Volume 8
Prólogo: Segredo
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NO MEIO DE OUTUBRO, EM UMA CERTA NOITE, AYANO DESPERTOU de repente, sentindo-se inquieta.
Ah, está quente…
Ao acordar, ela percebeu imediatamente que seu corpo estava envolvido por um calor úmido. Irritada, afastou o edredom de cima de si.
Recentemente, ela finalmente começara a sentir o frio das noites de outono e havia parado de usar uma coberta fina, mas naquela noite, o clima parecia desconfortavelmente úmido.
Já é outono, hm…
Ayano, tentando voltar a dormir, virou-se na cama, mas logo percebeu, em apenas dez segundos, que não conseguiria. Decidiu se levantar.
Banheiro…
Cuidando para não fazer barulho e evitar acordar os outros na casa, Ayano saiu do seu quarto com extrema cautela. Caminhando pelo corredor sem muita luz, terminou de usar o banheiro e estava prestes a voltar ao seu quarto quando um som suave chamou sua atenção.
Será que ela havia acordado alguém…? A possibilidade passou rapidamente pela mente de Ayano, afastando instantaneamente a sonolência que ainda restava. Se o som fosse de seus avós ou da equipe da casa, estaria tudo bem. Mas, se por acaso o som tivesse vindo de alguém da família Suou, a quem Ayano servia… ela não teria outra opção senão se prostrar.
Arrepiada com o espanto antecipado, Ayano, enquanto desejava desesperadamente ter se confundido, seguiu na direção de onde ouvira o som. Subindo as escadas, caminhando pelo corredor, virando uma esquina… e lá, em sua linha de visão, Ayano sentiu o impulso de olhar para o céu quando uma figura apareceu.
Uma mulher de cabelos longos e negros trançados, vestindo um camisão. Sem dúvida, era Yumi Suou, mãe de Yuki Suou, a quem Ayano servia.
— Eu devo me prostrar…
Pensando rapidamente, Ayano começou os movimentos preliminares para uma prostração deslizante… mas parou abruptamente. Se Yumi, assim como Ayano, havia acabado de ir ao banheiro e pretendia voltar a dormir logo depois, surpreendê-la agora poderia ser mais um incômodo do que qualquer outra coisa.
Decidiu então não chamá-la naquele momento e planejou se prostrar apenas na manhã seguinte. Ayano pensou que seria mais considerado. Sim, isso era o mais sensato a se fazer.
Então, justo quando se decidiu a se prostrar apenas na manhã seguinte, Ayano de repente notou uma leve sensação de inquietação.
— ? …?
Os passos de Yumi ecoavam enquanto ela caminhava pelo corredor à frente. Pareciam vacilantes, mesmo levando em conta que ela acabara de acordar. Além disso, ficou claro que Yumi não estava indo para o banheiro.
Para onde ela está indo…?
Sentindo-se um pouco preocupada, Ayano seguiu Yumi. Ao ver o cômodo para o qual Yumi entrou, Ayano ficou profundamente perplexa.
A sala de piano? O que ela estará fazendo a essa hora…?
Certamente Yumi não estaria tocando piano tão tarde. Se não fosse isso, talvez ela tivesse esquecido algo na sala… Pensando assim, Ayano espiou pela porta entreaberta e piscou.
Yumi-sama…?
A luz da lua iluminava o ambiente, e Yumi estava sentada diante do piano de cauda. No entanto, isso era tudo. Sem abrir a tampa do piano, seu olhar permanecia fixo entre as teclas e o suporte de partituras, aparentemente encarando algo que não estava lá.
A estranheza das ações de Yumi fez Ayano tremer. Ao perceber a causa desse comportamento estranho, um calafrio percorreu sua espinha. Não aguentando mais, ela estava prestes a chamar Yumi e acordá-la, quando…
— Espere.
Sobressaltada pela voz que veio de ao seu lado, Ayano se virou. Então, ao olhar para cima, a grande figura que estava diante dela fez seus olhos se arregalarem.
— Mestre—
Sua tentativa de falar foi silenciada por um gesto de mão levantado. Ayano manteve a boca fechada. Lentamente, Gensei se aproximou de Yumi, que ainda estava encarando o piano, e falou com uma voz suave para sua filha.
— Yumi.
Apesar do chamado do pai, Yumi não demonstrou nenhuma reação. Contudo, sem dizer mais nada, Gensei continuou observando-a em silêncio.
De repente, os olhos de Yumi se fecharam lentamente, e seu corpo se inclinou precariamente. Antes que Ayano pudesse correr para socorrê-la, como se antecipando, Gensei segurou o corpo de Yumi. Com uma força que não parecia compatível com alguém prestes a completar setenta anos, ele levantou Yumi, totalmente relaxada.
— Mestre, deixe-me—
— Está bem.
Rejeitando a oferta silenciosa de Ayano, Gensei carregou Yumi até seu quarto. Seguindo atrás, ansiosa, Ayano observou Gensei, com passos firmes, chegar ao quarto de Yumi e colocá-la na cama.
E quando Gensei deixou o quarto silenciosamente e fechou a porta, Ayano não pôde deixar de perguntar.
— Hum, Mestre… O que aconteceu com Yumi-sama…?
Optando por não usar o termo definitivo sonambulismo, Ayano fez a pergunta em voz baixa, e Gensei suspirou suavemente antes de responder.
— Mesmo após a morte de Naotaka, ela ainda passava por isso… Achei que ela tivesse se recuperado depois de conhecer Kyotarou. Mas parece que isso começou novamente há alguns dias.
— Há alguns dias…?
Pensando no que aconteceu por volta daquela época, Ayano arregalou os olhos.
— Você também deve ir dormir. Mantenha esse assunto em sigilo absoluto. Isso vale para a Yuki também, e para a própria Yumi.
Com apenas essa ordem, Gensei se dirigiu para seu quarto, que ficava ao lado, sem nem sequer cumprimentar, deixando Ayano parada ali, atônita.
Eu…
Se o sonambulismo de Yumi realmente fosse causado por estresse psicológico, havia apenas um evento que Ayano poderia considerar como a causa.
O que eu fiz foi uma interferência desnecessária…?
No Festival Cultural, Ayano havia levado Yumi para assistir à performance de piano de Masachika. Ela fez isso com o pensamento de que mostrar a determinação de Masachika para seguir em frente poderia diminuir o peso do arrependimento no coração angustiado de Yumi. No entanto…
Masachika-sama… Parece que cometi um erro…
O arrependimento e a sensação de impotência envolveram todo o ser de Ayano. No final, com sua sabedoria rasa, ela não conseguiu salvar o coração de Yumi. Claro que não. Nem mesmo Yuki conseguiu salvar o coração de Yumi. Yuki também… e certamente Kyotaro também, enquanto podiam curar o coração de Yumi, não poderiam salvá-lo. Se alguém pudesse salvar o coração de Yumi, seria…
……
Olhou para a lua flutuando no céu noturno, e Ayano fez uma oração. Ela sabia. As feridas no coração de Masachika eram mais profundas do que as que Yumi carregava. Então, ela não podia expressar isso em palavras. Sendo impotente e sem talento, tudo o que ela podia fazer era desejar. Que seu respeitado mestre salve Yumi… e Yuki.
— Por favor…
Guardando a súplica não dita em seu coração, Ayano girou nos calcanhares e se afastou.
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