Volume 10
Capítulo 9: A Cortina Se Levanta
— O vice-presidente do clube de piano apresentou um pedido ao conselho estudantil — anunciou Touya assim que a reunião começou.
Ah, isso…
Masachika pensou, franzindo a testa.
Aquilo de que Yuusho estava falando, hein…? Sobre como a Nonoa está tramando algo, ou seja lá o que for.
Ao se lembrar da acusação totalmente sem fundamento de Yuusho, Masachika só conseguiu torcer a boca amargamente.
Ele até pode odiar a Nonoa, mas isso é exagero… Quero dizer, se dar ao trabalho de me dizer isso, a mim, que supostamente sou amigo dela? Que cara sem noção.
À medida que Masachika ficava cada vez mais irritado com Yuusho, Alisa fez uma pergunta a Touya.
— Sobre o que era o pedido deles?
— É justamente isso… — respondeu Touya. — Parece que o clube de piano será rebaixado para um grupo de interesse, por ter ficado abaixo do número mínimo de membros exigido pelas regras da escola. E, ao mesmo tempo, aparentemente, eles também foram solicitados a trocar de sala com o clube de música leve. O pedido deles é para levar a questão a votação na assembleia estudantil.
— O clube de música leve?
— É… Grupos de interesse não têm direito a salas, e só de comparar o número de membros entre os dois grupos já torna natural o pedido do clube de música leve… Mas, por outro lado, do ponto de vista do clube de piano, ser expulso da sala que eles têm há tanto tempo é difícil de aceitar… — explicou Touya, compreendendo racionalmente o pedido do clube de música leve, mas ao mesmo tempo simpatizando emocionalmente com a resistência do clube de piano.
Ele cruzou os braços, com uma expressão preocupada.
— Não adianta se preocupar com isso — disse Chisaki, dando um leve tapa no braço dele em sinal de incentivo, sentada na diagonal à sua frente. — Tudo o que podemos fazer agora que o pedido foi apresentado é conduzir a assembleia estudantil de forma justa.
— Chisaki… — Touya a chamou, quase escorregando da cadeira com o susto do tapa, antes de assentir profundamente com as palavras de apoio da namorada. — É, você tem razão. Desculpem, pessoal. Chisaki está certa, independentemente do que se trate, tudo o que podemos fazer é cumprir nosso dever de gerir a assembleia estudantil com responsabilidade.
— Sim! — responderam os demais membros do conselho em uníssono, ouvindo as palavras do presidente e da vice-presidente.
Animado com a resposta, Touya voltou sua atenção para o formulário do pedido.
— Certo, a reunião será realizada no dia anterior à dissolução oficial do clube de piano, então… nesta quinta-feira. Sinceramente, eu gostaria que eles tivessem apresentado o pedido com mais antecedência…
— Talvez eles estivessem fazendo tudo o que podiam até o último momento para evitar a dissolução? Tentando desesperadamente recrutar mais membros, eu acho — sugeriu Chisaki. — E quando isso não funcionou, eles apresentaram o pedido.
— Ah, então é isso, hein? É, era algo que poderia ter sido resolvido apenas recuperando o número de membros… Pois bem, então está feito. Agora, quanto à divisão de responsabilidades…
— Hum, com licença, presidente — Yuki falou naquele momento. — Eu, na verdade, tenho um compromisso inadiável em casa nesse dia…
— Hm, é mesmo?
— Peço desculpas de verdade… Vou assumir a criação do nosso boletim de divulgação e os anúncios durante a transmissão do almoço em troca.
— Isso vai ajudar muito. Desculpe passar essas tarefas para você em cima da hora, mas conto com você.
— Não, por favor, não se preocupe. Posso fazer os boletins de divulgação rapidamente se usar alguns modelos antigos — disse Yuki, aceitando suas tarefas com um sorriso, enquanto Masachika discretamente levantava a mão logo em seguida.
— Hum, presidente? Sei que é meio difícil falar isso depois disso, mas… eu também tenho prática com a banda de sopros nesse dia — explicou ele.
— Ah, não, já imaginei que você não poderia participar, Kuze. Não se preocupe com isso — tranquilizou Touya Masachika. — Ou melhor, considerando que é o clube de piano que está solicitando, provavelmente é melhor você nem participar, já que eles provavelmente têm algum ressentimento contra você.
— Ahhh, é verdade, né…?
Não era ninguém menos que Masachika quem derrotou Yuusho no duelo de piano, e isso havia levado à queda do clube de piano. Participar de uma assembleia estudantil destinada a decidir o futuro do clube poderia facilmente gerar suspeitas ou ressentimentos injustificados por parte do próprio clube de piano — o grupo que estava solicitando a questão.
Hmm, na verdade, eu pensei em participar, caso houvesse a menor chance de a Nonoa fazer algo, mas… — ele refletiu.
Se estamos tentando evitar o máximo de problemas possível, é definitivamente mais seguro eu ficar de fora dessa. Além disso, a senpai Elena disse que eu terei que aparecer de qualquer jeito, já que vamos discutir a parte do piano durante o ensaio de quinta-feira.
Um pouco apreensivo, Masachika assentiu, concordando com as palavras de Touya.
— Desculpem por isso. Ainda vou ajudar nos preparativos o quanto puder — assegurou ele.
— É, conto com você. Todos os outros estão prontos? — Touya continuou. — A assembleia estudantil não vai usar votação por levantar de mãos desta vez, aliás. Eles aparentemente pediram que façamos uma votação com bolinhas vermelhas e brancas, então vamos precisar de mais gente para ajudar do que o normal…
— Oh, meu Deus, bolinhas vermelhas e brancas? — Yuki falou mais alto, com interesse, enquanto Maria inclinava a cabeça.
— O que é isso? — perguntou ela, confusa. — Tipo, eles levantam bandeiras em vez das mãos?
— Não, não é isso… — explicou Touya. — O público recebe bolinhas vermelhas e brancas com antecedência, e deve colocá-las em uma urna para votar. Branco significa que você apoia a proposta, vermelho significa que você é contra… É um método usado para garantir uma contagem precisa dos votos. Claro que leva mais tempo do que levantar a mão, então geralmente não é usado em assembleias com grande público…
— Ooooh~? É mesmo? — exclamou Maria, animada. — Ou seja, você está dizendo que o clube de piano acha que vai ser uma votação apertada?
— Pode ser — Yuki assentiu após uma breve pausa, mas Masachika, que entendia o verdadeiro motivo, resmungou silenciosamente em seu coração.
Ou talvez eles simplesmente não confiem que o conselho estudantil vá contar os votos corretamente, pensou ele.
Uma simples votação por levantar de mãos dificultava ver exatamente quantas pessoas votaram em cada opção, então, tecnicamente, se quisessem, os membros do conselho encarregados da contagem poderiam facilmente manipular os números. Nesse sentido, o pedido do vice-presidente do clube de piano podia ser visto como uma demonstração de desconfiança no conselho estudantil.
É… parece ainda mais claro que eu realmente não devo participar — refletiu Masachika enquanto os outros membros do conselho começavam a se manifestar um a um.
— Eu posso ir — disse Chisaki. — Tá bom se eu fizer a monitoração da plateia de novo, como sempre?
— Sim, conto com você. Com você cuidando dos assentos, não teremos estudantes bagunceiros, Chisaki. Vai ajudar muito.
— Eu posso ir como secretária, como sempre, certo? — perguntou Maria.
— Tudo bem. Nesse caso… vou pedir para a Kujou e a Kimishima cuidarem da votação. Isso inclui supervisionar o processo e contar os votos — Touya informou.
— Também tem o trabalho de entregar as bolinhas aos participantes na entrada, presidente — apontou Yuki.
— Ah, é verdade. Obrigado, Suou.
— De nada.
— Não tenho objeções em fazer isso eu mesmo — disse Touya.
— Certamente — respondeu Yuki, em tom educado.
— Espera um pouco, Touya — Chisaki então falou. — E quanto ao som e à iluminação?
— Vamos pedir algumas pessoas do clube de teatro para isso. Assim, conseguimos manter dois de nós para cuidar da votação, já que é um trabalho pesado.
Conforme a discussão avançava sem problemas, os papéis de todos para o dia já haviam sido rapidamente definidos.
— Certo, agora vamos para os preparativos para o dia em si… — Touya mudou a conversa para o próximo tópico.
Nesse momento, um pensamento passou pela mente de Masachika.
Devo pelo menos avisar a Alya de que há uma chance de a Nonoa estar tramando algo…? — refletiu, ponderando por alguns segundos antes de reconsiderar.
Não, no fim das contas é só o Yuusho sendo delirante… Melhor não dizer nada que faça Alya duvidar do caráter da Nonoa.
Pensando em sua parceira, alguém que ainda não havia visto o lado mais perigoso da Nonoa, Masachika decidiu permanecer em silêncio… Sua escolha estava feita.
⋆⋅☆⋅⋆
— Que ótimo, então deu certo, né? É… vai ficar tudo bem, confia em mim, tá? Eu te disse, não disse? Que estou do seu lado, Ayanono… Fufu, obrigada. Tá, falo com você depois~ — falou Nonoa, com voz suave e cheia de empatia, enquanto se deitava na cama do quarto.
Apesar do tom gentil, ela terminou a ligação com Ayano com uma expressão completamente vazia.
— Não, sério… você é realmente estranha de se observar, né? Não faço ideia de como consegue manter aquela voz enquanto fica com a cara totalmente séria — comentou uma voz do meio do quarto, acompanhada de um sorriso torto.
Nonoa voltou os olhos para a origem da voz.
Sentada em um puff estava uma garota com uniforme da Academia Seirei. Era a mesma que havia instigado o vice-presidente do clube de piano, Aoi, a convocar a assembleia estudantil. Seu nome era Miyabi Shikumagawa.
— Era só uma ligação; não precisava fazer uma expressão bonita, certo? — Nonoa retrucou.
— Não precisava, mas… normalmente as pessoas combinam o tom gentil da voz com o sorriso, não é? — Miyabi respondeu.
— É mesmo? Eu não sou normal, então não saberia — explicou Nonoa de forma despreocupada, provocando um sorriso ainda mais torto em Miyabi.
— Então, os preparativos já estão todos prontos? — perguntou Miyabi.
— Estão~. Agora só falta manter os boatos rolando para ninguém tentar entrar no clube de piano, ficar de olho nos envolvidos para garantir que não haja surpresas e esperar pelo grande dia. Poxa~, eu me esforcei, eu me esforcei — disse Nonoa, sem qualquer sinal de cansaço, provocando um olhar levemente ressentido de Miyabi.
— Você se esforçou…? — retrucou Miyabi. — Essa é a minha fala, sabia?
— Ehhh~? — Nonoa protestou.
— Ehhh~? Nada — Miyabi devolveu, ríspida. — Você me deixou convencer o vice-presidente do clube de piano, garantir a pessoa que realmente vai executar isso por todos nós, e agora vem com um "Ehhh~?"?
Nonoa tinha vários membros em seu séquito que poderiam ser chamados de "populars", pessoas em quem ela confiava para obter informações e espalhar boatos. Além deles, ela também tinha quatro pessoas como suas "seguranças", ou pelo menos era assim que se viam — amigos fanáticos que ajudavam Nonoa nos bastidores, mesmo sem conexão aparente com ela em público.
No entanto, Miyabi Shikumagawa não pertencia a nenhum desses grupos.
Na superfície, Miyabi era apenas mais uma das muitas conhecidas de Nonoa graças ao seu círculo social amplo. Na realidade, porém, ela era alguém que entendia completamente a verdadeira natureza de Nonoa, ajudando-a em muitos de seus esquemas. Ela era o que se poderia chamar de cúmplice.
Mais ainda, Miyabi compreendia Nonoa Miyamae melhor do que Sayaka ou Masachika. Com exceção da própria Nonoa, Miyabi podia ser realmente a pessoa que a entendia melhor no mundo inteiro.
— Desculpa, desculpa, eu realmente aprecio isso — Nonoa a tranquilizou. — Eu me destaco demais, então não consigo fazer negociações diretas assim.
— Entendo, claro… Não dá para fazer tanta coisa com disfarces ou maquiagem com um rosto como o seu. Ainda assim, não consigo deixar de sentir que sou sempre eu que fico com as tarefas arriscadas…
Quando se tratava de tramas, Nonoa raramente agia diretamente. Ela simplesmente manipulava seu séquito e amigos com palavras, deixando quase nenhum vestígio de sua própria malícia. Além disso, ela passava apenas a quantidade mínima de informações, de modo que ninguém conseguia detectar qualquer intenção real.
O mesmo valia para Ayano. As únicas instruções que Nonoa dera a ela eram garantir que Masachika e Yuki não participassem da próxima assembleia estudantil e ficar encarregada da contagem de votos junto de Alisa. Só isso. Ela não contou sobre o que ocorreria na assembleia nem sobre as possíveis consequências.
Miyabi era a única exceção. Ela tinha ouvido todo o plano de Nonoa e corria para fazer o que fosse necessário para moldar o ambiente conforme os desejos de Nonoa.
— É por isso que eu disse que aprecio iiiisso~… Vou te agradecer direito com meu corpo~ — disse Nonoa.
— Vou citar você nisso, tá? Dessa vez foi muito trabalho, então não aceito nenhum NG, entendeu?
— Yep, yep. Depois da assembleia estudantil~ — Nonoa sorriu levemente, adiando seu ato de retribuição com prática naturalidade. — Agora, agora… quero ver como Alisa e Kuzecchi vão reagir. Mal posso esperar♡.
E então, como uma criança ansiosa pelo resultado de uma brincadeira, ela riu inocentemente. Mas, nesse caso, a "brincadeira" era na verdade um esquema malicioso que tinha como objetivo esmagar os sonhos de Alisa e jogá-la no desespero. E ainda assim, mesmo plenamente consciente disso, Nonoa mantinha no rosto uma expressão de antecipação alegre, nada mais.
— Ah, bem, contanto que Sua Majestade esteja se divertindo — Miyabi só pôde responder com um sorriso torto, os olhos transmitindo uma mistura complexa de emoções — parte pena, parte reverência.
⋆⋅☆⋅⋆
O dia da assembleia estudantil.
Aoi, que subiria ao palco como solicitante hoje, sentava-se à direita, sentindo-se sobrecarregada pelo peso da tensão e da solidão.
— Então — anunciou Touya —, com o acordo dos solicitantes e opositores, começaremos primeiro com a declaração dos opositores. Por favor, prossigam.
— Sim — respondeu o presidente do clube de música leve, após a mediação de Touya, subindo ao púlpito do lado oposto do palco. — Uhhh~, oi pessoal, obrigado por estarem aqui. Sou Yanai, presidente do clube de música leve. Honestamente, nunca imaginei que as coisas explodissem assim, então estou bem nervoso e meio perdido sobre o que dizer, mas… tudo bem, fui eu quem trouxe tudo isso para o clube de piano primeiro, então achei melhor explicar a situação do nosso lado antes. Além disso, não quero que isso se transforme em um debate acalorado ou trocas de farpas, então acho melhor eu dizer o que quero primeiro. É…
Na tentativa de disfarçar o nervosismo, Yanai sorriu antes de continuar.
— Uhhh~, então, primeiro de tudo: sinceramente, não acho que estamos pedindo nada completamente irracional. É só que, dado que o clube de piano vai ficar abaixo do número mínimo de membros e será rebaixado a grupo de interesse, só perguntei se poderíamos trocar de salas. Não estamos dizendo "entreguem a sala" ou algo assim, tá? Só pedimos para trocar… Vocês sabem, né? Quão apertada é nossa sala? Já dividimos com o clube de fotografia, e estamos tendo dificuldade só para guardar os instrumentos. Nosso clube tem vinte e sete membros agora; vamos ter sérios problemas se tivermos mais. Mas o clube de piano só tem quatro membros, certo? Então, não é natural que o grupo com mais membros fique com a sala maior?
Ficava claro que seu jeito desajeitado de falar mostrava falta de costume em situações assim; ainda assim, era justamente aquele tom simples e direto que ressoava com o público. Além disso, talvez por estar mais à vontade a essa altura, Yanai parecia mais confiante ao concluir seu discurso.
— Tipo, desde o início, eu realmente não quero ser aquele cara todo certinho que se esconde atrás das regras da escola ou algo assim, mas, tecnicamente, grupos de interesse nem têm direito a salas de clube, não é? Então, sinceramente, fico meio perplexo de ter que falar na frente de todo mundo desse jeito… Quero dizer, eu nunca cantei antes, então acho que usar um microfone em um palco assim é, de certa forma, uma experiência única? Haha… — ele brincou para aliviar a tensão. — Enfim, dito tudo isso, tudo o que eu quero é simplesmente que o clube de piano troque de sala conosco. Só isso. É isso.
Fazendo uma rápida reverência ao final de seu discurso, Yanai foi recebido com aplausos calorosos e aprovação da plateia. Ao mesmo tempo, alguns gritos de provocação surgiram de onde os membros do clube de música leve estavam sentados. Corando levemente, ele continuou a se curvar repetidamente enquanto voltava para seu lugar à esquerda do palco.
— Agora, vamos passar para as perguntas e respostas — anunciou Touya. — Solicitante, você tem alguma pergunta?
Aoi se sobressaltou na cadeira ao ser chamada, seu corpo tenso subindo involuntariamente.
— Ah, uh… — gaguejou, tentando responder de reflexo, com apenas um som rouco saindo de sua garganta seca.
Engolindo com dificuldade, percebeu que até sua boca estava completamente seca, e tudo parecia ser apenas engolir um punhado de ar. Ainda assim, sua garganta conseguiu se limpar o suficiente para que ela respondesse com voz trêmula.
— N-Não, eu não tenho — respondeu.
Não havia, de fato, nenhuma pergunta a fazer. Tudo o que o presidente do clube de música leve dissera fazia sentido. Não havia espaço para discussão.
— Certo, então vamos à declaração do solicitante… Tudo bem? — perguntou Touya.
— S-Sim.
Esperando pelo menos umedecer a garganta antes de subir ao palco, Aoi pegou a garrafa de plástico sobre a mesa, mas suas mãos trêmulas tornaram até desenroscar a tampa uma dificuldade. Certa de que derramaria tudo se continuasse, desistiu após alguns segundos e se levantou.
— Huff, huff…
Suas pernas estavam fracas de nervosismo, e respirar não vinha fácil. O caminho até o púlpito parecia simultaneamente dolorosamente longo e rápido demais.
……
Aoi olhou para a plateia enquanto estava no púlpito. Talvez porque o assunto não tivesse chamado muita atenção, os assentos estavam apenas parcialmente ocupados. Ela mal conseguia distinguir os rostos na escuridão a partir do palco iluminado. E ainda assim…, não conseguia deixar de sentir que estava cercada por olhares nada amistosos, como se todos observassem um espetáculo. Seria apenas imaginação?
Não, provavelmente não.
A atmosfera palpavelmente hostil pressionava sua pele. Com o clube de piano agora afundado em uma onda de má reputação, todos apenas esperavam para ver que tipo de afirmação absurda ela faria.
— Huff, huff…
Aoi sentiu que poderia vomitar ali mesmo. Sua boca e garganta continuavam tão secas quanto antes, e ela não conseguia impedir o suor frio escorrendo pelo pescoço. Incapaz de encarar o olhar coletivo da plateia por mais tempo, ela baixou o rosto em direção ao púlpito e… começou a falar daquela posição.
— Eu sou a vi—… hum, v-vice-presidente do clube de piano… Aoi Tsukamoto… — gaguejou, avançando com determinação desesperada apesar disso. — Eu tive meu primeiro… contato com o piano atualmente guardado na sala do clube de piano ainda no meu segundo ano do ensino fundamental…
Ela nem precisava olhar para a plateia para perceber a confusão que se espalhava pelos rostos. Ainda assim, para Aoi, aquilo era tudo o que tinha.
Não havia como superar a argumentação do clube de música leve apenas com lógica, então… tudo o que podia fazer era apelar ao coração deles. Falar honestamente e de forma aberta sobre seus sentimentos, na esperança de que pudessem se identificar com ela.
— Eu tinha, até então…, originalmente planejado me inscrever em outra escola — continuou. — Mas quando encontrei aquele piano… realmente senti que minha v-vida havia mudado. Então é assim que se sente quando seu mundo muda, eu pensei… Eu realmente, de verdade, senti isso…
Memórias dele…, de Stein-kun, passaram rapidamente por sua mente.
— Estudei muito… O quanto pude. Meus professores do ensino fundamental me diziam repetidamente que eu estava sendo imprudente, mas… mas tudo o que eu queria mesmo era apenas uma chance de tocar aquele piano mais uma vez, não importava o quê… Então estudei tanto que mal dormi. Trabalhei mais do que jamais havia trabalhado na vida… Até perdi seis quilos. Estudei de verdade, a ponto de sentir que estava até cuspindo sangue… E então, de alguma forma, fui aceita. E quando finalmente pude tocar aquele piano novamente…
Um sorriso surgiu naturalmente no rosto de Aoi ao recordar aquele momento. Era um sorriso constrangido, carregado de nervosismo, mas ela continuou a falar, à beira das lágrimas.
— Parece que tudo o que fiz até aquele momento valeu a pena. Você pode achar que estou exagerando, mas falo sério. Para mim, aquele piano… Stein-kun é como um amante — não, alguém ainda mais importante que isso…! — ela gritou, a visão turva, com lágrimas nos olhos que não cessavam por mais que piscasse. — N-Não quero me separar dele. Ele foi emprestado a nós por um ex-aluno do Raikokai. E-Ele certamente será devolvido ao dono se nossa sala de clube for tomada…!
Só de imaginar esse futuro, suas lágrimas caíram ainda mais, e Aoi, agora quase hiperventilando, só podia implorar desesperadamente.
— Eu sei que o que estou pedindo é algo irracional…, mas, mas, estou implorando… Estou implorando! Por favor! — ela suplicou, ofegante, abaixando ainda mais o rosto já inclinado até quase encostar no púlpito. — Por favor, não o tirem de mim…!!!
⋆⋅☆⋅⋆
Oh, céus~. Que surpresa~.
Pensou Nonoa, observando os acontecimentos com genuína surpresa diante do apelo de Aoi e do efeito que estava causando, sentada entre os outros membros do clube de música leve.
Originalmente, a percepção geral da escola sobre o clube de piano era algo como "o príncipe do piano Yuusho e seu séquito." Entusiastas hardcore de piano, como Aoi, raramente saíam da sala do clube, enquanto Yuusho — já chamativo o suficiente para se destacar sozinho — e seus seguidores faziam sua presença conhecida fora dela. Naturalmente, essa se tornou a imagem do clube.
E, para ser franco, os seguidores de Yuusho não deixavam exatamente boas impressões nos outros estudantes, especialmente nos que faziam parte de outros clubes relacionados à música. Sua arrogância excessivamente autoritária, movida pela devoção cega a Yuusho, e suas frequentes observações condescendentes a outros estudantes criaram atritos. Como resultado, o próprio clube de piano ganhou a reputação de "um bando de esnobes metidos." Depois do festival cultural, quando o descontentamento coletivo de longa data finalmente transbordou — com estudantes resmungando comentários como "Eles sempre foram assim!" — a má imagem do clube de piano se espalhou pela escola como fogo em palha.
E era algo que a própria Nonoa ajudava a alimentar, espalhando ainda mais rumores. Naturalmente, isso significava que a reputação do clube de piano estava no fundo do poço. De fato, mesmo hoje, a maior parte da plateia observava com olhos frios e céticos antes de Aoi começar sua declaração, esperando para ouvir que tipo de afirmação absurda o clube de piano, tão cheio de si, faria.
Mas agora, todos pareciam completamente desarmados, lançando olhares confusos uns aos outros.
— Os opositores têm alguma pergunta? — perguntou Touya após uma breve pausa.
— Hã? N-Não, não temos. Nenhuma.
Até o presidente do clube de música leve estava visivelmente abalado, claramente tocado pelo poder da empatia. O mesmo acontecia com os outros membros do clube, como Takeshi — que estava sentado ao lado de Nonoa — e Hikaru, que se encontrava além dele. Ambos exibiam expressões que praticamente diziam: "E agora, o que fazemos?"
— Agora, vamos passar para os argumentos finais… — Touya começou, seguindo o procedimento, antes de se interromper ao olhar para Aoi no púlpito, desviando rapidamente o olhar. — Não, parece que ambos os lados disseram tudo o que queriam, então vamos prosseguir com os preparativos para a votação. Por favor, aguardem um momento.
Enquanto falava, o púlpito foi retirado e substituído por uma longa mesa com uma urna de votação. Enquanto isso, a plateia permanecia visivelmente confusa.
Não pode ser~. Não me diga que o clube de piano vai ganhar nesse ritmo?
Pensou Nonoa, olhando para Aoi com curiosidade, tendo acabado de assistir à jovem mudar completamente o clima da assembleia apenas com emoção.
Ela mesma não tinha coração para se comover com um apelo tão lacrimoso, e, sinceramente, nem se importava com o discurso de Aoi. Mas ainda assim, a direção totalmente inesperada que a situação tomou era, simplesmente, divertida.
Ah, bem, de jeito nenhum vai terminar assim.
Pensou, confiante, enquanto comentários começaram a surgir de vários membros da plateia no mesmo instante, como se quisessem jogar água fria na onda de simpatia.
— Mas, se aquele piano vai ser levado de volta ou não é um assunto completamente diferente de trocar de sala, não é? — protestou alguém.
— Isso foi suuuuuper pessoal — ressoou outro comentário.
— Tipo, quem diabos é esse Stein-kun? — veio outra pergunta.
— Quer dizer, você pode achar triste, e sim, você teria razão… Mas e os outros membros do clube de piano? Não tem como eu simpatizar com um clube que enviou apenas uma garota para lutar sozinha.
Mais comentários surgiram um após o outro, eventualmente motivando a reação do próprio clube de música leve.
— É… Tem mais vinte e sete pessoas sendo prejudicadas aqui — finalmente disse um membro, elevando a voz.
E tudo isso apenas desencadeou uma onda de mais justificativas, ainda que hesitantes, vindas do interior do clube de música leve.
— É verdade… — falou outro. — Quer dizer, são eles que estão sendo irracionais desde o começo…
— E também, tipo, aquele piano não seria levado de volta de qualquer jeito quando eles perdessem o status de clube? — argumentou outro.
— Agora que você mencionou… parece mesmo que esse é um problema que vai além de apenas ter uma sala de clube.
— É. Se abríssemos mão do nosso pedido e eles ainda levassem o piano embora, ficaríamos com cara de idiotas.
Talvez começando a se sentir os "vilões", os membros do clube de música leve começaram a se justificar com a lógica de que o piano sendo levado era responsabilidade do próprio clube de piano, e não deles aplicando o golpe final — embora ninguém liderasse essa argumentação em particular.
Objetivamente falando, estavam usando desculpas bastante frágeis, mas a psicologia de grupo já começava a agir com tanta gente reunida, e seu pensamento naturalmente se inclinava a ignorar pequenas contradições.
— Honestamente, o clube de música leve sempre teve uma vantagem enorme com tantos membros por perto, não é? — observou Nonoa friamente, como se nada da psicologia de grupo a afetasse. — Claro, parece que algumas pessoas do clube de piano apareceram — incluindo Yuusho — mas ainda assim… É basicamente muitos contra poucos, não é?
Enquanto isso, Takeshi, ainda aparentemente tomado pela simpatia por Aoi, olhou para os lados.
— Isso é… verdade? Hã… O que você acha? — perguntou.
— Hmm… — Hikaru cruzou os braços diante da pergunta, uma expressão de conflito formando-se em seu rosto.
Ahh~, estão hesitando, né~? Hmm~, esses dois talvez não consigam se posicionar de nenhum lado e acabem votando em branco a esse ritmo.
Percebendo os sentimentos conflitantes surgindo nos dois, Nonoa decidiu dar um empurrãozinho sutil para evitar um resultado indesejado. Colocando uma expressão igualmente pensativa como a de Hikaru, ela fingiu estar em profunda reflexão.
— Hmm~, é… A Vice Prez-san parece meio digna de pena, né…? — disse.
— Ah. É, né? — Takeshi concordou, virando-se para Nonoa com um olhar levemente aliviado, carregando uma forte sensação de simpatia por Aoi lá no fundo.
O gesto, por sua vez, chamou a atenção dos outros membros do clube de música leve, que estavam presos na psicologia de grupo. Eles se voltaram para Nonoa com expressões semelhantes às de quem acaba de levar um balde de água fria.
— Mas, sabe~, pensando calmamente, não estaremos exagerando um pouco se levarmos esta votação tão a sério? — Nonoa falou, sentindo seus olhares, sob o pretexto de conversar com Takeshi, mas em voz alta o suficiente para todos os próximos ouvirem. — Não é como se fôssemos obrigados a seguir à risca o que a assembleia decidir.
— Hã?
— É assim que é, né? — continuou. — Ainda tem a decisão da escola a considerar, e mesmo se ganharmos aqui, não é como se fosse imediatamente: "Ok, clube de piano, por favor desocupem sua sala agora", certo?
— Ah, sim… Entendi — Takeshi se rendeu.
Um senso de alívio finalmente retornou ao seu rosto, graças à suposição de que "um voto a favor do clube de música leve seria uma sentença de morte para Aoi" ter sido dissipada pela observação calma de Nonoa. Aproveitando o momento, ela continuou.
— Então, deveríamos encarar a vitória nesta votação como o direito de usar a sala do clube de piano para ensaios, não é? — ponderou. — Trocar de sala ou não é algo que podemos discutir depois, ou algo assim… Por outro lado, não acha que Yuushou vai usar nossa derrota como desculpa para nos derrubar totalmente?
— Ahhh… Com certeza — Takeshi fez uma careta ao lembrar-se de que Yuusho era o presidente do clube de piano.
Os outros membros do clube de música leve fizeram o mesmo, direcionando os olhos para a primeira fila, onde Yuusho estava com a expressão amarga.
Vendo os membros que haviam sido momentaneamente influenciados pela emoção agora totalmente recuperarem a compostura, Nonoa deu um pequeno encolher de ombros.
Desculpe, Vice Prez-san — deu seu pedido de desculpas meio desanimada por dentro.
Não dá para deixar o clube de piano ganhar aqui.
Com os preparativos para a votação finalmente concluídos, Touya se preparou para fazer o anúncio.
— Bem, por favor, registrem seus votos. Se você está votando a favor dos solicitantes, o clube de piano, use uma bola branca. Se você está votando a favor dos opositores, o clube de música leve, use uma bola vermelha. Se não deseja votar em nenhum dos lados, não coloque nenhuma bola. Então, vamos começar pela primeira fila, começando daquele lado — sua voz ecoou enquanto apontava para um lado do auditório.
Seguindo as instruções de Touya, os estudantes na plateia retiraram cada um as bolas plásticas vermelhas e brancas — cada uma com cerca de dois centímetros de diâmetro — que haviam recebido na entrada. Segurando uma delas na mão, ou mantendo o punho vazio, subiram ao palco.
— Vermelha para mim, obviamente — Nonoa segurou a bola vermelha na mão direita, guardando a branca no bolso da saia enquanto se dirigia ao palco.
— Por aqui, por favor. Bola branca para o clube de piano e bola vermelha para o clube de música leve — repetiu Alisa, em tom firme, monitorando o processo de votação à frente da urna para evitar erros, com Ayano ao lado contando os votantes. — Por favor, não entregue nenhuma bola se estiver se abstendo. Além disso, por favor, abra as mãos depois de votar.
— Obrigada pelo esforço, Alissa~ — Nonoa disse a Alisa ao chegar sua vez, colocando a bola vermelha na urna.
— Sim, você também, Nonoa-san — respondeu Alisa brevemente, em seu tom habitual e composto, mantendo o olhar fixo na urna. — Mostre-me a mão.
Ela tinha uma expressão séria, inteiramente focada em cumprir seu dever, sem perceber que um esquema maligno capaz de fechar seu futuro já estava se concretizando.
— Tá, tá — Nonoa fez o que foi pedido, levantando a mão direita vazia.
Alisa fez um pequeno aceno com a cabeça e então indicou com os olhos a escada que levava de volta aos assentos, antes de voltar sua atenção para a próxima pessoa na fila.
— Até mais, Alissa — Nonoa acenou levemente com a mão aberta.
Provavelmente será a última vez que a verei como oficial do conselho estudantil, não é?
Com esses pensamentos, ela então olhou para Ayano. Esta encontrou seu olhar com uma expressão vazia por alguns segundos, antes de baixar os olhos. Se essa ação era por culpa de ter ajudado Nonoa em seu plano ou por outro motivo, suas emoções permaneceram inescrutáveis. Era difícil dizer, então Nonoa não se preocupou com isso.
Ah, bem, parece que ela seguiu minhas instruções de qualquer forma. Não acho que tenha percebido que também vai se envolver nisso.
De volta ao seu lugar, Nonoa abriu suas mensagens para garantir que nenhum imprevisto tivesse ocorrido, conduzindo à fase final de seu plano.
Yukkii já foi para casa, e Kuzecchi está ensaiando com a banda de sopro… Eu estava um pouco cautelosa, já que Yuusho aparentemente entrou em contato com ele, mas bem, parece que no final não há problemas.
Não que Masachika e Yuki fossem capazes de lidar com o que estava prestes a acontecer, mesmo se estivessem presentes. Ainda assim, sorrindo ao ver como as coisas estavam caminhando perfeitamente conforme o plano, Nonoa aguardou o término da votação.
No final, demorou menos de dez minutos para que todos os votos fossem depositados e a contagem começasse.
A tela no palco mostrava uma visão ao vivo de duas pranchas de madeira colocadas sobre a longa mesa onde a urna fora posicionada. Suas larguras eram apenas suficientes para alinhar dez bolas por vez, permitindo que dez votos fossem validados de uma vez. Alisa e Ayano começaram a colocar as bolas nas pranchas alternadamente.
Com os membros do clube de música leve prendendo a respiração, e Aoi unindo as mãos em oração, os resultados foram revelados rapidamente.
— Aqui estão os resultados — anunciou Touya. — Vinte e cinco votos brancos. Trinta e nove votos vermelhos. Dezessete em branco. Portanto, os opositores vencem.
Sua declaração provocou suspiros de alívio entre os membros do clube de música leve, embora muitos ainda exibissem expressões levemente constrangidas e complexas. Entre eles, Nonoa manteve os olhos fixos em Aoi, que estava do lado direito do palco, com a cabeça profundamente inclinada.
Agora, Vice Prez-san~. Acabou, né? Entende o que precisa fazer para proteger aquele piano precioso seu agora~?
Apesar de não conseguir ver claramente o rosto de Aoi de onde estava, especialmente com a cabeça ainda baixa, Nonoa ainda podia sentir suas emoções como se as segurasse na mão.
Desespero, tristeza, frustração, hesitação. E então…
Levantando a cabeça ligeiramente, os lábios de Aoi se apertaram enquanto ela cerrava os dentes. E, no momento seguinte.
— F-Fraude! A votação foi manipulada!!!
O grito de Aoi ecoou por todo o auditório.
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