Volume 1
Capítulo 49: Os preparativos
— Amelia. Como você tem passado? Todos em sua família estão bem? Dylan… Ele se recuperou completamente, certo? — perguntei a mulher em minha frente, sentindo-me um pouco envergonhado.
E vendo seu sorriso, admirado com sua força de vontade; após ter uma recuperação completa, Amelia se prontificou a ajudar com o trabalho, vestindo uma roupa requintada, onde seus olhos brilhavam com esperança e expectativa.
Seja dito a verdade, fiquei preocupado que a mulher tivesse ficado com algum trauma depois da terrível experiência. Mas incrivelmente aqui estava ela sã e saudável, liderando o grupo responsável pela criação dos talismãs mágicos, sendo meu principal objetivo no momento.
— Não se preocupe, Jovem Mestre Hyan. Apesar do susto, Dylan gosta de se gabar de sua experiência única ao seu lado. Acho que posso considerar algo assim da personalidade de vocês, homens? — Riu elegantemente Amelia, portando uma atitude adorável, uma mulher realmente bastante agradável de se conviver.
— Não! Por favor, acredite, eu não esperava que as coisas se desenvolvessem daquela forma, somente de estarmos vivos já sou verdadeiramente grato. Além disso, acredito que devo uma rodada de bebidas ao seu marido? — Brinquei, vendo seu sorriso.
— Não. Meu marido não é bom com bebidas, por favor, não faça isso. Além disso, se não for muita petulância da minha parte, algumas pessoas estão perguntando se somente as crianças podem aprender sobre educação — indagou Amelia, usando seu tom mais respeitoso.
— Você não precisa ficar ansiosa com tais perguntas supérfluas, Amelia. Algumas perguntas é o mínimo que espero do meu povo. A comunicação é algo importante.
— Quanto a questão, infelizmente, sim, as crianças podem passar como descendentes de nobres de baixo grau, facilitando o trabalho para encontrar tutores.
— Porém, o mesmo não pode ser feito com os adultos atualmente, por mais que desejo ensinar a todos, aqueles que possuem o conhecimento não são especificamente pessoas de mente aberta. O seu preconceito pode ser bastante óbvio, e não pretendo trazer pessoas que maltratem o meu povo — expliquei, vendo seu aceno sutil em entendimento.
— Claro, se for algo que é intensamente desejável, apesar de não ser um tutor, posso procurar alguém que esteja disposto a ensinar uma ou duas coisas, basta reunir os interessados e tomarei as devidas providências — declarei, vendo sua expressão iluminar-se.
— Tudo bem. Agora, vamos conversar sobre os procedimentos principais, como anda o progresso? — perguntei a Amelia.
— Jovem Mestre Hyan, conforme as propriedades que o Lorde e o Mestre Qian dispuseram, todo o planejamento já começou; onde temos três propriedades na praça central, incluindo a Ferraria Bahaduul que começou com suas reformas.
— Cinco propriedades no distrito aristocrático, perto do castelo. Sendo destinado para o desenvolvimento dos instrumentos mágicos, incluindo este estabelecimento. E dez propriedades no distrito superior, servindo de residência para os membros recentes do grupo.
— Entendo. Suspiro. Temos muito trabalho à frente, não posso relaxar… — declarei, pronto para começar o trabalho exaustivo.
Enfim, olhando para meu ambiente, tirei meu pincel rúnico de dentro do Sharky, onde me preparei para gravar a mansão completamente com matrizes arcanas.
Afinal, por mais que as propriedades pertencentes ao distrito aristocrático tivessem uma boa vigilância e limitações bastante claras entre as propriedades, a segurança nunca era demais, principalmente no início de tal projeto.
Assim, conforme as mulheres retiravam os móveis de luxo, pinturas requintes e tapetes chamativos. Tudo o que era desnecessário foi eliminado com a limpeza, onde segui o grupo, gravando as runas arcanas com segurança.
As matrizes arcanas eram de diferentes propriedades, onde qualquer espectador poderia encontrar desde formações de ataque, defesa, vigilância, controle de temperatura e outras necessidades.
Desta forma, se qualquer uma das cinco propriedades responsáveis pela produção de instrumentos mágicos fosse invadida, todos os membros do meu partido seriam imediatamente notificados.
Um sistema bastante complicado mesmo entre as melhores formações em minha posse, reconhecendo cada pessoa resignada para as instalações, tudo com ênfase na segurança completa do meu grupo.
Assim, começando pelo porão, que era o centro da matriz, comecei a gravar o núcleo da formação, que seria alimentado pela energia ambiente; usando assim as pedras primitivas unicamente para o acionamento dos mecanismos defensivos.
Enfim, prosseguindo, subindo aos salões, esses seriam os espaços principais de trabalho, dando origem a manufatura dos Talismãs Mágicos.
Quanto aos quartos, seriam modificados para diferentes tipos de ambientes, como câmeras de temperamento, armazenagem e outras utilidades, mantendo somente a cozinha, que seria o local de lazer dos trabalhadores.
Afinal, tudo tinha sido cuidadosamente planejado, e pensando principalmente no bem estar dos meus colaboradores, desejava que tudo pudesse ser o mais agradável possível, assim como seguro.
Enfim, tínhamos até mesmo um belo jardim, uma área particularmente apreciada pelas mulheres, algo que me deixou bastante satisfeito.
Passos! Admiração!!
E conforme continuava trabalhando continuamente, sem ter uma pausa adequada. Uma das mulheres que já me acompanhava por alguns dias se aproximou preocupadamente.
— Jovem Mestre Hyan, aqui, pegue. Você não parou por duas semanas seguidas… — declarou a mulher, oferecendo frutas, quando presenciei as outras mulheres dando o seu incentivo.
Surpreso, devo dizer que minha aparência não parecia boa diante suas expressões.
Contudo, nada poderia ser feito, o tempo estava contra mim, e não queria que nada desse errado devido aos erros em minha programação.
— Obrigado. Acho que estou me esforçando um pouco além do limite, mas não se preocupem, é que desejo tornar o ambiente o mais seguro e agradável possível para todas vocês — comentei gentilmente.
Assim, vendo suas expressões levemente comovidas e felizes, senti grande satisfação ao verem suas emoções, esquecendo brevemente do meu cansaço.
Além disso, como cultivador, não estava muito preocupado ao me esforçar além das minhas limitações.
E apesar de duas semanas terem se passado, apesar de não ser considerado um curto período, ainda estava longe de ser prejudicial para minha saúde, tendo ainda que voltar para a ferraria, dando continuidade ao meu trabalho.
Honestamente, meu novo corpo estava me apoiando mais que perfeitamente, superando de longe as minhas mais altas expectativas, não tendo problemas para continuar por mais alguns dias com essa agenda exaustiva de trabalho.
Pulsação! Luz!!
— Hã! O que é isso? — Assim como conversávamos, uma luz intensa começou a pulsar dentre as gravuras na mansão, pulsando violentamente em um vermelho extenuante.
E vendo suas expressões duvidosas, aquela preocupação óbvia escondida em seus olhares, todas as mulheres olharam ansiosamente em minha direção.
Surpreso, levantando-me calmamente enquanto reprimia minha surpresa, mantive uma postura composta e decidida, quando expressei da forma mais confiante possível, não querendo que se alarmassem.
— Não se preocupem, estou aqui. Essa reação da matriz indica que alguém invadiu esse lugar — expliquei despreocupadamente.
Infelizmente, apesar dos meus esforços, as mulheres se aglomeraram rapidamente ao meu redor, demostrando assim por um breve momento um pouco de descontrole, tornando-me a agradecer que não detinha muitas trabalhadoras, estando todas felizmente presentes em meio ao salão.
Enfim, expressando minhas intenções, confortando as mulheres para ficarem calmamente no salão, desembainhei minha espada presa a cintura, quando comecei a subir o segundo andar.
E devo dizer, por mais que a mansão fosse grande, era um erro terrível se alguém considerasse fácil adentrar seus limites.
Desta forma, indo em direção ao local em que a formação foi ativada, abrindo cuidadosamente a porta pertencente a um dos quartos, acabei vendo finalmente o invasor.
No entanto, sendo paralisada pelas formações arcanas ativadas no interior da mansão, o infrator não representava nenhum perigo.
Assim, se tratando de uma mulher, que expressava sua dor e agonia, grunhindo sutilmente. Ela tentava com garra suportar sua situação, enquanto cerrava seus dentes.
E olhando-a mais de perto, vendo sua pele na cor do próprio ébano. Ela trajava um conjunto de roupas de couro elaboradas cuidadosamente de um Lagarto Negro, delineando com precisão seu corpo jovem e amadurecido.
Alem disso, detinha traços sensuais que definitivamente encantariam qualquer homem, principalmente seus peitos, demonstrando como sua figura era atraente e sedutora.
No entanto, o que realmente chamou minha atenção foram as pequenas ferramentas escondidas entre sua roupa, podendo facilmente as perceber devido ao meu sentido espiritual.
O que em um olhar mais cuidadoso, se tratava de várias adagas escondidas, assim como alguns frascos venenosos e outras drogas nocivas.
Cauteloso, percebendo que se tratava de uma assassina, vendo-a esconder parcialmente seu semblante, à primeira vista fiquei vigilante.
Entretanto, vislumbrando seus cabelos esbranquiçados, estando um pouco abaixo dos ombros, assim como aquele sutil mais raríssimo olhar dourado; me fizeram rapidamente perceber que conhecia essa pessoa, descobrindo que me olhava com surpresa e preocupação.
A reconhecendo, lembrando da mulher que respectivamente salvei do selo de escravidão no passado; era a primeira escrava que libertei nessa vida, como sendo posteriormente a pessoa que me visitou no calar da noite, sendo recebida gentilmente por mim.
Porém, percebendo suas intenções, vendo-a aqui, espionando meus planos, como tendo a intenção de fazer mal as pessoas sob a minha bandeira. E diante esse pensamento, acabei ficando extremamente furioso, principalmente quando qualquer informação dentro desse lugar fosse revelado poderia ocasionar em graves consequências.
— O que você está fazendo aqui?! Dependendo da resposta, é melhor se preparar para pagar com sua vida… — Rosnei indignadamente, suspendendo a matriz de paralização, enquanto olhava enfurecidamente em seus olhos, esquecendo qualquer compaixão que tive por ela até aquele exato momento.
A mulher, como se sentisse que tinha se colocado em uma péssima situação, abriu a boca para se explicar, mais nada saiu.
E percebendo que minha paciência era curta, mordendo por um breve instante seus lábios delicados, tentou encontrar as palavras certas, quando ansiosamente expressou:
— Eu fui paga para vigiar você, alguns dos nobres desse território tem interesse em seus feitos… Mas… eu não tinha intenção de machuca-lo, tão pouco as pessoas que estão ao seu lado…
— Eu somente queria coletar algumas informações, avisando-o futuramente se necessário caso as coisas se complicassem — respondeu hesitantemente a mulher, tendo nitidamente em seu olhar uma mistura de sentimentos complexos, enquanto continuamente me olhava.
— Você… (cerrando os dentes) … coletando informações?! Quaisquer pequenos detalhes que você vazasse estaria colocando todos aqui presentes em perigo!
— Ou não percebeu? São pessoas comuns! Qualquer atenção indesejada que atraíssem poderia acabar com suas vidas!! — Vociferei, cerrando meu punho sobre a espada, somente não a matando imediatamente porque a matriz de segurança da mansão estava imbuída de um sistema igual ao Selo Espiritual, sabendo que dizia a verdade.
— Sabe, anteriormente, quando lhe salvei, fui até gentil e prestativo… Mas olhe o que recebi em troca… Patético, não me culpe por ser indelicado. — Bufei, deixando minha compaixão de lado.
— Anteriormente não tirei sua vida por saber que seus poderes sombrios ainda não tinham sido usados para machucar as pessoas, mas agora… estou começando a me arrepender… — expressei, cuspindo lentamente minhas palavras.
— Tsk! Veja como é engraçado o destino… despertando sua energia interna devido ao Selo de Escravidão. Hmpf! Ridículo! — Bufei indignadamente.
— No lugar de viver uma vida pacifica, começou a seguir os mesmos passos que os membros do Clã das Sombras… Deplorável, nunca esperei que estivesse espionando o meu povo para esses nobres desprezíveis… — Zombei, não querendo continuar mais com essa interação.
— Você…! Você sempre soube da minha origem?! — exclamou inesperadamente a mulher, mas logo se calou, vendo a raiva escancarada em meu rosto.
— Uma última chance! Diga-me tudo o que sabe do seu empregador, faça um juramento, então mate-o. Dessa forma deixarei você livre, e nunca mais volte a perturbar-me. — Rosnei, vendo sua expressão complicada.
— O homem que me contratou não deixou muitas informações, como sabe… minha afinidade é a Energia Sombria, é algo geralmente rejeitada pelas pessoas, e não tem muita gente disposta a contratar-me… Portanto, como não podia ser exigente, pouco informação pude coletar do meu verdadeiro empregador.
— Honestamente, mesmo que eu mate ou torture o intermediário, não irá adiantar em nada. Mas se assim desejar, farei como pediu, fazendo um juramento — esclareceu sinceramente a mulher, olhando-me hesitantemente.
— Tsk! Se perca! Eu realmente não desejo sujar esse lugar com sangue, essas mulheres trabalharam muito para arrumar esse local — Bufei, desativando a matriz.
Assim, irritado, sem lhe lançar um segundo olhar; não consegui evitar de pensar que essa mulher deve ter tido de longe a pior vida possível.
Sinceramente, eu realmente não desejava matar alguém assim, ainda mais quando estava completamente ciente do inferno que era ser um escravo desde a juventude.
— Eu… eu posso… — A mulher queria perguntar algo, mais rapidamente se calou diante as minhas palavras.
— Não abuse! Qual é o sentido de perguntar o motivo de eu estar poupando novamente sua vida? Sendo que você ingratamente veio aqui, colocando meu povo em perigo?! — Bufei, interrompendo suas palavras, enquanto observava seu olhar lastimável.
Enfim, saindo do quarto, esperando que saísse por onde veio, suas palavras inesperadamente soaram em meus ouvidos:
— Se eu te servisse, você me aceitaria? — perguntou a mulher abruptamente, seu tom era estranho, difícil, como se as palavras machucassem ao passar por sua garganta.
E ouvindo suas palavras, parando inesperadamente na saída do quarto, olhei para sua expressão conflituosa, realmente não esperava que as coisas progredissem nessa direção, quando comecei a pensar profundamente em suas intenções.
— Eu… eu não tenho um lugar para retornar… as pessoas me desprezam pelo simples fato de ter a Energia Sombria… — falou a mulher, vendo o meu silêncio.
— Mas acredito que isso não seja um problema para você, certo? Eu prometo realizar tudo em meu alcance para satisfazer suas expectativas e desejos — expressou a mulher apressadamente, estando assim ansiosa, enquanto via a minha falta de resposta.
— Hmm… desde que te libertei do selo da escravidão, quantas pessoas você matou? — indaguei de repente.
— Eu matei duas pessoas, a primeira foi um antigo companheiro do meu mestre, ele não estava nos acompanhando aquele dia, o torturando miseravelmente…
— Quanto a segunda pessoa, foi a funcionária da Associação de Aventureiros que delegou a missão de assassinato por sua cabeça — respondeu a mulher com sinceridade, observando atentamente a minha reação.
“Suspiro. Será que ela viu através das minhas intenções? Eu esperava pelo menos uma única mentira, isso é desconcertante…”. Pensei, observando silenciosamente seu olhar e ações.
E sem dizer mais nada, tirando um receptáculo de dentro do Sharky, comecei prontamente a escrever as minhas runas arcanas.
Desta forma, me aproximando silenciosamente de sua figura parcialmente ajoelhada. Observando suas ações, levei meu dedo indicador em direção a sua testa, quando a toquei, vendo-a tremer.
Ohm! Ohm!!
Assim, vendo as runas avançarem, sentindo seu olhar intenso sobre minha figura, observei ela cerrar os dentes, segurando para não gritar da dor provocada em sua mente.
Quando se recuperou, olhando confusamente para o chão, ela percebeu que eu já estava novamente na frente da porta do quarto; dizendo-a:
— O que passei para você foi uma Técnica de Controle Interno – Aura Energética. Isso ajudará a controlar seus poderes mais adequadamente, trate de cultivar essa habilidade — expressei, voltando para onde as mulheres estavam.
E vendo minha figura partindo silenciosamente, a mulher pegou sua adaga, quando segurou firmemente seu punho, desaparecendo silenciosamente em meio as sombras.