Volume 2
Capítulo 89: A CONSEQUÊNCIA DA AÇÃO
Kai permaneceu de pé, sua expressão intensa e desafiadora. Mestre Shlomô o olhava com horror e desgosto.
– Você é um monstro – repetiu ele, sua voz trêmula.
Kai não respondeu. Ele simplesmente olhou para os mestres, seus olhos fixos nos deles. Mestre Yohmai balançou a cabeça.
– Isso é loucura – disse ele. – Você matou um de nós. Como podemos confiar em você?
Ignorando Shaul. Mestre Ta'om avançou, sua expressão sombria.
– Você não tem respeito por nada – disse ele. – Você não tem respeito pela vida, pela autoridade, por nada.
Kai sorriu, um sorriso sombrio e sem humor.
– Eu faço o que é necessário – disse ele. – E se vocês não entenderem isso, então talvez sejam vocês que precisem ser questionados.
Shaul observou a cena, sua expressão calma e serena.
Mestre Shlomô balançou a cabeça.
– Mas matar…? Quem pensa que é?
Kai suspirou.
– Alguém cansado de baixar a cabeça. Se eu tiver que arrancar algumas para manter a minha, tudo bem. Sei da minha capacidade.
Shlomô arregalou os olhos.
– Isso é arrogância – disse ele. – Você acha que é superior a nós?
Kai sorriu novamente.
– Não.
De repente, ficou claro que Kai não estava brincando. Demorou, mas foi percebido.
Ele não era alguém afiliado dos Atonianos, tampouco de Abeeku. Então era alguém totalmente independente e com um parafuso a menos. Isto é, se considerassem que ele realmente não fosse um enviado do Indigno.
Parecia muito pouco provável, apesar de não surpreendente, que Abeeku forjasse toda essa situação. Em outras palavras, era difícil acreditar que ele enviaria Kai Stone, e ao mesmo tempo um Ministro, forjando uma luta entre eles e, eventualmente, resultando na morte de um forte aliado seu, tudo para se infiltrar em Troas e matar um peixe tão pequeno quanto um Mestre.
Sim, afinal, demandaria tempo e muito esforço somente para isso. Não era impossível, vídeo a natureza traiçoeira do Indigno, mas era difícil de imaginar, por tudo que isso representava e da dificuldade de tal plano.
Contudo, esse pensamento não foi descartado da mente destes mestres, que estavam inclinados a qualquer situação.
Afinal, poderia Kai Stone ser o Kzet Fuhdir? Alguém assim que não ligava para regr e até matara um dos líderes como se fosse nada.
A única coisa que segurava os mestres era que Shaul não tinha dito sequer uma palavra, fosse contra ou a favor. E como alguns mestres como Yohmai e Shlomô conheciam bem ao Sacerdote e a natureza de seu aspecto, era difícil para eles duvidarem de alguém que naturalmente nunca deu motivos para isso, mesmo que ultimamente outro mestre tenha feito movimentos para remover o Sacerdote de seu cargo. Nem assim ele pareceu abalado.
E por isso, alguns mestres como Ta’om passaram a conjecturar e hipotetizar algumas situações acerca do atual momento.
Ta’om começou a imaginar que talvez tudo isso não passasse de um plano de Shaul, que forjou tudo isso. Era duro pensar isso de alguém que ele admirava tanto, mas pensar que ele nunca moveu um palmo para frear as tentativas de Shimon, e agora parecia inclinado a perdoar Kai Stone perante tamanho desacato… provavelmente outros mestres pensariam o mesmo.
Observando Kai Stone, viram que ele não recuaria de modo algum, e lutaria com todos eles se fosse necessário. Isso refletia numa mente firme e impassível, digna de uma pessoa que não baixaria a cabeça diante das acusações, mesmo que o outro fosse alguém de prestígio.
Como o clima só esquentou, a discussão continuou, com os mestres tentando entender o que estava acontecendo. Kai, por sua vez, permaneceu firme em sua posição, determinado a fazer o que achava necessário, independentemente das consequências.
A tensão na sala era palpável, e os mestres sabiam que estavam diante de uma escolha difícil. Eles precisavam decidir se aceitavam Kai e suas regras, ou se tentavam encontrar uma maneira de pará-lo. Mas uma coisa era certa: Kai não estava disposto a recuar.
Mestre Ta'om avançou novamente, sua expressão sombria. – Você precisa ser punido – disse ele, sua voz firme.
Mas antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, Shaul levantou a mão. – Pare – disse ele, sua voz calma e autoritária.
Ta'om parou, olhando para Shaul com uma mistura de surpresa e frustração.
Shaul olhou para Kai, sua expressão séria. – Kai, você precisa entender que suas ações têm consequências – disse ele. – E é hora de você enfrentar essas consequências.
Kai olhou para Shaul, seus olhos fixos nos dele. Ele sabia o que estava por vir, e estava preparado.
Shaul respirou fundo e começou a falar, sua voz firme e resoluta. – Você será isolado por um tempo, para refletir sobre suas ações – disse ele. – E durante esse tempo, você não terá acesso a nenhum recurso ou privilégio.
Mestre Shlomô balançou a cabeça. – Isso é pouco – disse ele. – Ele precisa de uma punição mais severa. Ele matou um de nós, e isso não pode ser ignorado.
– Eu entendo sua raiva, Shlomô – disse Mestre Yohmai. – Mas a punição de Kai deve ser justa e proporcional às suas ações. Não podemos simplesmente impor uma punição severa sem considerar as circunstâncias.
Shaul olhou para Yohmai, sua expressão pensativa. – Você tem razão, Yohmai – disse ele. – A justiça deve ser equilibrada com a misericórdia.
Shlomô parecia incrédulo, enquanto Yohmai se tornou pensativo. Ta'om, por outro lado, parecia desapontado.
Kai permaneceu calado, observando a discussão entre os mestres. Ele sabia que estava em uma posição difícil, e que a decisão de Shaul seria final.
De repente, Kai teve um flashback de sua vida antes de ser enviado ao plano inferior. Ele se lembrou de sua vida em Neve Sempiterna, da sua curta passagem pela Orquídea, entre seus amigos: Gunter, Ardara, Mael, Cinealtas, a pequena Plum, até mesmo Òmra…
Shaul olhou para Kai, sua expressão séria. – Kai, você será exilado na superfície do plano inferior – disse ele. – Você terá que sobreviver por conta própria, sem nenhum recurso ou ajuda.
Quando a voz de Shaul caiu, Kai sentiu um nó na garganta. Ele sabia que estava preparado para enfrentar as consequências de suas ações, mas uma parte dele estava nervosa. Ele olhou para Shaul, tentando ler sua expressão. Shaul parecia calmo e sereno, mas Kai sabia que ele estava pensando cuidadosamente em cada palavra.
Shlomô, por outro lado, estava visivelmente irritado. Ele se adiantou, sua face vermelha de raiva.
– Isso é uma injustiça! – Ele exclamou. Yohmai colocou a mão no braço de Shlomô, tentando acalmá-lo.
Kai olhou para Shaul, seus olhos fixos nos dele. Ele sabia que o exílio seria uma punição severa, mas estava preparado para enfrentar as consequências de suas ações. Quando esteve nas cidades caídas, Kai viu como foi difícil sobreviver àquela situação.
– Senhor, você não pode estar falando sério – disse Ta’om, descontente. – Kai precisa ser punido de forma mais severa.
Shaul olhou para ele, sua expressão firme. Mas nada disse.
A discussão continuou, com os mestres cada vez mais agitados.
– Eu não entendo por que você está sendo tão leniente, Shaul – disse Mestre Shlomô, sua voz cheia de indignação. – Ele precisa aprender a respeitar a autoridade.
– Respeito não é algo que se impõe pela força – respondeu Shaul, sua voz firme. – É algo que se ganha através da liderança e do exemplo.
Mestre Yohmai balançou a cabeça.
– Isso é uma teoria interessante, Shaul – disse ele. – Mas na prática, não funciona. A autoridade precisa ser respeitada.
– A autoridade precisa ser merecida – respondeu Shaul. – E não apenas imposta.
Não conseguindo se segurar, Ta’om se virou para o Sacerdote.
– O senhor sabe o que isso significa, certo? A morte de Shimon, um mestre que queria seu cargo… e uma punição tão leve para seu assassino…
– Repense suas palavras, Ta’om – vociferou Re’uven, pouco inclinado a mais afrontas. – Pense bastante no que quer dizer…
Shaul ergueu a mão, calmo e firme.
– Tudo bem, Mestre Re’uven, cada um de vocês e livre para pensar e dizer o que quiser. – Shaul se virou para Ta’om. – Eu não ligo para o que pensam ou arquitetam, Ta’om, afinal sou responsável por aquilo que digo e faço. Contudo, deixo a minha posição para qualquer um de vocês que queira tê-la, se e o que está querendo dizer. Antes disso, minha posição será mantida e decisão uniformemente intacta.
Os mestres se olharam, cientes das palavras de Shaul. Como nenhum disse nada, ele mesmo se virou para Kai Stone e suspirou.
– Está decidido. – Ele se virou para Shemesh. – Onde estão eles?
Shemesh baixou a cabeça e suspirou.
– Dois deles estão guardando os fortes ao sul e um numa missão a Nor-Nordeste. O Escudo ainda não retornou.
Shaul assentiu, passando o olhar para cada um dos Mestres. Observou Yohmai, Yaqoobh, Ta’om, Shlomô, Reu’ven e o comedido Iehudad, que ficara calado todo o tempo. Por fim, observou o rosto apavorado de Shimon e finalmente olhou para Kai Stone.
– Shemesh, d’Os Cinco, levará Kai Stone até o portão noroeste.
Os mestres se calaram, olhando para Shaul com uma mistura de raiva e resignação. Kai olhou para Shaul, seus olhos fixos nos dele. Ele sabia que estava preparado para enfrentar as consequências das suas ações.
O exílio na superfície do plano inferior seria uma punição severa, mas Kai estava determinado a sobreviver. Ele sabia que teria que usar todas as suas habilidades e recursos para se manter vivo.
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