Volume 2
Capítulo 92: A CLAREZA DA ESPADA
Kai não era tolo. Quando tocou no cabo da espada, uma sensação de clareza o invadiu, como se uma névoa mental estivesse se dissipando. Ele sentiu que algo estava errado, mas não sabia o que era. A clareza foi uma revelação, mas também uma ameaça, pois o forçava a enfrentar a realidade.
Ele sabia que algum tempo tinha se passado, e conseguiu saber até dois dias após o início da Tempestade.
Mas sua mente ficou nebulosa, tornando-o incapaz de perceber seu próprio erro. Ele tornou a pensar de novo, de novo, de novo… e de novo, sempre retornando para os mesmos assuntos que ele mesmo chegara a conclusão que não tinham solução.
Era como se estivesse se direcionando a isso, para não notar algo que acontecia vagarosamente em seu entorno.
Ao pegar no cabo da espada, Kai notou seu erro. E mesmo depois que sua mente ficou nebulosa forçando-o a esquecer este assunto, ele tinha um fraco e distante elo, dizendo que algo estava errado.
Quando ele enfiou tudo no fundo do baú, sua mente ganhou certa clareza. Lembrando de uma informação crucial, isso não podia ter ficado despercebido por tanto tempo.
Eliyahu uma vez disse que as Tempestades Ciscas duravam, no máximo, um dia e meio. Dizer o contrário era lutar contra os dados e os fatos.
Então Kai minuciosamente pôs-se a pensar. Ele calculou o tempo que ele conseguia ficar sem comer. Quatro dias era o máximo.
Na sua mente, apenas dois dias tinham passado. Podia ser um erro de calculo do maldito firenze, ou dele mesmo. Mas uma coisa não podia ser deixada de lado… se dois dias inteiros haviam se passado, que raios de fome antinatural era essa?
Ele já havia experimentado o tempo máximo que conseguia ficar sem comer. Mas isso ultrapassava totalmente as expectativas. Era como se ele tivesse ficado mais de uma semana com fome… era como se uma semana inteira tivesse passado.
Com um cálculo rápido, ele percebeu isso… de fato.
Mas se as Tempestades Ciscas não duravam mais de uma semana, e exatamente uma semana – quem saberia? – havia se passado… significava somente uma coisa.
Kai havia caído fortemente num controle mental absurdo.
De repente com isso em mente, sua mente ficou nebulosa e um peso obscuro varreu seu corpo. Ele de repente ficou muito cansado e fraco demais para pensar em qualquer coisa.
Com isso, ele focou seus olhos na escuridão sombria e começou a ter pensamentos distantes e pouco arbitrários. Sem nada para fazer, Kai começou a refletir sobre as memórias de seu recente sonho, e sobre o quão frescas elas estavam.
Sem notar, Kai Stone passou a repetir os mesmos pensamentos e tornou a encarar a fria escuridão, se afastando novamente de uma clareza momentânea.
Zumbindo lentamente, Vento Noturno exalava uma fina e espessa camada de chi…
Alheio a isso, Kai pensou de novo e de novo sobre sua situação enquanto esperava a Tempestade Cisca passar.
***
Pálido e sem perspectiva, Kai encarava o nada, dentro do abrigo móvel temporário criado pelos atonianos.
Ele não sabia a razão de tamanho cansaço e fraqueza. Nos seus cálculos, ele deveria ser capaz de sobreviver por quase 4 dias sem alimento. Mas estranhamente não somente sua energia estava se acumulando fracamente, como também a comida parecia perto do fim.
Algo estava errado, mas Kai tornava sempre a ter os mesmos pensamentos… a guerra e os os fios que o envolviam… mas nada disso importava verdadeiramente, não no presente momento.
Ele sabia que tinha algo de errado, mas não conseguia saber o que. Sua mente estava nebulosa mais do que nunca, e até mesmo memórias antigas estavam nubladas.
Isso era incomum, já que ele tinha uma memória perfeita… resultado da batalha contra… Quem era mesmo?
Suspirando fundo, Kai buscou se concentrar no seu dilema habitual. A perda da sanidade ou a perda da moralidade? Nada disso fazia sentido. E céus, por que estava tão cansado?
Algo realmente ruim estava acontecendo, ele sabia… sentia isso. Mas não conseguia, de jeito nenhum, se livrar das amarras negras e nebulosas que se formavam em sua mente corrompida.
Era como se um sussurro distante ecoasse em sua mente, mas levemente fraco, quase inaudível.
Suspirando fundo, ele tentou se concentrar em sua respiração. Ele sabia que precisava se manter calmo e claro, mas sua mente parecia estar se desintegrando. A névoa densa que envolvia sua mente parecia estar se tornando cada vez mais espessa, e ele não sabia como escapar dela.
Cada vez que Kai tentava apalpar sua sanidade, sua mente ficava nebulosa e ele perdia um pouco da clareza.
Mas ele era forte, mesmo que fracamente capaz de combater o que quer que tivesse corrompido ele.
A essa altura, Kai sabia que algo ruim estava acontecendo. Mas quantas vezes ele chegou a essa conclusão antes? Era como se o sabor e o sentimento sobre essa revelação não fossem novos, escancarando o fato de que ele já teria percebido outras vezes antes, apenas tinha esquecido.
E isso era assustador por si só, uma vez que nada escapava da mente de Kai. Se algo assim fosse capaz, então ele estava lidando com uma força muito maior do que era capaz.
De repente, ele ouviu um som suave e melodioso. Ele tinha ouvido isso antes… recentemente.
Talvez fosse o elo fraco que tentava se conectar a ele…? Ou era um jogo mental do que quer que tivesse o envolvendo naquela trama obscura?
Não… era algo mais… mundano.
A fraca melodia aumentou, fazendo Kai abrir os olhos levemente na escuridão.
Ele olhou para baixo e viu Vento Noturno, sua espada, brilhar com uma luz suave e azulada. A luz parecia estar pulsando com uma energia calmante, e Kai sentiu que estava sendo atraído para ela. Era calmo, acalentador… pacifico.
Sem pensar, Kai estendeu a mão e tocou a espada. No momento em que o fez, ele sentiu uma onda de energia fluir através dele. A névoa densa que envolvia sua mente começou a se dissipar, e ele sentiu que estava recuperando a clareza e a sanidade.
Pouco a pouco, a trama nebulosa se afastou, sendo clareada pela sanidade abrupta e quente que a espada trazia. Ele não sabia que aspecto era esse, mas no momento era muito bem vinda.
Suas memórias foram ganhando forma, e sua perspectiva ganhou sentido lentamente. De repente, o peso e o cansaço sumiram, apesar de sua energia ter ficado loucamente distante de se regenerar.
Com a espada em mãos, Kai se sentiu mais confiante e determinado. Ele sabia que precisava encontrar uma maneira de quebrar o controle mental que o havia dominado, e estava pronto para fazer o que fosse necessário para alcançar isso.
Ele permaneceu sentado no chão, no interior do abrigo móvel, com a espada Vento Noturno ao seu lado. Ele fechou os olhos e começou a analisar suas memórias, procurando por pistas que o ajudassem a entender o controle mental que o afetou.
Kai relembrou os eventos que levaram ao início da Tempestade Cisca. Lembrou-se de ter sentido uma presença estranha e desconhecida, como se algo estivesse observando-o. Ele também lembrou-se de ter experimentado uma sensação de calma e tranquilidade, seguida por uma névoa densa que envolvia sua mente.
Kai tentou encontrar uma conexão entre esses eventos, mas não conseguiu. Ele sabia que algo estava errado, mas não sabia o que era. Ele começou a analisar suas memórias mais detalhadamente, procurando por qualquer coisa que pudesse ter sido ignorada.
À medida que ele analisava suas memórias, Kai começou a notar pequenos detalhes que não havia percebido antes. Ele lembrou-se de ter visto uma imagem vaga e indistinta, como se algo estivesse se movendo na periferia de sua visão. Ele também lembrou-se de ter sentido uma sensação de pressão em sua mente, como se algo estivesse tentando se infiltrar em seus pensamentos.
Com essas memórias em mente, Kai começou a montar o quebra-cabeça. Ele percebeu que o controle mental havia começado antes do que ele pensava, e que ele havia sido afetado de maneira mais sutil do que imaginava.
A criatura permanecia escondida no entanto, mantendo-o dentro do local em que ele estava, dando a falsa sensação de segurança. Fazendo Kai pensar que esperava o fim da Tempestade, ela sugava lentamente seu chi enquanto tirava sua sanidade, já estilhaçada, pouco a pouco.
Kai não deixou de pensar em nada menos que… insidioso. Que criatura vil.
Sabendo vagamente o que lhe esperava e como agir, Kai, não tão tolo quanto antes, tinha que agir enquanto era tempo.
Respirando fundo, ele saiu do abrigo temporário. Imediatamente salpicos de grãos maciços e cortantes perfurou sua pele, irradiando dor, ardência e uma profusão de sentimentos.
Um tremendo apavoro cresceu em seu peito quando ele ficou diante do perigo esmagador que esteve preso até agora. Era hora de lutar.
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