Volume 6

Capítulo 9: Vou Cumprir Minha Palavra


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Será que as coisas estão animadas por lá agora?

Nos bastidores do auditório, Masachika mergulhava em pensamentos sobre Alisa e os outros que estavam se apresentando no palco do pátio da escola.

— Isso é ridículo. Não dá pra segurar com esses pedidos, Kuze?

— De fato. Tenho uma apresentação depois disso, sabia? Graças àqueles encrenqueiros, não tive tempo para ensaiar.

— Me desculpem, vocês dois.

Masachika, abordado pelo exausto gerente de palco e pela irritada Sumire, inclinou a cabeça sinceramente. Ele sabia que seu pedido era bastante irracional, então pedir desculpas era a única resposta adequada.

Originalmente, as apresentações planejadas para o palco do pátio e o ginásio foram suspensas temporariamente devido ao incidente. Felizmente, não houve perturbações no auditório, então reforçaram a segurança com mais professores e guardas e continuaram conforme o cronograma.

No entanto, após o anúncio de uma extensão de trinta minutos no horário de encerramento do festival escolar, houve um excesso de tempo para a apresentação no auditório. Foi quando Masachika conseguiu encaixar sua disputa com Yusho.

Idealmente, teria sido mais fácil ajustar se o horário do duelo fosse nos últimos trinta minutos. Porém, esse período estava reservado para a apresentação do clube de kendo feminino no ginásio, então não houve alternativa. Como resultado, o ajuste de agenda foi bastante complicado. Ainda assim, conseguiram viabilizá-lo, talvez porque Masachika, sendo um dos organizadores das apresentações no auditório, havia construído uma relação de confiança com os outros membros da equipe.

— Bem, se o nosso Yusho-san está envolvido, não há muito o que fazer... Mas o que você quer dizer com competição de piano? Embora já tenham acontecido duelos que não fossem debates em eventos anteriores, um confronto entre os candidatos à Presidência do Conselho Estudantil e um Vice-presidente opositor, sem seus respectivos pares — isso é inédito.

Sumire arqueou uma sobrancelha enquanto olhava para Yusho, que permanecia ao fundo com uma expressão aborrecida. Ela deu alguns passos à frente, colocando a mão direita na espada de imitação presa à cintura. Mesmo assim, Yusho continuou desviando o olhar, o que fez Sumire estalar a língua.

— Yusho-san, desde quando começou a me ignorar assim?

— Estou apenas concentrado. Me deixe em paz, Sumire-neesan.

Sumire franziu a testa com a atitude rude de Yusho, mas logo suspirou levemente e se voltou para Masachika, perguntando.

— E então? De qualquer forma, já que é um duelo, deve haver algo em jogo. O que vocês estão apostando?

Por exemplo, um debate é uma batalha de argumentos para afirmar as próprias opiniões. Independentemente do conteúdo específico do confronto, é um pressuposto fundamental que o vencedor possa fazer algumas exigências. Mas, neste caso, Masachika não podia responder à pergunta.

— Me desculpe, senpai. Não posso revelar o que está em jogo até que haja uma resolução.

— Oh? Então, como a aposta será realizada? Por exemplo, em um debate, é costume ambas as partes declararem publicamente suas exigências antes do confronto, com toda a plateia servindo como testemunha, não é?

— Não tornaremos as apostas públicas desta vez. Aqui, tanto Kiryuin quanto eu escrevemos nossas exigências em caso de vitória. Vamos pedir para você abrir o envelope do vencedor, senpai, e será a testemunha dessas exigências.

Embora o envelope de Yusho estivesse vazio, caso ele ganhasse. Sumire arqueou as sobrancelhas ao receber os dois envelopes que Masachika lhe entregou.

— Certo, então serei a anfitriã também?

— Não. Mesmo que seja no formato de um duelo de exibição, ainda será tecnicamente tratado como um debate. Então, pedi para um membro do Conselho Estudantil assumir esse papel.

Assim que Masachika disse isso, a porta no fundo do palco, que dava para fora, se abriu.

— Com licença~.

Entrando suavemente, estava Maria, a moderadora do debate que Masachika havia chamado.

— Desculpe por avisar tão em cima da hora, Masha-san.

— Não foi nada~, está tudo bem. As coisas já se acalmaram bastante, certo~?

Assim que viu Masachika, Maria balançou a cabeça suavemente com um sorriso descontraído. Masachika não pôde evitar devolver um sorriso meio torto àquele gesto que, de forma estranha, aliviava sua tensão.

— Bom, já que você diz... Estamos com pouco tempo, então posso começar a explicar agora?

— Claro~.

Maria assentiu, e quando Masachika estava prestes a começar a explicação... Sumire, que cobria o rosto, de repente ergueu a cabeça e falou.

— Isso é injusto! Quero chamar a atenção também, já que vim até aqui!

— Hã?

Diante de um pedido tão direto e genuíno, Masachika virou o rosto, com a bochecha contraída. E então, ao ver a expressão descontente de Sumire, ele se sentiu meio desanimado.

— Certo, então posso deixar com vocês duas?

— Sim, claro!

— Sem problemas~!

Com Sumire estufando o peito com orgulho e Maria respondendo com um sorriso gentil, Masachika não conseguiu evitar que seu sorriso meio torto se aprofundasse. Ele então prosseguiu com a explicação.

***

— Ayano-san, tem certeza de que não precisa estar ao lado da Yuki-san? Parece ter havido algum problema…

Falando em voz baixa com Ayano, que estava sentada no assento vizinho, estava Yumi Suou, mãe de Masachika e Yuki. Yumi, que havia planejado assistir apenas à apresentação de sua filha e depois voltar para casa, foi levada ao auditório por Ayano, que a encontrou no portão da escola, deixando-a perplexa.

— O problema foi resolvido, madame. Houve uma pequena questão, mas graças aos esforços do conselho estudantil, foi amplamente resolvida. No entanto, a Yuki-sama ainda precisa de um pouco mais de assistência, então, se puder esperar aqui por um momento…

— Bem... mas por que no auditório? Se há tempo, então…

As palavras de Yumi ficaram no ar enquanto ela olhava ao redor, incerta. Ayano entendia o que Yumi estava prestes a dizer. Mas, porque entendia — não, precisamente porque entendia — Ayano tomou a iniciativa.

— Decidi trazê-la aqui, madame.

— Hã? O que quer dizer?

Assim que Yumi expressou sua dúvida, a apresentação da banda de sopro chegou ao fim, e ambas aplaudiram. Então, enquanto os alunos com seus instrumentos deixavam o palco, duas alunas belíssimas surgiram.

— Hã? Kujou-senpai e Kiryuuin-senpai?

— Por que a Secretária do Conselho Estudantil e a Vice-presidente do Comitê Disciplinar estão aqui?

— Espere, a próxima apresentação não seria uma peça de leitura do clube de literatura?

Yumi não entendia, mas os alunos ao redor levantaram vozes surpresas e confusas com a aparição das duas. Alguns, preocupados, tentaram sair dos seus lugares, mas logo se sentaram de novo; outros, percebendo algo, começaram a contactar amigos pelos celulares. Sob o misto de olhares ansiosos e antecipativos do público, Maria tomou a palavra.

— A todos aqui presentes, estão gostando das apresentações? Primeiro, permitam-me começar com uma introdução. Sou Maria Kujou, Secretária do Conselho Estudantil. Em nome do comitê organizador do festival estudantil, gostaria de pedir desculpas por qualquer inconveniente e preocupação causados. Além disso, como membro do Conselho Estudantil, aproveito esta oportunidade para pedir desculpas em nome deles também. Sinto muito.

Sem abandonar sua habitual aura despreocupada, Maria curvou-se com uma atitude sincera. E, para não deixar o clima no auditório se tornar sombrio, ergueu a cabeça antes que a atmosfera ficasse pesada demais e continuou em um tom levemente mais animado.

— Portanto, como parte de nossas desculpas, gostaríamos de realizar um evento surpresa aqui, mesmo que seja algo repentino.

Quando Maria desviou o olhar para o lado, Sumire avançou com um microfone na mão.

— Sou Sumire Kiryuin, Vice-presidente do Comitê Disciplinar, e serei a anfitriã deste evento surpresa. O que acontecerá aqui é uma tradição da Seirei Gakuen: um confronto direto entre os candidatos na eleição, colocando em jogo o orgulho deles.

Nesse momento, as vozes dos alunos, que já haviam adivinhado o que estava por vir, começaram a se agitar. Em meio à propagação de surpresa e expectativa, Sumire riu de forma vibrante e fez seu anúncio.

— Faremos aqui um debate em formato especial!

Os murmúrios transformaram-se em aplausos e gritos de animação. Alunos ativos e ex-alunos demonstraram surpresa e alegria pelo inesperado evento surpresa, enquanto aqueles que não estavam familiarizados com a situação ao redor ficaram entusiasmados e começaram a questionar os amigos pelo telefone. Gradualmente, a empolgação deu lugar à curiosidade, com perguntas como: "Quem competirá e sobre qual tema?" ou "O que envolve esse formato especial?".

Para responder, Maria ofereceu uma explicação.

— Como temos convidados de fora desta vez, não faremos um debate tradicional, mas sim um formato diferente para o confronto. Os dois competidores são estes dois!

Ao gesticular para o lado do palco, dois estudantes apareceram.

— Oficial de Assuntos Gerais do Conselho Estudantil, Masachika Kuze-kun.

— E o Presidente do Clube de Piano, Yusho Kiryuin.

Com as introduções feitas por Maria e Sumire, o auditório foi novamente tomado pela empolgação.

— Kyaaah! É o príncipe!

— Yusho-sama!

— Hã, Kiryuin!? Ele está concorrendo a algo!?

— Kiryuin aqui!? Sério!?

— Entendi, então é disso que o Kiryuin-senpai estava falando...

A maioria das vozes era claramente dirigida a Yusho.

— Kuze... aquele cara que ajudou a derrotar Taniyama no debate do semestre passado?

— O candidato a vice-presidente que trabalha nos bastidores... Hã, e a princesa Alya?

— É raro vê-lo aparecer sozinho.

Alguns indivíduos mais atentos lançaram olhares curiosos a Masachika.

— Masachika Kuze-kun será acompanhado por Alisa Kujou, a Tesoureira do Conselho Estudantil.

— E Yusho Kiryuin será acompanhado por mim.

— Os dois irão competir... ali!

Maria apontou com a mão, e lá, na frente do palco, estava um grande piano deixado pela banda de sopro. Ele estava sendo levado ao centro do palco pelos membros da equipe.

— Sim, o piano. Os dois tocarão alternadamente, e vocês, do público, escolherão qual apresentação gostaram mais.

Nesse momento, a atmosfera no local mudou completamente para um misto de perplexidade.

— O quê? Piano? O Kiryuin tem uma vantagem clara aqui.

— Como assim? Isso nem parece uma competição.

— Espera aí, Kuze? Ele sabe tocar piano?

— Bom, estudei na mesma turma que ele no primeiro e no terceiro ano do fundamental, mas nunca vi nada extraordinário vindo dele.

Com a competição inesperada se desdobrando, a atmosfera naturalmente começou a esfriar. Especialmente entre os alunos atuais, muitos já encaravam a situação com desdém, pensando: "Ah, isso é só uma distração."

Prevendo essa reação, Maria e Sumire rapidamente passaram para a competição, encurtando seu papel como apresentadoras.

— Agora, vamos direto para a disputa.

— Primeiro, começaremos com a apresentação de Yusho Kiryuin.

Os outros três se retiraram para os bastidores, e Yusho começou os preparativos. Durante esse tempo, conversas confusas encheram o público.

— O quê? Eles realmente vão competir com piano?

— Espera aí, o que acontece se um deles vencer? Eles esqueceram de explicar o propósito disso?

— Oh? Agora que mencionou...

Sussurros desconfiados ecoavam pelo ambiente, enquanto Yumi, observando o palco com um olhar distante, murmurou para si mesma.

— Aquele menino... tem tocado piano?

Então, quase inconscientemente, ela lançou seu olhar para Ayano, sentada ao seu lado. Percebendo a pergunta implícita naquele olhar, Ayano respondeu calmamente.

— Não, Masachika-sama não toca piano desde aquele dia, pelo que sei.

Ao ouvir as palavras de Ayano, a expressão de Yumi ficou sombria. Sem desviar o olhar para ela, Ayano disse suavemente.

— Pensei que talvez a madame quisesse vê-lo tocar.

...

Um conflito silencioso se estendeu por alguns segundos. Mesmo com Ayano olhando para frente, a tensão daquele embate interno era quase palpável.

...

Finalmente, Yumi se acomodou na cadeira. Sentindo a mudança em seu comportamento, Ayano refletiu.

Por quem Masachika-sama tocará desta vez?

Sempre que Masachika tocava piano, era para alguém. Não para o público geral, mas para uma pessoa específica — às vezes para Yumi, outras para Yuki, e ocasionalmente para Ayano. Mas, com Yuki e Alisa ausentes e Masachika sem saber da presença de Yumi e Ayano... então...

Masachika-sama... Para quem exatamente você tocará o piano?

Ignorando a pergunta de Ayano, especulações equivocadas começaram a se espalhar entre os estudantes ao redor.

— Ah, então isso é como uma partida de exibição preparada pelo comitê organizador do festival?

— Faz sentido. Agora que mencionou, nunca ouvi falar do Kiryuin-san concorrendo a algum cargo antes.

— Ah, entendi. Deve ter sido difícil colocar Suou-san e Kujou-san frente a frente de novo, então arranjaram rapidamente oponentes para se enfrentarem.

— Além disso, é estranho ver um candidato à Presidência e outro à Vice-Presidência competindo diretamente.

Chegaram às próprias conclusões, e um leve senso de desapontamento começou a se instalar. Mas, assim que a atmosfera parecia se dissipar, a apresentação de Yusho começou, dissipando o clima sombrio.

***

A apresentação ao vivo estava ainda mais emocionante do que os cinco tinham imaginado.

Talvez isso se devesse ao fato de Alisa ter trabalhado incansavelmente no palco para acalmar o caos, o que elevou o nível de atenção do público. As cadeiras da plateia estavam lotadas desde o início da apresentação, e havia também um número considerável de espectadores em pé. Agora, após duas músicas cover, era seguro dizer que o local estava completamente cheio e vibrante. No entanto, Masachika ainda não aparecera.

Masachika-kun.

A pessoa que Alisa mais queria ver estava ausente, não importava o quanto ela procurasse. Ele simplesmente não estava lá, e isso lançava uma sombra de preocupação em seu coração. Mas...

— Alya-san.

Naquele momento, ela não estava sozinha. Havia companheiros que se importavam com ela e entendiam seu estado emocional.

Vai ficar tudo bem.

Respondendo ao chamado de Hikaru com um olhar, Alisa escaneou o público. E então, querendo alcançar até mesmo Masachika, que estava invisível, ela ergueu a voz.

— Agora, é hora da música final. Por favor, ouçam — Yumegen.

***

— Incrível! Nunca vi um aluno aprender tão rápido, Sensei!

— Ele é, sem dúvida, um gênio. Não há dúvidas de que será um pianista que representará o Japão no futuro.

Parem. Parem de dar elogios tão transparentes.

— A performance foi tão cativante, não importa quantas vezes eu ouça. Realmente digna do Príncipe do Piano.

— De fato, — prodígio — é um rótulo que combina perfeitamente com Yusho-san.

Cale-se. Não venha com elogios superficiais.

O que vocês sabem sobre gênios? O que sabem sobre prodígios? Vocês só podem dizer essas coisas porque não conhecem o verdadeiro talento. Não conhecem as melodias que fazem a espinha gelar. O talento que domina um local com uma única nota. Vocês não sabem, e provavelmente nem conseguem imaginar, o quanto esses elogios vazios me fazem sentir miserável.

— Oh, não é aquele que apareceu na TV outro dia?

— Sim, é ele mesmo. Kiryuin Yusho-kun, que ganhou a medalha de ouro em uma competição. Ele é bem legal, né?

— Oh? Mas ele não é quem vai se apresentar no encerramento desta vez?

— Bem, você sabe como é, né? Ele tem um rosto bonito... É assim que a TV funciona. A propósito, quem toca no encerramento é o vencedor do Prêmio de Melhor Performance.

— Ah, entendi. Então Yusho foi o vice, né?

— Heh.

— Haha, ele provavelmente está ouvindo você, sabia?

Aquelas palavras, ditas pelos meus colegas em um recital, ficaram gravadas de forma vívida nos meus ouvidos e mente juvenis. Vice-campeão. Perdedor. Ser elogiado apenas por ter um rosto bonito. Foi uma humilhação tremenda.

Meus pulmões tremiam, e, através do espaço entre os dentes cerrados, era evidente que minha respiração estava pesada.

Não me provoquem...! Vocês, inúteis, muito piores do que um segundo lugar!

Tive vontade de agarrá-los pela gola naquele instante, mas não pude. No fundo do meu coração, sabia que aquelas palavras eram verdadeiras.

Eu nunca poderia vencê-lo. Eu era sempre, sempre o segundo melhor. Um verdadeiro gênio. Um prodígio genuíno. Suou Masachika.

— Kiryuin-kun, por favor, prepare-se.

Chamado pela equipe, assim que pisei no palco, aplausos e gritos de entusiasmo ecoaram. Após minha performance, transformaram-se em uma ovação que encheu o local. Mas... no momento em que ele começou a tocar, a atmosfera do local mudou instantaneamente. O público, que há segundos estava casualmente murmurando, agora não emitia um único som. A tensão era semelhante à de ser transportado subitamente de um concerto infantil para o ambiente de uma orquestra profissional.

— Suou-kun, foi incrível!

— Obrigado.

Mas, mesmo após uma performance tão impressionante, ele parecia completamente desinteressado. Voltou rapidamente ao camarim, ignorando os elogios do professor que o recepcionou, os aplausos tardios do público e o olhar admirado dos outros performers. Ele sequer me dirigiu um olhar, mesmo eu o encarando com ressentimento.

Ele era um incômodo. A existência chamada Suou Masachika era verdadeiramente amaldiçoada. Por causa dele, qualquer elogio que eu recebesse parecia vazio e sem sentido.

Elogios vindos de pessoas que o conheciam pareciam mera bajulação, e os vindos de pessoas que não o conheciam soavam como delírios de gente ignorante. Para me libertar dessa maldição, dediquei-me desesperadamente. Todos os dias, meus dedos sangravam, e eu martelava as teclas até não conseguir segurar os hashis. Passei a odiar o piano, que antes amava profundamente. Ainda assim, não podia desistir. Apenas com a determinação de derrotá-lo, continuei tocando piano.

E então... ele simplesmente desapareceu um dia, como se dissesse: — Não estou mais interessado no piano.

Ele me deixou amaldiçoado. Não apareceu em nenhum recital, competição — em lugar algum. Enquanto eu permanecia atônito, prêmios e troféus chegavam prematuramente.

— O que é isso?

O título que eu sempre quis, o primeiro lugar, parecia um lixo. Os elogios direcionados a mim ainda pareciam vazios. A palavra "segundo lugar" continuava grudada na minha mente e não saía.

— Que absurdo......

Por que me esforcei tanto por algo assim? Por que levei isso tão a sério? Desde o início, e mesmo antes de Suou, por que era assim?

— Por fim, gostaria de perguntar sobre seu sonho para o futuro. Ainda é se tornar um pianista profissional?

O entrevistador me entregou o microfone, e eu forcei um sorriso no rosto para responder.

— Não, é herdar a empresa do meu pai e liderá-la magnificamente. Tocar piano é apenas um hobby para mim.

Era tolice levar o piano a sério, não era? Certo, Suou?

***

Aquela maldição... será quebrada hoje.

De frente para o piano, Yusho sentia emoções conflitantes de raiva e alegria girando em seu coração.
A raiva das memórias miseráveis e o sentimento de humilhação ainda persistiam em sua mente, junto com a sombria alegria de finalmente poder se redimir do tormento que havia sofrido por anos.

Apesar de seus esforços para suprimir essas emoções, um sorriso escapou incontrolavelmente dos lábios de Yusho. Na frente dessa plateia, ele poderia derrotar Masachika Suou. Ele poderia provar que era digno do primeiro lugar e se libertar da maldição. Esse seria o momento em que finalmente poderia encarar o piano que outrora amava e os elogios que lhe eram dirigidos.

Com isso em mente, nada mais parecia importar. Ele havia investido muito esforço, tempo e dinheiro para preparar um concerto que estava por vir, mas agora até isso parecia insignificante. A única coisa que importava era poder competir novamente com Masachika Suou no piano. Apenas essa oportunidade era suficiente.

Para vencer perfeitamente, sem sombra de dúvida.

Por essa razão, ele deliberadamente pediu a mesma ordem de performance de antes. Para derrotá-lo, que seria o último a se apresentar. E mais... com sua melhor peça. Com um sorriso nos lábios, Yusho posicionou os dedos nas teclas e começou a tocar.

Noturno nº 2 em Mi Bemol Maior, Op. 9, de Chopin.

***

Uma melodia bela e encantadora ressoou por todo o local. Ela capturou a atenção do público, que havia sentido uma sensação de anticlímax, e naturalmente os fez endireitar a postura.

— Uau, isso foi incrível! Ele é realmente habilidoso — sussurrou Maria nos bastidores do palco, claramente impressionada.

— Sim — Masachika concordou, também em voz baixa.

— Mas está tudo bem ficar impressionado? Considerando que eles são nossos oponentes na próxima disputa — perguntou Maria desconfiada, com os olhos cheios de dúvida. Masachika deu de ombros levemente e respondeu casualmente.

— Bem, nunca pensei que poderia vencer desde o início.

— Hã?

Masachika sabia muito bem que não podia vencer. A pausa de cinco anos foi significativa. Mesmo que seu corpo lembrasse a música, seus dedos provavelmente não se moveriam como ele pretendia. Ele não subestimava o piano, nem Yusho, que vinha praticando constantemente durante todo esse tempo, a ponto de acreditar que poderia derrotá-lo.

Bem, contanto que eu toque sem ser motivo de risos, deve ser o suficiente.

Mas isso não era problema. Masachika já havia alcançado seu objetivo quando Yusho aceitou o desafio. Seu objetivo desde o início era impedir o contato de Yusho com o Raikokai, convencê-los a enterrar a verdade desse incidente nas sombras e obter sua aprovação sob a justificativa de que tudo fazia parte da campanha eleitoral. Para atingir esse objetivo, Masachika usou violência para submetê-los, provocando Yusho a perder a compostura e aceitar essa disputa injusta.

Sim, essa disputa era injusta. O conteúdo do confronto favorecia Yusho, mas Masachika não tinha muito em jogo, mesmo que perdesse. Julgando pelas reações do público mais cedo, eles consideravam isso um confronto incomum, onde as regras não haviam sido divulgadas e não havia menção às apostas, apenas como entretenimento preparado pelo Conselho Estudantil para se desculpar por toda a confusão.

Na realidade, havia apostas envolvidas, mas a compensação pela derrota de Masachika era simplesmente "não fazer nada sobre as suspeitas contra Yusho." Como nada seria feito, era praticamente como se ele não existisse para o público. Mesmo que Masachika perdesse em uma disputa cheia de elementos injustos e sem apostas explícitas, sua honra não seria significativamente prejudicada. Mesmo que Yusho reclamasse mais tarde, ele poderia simplesmente fingir ignorância e dizer: "Hã? Isso não era apenas entretenimento? Não apostamos nada." Como ele não conseguiria a aprovação do Raikokai, seria Yusho quem ficaria em apuros ao mencionar as apostas.

Eu nunca pensei que ele aceitaria minha proposta tão prontamente. Será que ele tem um trauma tão grande por não ter conseguido me derrotar no passado? E por que ele fez questão de me desafiar com uma peça que eu costumava tocar muito naquela época?

Essa peça foi a primeira de Chopin que Masachika aprendeu a tocar. Como sua mãe amava Chopin, ele frequentemente escolhia tocá-la em recitais em que não havia peças específicas designadas.

Mas é incrível como pode transmitir uma impressão completamente diferente quando tocada por outra pessoa.

A mãe de Masachika e sua professora de piano costumavam dizer que a música de Chopin podia se transformar em uma peça completamente distinta dependendo de quem a tocasse, e isso era verdade.

A performance de Yusho era impecável e habilidosa, mas, para os ouvidos de Masachika, parecia um pouco apressada demais.

Ele está demonstrando competitividade excessiva contra mim, não está? Bem, isso dá um certo poder de cativar.

Pensando assim, Masachika se perguntou, com um toque de autodepreciação, se estava em posição de avaliá-lo de forma tão arrogante. Então, para tranquilizar Maria, que o olhava com um olhar preocupado, ele disse.

— Está tudo bem, de verdade. Mesmo que eu perca, não será um grande problema.

— Você quer dizer, em termos de campanha eleitoral? — Maria perguntou.

— Hã?

Masachika não entendeu o significado por trás das palavras de Maria, piscou e se virou para ela. Maria, com um olhar de genuína preocupação, segurou a manga da roupa de Masachika.

— Mesmo que não tenha um impacto significativo na campanha eleitoral... se isso significa que você vai se machucar, ainda podemos parar agora, sabia?

Masachika foi pego de surpresa pelas palavras dela, e sua expressão relaxou instantaneamente.

— Obrigado... mas eu realmente estou bem.

— Tem certeza?

— Sim, não me importo com os olhos do público ou suas avaliações. Além disso...

— Além disso, o quê?

Ele hesitou um pouco, sentindo-se envergonhado quando chegou nesse ponto. Mas não podia mentir na frente de Maria, que parecia apenas curiosa e preocupada. Desviando ligeiramente o olhar, ele falou.

— Hoje... estou planejando tocar para a Masha-san.

— Hã?

— Você sabe... nós fizemos uma promessa há muito tempo. Que eu deixaria você ouvir minha performance no piano.

— Ah...

Era uma promessa entre Saa-kun e Maa-chan. Ele havia prometido convidar Maa-chan para um recital para que ela pudesse ouvir sua performance no piano. No entanto, essa promessa nunca havia sido cumprida porque Maa-chan tinha retornado à Rússia.

— Você... lembrou de uma promessa tão antiga.

— Bem, desculpe. Honestamente, eu tinha esquecido até recentemente.

— Hehe, fico feliz que tenha lembrado mesmo assim.

— Promessas são importantes, afinal.

Maria apertou firmemente a mão de Masachika com sua mão suave, fazendo-o se sentir desamparado e envergonhado. Então, enquanto conversavam em sussurros, Sumire, com uma expressão levemente séria, interrompeu.

— Perdão por interromper sua conversa secreta, mas a performance de Yusho-san terminará em breve.

— Ah, desculpe.

— Bem, tudo bem. Haaaah... Yusho-san é uma pessoa tão lamentável.

Masachika suspirou, sentindo um toque de constrangimento ao ver a figura de Sumire se sobrepondo à de Nonoa. Nesse momento, a performance de Yusho chegou ao fim, e aplausos explodiram pelo salão.

— Yusho-samaaa!!

— Príncipeee!!

Os gritos mais altos vieram das mulheres do clube de piano. Respondendo às mãos erguidas, Yusho voltou para os bastidores.

— Bem, lá vou eu.

— Sim... faça o seu melhor.

Masachika devolveu um pequeno sorriso em resposta ao apoio de Maria, trocou de lugar com Yusho e subiu ao palco. Naquele breve momento em que se cruzaram, o olhar que Yusho lançou a Masachika estava carregado do mesmo espírito competitivo de antes. Isso fez Masachika rir discretamente.

Ele pode me olhar assim... mas eu não tenho intenção de competir com ele, e isso nem seria uma competição justa.

Por mais que fosse encarado, Masachika não tinha nem a vontade nem a capacidade de responder. Além disso, não havia obrigação para tal. Para Masachika, Yusho era apenas um cretino que tentou arruinar o festival cultural. Ele não sentia simpatia por Yusho, ao contrário de Nao. Quaisquer sentimentos ou circunstâncias que Yusho tivesse não eram da conta de Masachika.

Bem, assustá-lo mais cedo me deixou um pouco aliviado. Neste ponto, eu realmente não me importo mais.

Mais importante do que isso era cumprir a promessa com Maria.

Agora, o que devo tocar?

Após fazer uma reverência para a plateia e se sentar ao piano, Masachika começou a pensar, tardiamente, sobre qual seria a peça apropriada para dedicar a Maria. E então, ele percebeu.

Não, não é para Maria... É para a Maa-chan.

A pessoa com quem Masachika fez a promessa era Maria, mas não a Maria de agora. Era a inocente Maa-chan daquele dia. A Maa-chan daquele dia, de quem ele se separou por causa de um mal-entendido. Nesse momento, uma conversa que Masachika teve com sua professora de piano ressurgiu em sua mente.

— Realmente, Suou-kun, você consegue tocar qualquer peça, não é? Está aqui tem um nível de dificuldade F, sabia?

— É mesmo? Para mim, senti que o "Estudo Revolucionário" era mais difícil…

— Esse também é um F, sabia? Ah, a propósito, você sabia, Suou-kun? O nome "Estudo Revolucionário" não foi dado pelo próprio Chopin.

— Sério?

— Sim, muitos dos títulos das peças de Chopin foram adicionados por outras pessoas.

— Nesse caso, essa peça também tem um título?

— Tem. O nome pelo qual esta peça é amplamente conhecida no Japão é―

Nesse momento, Masachika deu uma risadinha suave e colocou os dedos no piano.

Isso mesmo. Agora, eu não serei Kuze, mas Suou.

Era isso que seu oponente esperava. Então, só por agora, ele poderia representar esse papel e se tornar Suou novamente. E, por causa daquela criança distante de muito tempo atrás, a quem ele dedicaria sua performance.


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