Volume 4.5
Capítulo 2: Uma Princesa e um Deus
Este Capítulo foi traduzido pela Mahou Scan entre no nosso Discord para apoiar nosso trabalho!
— Nonoa! Arrume meu cabelo pra mim!
— Hmm?
Um dia, durante as férias de verão, Nonoa estava relaxando em seu quarto quando a porta se abriu de repente. Uma adorável garota, aparentemente decidida, com cabelo castanho escuro e olhos ligeiramente amendoados, entrou correndo no quarto. Era sua irmã, Lea Miyamae, dois anos mais nova, que havia entrado sem bater — e foi recebida com o olhar de reprovação de Nonoa.
— Lea, você deveria bater na porta--
— Quem liga pra isso?! Agora, vamos! Por favor?
Lea implorou e fez uma pose fofa com as mãos nas bochechas.
— Hmmm, Tá, tá.
Nonoa saiu casualmente da cama, sentou sua irmã em frente à penteadeira e ligou a chapinha.
— Mmm, Então? O que você quer que eu faça hoje?
— Tipo... Quero igual você fez na semana passada, durante a sua sessão de fotos!
— Entendi.
Ela começou a escovar o cabelo da irmã enquanto pensava no estilo que usou no outro dia. De repente, um adolescente com ar travesso enfiou a cabeça no quarto.
— Ei, anda logo. Vamos nos atrasar.
— Cala a boca! Nunca apresse uma dama. Não é à toa que você não é popular.
— O quê? As garotas me adoram.
Respondeu Leo Miyamae, o irmão gêmeo de Lea, irritado e com a sobrancelha levantada. Embora a maioria das pessoas fosse zombada por afirmar que eram populares com o sexo oposto, Leo tinha uma aparência que sustentava sua afirmação. Na verdade, esses gêmeos, que compartilhavam traços atraentes, modelavam juntos de vez em quando, e Leo era extremamente popular. Os três irmãos tinham isso em comum.
— Vocês vão sair com seus amigos modelos hoje?
— Sim, vamos nos encontrar com algumas pessoas da última sessão de fotos... Ah, ei! Quer vir com a gente?
— Hmm? Ah, não posso. Já tenho planos.
— Awww. Mais garotos pra mim, então, imagino.
Lea disse com um sorriso atrevido enquanto Nonoa continuava arrumando seu cabelo. Mas, ao ver sua expressão no espelho da penteadeira, Leo, que estava encostado no batente da porta, franziu a testa abertamente.
— Você é uma sem-vergonha.
— É, diz o cara que tem uma nova garota toda semana.
— Diferente de você, eu não flerto e tento seduzir todas as garotas que vejo. Não é minha culpa se todas se sentem atraídas por mim.
Os gêmeos começaram a trocar insultos enquanto se encaravam no espelho.
Nonoa olhou para seus irmãos e disse, como se não se importasse.
— Não exagerem, pessoal. A mamãe já disse para não--
— Tá, tá. Eu sei. Não se preocupe. Nunca vou até o fim. Além disso, não gosto de 'caras bonitos'. Tipo, estou totalmente cansada de como eles são todos super confiantes.
— Então pare de tentar seduzir todos eles.
— Isso é uma questão completamente diferente. Adoro a atenção que os caras bonitos me dão.
— Tsk.
Leo estalou a língua de desgosto, mas quando viu Nonoa olhando para ele no espelho, sentiu-se culpado e desviou o olhar.
— Vou esperar na porta da frente.
Depois de se afastar do batente da porta, Leo começou a se virar quando Nonoa perguntou de repente.
— Você tem um lenço e alguns lenços de papel?
— Tsk. Cala a boca. Claro que tenho. Pare de me tratar como uma criança.
— Hmmm? Não estou te tratando como uma criança. Estou te tratando como um irmão mais novo.
— Tanto faz.
Ele resmungou antes de sair imediatamente do quarto.
— Ele está passando pela fase de rebeldia ou algo assim?
— Provavelmente. Ele é tão imaturo. Crianças, né?
Lea riu, apesar de ter exatamente a mesma idade que Leo. Nonoa, no entanto, não se deu ao trabalho de comentar, mas em vez disso, colocou a chapinha de lado, deu um passo para trás e verificou como o cabelo de Lea tinha ficado.
— O que você achou?
— Ficou bom. Obrigada! Te vejo quando eu voltar.
— Até mais.
Depois de ver sua irmã sair do quarto com um sorriso insinuante, Nonoa olhou para o relógio na parede.
— Hmmm, Provavelmente devo me preparar para sair também.
Sussurrou. Ela sentou-se na cadeira onde Lea estava sentada, alisou o próprio cabelo e fez uma trança que caía sobre o ombro. Depois disso, abriu o closet, revelando inúmeras roupas de grife que custavam uma fortuna. No entanto, ela não olhou na direção delas, mas sim pegou uma blusa e uma saia simples de uma das prateleiras de plástico empilhadas no chão. Em seguida, pegou uma bolsa e um chapéu discretos de outra prateleira, apanhou seus óculos de armação preta e colocou tudo.
— Pronto, isso deve servir.
Ela parecia uma celebridade disfarçada para sair na cidade. Conseguiu esconder algumas de suas características glamorosas habituais e até parecia sofisticada de certa forma. Depois de verificar rapidamente seu reflexo no espelho, Nonoa praticou brevemente algumas expressões, depois saiu prontamente pela porta da frente.
Estava indo a um karaokê no fim de um beco atrás da estação de trem. Honestamente, não era o lugar mais limpo e cheirava a cigarro, mas não havia câmeras de segurança e os funcionários raramente patrulhavam a área. Como resultado, era frequentemente usado como ponto de encontro para delinquentes e casais sem dinheiro.
— Ngh... Sniffle…
…...?
No momento em que Nonoa entrou no beco, ouviu alguém soluçando suavemente e começou a olhar em volta. Passaram-se alguns momentos, e então um garotinho de cerca de cinco ou seis anos apareceu virando a esquina. Seu rosto estava contraído e molhado de lágrimas, como se estivesse perdido e vagando sem rumo pelas ruas.
— Hff... Mmm... Sniffle...
......
Um garotinho estava perdido e chorando em um lugar que não era exatamente o mais seguro da cidade. Nonoa olhou para o menino... e depois o ignorou como se não se importasse. Ela não estava com pressa, mas não via motivo para ajudar a criança. Ela entendia que o padrão social era ser gentil com crianças pequenas, e provavelmente teria feito algo para ajudar o menino se houvesse pessoas conhecidas por perto observando.
Mas nenhum dos conhecidos de Nonoa estava à vista. Além disso, embora seus pais dissessem para ela ser gentil com seu irmão e irmã mais novos, nunca disseram para ser gentil com outras crianças. Em resumo, ela não tinha razão para ajudar aquela criança perdida. Talvez alguns dissessem que ter uma consciência a incentivaria a fazer a coisa certa, mas ela não tinha uma.
Ela chegou ao karaokê e disse ao funcionário indiferente que se juntaria a um grupo que já estava lá.
— Bem-vinda. Quantas pessoas estão no seu grupo?
— Ah, estou encontrando alguém aqui. Hum... Eles estão na sala número..
Nonoa olhou no smartphone para verificar o número da sala, depois subiu para o terceiro andar.
— Oh, Nonoa! Até que enfim você chegou!
Quando ela entrou na sala de karaokê, uma jovem correu imediatamente para ela, e Nonoa sorriu brilhantemente.
— Desculpe mesmo por isso. Então... Sou a última a chegar?
Respondeu Nonoa em um tom muito doce, para variar. Ela então olhou em volta e viu três garotos sentados no sofá; todos sorriram afetuosamente para ela.
— Não se preocupe. Nós que pedimos para você vir até aqui
Respondeu um dos garotos.
— Sim, nós que deveríamos pedir desculpas por fazer você nos encontrar aqui durante suas férias de verão.
— Tínhamos algo que precisávamos te contar... Enfim, sente-se.
Pediu um dos garotos, apontando para o lugar vazio ao lado dele. Imediatamente, os olhos dos outros dois garotos começaram a brilhar de raiva.
— Uau. Muito esperto oferecer sutilmente o lugar ao seu lado, cara.
— Você realmente não pode baixar a guarda perto desse cara.
— Ok, pessoal. Já chega de briga. Nonoa, você pode sentar aqui comigo.
Depois de dar aos três garotos um olhar frio e penetrante, a garota voltou-se para Nonoa com um sorriso brilhante e gesticulou para o assento ao lado dela. Agora eram os três garotos que a olhavam friamente por usar o fato de ser do mesmo gênero que Nonoa a seu favor. Ela pegou o tablet de controle como se nem percebesse e entregou a Nonoa.
— Vamos. Vamos cantar algumas músicas primeiro. Quero ouvir você cantar, Nonoa.
— Oh, boa ideia.
— Sim, eu também quero ouvir ela cantar
— Cante uma música para nós, Nonoa.
— U-Uh...? ...Tudo bem. Mas deveríamos pedir algumas bebidas--
— Ok, eu vou pegar algumas bebidas para nós. O que você quer?
Os quatro imediatamente começaram a se mover no momento em que Nonoa parecia precisar de algo, e assim que ela começou a cantar, cada um deles estava se divertindo como se estivessem em um show ao vivo. À primeira vista, não havia nada fora do comum em comparação com o comportamento deles com Nonoa na escola, mas havia algumas pequenas diferenças: o comportamento de Nonoa e como todos estavam reagindo. Se Nonoa era a rainha deles e eles eram seus seguidores na escola, então, naquele momento, Nonoa era a princesa querida, e eles eram seus servos que atendiam todas as suas necessidades.
— Phew...
No momento em que Nonoa terminou sua música, a pequena multidão explodiu em aplausos. Nenhum deles se importava que fosse uma música suave e sentimental, que as pessoas geralmente não se empolgariam tanto em um karaokê, mas esses quatro provavelmente reagiriam da mesma forma, mesmo que Nonoa tivesse cantado uma música de heavy metal ou anime. Ela poderia ser desafinada e a pior cantora do mundo, e eles ainda provavelmente aplaudiriam e torceriam do fundo de seus corações da mesma maneira.
— G-Gente, vamos lá. Já chega……
Nonoa disse timidamente enquanto abanava o rosto, parecendo embaraçada com os aplausos excessivos deles. Imediatamente, os aplausos cessaram, e suas expressões se iluminaram como se tivessem sido abençoados por uma deusa.
— Uau, eu estava tão nervosa. Cantar na frente dos outros é tão assustador. Sabem como é?
Nonoa sorriu timidamente diante dos olhares afetuosos deles. Seu sorriso, talvez também devido ao fato de estar vestida de forma mais modesta que o habitual, evocava neles um forte desejo de protegê-la. Na verdade, os quatro estavam instantaneamente conquistados, seus olhares apaixonados se fixando em Nonoa em uníssono, e ela começou a se mexer como se estivesse embaraçada com isso.
— Ngh... V-Vamos lá, gente. Cantem algo. Isso está me deixando com vergonha...
Nonoa desviou o olhar para escapar dos olhares deles e gesticulou para que os outros quatro escolhessem músicas.
— O-Oh, uh... Certo….
— Hum... Devo colocar o medley de rock de sempre?
— Oh, sim. Boa ideia. Vamos todos cantar isso, então.
— Vou pegar um tamborim. ♪
Eles imediatamente começaram a escolher músicas e agir como se estivessem se divertindo. Era como quatro servos exagerando para entreter sua princesa enquanto observavam cada movimento dela para agradá-la, e era natural que agissem assim. Porque esses quatro pensavam que Nonoa só trabalhava como modelo porque seus pais a mandavam, e embora ela andasse com os garotos populares na escola, ela era realmente apenas uma menina tímida, insegura de si mesma e cansada dessa pessoa que tinha que fingir ser.
Claro, isso contradizia a realidade. Ser tímida e insegura de si mesma era apenas uma história que Nonoa inventou para ganhar a simpatia desses quatro. Na verdade, eram esses quatro que estavam cansados de se preocupar com aparências, de como tinham que agir na escola e de como tinham que fingir ser pessoas que não eram. Nonoa sabia disso, e por isso se aproximou deles e usou isso a seu favor, alegando que não era diferente deles.
E foi assim que ela reuniu pessoas no fundo e no meio do sistema de castas da escola para formar esse grupo de cinco pessoas. Esses indivíduos deprimidos foram extremamente rápidos em se apaixonar por Nonoa, a única pessoa que podia entendê-los e a primeira amiga verdadeira que eles já tiveram.
Nós somos os únicos que conhecemos a verdadeira Nonoa.
Os populares que cercam Nonoa não são seus amigos de verdade. Nós somos seus amigos de verdade.
Esse segredo (fantasia) lhes dava uma doce sensação de superioridade, e a gentileza e confiança que Nonoa mostrava a eles era como uma droga... E foi assim que Nonoa se tornou uma deusa para eles.
— Uau, isso foi tão bom. Vocês são ótimos cantores!
Nonoa riu alegremente enquanto dava um high five em cada garoto depois que eles terminaram de cantar, fazendo com que cada um sorrisse amplamente. Afinal, um tratamento especial como esse era reservado para quando eles estavam juntos, o que o tornava ainda mais especial. No entanto, o grupo de quatro não pediu para Nonoa vir apenas para cantar. Uma vez que o clima ficou mais relaxado, os quatro trocaram olhares e acenaram com a cabeça.
— Então... Nonoa... Na verdade, te convidamos aqui hoje porque queríamos falar sobre algo.
Explicou um dos garotos em nome dos outros.
— Sério?
— Tipo... Você se lembra quando nos apresentou ao Kinjou da Classe F e nos disse para sermos amigos dele?
— Ah, sim. Kinjou, certo? Então...? Vocês estão se dando bem? Kinjou parece ser uma pessoa muito solitária, assim como nós... Então eu realmente apreciaria se vocês pudessem ser bons amigos dele também.
— Sim, hum... Sobre isso...
Diante do sorriso afetuoso de Nonoa, todos apenas pressionaram os lábios de forma constrangedora até que a garota sentada ao lado de Nonoa corajosamente se pronunciou.
— Ei... Kinjou é…
***
— Tsk! Tanto Suou quanto Kujou não estão nas redes sociais... Era de se esperar. Provavelmente tentando fingir que não se importam com fama ou atenção, já que estão concorrendo para presidente do conselho estudantil. Patético. Me irrita.
Resmungou um adolescente, sozinho em seu quarto em um apartamento de luxo. Esse era Kinjou da Classe F, um estudante da Academia Seirei e o aluno de quem Nonoa estava falando. Ele era... honestamente, o que a maioria das pessoas classificaria como feio. Além disso, o que lhe faltava em altura, ele infelizmente compensava em largura.
Espinhas cobriam suas bochechas redondas como sardas, e suas narinas eram grandes como as de um porco. Essas características por si só fariam a maioria das crianças inofensivas se tornarem alvo de bullying, mas o brilho maldoso em seus olhos deixava uma impressão completamente diferente na maioria das pessoas.
Ele era muito menos como um porquinho inofensivo e mais como uma cobra astuta. Ao considerar os outros inferiores e tratá-los mal, ele aliviava parte da pressão de seu próprio complexo de inferioridade. Seja online ou na vida real, ele vivia para espalhar rumores e criticar aqueles que eram "melhores" que ele.
— Ha. O quê? Olha só esse idiota de férias em Guam. Ficando um pouco confiante demais, né? Vamos verificar o histórico de postagens desse otário e ver se ele disse algo ligeiramente ofensivo antes... Ha-ha! O que é isso? Ficou bravo porque alguém apontou o óbvio? Sim, desculpe por você ter que editar suas fotos para parecer minimamente decente. Horroroso.
Dia após dia, ele vagava por várias páginas de redes sociais de seus colegas de escola e pessoas famosas para trollar e zombar... mas hoje, seu smartphone começou a vibrar repentinamente em sua mesa.
— Hã...? Oh!
Quando Kinjou viu o nome na tela, atendeu o telefone, suas bochechas rechonchudas logo se curvando em um sorriso.
— Ha. Karaokê, é? Tudo bem. Acho que posso fazer isso.
Contrário à sua reclamação, ele pulou de sua cadeira de excitação e imediatamente se preparou para sair. Não haviam se passado nem cinco minutos, e ele já estava do lado de fora, indo em direção ao karaokê. Obviamente, ele era odiado por todos na escola devido à sua personalidade horrível, razão pela qual ele não tinha um único amigo. Na verdade, ele nunca teve um amigo. Isso até Nonoa falar com ele na escola há apenas um mês.
— Kinjou, ouvi dizer que você sempre é comparado com seu irmão talentoso. É verdade? Porque eu também sou...
Nonoa falou com ele naquele dia, mostrando-lhe um lado diferente do que ela costumava mostrar na escola. Foi então que ela lhe contou "tudo." Ela lhe disse que só fingia ser uma garota alegre e extrovertida porque era o que seus pais queriam. Disse que, na verdade, era introvertida, que não era tão boa quanto seus irmãos, que se sentia envergonhada sempre que estava em casa, que não podia ser ela mesma na escola e que isso estava matando-a.
— Sinto que você e eu não somos tão diferentes, Kinjou….
Admitiu Nonoa com insegurança, olhando para ele através de seus cílios e roubando seu coração. Kinjou também se abriu para ela depois disso. Ele contou como seu pai e madrasta sempre mimavam seu meio-irmão mais novo. Explicou como todos sempre falavam sobre o quão talentoso seu irmão era, mas se seus pais lhe dessem as mesmas oportunidades de aprender, estudar e participar de atividades extracurriculares, ele poderia fazer tudo que seu irmãozinho fazia e melhor.
E ainda assim ninguém — nem seus pais, nem seus professores, nem ninguém ao seu redor — percebia o quão talentoso ele era. Nonoa sorriu e assentiu enquanto Kinjou despejava toda a bagagem que tinha, e ela concordava com ele. Ela o aceitava como ele era. Não demorou muito até que ela o apresentasse aos seus quatro lacaios, que estavam em situações semelhantes, e eles quase imediatamente se deram bem.
— Yo, Kinjou. Ouvi dizer que você realmente humilhou Kujou no debate outro dia.
— Eu sei como você se sente, cara. Somos uma escola tradicional, então deveríamos ser representados por um verdadeiro japonês.
— Estamos realmente felizes por finalmente termos alguém que concorda conosco. Os outros idiotas na escola olham para ela e pensam que ela é uma princesa só porque é um pouco bonita.
O que os uniu foi um desagrado mútuo por ninguém menos que Alisa. Às vezes, compartilhar um desagrado por algo criava laços mais fortes do que compartilhar um gosto por algo, e isso era especialmente verdade no caso de Kinjou.
Aqueles idiotas na escola são tão falsos. Eles só se importam com a aparência.
Escória.
Mas essas pessoas eram diferentes, e eles elogiaram Kinjou por sua coragem em enfrentar sozinho os estudantes que estavam no topo do sistema de castas. Eles estavam ansiosos para ouvir histórias de suas façanhas heróicas, e seus olhos se iluminaram de alegria após cada história que ele contava. Para alguém como Kinjou, que elevava sua autoestima apenas diminuindo os outros, ser elogiado pelos outros era incrivelmente eufórico.
Ele estava inconscientemente se abrindo para eles, apesar de ser uma pessoa que normalmente não confiava em ninguém.
— Heh. Eu não costumo ir a karaokê, mas acho que posso aparecer, já que me convidaram.
Murmurou para si mesmo, arrogante, mas não conseguiu evitar de sorrir de orelha a orelha até o karaokê. Depois de subir até o terceiro andar, ele caminhou até o número do quarto que lhe foi dado e parou em frente à porta.
Hmm? Está estranhamente silencioso…
Embora tenha achado isso curioso, não estava muito preocupado e abriu a porta rapidamente, entrando como se fosse o garoto mais legal da escola.
— Yooo! Que história é essa de convite aleatório para karaokê? Sorte de vocês que eu estava livre.
Ele afirmou, olhando ao redor da sala, quando de repente percebeu que algo estava estranho. O ar estava tenso. A única outra integrante feminina do grupo, além de Nonoa, tinha o braço enrolado ao redor do ombro de Nonoa, enquanto Nonoa encarava o chão. Nunca na vida Kinjou esperava ver todos tão desanimados. Embora surpreso, ele forçou um sorriso.
— Galera, vamos lá. O que é essa atmosfera sombria? Espera. Nonoa, você está chorando? Galera, o que vocês--?
— Kinjou, cala a boca.
Retrucou um dos garotos, interrompendo-o. Kinjou estalou a língua com clara irritação e olhou para… onde encontrou todos o encarando com rancor nos olhos, e ele inconscientemente encolheu-se.
— Kinjou…
Sussurrou Nonoa, levantando lentamente a cabeça.
— Y-Yeah? O que há, Nonoa?
Ele deu um passo para trás assim que viu a expressão no rosto dela — o olhar de uma mulher que se sentia traída por alguém em quem confiava.
— Kinjou… Há seis meses, alguém assediou Mimiko online até ela desistir de ser modelo. Foi você?
— Huh? O-Oh, hum... Bem..
Mesmo Kinjou entendia que nada de bom sairia se admitir, mas os quatro amigos de Nonoa o encaravam como se dissessem: "Você disse que fez isso outro dia," o que significava que não havia como ele mentir para sair dessa.
— Sim, acho que… eu posso ter feito isso?
Foi o que ele respondeu de forma evasiva. Nonoa mordeu o lábio, encolhendo o rosto manchado de lágrimas.
— H-Ei, o que há? Sério, do que estamos falando--?
— Kinjou… Mimiko era minha amiga. Uma amiga muito próxima…
Chorou Nonoa, lutando contra as lágrimas.
…?!
Kinjou ficou sem palavras.
— Mimiko era uma pessoa realmente boa que me aceitou como eu realmente era… mas ela caiu em uma profunda depressão depois de ser assediada online, e agora ela nem sequer fala comigo…!
Ela soluçou, sua voz tremendo até que não aguentou mais. Ela empurrou Kinjou para o lado e saiu correndo do quarto.
— Ah…
Ele estendeu a mão para ela em incredulidade muda enquanto ela desaparecia ao redor da esquina… quando uma grande mão agarrou seu ombro com força por trás. Naturalmente, ele olhou para trás… e encontrou quatro estudantes com sorrisos maliciosos encarando-o.
— Bem, Kinjou. É assim que é. A garota que você destruiu só por diversão era uma das melhores amigas da Nonoa.
— Huh? Espera. Não. Eu não sabia que ela--
Kinjou recuou alguns passos enquanto tentava, pateticamente, dar desculpas, mas logo descobriu que estava com as costas encostadas na parede do pequeno quarto, e os outros quatro imediatamente o encurralaram.
— Você não pode simplesmente dizer que não sabia e esperar ser perdoado. Além disso, aquela modelo não é a única que você machucou. Você estava se vangloriando por horas outro dia sobre quantas pessoas você destruiu.
— Ah, e por falar nisso, gravamos toda a conversa e investigamos essas pessoas que você mencionou naquela noite. E uau… Você difamou um monte de celebridades e crianças da escola. Agora… o que acha que aconteceria se nós te expusermos e disséssemos a todos online quem você é?
— P-Por que vocês fariam isso? Outro dia, vocês estavam me elogiando por tudo o que eu fiz…
Gaguejou Kinjou, sem conseguir processar o que estava acontecendo enquanto era perfurado pelos olhares desprezíveis deles.
— Estávamos apenas fingindo estar interessados, idiota. Que tipo de pessoa se gaba de coisas assim? Você é sério, tem algo muito errado com você.
— Ah, e por falar nisso, estávamos totalmente dispostos a te aceitar se você fosse uma boa pessoa lá no fundo, como a Nonoa pensava que você era. Pena que você acabou sendo lixo por dentro e por fora.
— Foi por isso que tivemos que contar à Nonoa que tipo de pessoa você realmente era.
— Sim, ela é muito pura e doce. ♪ Precisamos protegê-la de um lixo como você.
Os olhares amorosos enquanto pensavam em Nonoa instantaneamente se transformaram em sorrisos sinistros. O contraste era de fazer perder o fôlego. Vestígios de fanatismo podiam ser vistos em seus olhos, fazendo Kinjou afundar no chão. Ele entendeu instintivamente… que esses quatro não o consideravam humano. Eles não se importavam com seus sentimentos. Eles não o respeitavam. Eles não levavam sua vida em consideração. Se necessário, não hesitariam em pisar nele até que ele desse seu último suspiro.
— A-Ah…
Era crueldade genuína, pura — algo que ele nunca havia enfrentado em toda a sua vida. Era um desprezo incondicional que ia além da amargura ou do ódio, e o abalou até o âmago enquanto o calor lentamente se espalhava por sua roupa íntima.
— P-Por favor, não…
As palavras escaparam de sua garganta rouca enquanto agia puramente por instinto. Enquanto isso, os olhos dos outros quatro brilhavam intensamente enquanto seus lábios se curvavam maliciosamente.
— Ha-ha-ha! Que merda, cara? Você faz parecer que estamos tentando te fazer desaparecer.
— Não se preocupe. Nós não faríamos algo assim… desde que você se certifique de não mostrar a cara por perto da Nonoa novamente. Entendeu?
— Claro, você pode ignorar nosso aviso, mas então vamos te expor online, e aí não será só sobre você. Sua família inteira será envergonhada e ostracizada publicamente pelo resto de suas vidas. Eu vou garantir isso.
Este Capítulo foi traduzido pela Mahou Scan entre no nosso Discord para apoiar nosso trabalho!