A Saga de Hyan Fayfher Brasileira

Autor(a): A. F. Willians


Volume 1

Capítulo 44: A reconciliação (2)

 

 

 

Acordando cedo, Lytian arrumou calmamente suas roupas, observando silenciosamente sua esposa ainda dormindo.

Decidido, encontrando a resposta que procurou tão desesperadamente nesse período, Lytian saiu do castelo e desceu a cidade, parando assim diante a Ferraria Bahaduul.

— Senhor Cliente. Como posso lhe ser…! — Sendo abordado gentilmente por um homem, percebendo que sua identidade foi vista rapidamente, Lytian disse.

— Eu gostaria de ver o Mestre Qian. Por favor, diga que é uma questão importante — declarou Lytian, vendo inesperadamente um homem alto, robusto e gentil tomando a dianteira.

— O meu mestre não está disponível atualmente, perdoe-o. Ele está atualmente focado em um importante processo de refinamento.

— Entretanto, como sendo o segundo em comando, tentarei ajuda-lo, Vossa Graça… — respondeu Colak, enquanto o media constantemente, sabendo que esse homem era pai de Hyan, considerado por si mesmo seu grande mestre e tutor.

— Desejo ver meu filho… — pediu Lytian, percebendo as ações de Colak.

— Hmm… sobre isso… — Colak teve um pouco de hesitação em suas palavras, lembrando como Hyan voltou raivosamente para casa, não estando disposto a ver ninguém.

— Por favor! Realmente preciso vê-lo… — Insistiu Lytian, era até mesmo estranho, pois se fosse anteriormente, iria exigir definitivamente uma resposta e não pediria gentilmente.

— Pois bem… siga-me — disse Colak calmamente após alguma consideração, guiando assim Lytian para o local.

 

 

— Todos, eu agradeço pela paciência nesses últimos quatro meses. E apesar dos esforços posto por todos, acredito que essa estadia não foi totalmente agradável… — declarei, observando todos os meus seguidores.

— Eu tinha feito uma promessa, e apesar de todos os inconvenientes, hoje, finalmente irei cumpri-la — proclamei, olhando nos olhos dos sobreviventes, que permaneceram praticamente escondidos nesse longo período.

Desta forma, sem mais palavras, ocupando a mansão principal do Velho Qian, tinha construído a Matriz do Limiar no dia anterior, preparando-me para despertar todas essas pessoas.

Assim, permanecendo no andar superior, tendo Elise calmamente ao meu lado. Ativei a matriz, vendo diversos círculos mágicos surgindo pelo chão, envolvendo todos os presentes.

E diante a luz em seus olhos, os sobreviventes da Vila Montales sentiram uma energia gentil e calorosa adentrarem seus corpos, quando uma dor levemente percorreu seus canais de energia; o que acabou não perdurando, sendo substituída por uma sensação mágica, envolvendo inteiramente seus corpos.

Essa sensação era estranha, mística, assim como algo que lhes pertenciam desde o princípio.

— Todos! Não precisam ficar ansiosos, sintam a energia interna, ela sempre esteve presentes em seus corpos… E com calma, tentem interagir com essa pequena existência.

— Assim, peça que se reúna no centro de seus corpos, não precisa ter pressa, façam tudo vagarosamente, ninguém está lhes pressionando — disse, guiando as pessoas a criar seus Centros de Energia.

E conforme ia guiando as pessoas, ajudando-as a criar uma nova fortuna em suas vidas. Na distância, em um canto recluso, não percebi que alguém me observava intensamente.

Desta forma, vendo todos dando os primeiros passos como cultivadores, olhei calmamente para as pessoas que me olhavam apaixonadamente, dizendo:

— Hoje, você despertou, mas foi todos nós que demos um passo a um futuro diferente…

— Mas por enquanto, voltem para suas residências, estabilizem suas energias e mentes, então retornem amanhã nesse mesmo horário, ao qual direi como desejo que me ajudem — proclamei.

E olhando inconscientemente para Dylan, Amelia e Bella, que se olhavam alegremente entre eles, sorrindo genuinamente.

Em silêncio, depois de vislumbrar a despedida dessas pessoas, lembrando seus sorrisos alegres e genuínos, assim como a esperança em seus olhos.

Acabei perdido em lembranças, onde por um breve momento, sem perceber, esperei que esse sentimento caloroso envolvesse minha família, quando presenciei aquela linda cena desaparecer.

Confuso, vendo o salão que estava lotado a poucos instantes; mas agora estava completamente vazio. Olhei distraidamente, suspirando ao perceber meus pensamentos.

— Podemos conversar? — Sendo repentinamente interrompido, por um instante parecia ter confundido a voz de Elise.

Contudo, virando-me para trás, percebi que não era um engano, Conde Lytian Fayfher estava lá, observando tudo calmamente.

Surpreso, olhando sutilmente para Elise, que entendeu perfeitamente minhas intenções, ficamos sozinhos e em silêncio.

Afinal, lembrando envergonhadamente da minha perda de compostura ontem, não consegui encontrar palavras para dizer naquele momento. Exceto, que durante minha perplexidade, meu pai quebrou o gelo que existia entre nós dois.

— O que você fez agora a pouco foi bastante impressionante. Apesar de ter escutado algumas coisas de Sheridan, presenciando pessoalmente… Bem, é uma visão incrível… — falou vagarosamente Lytian, olhando-me serenamente.

— O que você quer? — declarei imediatamente, não conseguindo evitar de ter um tom áspero saindo em minhas palavras.

— Eu… eu poderia ouvir sua história? Apesar de achar que não tenho o direito… eu gostaria de ouvir e entender você, meu filho… — esclareceu Lytian honestamente, atordoando-me.

Hesitante, sem dizer nada a princípio, fiquei em silêncio por um período desconhecido, o observando silenciosamente, quando indiquei que me seguisse.

E adentrando um dos cômodos particulares de Qian, um lugar para entreter convidados especiais, indiquei que se sentasse em uma das poltronas, enquanto pegava calmamente um bom vinho, servindo-o.

— A minha história realmente não é algo agradável de se ouvir. Além disso, serei honesto, você pode muito bem se decepcionar… — expliquei, vendo sua expressão decidida.

Desta forma, virando a taça de vinho em um único gole, olhando firmemente para a expressão resoluta de meu pai, comecei lentamente a contar minha história.

Sinceramente, foi estranho, eu, que sempre deixei ser levado por minhas emoções, recontei a história como se fosse um mero espectador, era como se a história não me pertencesse mais naquele momento.

E conforme recontava tudo que passei, presenciei a expressão estoica de meu pai, passando vagarosamente para raiva, então confusão, dúvida, e principalmente o medo.

Afinal, apesar de contar a parte inicial de minha história para Elise e Sheridan. Nunca entrei em detalhes sobre os momentos desesperadores que enfrentei.

Entretanto, aqui estava eu contando os meus maiores temores ao meu pai, um homem ao qual pensei que nunca compartilharia desses fardos.

— Isso… todas essas coisas realmente existem? Se sim, podemos realmente superar essas provações? — pediu Lytian após escutar os relatos de seu filho.

Honestamente, tudo parecia uma mera fantasia, mas podia ver a gravidade presente em seus olhos, acabando por se convencer do contrário.

— Talvez. Não vou mentir, vai ser difícil, muito difícil… planejei muitas coisas, mas agora, sabendo que não sou o único a regredir, tendo meus aliados sendo mortos por uma década.

— Bem, não sei mais se consigo erguer uma resistência… — comentei, tomando um bom vinho depois de muito tempo.

— Hyan… Você realmente me odeia? — perguntou Lytian finalmente, essa era a pergunta ao qual queria realmente fazer profundamente em seu coração.

Pois, não importa o quão aterrador fosse o futuro, Lytian estava preocupado com seu presente, mais precisamente, queria saber se podia resgatar a confiança de seu filho.

— Eu definitivamente te odeio… — respondi sem quaisquer rodeios, presenciando a expressão desapontada de meu pai.

— No entanto, conforme vivia nesse mundo de merda, minha definição de ódio mudou vagarosamente… — declarei, vendo sua expressão confusa.

— No começo, te odiei por me abandonar, e por abandonar minha mãe. Entretanto, conforme fui vivendo, presenciando a realidade do mundo, comecei a ver o motivo de suas ações.

— Mas não se engane, por mais que posso indispostamente entender sua decisão, não é algo que irei aceitar até o fim da minha vida — proclamei seriamente, olhando-o nos olhos.

— Você sabe, desde pequeno, você foi a pessoa que mais admirei… quando minha mãe morreu, após décadas, eu entendi porque você agiu daquela forma.

— Mas eu não conseguia me livrar do meu ódio e insatisfação — esclareci, apertando evidentemente meus dentes, quando as emoções novamente me dominaram.

— Eu não conseguia aceitar os fatos. Eu te admirava, eu estava disposto a lutar ao seu lado, morrer por você e seus ideais…

— Mas, porque você não confiou em mim? Porque não me deixou morrer ao seu lado? Eu era a única pessoa que você podia confiar naquela época! Porquê!! — Rosnei, sentindo meus olhos se avermelharem, apertando assim firmemente a taça em minhas mãos, quando deixei as emoções rolarem, olhando para a expressão de meu pai, querendo ter a minha resposta.

— Porque você era meu filho… — respondeu Lytian com dificuldade, percebendo inesperadamente que seus olhos também se avermelharam.

Assim, uivando dolorosamente, deixei que as lágrimas escorressem do meu rosto. Afinal, precisava desabafar, chorei por ser fraco e incompreensível. Eu queria proteger as pessoas que amava, mas percebi que verdadeiramente as amava tarde demais.

Lytian, vendo seu filho daquele jeito não sabia como agir, seus olhos também estavam avermelhados, e sentia seu coração doer ao ver seu sofrimento.

Indeciso, levantando a mão, Lytian queria abraçar seu filho, mas seu corpo não escutava, era difícil, era algo que cultivou por anos, não conseguindo se expressar facilmente.

No entanto, em meio ao lamento desesperado do seu filho. Hyan tomou a iniciativa, abraçando-o fortemente. E se deixando levar, Lytian consolou seu filho em seu peito.

Nesse momento, entendeu sua esposa, esse era definitivamente seu filho, era sua carne e sangue, e uma emoção indescritível envolveu seu coração, enquanto esperava calmamente o mesmo se recompor

 

 

Assim, vendo seu filho recuperar a compostura, Lytian observou sua expressão mudar rapidamente, pensando envergonhadamente como seu filho realmente parecia ter herdado seus traços, dizendo:

— Quais são seus planos? — perguntou Lytian calmamente, sabendo que era hora de realmente discutir as circunstâncias.

— Bem, preciso urgentemente refinar minha primeira Arma Arcana, diferente de magos e guerreiros, minha energia mental é definitivamente inapropriada para o combate.

— Portanto, a inexistência de minhas Armas Arcanas leva a minha força a ser comparada meramente a um expectante impotente diante todo o desenrolar que está prestes a ocorrer — expliquei, estabilizando o meu humor.

— Por sorte, com o inesperado batismo que sofri refinando um imenso mar de sangue, os cinco fragmentos que cultivei com tanto sacrifício acordaram, sem falar que despertaram mais fortes do que nunca.

— Além disso, nossa Família Fayfher tem um tesouro inestimável, tenho certeza que minha primeira Arma Arcana superara de longe as do passado — comentei agradavelmente exultante, pensando naquele precioso tesouro.

— Hmm… não me leve a mal, filho. Mas não consigo compartilhar dessa segurança, por mais incrível que você descreva uma arma, ainda é um armamento.

— Dito isso, como pode alterar os resultados tão drasticamente? — indagou Lytian duvidosamente. E por mais que confiasse em seu filho, ainda era difícil entender apenas com poucos relatos, sem presenciar pessoalmente.

— Entendo suas dúvidas, pai. Mas minhas Armas Arcanas podem se fortalecer conforme absorvem a energia ambiente. Além disso, minhas armas arcanas recebem poderosas habilidades dependendo dos tesouros que utilizo em sua criação — expliquei, continuando.

— Claro, não podemos esquecer também que estamos falando de cinco armas arcanas, o que representa cinco diferentes tipos de energias, sendo possível utilizar seus pontos positivos de incontáveis maneiras — enfatizei, vendo a expressão de meu pai mudar vagarosamente.

— Enfim. Desde que você esteja disposto a abrir mão do cadáver do Abyssador, não tenho dúvidas que posso superar as dificuldades em nossa frente.

— O problema verdadeiro, é você. Serei sincero, sua cultivação é um grande obstáculo para os desafios que vamos enfrentar, em outras palavras, você é particularmente fraco — declarei, vendo sua expressão se distorcer diante as minhas palavras.

— Eu… eu não consigo superar o obstáculo impedindo o meu cultivo — respondeu Lytian amargamente, sentindo um grande conflito em seu coração.

A cultivação sempre foi um ponto doloroso em sua vida, e por mais que tivesse se esforçado para superar essa dificuldade, seu cultivo na última década não tivera quase uma única alteração.

— Não se preocupe. Na verdade, tem um motivo para você não ter superado seu reino atual de cultivo — esclareci, vendo sua expressão surpreendida.

— Eu não sei os detalhes, mas, essencialmente, todos tem a ingênua percepção que o cultivo segue um determinado caminho, em outras palavras; normalmente como cultivadores, temos o costume de reservadamente seguir os passos registrados em nossa história…

— Entretanto, após desbravar algumas tumbas em minha vida passada, percebi grandes discrepâncias na cultivação dessas excepcionais figuras do passado.

— Se não estiver errado, o cultivo disseminado entre as pessoas atualmente é algo criado por aqueles que perseguiam o caminho de um mago. Portanto, não são eficazes para guerreiros ou espiritualistas como eu ou você — expliquei, vendo sua expressão aturdida.

— Então, desde que me atreva a seguir um caminho totalmente inusitado, posso acabar conseguindo atravessar o gargalo presente em meu cultivo? — indagou Lytian com seriedade, olhando intensamente para seu filho, enquanto pensava profundamente sobre o assunto.

— Sim. Dizendo superficialmente, este definitivamente é o caso.

— Contudo, tomar tal atitude é extremamente arriscado, um passo em falso, além de perder seu cultivo, você também poderia perder sua vida. Portanto, não é um caminho que permitirei você facilmente percorrer — respondi seriamente, vendo meu pai franzir as sobrancelhas.

— Na verdade, isso é uma suposição. Mas, olhando para os fatos que presenciei em minha vida passada, os magos são indiscutivelmente aqueles que perseguiram o caminho mais distante no cultivo.

— Além disso, outro tipo de cultivador se destacou no caos turbulento que surgira no futuro, que são os Cavaleiros Mágicos — proclamei, vendo o seu choque, percebendo um inesperado interesse de sua parte.

 



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