadamente rápido de sua reclusão, o que foi uma notícia inesperada, demonstrando que a cultivação de uma das Técnicas de Fortalecimento Corporal foi bem-sucedida.

Assim, sendo avisado de antemão, agora era o momento em que meu pai encontraria entre seus homens aqueles de confiança.

Nesse caso, era a minha obrigação transferir meus conhecimentos, assim como confirmar sua lealdade; onde queria também aproveitar dessa oportunidade para demonstrar os talismãs mágicos, que seria uma força auxiliar importante no futuro.

Desta forma, conforme a conversa entre o grupo se tornava agradável, aproveitei para pedir que as duplas se revezassem no escoltamento, assim como na proteção dos trabalhadores das unidades mágicas.

Claro, tudo tinha que ser feito moderadamente, de forma que não atraísse atenção indesejada.

Assim, aproveitando também dessa atmosfera harmonioso. Apresentei o novo integrante do meu grupo, Celine; que apesar da surpresa ao descobrirem sobre sua energia sombria, os soldados se abriram rapidamente a esse novo integrante, impressionando-me verdadeiramente.

— Surpreso? Acredito que seria algo normal de acontecer. Afinal, é alguém apresentado pessoalmente por nosso senhor — comentou Xim, vendo minha expressão.

— Oh! Somente por isso? Pensei que veteranos normalmente tinham corações vigilantes — falei, vendo o seu semblante estranho.

— Você sabe, se fosse talvez outra pessoa, ou até mesmo Sua Graça, talvez isso acontecesse, mas você. Bem, você é um caso à parte, acredito que não preciso mencionar os detalhes — respondeu Xim, observando a atmosférica pacífica.

— Jovem Mestre Hyan. Obrigado. Pode não parecer, mas nesse curto período as coisas mudaram consideravelmente — falou Xim de repente, expressando um sorriso sincero.

— Esses homens lutavam anteriormente para sobreviver. Mas agora, todos lutam com um propósito diferente, todos esperam presenciar seus feitos extraordinários, esperando algo se concretizar, algo que somente permanecia escondidos em nossos corações… — declarou Xim abruptamente, surpreendendo-me.

Passos! Poderosa Presença!

E assim como olhava aturdidamente para Xim, tentando encontrar uma resposta adequada as suas palavras, um grupo se destacou na distância.

Em sua liderança, guiando-os, era um homem alto, forte, contendo uma estrutura bem definida, assim como um porte bastante elegante.

E vestindo uma encantadora armadura azulada, o homem portava certamente uma aura autoritária, com um semblante claro, bonito e atraente.

Enfim, essa pessoa obviamente era o Conde Lytian Fayfher. Contudo, diferente de sua postura habitual, uma aura levemente fria contornava seu ser, era algo que vinha de seu âmago, dando as pessoas uma sensação de distância, encantando as pessoas com sua expressão distante e gelada.

“Impressionante, parece que seu domínio da Técnica de Fortalecimento Corporal – Coração Congelante ultrapassou de longe minhas estimativas, demonstrando que sua compatibilidade com esse elemento não é muito inferior à sua Energia Carnal”.

“Além disso, meu pai é bastante talentoso, e isso era ajuda-lo definitivamente a progredir em sua cultivação. Acredito que mesmo o terceiro pelotão consiga sentir essa nítida diferença”. Pensei, observando silenciosamente a aproximação de seu grupo.

— Pai! Meus parabéns pelo seu avanço, acredito que mais surpresas o esperam em um futuro próximo — declarei, o parabenizando sinceramente, recebendo-o com um sorriso, vendo o seu aceno sutil em minha direção.

— Eu trouxe aqueles que detém minha confiança assim como pediu, basta atesta-los como desejar — declarou Lytian, ignorando as expressões estranhas de seus cavaleiros.

Assim, tendo sua permissão, observando minunciosamente os presentes, vislumbrei infelizmente cinco indivíduos, sendo uma quantidade muito menor que o esperado.

Afinal, temeroso que o selo espiritual ativasse, meu pai somente trouxe aqueles que tinha total confiança em sua lealdade.

Porém, sinceramente, era decepcionante, todos tinham encontrado um gargalo em seus cultivos assim como meu pai, estando provavelmente todos no estágio tardio do Reino Espiritual.

E por mais que detivesse técnicas especiais que pudesse quebrar esse impasse, era difícil dizer se esses cinco indivíduos teriam compatibilidade com as duas Técnicas de Fortalecimento Corporal em minha posse, ocorrendo na situação desfavorável de continuarem bloqueados em seus cultivos indeterminadamente.

— Jovem Mestre Hyan, podemos descobrir como pretende nos testar? — indagou um dos cavaleiros, tentando esconder seu descontentamento, não demonstrando sua insatisfação em seu tom de voz.

Entretanto, ouvindo suas palavras, tendo um sentido mais apurado, acabei percebendo o tom oculto, quando franzi as minhas sobrancelhas.

Afinal, esses cinco homens tinham a idade aproximada de meu pai, algo por volta dos seus quarenta anos, algo que não era muito velho dentre a comunidade de cultivadores, demonstrando de certa forma seu talento.

Contudo, a arrogância, o orgulho descabido estava claramente presente em seus olhos; e isso era algo que detestava.

— Simples. Acho que meu pai não entrou em detalhes, algo de seu feitio, então deixe-me esclarece-los.

— Acredito que os cavaleiros do Território Fayfher são patéticos, então treinei um grupo sob minha supervisão e gostaria que vocês tivessem um pequeno confronto — declarei, vendo a fúria surgir em suas expressões.

— Absurdo… você! — Grunhindo desagradavelmente, os cavaleiros queriam amaldiçoar em alto e bom som. Mas pararam ao ver o Terceiro Pelotão demonstrando uma clara inimizade, prontos para romper em hostilidade no momento que ofendessem seu Jovem Mestre.

Além disso, seu Lorde estava presente, não demonstrando uma única expressão diante tal atitude impertinente, deixando os cavaleiros confusos, estando cientes de seu temperamento.

Passos! Passos pesados!!

— Quem irá ser meu adversário? — Bufou um dos cavaleiros, que se chamava Kael, quando olhou desagradavelmente para o grupo simplório de soldados, reprimindo sua indignação.

— Oh! Bom, eu gosto dessa atitude. Mais ação e menos conversa, hein… — Sorri, deixando esse grupo ainda mais furioso, vendo meu pai suspirando disfarçadamente ao lado.

Assim, olhando para o Terceiro Pelotão, pensei que Xim se adiantaria imediatamente. Contudo, um dos soldados de elite, que constituíam cinco indivíduos dentro de um pelotão, comandando três soldados, se adiantou confiantemente.

E encarando o cavaleiro — que bufou desdenhosamente ao vislumbra-lo — lhe cumprimentou, mostrando que meu subordinado não perdeu a compostura, tornando a executar o gesto padrão antes de um duelo; sacando sua espada.

Honestamente, estava ansioso para ver o espetáculo, era normal para os soldados receberem um grande desdém dos cavaleiros. E agora, nesse momento, as coisas poderiam ter um inesperado desenvolvimento.

Assim, animado, ansioso para vislumbrar o combate, poderia dizer que era o mesmo caso para o meu pai, Lytian; que tinha uma aparência expetante ao assistir silenciosamente a disputa.

— Eu irei atacar, tenha cuidado — comentou o soldado, vendo o cavaleiro sacar sua espada a contragosto.

Desta forma, avançando, o soldado percorreu em linha reta em direção ao seu adversário, preparando o seu ataque. Em contrapartida, o cavaleiro, vendo sua intenção, zombou, quando seus braços incharam sutilmente, demonstrando a energia interna percorrendo os seus membros.

E antes do confronto, ganhando finalmente a atenção que desejava, o soldado sorriu satisfatoriamente, quando uma aura avermelhada envolveu seu corpo, quando desapareceu repentinamente, alertando imediatamente o cavaleiro.

Clang! Tintilar!!

Ressoando um claro som de metal, o cavaleiro tinha um indescritível choque em seus olhos, presenciando quase inacreditavelmente o soldado recuar alguns passos, conseguindo por pouco bloquear o seu ataque.

Investida!

Desaparecendo novamente, o cavaleiro já tinha jogado fora qualquer desprezo que tinha em seu coração pelo soldado. Assim, bloqueando novamente, tendo ambos se afastarem lentamente, o cavaleiro tomou a iniciativa, atacando-o.

E sentindo o ar ser cortado, desviando por pouco, o soldado tinha um sorriso incontrolável em seu rosto.

Desta forma, se aproximando com sucesso do cavaleiro, sua palma bateu sutilmente contra seu corpo, quando uma explosão de ar surgiu, quebrando imediatamente o seu centro de gravidade.

E antes mesmo que pudesse entender o que aconteceu, uma espada já estava parada em seu pescoço, enquanto olhava com decresça para o sorriso brilhante do soldado.

— Você, perdeu! — comentou Lytian ao seu cavaleiro, que após ouvir suas palavras, moveu seus lábios tremulamente, querendo dizer algo, mas a expressão de seu Lorde foi o suficiente, tornando-o a se levantar silenciosamente, retornando a sua posição.

— Oh! Um homem admirável, aceitar a derrota com postura é muito raro hoje em dia… Então? Quem será o próximo? — comentei, vendo os cavaleiros restantes demonstrando uma atípica seriedade em suas expressões.

— Eu irei, me esclareça, por favor — declarou outro cavaleiro, chamado Ravi, que não ousou subestimar mais esse grupo de soldados, assim como seu Jovem Mestre Hyan.

— Igualmente. Permita-me demonstrar o meu treinamento — respondeu outro soldado de elite, recebendo o apoio fervoroso de seus companheiros.

Assim,  tendo os dois se posicionando. Desta vez, o cavaleiro estava atento aos métodos desconhecidos dos soldados.

E seja dito, foi um duelo maravilhoso, ao qual ambos ficaram emparelhados por um longo tempo, tornando o soldado a ganhar novamente, aproveitando-se de sua velocidade e vigor.

— Parece que temos mais uma vitória para nosso grupo, hein… — resmunguei, vendo os cavaleiros cerrarem os dentes, inconformados com a realidade.

— Jovem Mestre Hyan. Eu irei desta vez, meu nome é Naozaj. E sou honrosamente o braço direito de seu pai. Enfim, conceda-me esclarecimento — proclamou seriamente Naozaj, mostrando uma compostura acima dos demais, quando observou cautelosamente os presentes.

— Eu serei sua adversária! — declarou inesperadamente uma voz feminina, tendo Elise dando passos firmes para o local.

 



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