Volume 1
Capítulo 35: Um antigo inimigo
Se aprofundando na floresta, andando por um longo tempo, paramos algumas vezes para descansar, onde passamos até mesmo pela Vila Montales, onde não consegui evitar de suspirar ao ver os olhos devastados de Dylan; ao ver seu antigo lar.
Porém, conforme percorríamos um longo trajeto com nosso grupo, não encontramos se quer uma única besta monstruosa. Pelo contrário, com minha experiência, poderia falar com confiança que isso não era sorte, mas que problemas estavam prestes a surgir.
Preocupado, aconselhando antecipadamente os meus companheiros, deixei claro para ambos que no menor vestígio de problemas, era melhor que os dois recuassem imediatamente, deixando-me para trás.
E recebendo o consentimento dos dois, avançamos cada vez mais fundo na Floresta da Perdição Rubra, onde logo a flora se tornou mais densa, os ruídos de pequenos animais eram mais raros, e cheiros estranhos começaram a exalar pelo ar.
Sentindo essas drásticas mudanças, nesse momento, meu coração bateu mais intensamente, onde olhei com certa estranheza para Dylan, que não parecia perceber nada de errado.
— Hyan. Algum problema? — indagou Elise, percebendo meu olhar em direção a Dylan.
— Dylan. Tem certeza que é nessa direção? — perguntei com alguma severidade, enquanto observava o entorno com vigilância, tornando os dois me olharem com confusão.
— Jovem Mestre Hyan. Tenho certeza que esse é o caminho certo, como um minerador, posso me orgulhar de reconhecer facilmente os lugares que percorro pelo menos uma vez na vida — explicou orgulhosamente Dylan, ao qual não prestei total atenção em suas palavras.
— Hyan… temos problemas? — murmurou Elise, percebendo que algo estava errado.
— Talvez vocês não percebam já que não são cultivadores, e também por terem pouca experiência…
— Mas acabamos de adentrar o território de um “Rei Bestial”. Invadir seu território é simplesmente suicídio, tal criatura poderia facilmente dizimar a Cidade de Eydilian sozinha — expliquei com uma expressão sombria, acabando por perceber minha tolice.
Era óbvio que recursos preciosos como a Pedra Xuan estariam localizados no território de alguma poderosa besta monstruosa. O problema era que dei segmento aos meus planos contando com esses recursos e não poderia voltar mais atrás.
— Devemos voltar? — indagou temerosamente Dylan. Não era atoa que diziam que a ignorância era uma benção, agora que sabia sobre a existência de tal criatura o medo contaminou seu coração, ficando até difícil dar dois passos adiante.
— Não. Algo está errado, normalmente os “Reis Bestiais” rugiriam no momento que alguém invadisse seu território, veja isso como a dignidade e a tolerância de um grande rei. — Bufei, ignorando assim suas expressões perplexas.
Enfim, desconfiando um pouco da situação, continuamos nosso avanço com muito cuidado, onde logo encontramos diversos cadáveres de lobos espalhados pelo terreno.
No entanto, não eram somente de uma espécie especifica, o que me surpreendeu; onde diversos tipos de lobos poderiam ser encontrados mortos pelo caminho.
Preocupado, tendo uma expressão cada vez mais sombria, logo a frente vimos o primeiro cadáver de um cultivador.
E conforme mais avançávamos, apareceu um segundo, então um terceiro… Mas, o que nos chocou profundamente, foi o incrível cadáver de um lobo que chegava a três metros, mais que o dobro dos lobos normais.
— Hmm… acho que devemos voltar, Jovem Mestre Hyan. Ainda não é tarde para retroceder. — Implorou Dylan com dificuldades, olhando com olhos suplicantes em minha direção.
— Suspiro. Desculpe. Não temos mais um caminho de retorno — declarei, olhando entre as árvores, percebendo que vários cultivadores estavam escondidos nos observando.
E como se sentissem meu olhar, várias figuras se mostraram imediatamente, cercando-nos.
— Hehe! Você é muito mais habilidoso que o último grupo. Acredito que vocês três também estão alvejando o tesouro, certo? — perguntou um homem feroz, olhando maliciosamente para nós três.
— Tesouro? Não, não sei do que estão falando, viemos somente atrás de algumas pedras — respondi, vendo Elise desembainhando sua espada diante a aproximação suspeita do grupo.
— Bem. Não importa. Desde que vieram e agora estão cientes do tesouro, acredito que precisamos fazer uma pequena reunião, não é mesmo? — falou o homem, sorrindo.
Suspiro. Identificando mais de vinte pessoas em seu grupo, tudo o que poderia fazer era concordar momentaneamente, sabendo que com minha força atual não conseguiria escapar protegendo Elise e Dylan ao mesmo tempo.
Assim, ordenando que Elise guardasse sua espada, falei para que o homem indicasse o caminho. E conforme fomos avançando para dentro do seu acampamento, mais membros surgiram com o tempo.
Resignado, com um simples olhar, percebi que se tratava de um grupo de mercenários.
E diferente dos aventureiros, que se especializavam em lidar com bestas monstruosas e explorações. Os mercenários eram acostumados a confrontar outros humanos, participando de conflitos, guerras e mesmo assassinatos.
Ansioso, tentando esconder meu nervosismo, que se intensificava enquanto mais olhava; cheguei à conclusão que seria impossível escapar com Dylan e Elise.
No mínimo, teria que escapar sozinho, porém não queria ter que fazer essa escolha, pois já me apeguei aos dois, principalmente a Elise.
— Estejam cientes, apesar de sua personalidade excêntrica, não toleramos qualquer desrespeito ao nosso líder — comentou o homem com um rosto feroz, indicando que adentrássemos a tenda.
Entrando, me preparando silenciosamente para uma oportunidade, vislumbrei um homem casualmente deitado em sua cadeira, enquanto seus pés estavam sobre a mesa, ponderando alguma coisa.
E apesar do seu jeito desleixado, o homem tinha uma boa aparência, detendo cabelos longos, lisos, chegando aos seus ombros, enquanto vestia uma armadura de couro requintada, tendo várias partes reforçadas em metal.
Mas o que realmente chamava atenção era o sabre preso em sua cintura, e apesar de ser uma arma conhecida, poucos cultivadores se interessavam em seu uso, sendo a espada muito mais apreciada, deixando de lado o sabre com sua leve curvatura.
— Oh! Já faz um tempo, Novato. Esperava que nos encontrássemos no futuro, mas quem diria que seria tão rápido… — Sorriu calmamente o homem, quando seus olhos brilharam com a nossa chegada.
— Hmm… você seria? — perguntei estranhamente, não me lembrando desse homem.
— Aí! Isso machuca! Me falaram que não sou alguém que deixa uma forte impressão, mas como não passou muito tempo desde nosso último encontro pensei que se lembraria — disse o homem um pouco magoado.
— Mas não vamos nos importar com esse fato, deixe-me apresentar novamente, sou Klaus Vanrut, líder desse grupo mercenário, o Lobo Prateado — proclamou Klaus orgulhosamente, exceto, que seu sorriso ficou estranho, percebendo assim o meu olhar em seu sabre que era feito de prata.
— Enfim. Vamos falar sobre a questão em mãos. Acredito que vocês estão alvejando o meu tesouro? — indagou Klaus Vanrut, olhando-nos maliciosamente, liberando claramente uma intensa sede de sangue.
— Não! Você está completamente equivocado. Um dos meus subordinados achou uma Pedra Xuan perto desse local, como ele não encontrou nenhum tipo de perigo na época, pensei que se tratava somente de uma feliz coincidência — expressei, sorrindo amargamente.
— Entretanto, infelizmente não sabia que a situação nesse local era outra. Bem, aqui estamos, se eu soubesse que teria algum tipo de tesouro não teria vindo desta maneira — comentei calmamente, colocando minhas mãos nos ombros de Elise e Dylan, que suavam profusamente, dissipando assim a sede de sangue que envolveu seus corpos.
— Hehe. HAHAHA!!! Eu sabia! No momento que coloquei meus olhos em você! Sabia que não era um jovem comum, certo? — perguntou Klaus de forma apreciativa, olhando-me interessadamente.
— Não! Eu sou definitivamente normal, eu estou com medo, sangro e preciso comer — respondi honestamente, vendo os subordinados de Klaus me olharem com indignação.
— Haha! De fato, você é normal. O que acha de participar do meu grupo mercenário, o Lobo Prateado? — indagou Klaus animadamente, demonstrando uma clara expectativa em seus olhos.
— Eu recuso — respondi imediatamente, não querendo me associar a essas pessoas.
— Hmm… Se não participar irei mata-lo imediatamente, assim como seus companheiros. — Bufou Klaus, olhando-me divertidamente.
— Eu aceito. É uma honra fazer parte do seu grupo, líder — respondi casualmente, vendo as expressões sombrias dos presentes.
— Haha! Sabia! Sabia que você aceitaria honestamente o meu convite! Venha! Deixe-me apresentar você para o acampamento — falou satisfatoriamente Klaus, batendo em minhas costas, indicando que o seguisse.
Desconfiado, andando entre seus homens, pude perceber que seu grupo mercenário não era comum. Além do grande número de membros, consegui presenciar artefatos mágicos na posse de cada presente, assim como algumas matrizes especiais.
Estava claro que esse grupo não pertencia ao Reino Ershter, tornando minha esperança em escapar cada vez mais ínfima. Desesperançoso, sendo forçado a fazer uma difícil escolha, Klaus Vanrut apresentou casualmente seu problema diante meus olhos.
Chocado, sentindo uma leve fraqueza em minhas pernas, bem à frente dos meus olhos se encontrava uma depressão escondida entre a flora, e após ter a vegetação limpa pelos mercenários, uma caverna poderia ser claramente vista.
Bem, talvez o tesouro que Klaus tanto mencionou estivesse ali dentro, mas o problema estava claramente na entrada da caverna.
Diante sua entrada, um enorme lobo estava presente, mais precisamente, deveria ser chamado de Lobo Gigante.
A sua figura com certeza disseminava o medo, e não teria dúvidas que sua força no auge pudesse destruir completamente a Cidade de Eydilian. Não! Talvez toda a Região Sudoeste inteira.
Porém, nesse momento, seu maravilhoso pelo branco estava manchado de sangue, sua carne continha várias feridas profundas, e uma aura de morte estava lentamente contornando seu corpo.
Entretanto, por mais que estivesse em um estado deplorável, seus olhos azuis demonstravam sua vontade inabalável, assim como sua incrível ferocidade, esperando a oportunidade perfeita para destroçar seus inimigos.
— Você… você está planejando matar um Rei Bestial? — exclamei atordoadamente, não conseguindo evitar de tremer com sua ousadia.
— Hehe! Gostou? Somos realmente fortes, certo? O que me diz? Tem alguma ideia para que possamos agilizar sua morte? — indagou Klaus divertidamente, vendo as expressões chocadas de meus companheiros.
— Eu passo. Realmente não quero lutar com um Rei Bestial, sou muito jovem para morrer — respondi rapidamente, não querendo entrar nessa loucura.
— É assim mesmo? Tem certeza? — indagou Klaus com um sorriso gentil.
— Sim. Definitivamente. Posso ir embora agora? — perguntei humildemente, vendo o sorriso em seu rosto.
— Tsk! Acho que chegamos ao fim da brincadeira… — resmungou Klaus Vanrut um pouco decepcionado, quando me chutou depressão abaixo, assim como meus companheiros.
— Você realmente achou que ninguém perceberia seu disfarce, herdeiro da Família Fayfher?
— Seja dito a verdade, um dos meus objetivos nesse local é tirar sua vida, assim como de seus pais. Quem diria que o destino estivesse com tanta vontade de me ajudar? — proclamou Klaus, usando sua energia interna.
— Enfim, pequeno Jovem Mestre. Aqui, nesse momento, eu proponho um jogo! Escolha! Morrer ao ser destroçado pelo Lobo Gigante, ou morrer em nossas mãos?
— Ah! Deixe-me avisar de antemão, iremos torturar, desmembrar e estuprar! Então diga-nos, qual é a sua escolha? — exclamou Klaus, vendo-me recompor, enquanto seus subordinados gritavam em alegria.
Um pouco machucado, ajudando meus companheiros que também se feriram em diversas partes devido à queda, não consegui evitar de formar uma expressão feia em meu rosto, assistindo as pessoas gritando ansiosamente pelo espetáculo.
— Hyan… — expressou Elise ansiosamente. Estava claro que o medo preenchia seu coração, mas sua confiança em mim era um pouco maior, tornando-me a sentir uma pressão ainda mais forte.
Quanto a Dylan, o homem se molhou completamente, ficando arrasado ao ver as mandíbulas do Lobo Gigante rosnando em nossa direção.
— Eu estou pensando… — respondi apressadamente, mas em meu coração estava desesperado, amaldiçoando grandemente por ter encontrado esse louco bastardo.
E não importa como olhasse, provavelmente iria morrer. Seja olhando para o grupo mercenário, onde estava claro que uma negociação era impossível. Quanto ao Lobo Gigante… bem, as chances eram baixíssimas; mas eu não tinha outra escolha.
Indicando que Elise e Dylan permanecessem o mais longe possível do animal, avisando para terem cuidado com as flechas que poderiam vir do acampamento, avancei impotentemente em direção ao Lobo Gigante.
E sentindo minha aproximação, o Lobo Gigante rosnou ainda mais violentamente, mas teve uma leve mudança ao ver eu jogar minha espada fora sem qualquer hesitação.