A Saga de Hyan Fayfher Brasileira

Autor(a): A. F. Willians


Volume 1

Capítulo 27: Um pequeno contratempo

 

 

 

— Urgh! Onde estou… — Abrindo com dificuldade os meus olhos, tentei olhar confusamente para o meu entorno.

Contudo, senti uma intensa dor com o mínimo dos movimentos, tornando-me a olhar impotente para o teto. E vendo seu acabamento requintado de madeira, sabia que provavelmente estava repousando dentro de um quarto.

Assim, tentando me levantar, suportando a grande dor, de repente vislumbrei algo totalmente inesperado, paralisando-me completamente.

Em meu colo, diante meus olhos chocados, o saco de moedas estava aparentemente dormindo, enquanto mantinha sua língua de fora, movendo-se sutilmente.

Barulho! Porta se abrindo!!

Assim como não sabia expressar corretamente os sentimentos que estava sentindo. A porta do quarto se abriu vagarosamente, tendo Elise adentrando desanimadamente.

Nesse momento, seu cabelo estava bagunçado, seus olhos estavam inchados, reconhecendo facilmente que estivera chorando por um longo tempo. Mesmo suas roupas estavam completamente amassadas, lhe dando uma aparência triste e lamentável.

— Hy… Hyan! — Percebendo que finalmente tinha acordado, Elise gritou abruptamente, não conseguindo conter suas lágrimas, enquanto se aproximava da minha figura.

E sendo abraçado, consegui sentir claramente a sua tristeza, me sentindo comovido pela sua intensa preocupação, onde sabia que nós dois tínhamos nos tornado muito mais do que simples companheiros, mais como dois irmãos.

— Oh! Você, desgraçado! Finalmente voltou a vida! — declarou surpreendentemente Qian, não sabendo como se expressar com tudo isso.

Envergonhado, dando-o um sorriso desajeitado, não tinha palavras para justificar todo o inesperado incidente; onde fomos interrompidos não muito depois com a chegada de Colak, que ofereceu algo para comer, tendo os meus sinceros agradecimentos.

— Hm… o que aconteceu? — perguntei de repente, dando alguns tapinhas nas costas de Elise, que ainda não conseguia conter suas emoções.

— Você não se lembra? Bem… Na verdade, nem eu sei o que aconteceu corretamente — respondeu Qian, olhando ainda desconfortavelmente para o saco de moedas em meu colo.

— Tudo o que sei é que após você cair inconsciente, pensamos que tinha morrido, e prontos para lhe seguir na morte… bem, inesperadamente o diabinho aí simplesmente encerrou suas ações.

— Mesmo quando Elise entrou em um estado frenético, chutando-o violentamente para longe do seu corpo, tudo que o desgraçado fez foi protestar, voltando assim para o seu lado — explicou Qian; tendo Elise tremendo sutilmente ao meu lado.

— Sinceramente, ainda estou horrorizado; após entender que o artefato espiritual não representava mais nenhum perigo, percebemos que você estava em um estado grave devido a perda de sangue.

— Felizmente, graças a deus, agimos rapidamente; onde eu detinha algumas Rosas da Borda Flamejante em meu escritório, o que acabou tendo grandes efeitos em sua recuperação…

— Honestamente, sério… Nunca mais venha para minha ferraria com essas ideias geniais, eu não quero nem saber!! — reclamou Qian, olhando-me ferozmente.

— Eu…entendo. Me desculpe. Foi realmente minha culpa esse incidente. Mas, esse artefato espiritual realmente não causou mais nenhum problema? — perguntei cético, olhando o saco de moedas desconfiadamente, tornando-o a encolher, como se sentisse o meu olhar.

— Sim. Realmente não sei o que você fez, mas conforme movíamos o seu corpo, esse carinha te seguiu de perto…

— Na verdade, sendo sincero, quero me livrar dele urgentemente. Mas toda vez que o afastávamos, ele protestava… portanto, não ousamos o enfurecer verdadeiramente — explicou Qian, sem mais nada a dizer sobre o assunto.

Desta forma, sem ter mais o que perguntar, comecei a prestar a devida atenção no saco de moedas. E por mais que me sentisse desconfortável com tudo o que aconteceu, reparei que uma ligação inesperadamente tinha se formado entre nós dois.

Assim, por mais que não conseguisse me lembrar dos últimos momentos antes de perder a consciência, com minha experiência, sabia que tinha conseguido com sucesso subjuga-lo.

Satisfeito, não contendo uma alegria tão intensa como esperava inicialmente; não depois de quase morrer, o agarrei abruptamente, enfiando minha mão direta dentro do seu interior.

— Hyan!!! — Vendo as minhas ações, todos ficaram pálidos, exclamando em horror, relembrando assim da sucção feroz que esse artefato espiritual gerava.

No entanto, não dei muita importância ao nervosismo demonstrado pelos meus companheiros. O saco de moedas estava ligado internamente com minha alma, era impossível agora eu ser prejudicado por seus poderes.

E concentrando-me em sentir o seu interior, seja dito a verdade, estava totalmente chocado.

O seu interior era uma dimensão completamente única.

Simplificando, seus efeitos a princípio não eram diferentes do anel interespacial, mas não continha limitações, podendo armazenar uma montanha de recursos em seu interior, e ainda teria mais espaço para os meus usos.

Olhando mais de perto, talvez tivesse provavelmente outros efeitos, mas minha cultivação era muito fraca para descobri-los. Bem, isso não importava, sua utilidade atualmente era algo completamente sem precedentes, influenciando grandemente os meus planos.

Estava tão satisfeito, que inconscientemente um sorriso distorcido apareceu em meu rosto, ao qual tardiamente me toquei do ocorrido ao ver as expressões exageradas de meus companheiros.

— Então? Parece que você descobriu algo, certo? — perguntou Qian. Tendo Elise e Colak me olhando curiosamente.

— Sim. Inesperadamente acabei subjugando-o. Em outras palavras, sou seu Mestre. Portanto, ele não irá causar mais nenhuma destruição ou problemas no futuro.

— Quanto aos seus usos, ainda estou incerto, mas tem uma função similar ao anel interespacial — expliquei alegremente.

— Oh!! É agradável ouvir tais notícias. Agora. Vamos falar de quem vai pagar pelos danos causados à minha ferraria… — declarou Qian inesperadamente, tornando o meu sorriso a desaparecer.

 

 

— Ah! Que dia cansativo… Eu realmente quase morri mais cedo — murmurei exaustivamente, adentrando meu quarto, enquanto levava comigo um prato com comida recém servida.

Aproximando-me da janela, abrindo-a para entrar um pouco de ar fresco, olhei calmamente para o céu estrelado, ciente que não estava longe da meia-noite.

E pensando calmamente como meu dia foi agitado e bastante perigoso. Sinceramente, não faltava vontade de amaldiçoar a minha sorte. Mas não o fiz, desde que ainda consegui permanecer vivo.

Enfim, planejando salvar uma vila pela manhã, lidando com problemas familiares durante a tarde, e agora, recentemente, quase morto por um antigo artefato espiritual. Urgh! A vida realmente as vezes dava uma reviravolta.

E ainda mais problemas estavam para surgir, ciente que a noite provavelmente seria bem longa.

— Suspiro. Você pode sair, a comida na janela é sua, fique à vontade — expressei abruptamente, sabendo que estava sendo vigiado a bastante tempo.

E sem um segundo olhar, sabendo que tal entidade não tinha más intenções, voltei a me deitar, sabendo que deveria recuperar minhas forças, fechando os olhos para descansar.

E sob o silêncio da noite, por um bom tempo ninguém respondeu as minhas palavras.

Entretanto, como se não pudesse suportar o cheiro e a tentação da comida repousando na janela, uma mão inesperadamente surgiu, pegando a comida, sumindo logo após, como se realmente nunca estivesse surgido a princípio.

Sorrindo com suas ações, me ajeitei confortavelmente na cama, quando realmente me dispus a dormir. Assim, descansando por duas horas, acordando entre a madrugada, percebi que meu inesperado convidado acabou partindo em silêncio.

E apesar de não compreender suas intenções, consegui sentir através do meu sentido espiritual que tal indivíduo não tinha qualquer hostilidade. Bem, isso não era muito importante, nesse momento, necessitava resolver algumas questões de suma importância.

Assim, ajeitando as minhas roupas, sentindo-me muito melhor após algumas horas de descanso. Realmente tinha que agradecer Qian por utilizar um tesouro precioso como a Rosa da Borda Flamejante.

Essa erva espiritual era difícil de encontrar, e apesar de nascerem em pequenos aglomerados, os alquimistas a usavam em grandes quantidades para a criação de pílulas curativas.

E sendo o melhor tipo de medicamento disponível atualmente no mercado, as pílulas alcançavam preços exorbitantes em comparação a elixires e pomadas.

Sinceramente, apesar do temperamento explosivo do meio-anão, o sujeito realmente tratava com sinceridade seus companheiros.

— Hmm… pensando bem… quando terminar de resolver esse problema, talvez deva ensinar uma nova liga metálica para o velhote, isso deve melhorar consideravelmente o seu humor — murmurei, abrindo a janela, enquanto escapava para a noite pacífica.

 

 

Em uma parte mais requintada do distrito superior, no quarto de um prestigiado tenente da milícia sob a Família Fayfher.

Tenente Xim abriu abruptamente seus olhos, arfando um pouco mais intensamente, quando colocou um dos braços sobre a testa, enquanto observava o teto distraidamente.

— Urgh! Eu realmente tive um pesadelo…? — sussurrou Xim incrédulo, tendo dificuldades em dormir ao se lembrar dos recentes acontecimentos, assim como seu jovem mestre e a missão que detinha em mãos.

Desta forma, tentando se esquecer dos problemas que provavelmente iria envolve-lo em poucas horas; uma presença se revelou ao seu lado.

— Eu pensei que tinha ficado abalado, mas realmente, você até teve pesadelos? — comentou estranhamente uma voz ao lado de sua cama, tornando Tenente Xim a se levantar, procurando desesperadamente por sua espada.

— Hehe… sua reação é um pouco tardia. — Rindo ao ver sua reação, formei rapidamente um selo com as mãos, quando uma formação brilhou envolta da cama, imobilizando-o parcialmente.

— Quem é você!!! — Rosnou Tenente Xim, sentindo um indescritível perigo com toda a atmosfera.

Na verdade, ele não conseguia imaginar que alguém tentaria mata-lo, ainda mais dentro do distrito superior, um lugar prontamente protegido.

— Hã? Eu sei que não sou muito importante para a maioria das pessoas da minha família… Mas esperava que você, pelo menos, reconhecesse facilmente o meu rosto, desde que tivemos bastantes interações recentemente — argumentei divertidamente, saindo das sombras, vendo sua expressão de total descrença.

— Jo… Jovem… Mestre?? — indagou nervosamente Tenente Xim, tentando manter alguma reverencia em seu tom, não conseguindo acreditar em todo o incidente.

— Nah! Não precisa tentar manter a cortesia, entendo perfeitamente que se não fosse os meus status, talvez você sequer olhasse para mim, certo? — perguntei, vendo o tremer.

— Não! Jovem Mestre Hyan… Eu jamais ousaria, você é o legitimo herdeiro do nosso senhor, como futuro governante das terras sob o comando da Família Fayfher… — expressou rapidamente Xim, tendo um mau pressentimento.

— Calma. Vamos parar…não é como se eu tivesse vindo aqui para tirar sua vida. Claro, isso depende de suas respostas. Me cansei dos ratos dentro dessa família — comentei, tirando um recipiente com um pouco de essência arcana, escrevendo algumas runas suspensas.

Tenente Xim, vendo o espetáculo se desenrolar em sua frente, olhou chocadamente para o meu rosto, não conseguindo compreender o que estava ocorrendo. Na verdade, pensou muitas vezes que tudo isso não passava de um sonho.

Entretanto, quando seu jovem mestre terminou de formar as runas, batendo suavemente entre suas sobrancelhas, a dor que o envolveu lhe disse definitivamente que tudo realmente era real, e não um sonho distante ao qual gostaria de pensar.

— Bem, deixe me explicar como as coisas irão seguir. O que acabei de implantar em seu corpo chama-se de Selo Espiritual. Eu irei fazer perguntas, se mentir, o selo espiritual irá lhe causar uma dor agonizante…

— Claro, sou uma pessoa racional, por isso; se suas respostas me satisfazerem, irei lhe dar um presente maravilhoso, trate isso como uma recompensa pelos seus problemas — expliquei, sorrindo maliciosamente, tornando-o a tremer subconscientemente.

— A primeira pergunta. A quem você oferece sua lealdade? — perguntei casualmente.

— Logicamente minha lealdade é para Sua Graça, o governante dessa terra…. Ahhh!! — Gritando amargamente, Tenente Xim chorou diante a dor que envolveu seu corpo.

— Hmm… começamos com uma mentira, bem, não imaginava que seria diferente. A quem você oferece sua lealdade? — perguntei novamente, dessa vez liberei a minha intenção assassina, demonstrando que não estava para brincadeiras.

— Maldição! Eu não sou leal a ninguém! Se tiver que escolher, servirei ao povo que sofre impotentemente nas mãos da nobreza — Rugiu Tenente Xim, demonstrando sua raiva explícita.

— Oh!! Eu não pensei que receberia uma resposta honesta tão rápido — comentei casualmente, ignorando sua feição, percebendo que não tinha sofrido uma reação.

— Segunda pergunta. Se sua lealdade não está com o Conde Lytian Fayfher, então você planeja tramar por sua segurança, família ou vida? — perguntei severamente, olhando-o maliciosamente. Afinal, dependendo da resposta, estava pronto para tirar sua vida.

— Não! Eu não ousaria! — respondeu Tenente Xim com urgência, entendendo claramente minhas intenções.

— É verdade que não tenho um coração sincero. Mas entre os muitos nobres existentes, o Conde Lytian Fayfher sempre foi alguém razoável, foi também por esse motivo que meu pai adotivo deu sua vida sob sua bandeira — explicou Xim apressadamente, não querendo deixar qualquer mal-entendido.

— Hm… Entendo. Última pergunta. Se uma guerra acabar irrompendo entre as ramificações da Família Fayfher, que lado você escolheria? — enfatizei gravemente, vendo o seu olhar chocado, expressando uma intensa seriedade em sua resposta.

— Eu sirvo, e sempre servirei ao verdadeiro e legítimo governante dessas terras! — expressou Xim, suspirando aliviadamente ao não sentir uma dor avassaladora o envolver.

— Hmpf! Você é um homem esperto “Tenente Xim”. Acredito que também compreende que nada do que ocorreu aqui deve ser mencionado ao mundo exterior…

— Afinal, mesmo que rumores acabem se espalhando, ninguém vai acreditar; mas sua vida pode ser tomada com um simples balançar dos meus dedos.

— Enfim. Acho que terminamos por hoje. Como demonstração da minha boa vontade, irei lhe dar um presente, como ficarei lhe observando das sombras… Espero que goste — declarei, formando uma quantidade anormal de runas suspensas, vendo o choque e o terror em seus olhos.

Assim, terminando minhas obrigações, tornei-me a sair pela janela, enquanto seus gritos permaneciam ecoando de fundo, onde acabei desaparecendo em meio à noite.

 



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