Volume 10
Capítulo 10: A Rainha
— Certo, vamos encurtar um pouco esta parte.
— Boa ideia.
Estava por volta do momento em que os resultados da votação da assembleia estudantil eram anunciados no auditório, e Masachika estava na sala de música, revisando algumas partituras com Elena.
— Mm, certo. Vamos passar por isso mais uma vez — sugeriu ela.
— Sim.
— Então, todo mundo, de volta aos seus lugares! — anunciou Elena para a sala. — Ah, você aí! Nada de mexer no celular durante o ensaio!
— Ah, certo.
— Vamos, preparem-se! Não é hora de ficar relaxando!
— Sim, presidente.
— Isso mesmo.
— Ufufu.
Enquanto os membros da banda de sopros retornavam aos seus lugares, depois de terem praticado individualmente por um tempo, Elena se virou para Masachika
— Aliás, hoje teve reunião da assembleia estudantil, certo? — perguntou. — Sei que é estranho eu perguntar, mas foi mesmo certo você faltar, Kuze-kun?
— Sim. Tenho uma parceira confiável que compareceu por mim — Masachika a tranquilizou.
— Oooooh… que vínculo de confiança tão apaixonado!
— Haha. Tenho outros aliados confiáveis lá também — acrescentou, embora com um tom um pouco hesitante.
— O que foi essa pausa? Você não confia nos outros membros do conselho estudantil!?
— Por favor, parem de provocar o Kuze, presidente! Volte aqui! — um membro da banda de sopros interrompeu de repente.
— Ah, tá, tá… que saco, que saco. Ser popular é realmente difícil; todo mundo quer um pedacinho de mim — murmurou Elena com um tom brincalhão, retornando ao seu lugar. — Certo, então vamos começar do início mais uma vez.
Seguindo sua liderança, Masachika se voltou novamente para o piano.
⋆⋅☆⋅⋆
— F-Fraude! A votação foi manipulada!!!
O grito de Aoi ecoou pelo auditório, deixando todos os alunos — exceto Nonoa e alguns outros conspiradores — paralisados de surpresa.
Até os membros do conselho estudantil se viraram para Aoi, com os olhos arregalados de choque… No meio de tudo isso, Nonoa esboçou um pequeno sorriso interiormente.
Bem~, é claro que isso ia acontecer — concluiu.
A maioria dos estudantes provavelmente achou que as palavras de Aoi eram apenas um desabafo impulsivo, fruto de estar encurralada. Afinal, se houve fraude ou não, poderia ser verificado imediatamente com o sistema de votação vermelho e branco que foi usado. Bastava recolher as bolas não utilizadas pelos votantes. Todos podiam ver isso; era difícil imaginar que alguém arriscaria cometer fraude nessas circunstâncias.
Você pensaria assim, certo?
Mas a realidade era que havia fraude. Só que não era contra Aoi… Era contra Alisa, que agora a encarava atônita.
Agora não é hora de ficar paralisada, Alisa~ Não entende? Quem você acha que é o primeiro a ser suspeito quando uma votação é manipulada?
Era uma armadilha quase impossível de prever ou evitar, mas isso também não significava que você não pudesse escapar depois de cair nela.
A coragem de permanecer calma mesmo após cair na armadilha, a inteligência para descobrir rapidamente a verdade e a eloquência para convencer os outros de sua conclusão. Essas eram qualidades que permitiam que alguém ainda tivesse chance de escapar.
Bem, poderia ser possível se Kuzecchi ou Yukki estivessem aqui, não é~? Mas Alisa realmente conseguiria lidar com toda essa confusão sozinha? — Nonoa refletia enquanto observava o desenrolar da cena no palco com olhar curioso…
Mas, quando as coisas começaram a chegar ao clímax, a próxima pessoa a agir não foi Alisa, nem Touya. Foi alguém sentado na plateia.
⋆⋅☆⋅⋆
— Chega! — um estudante do sexo masculino irrompeu no palco com uma voz quase teatral.
Todos os olhos se voltaram para ele, surpresos, diante de um desenvolvimento inesperado… E a voz pertencia, de todas as pessoas, a ninguém menos que Yuusho Kiryuuin, presidente do clube de piano.
Até Aoi ficou atônita, paralisada com a boca ligeiramente aberta diante do intruso no palco. Enquanto todos continuavam observando, chocados, Yuusho se voltou para a plateia e falou em voz alta:
— Chega agora! Antigos membros do clube de piano! Vocês realmente vão ficar aí sem fazer nada, mesmo depois de ouvir um grito tão desesperado da sua ex-vice-presidente!? — ele questionou, continuando a falar apesar de a maioria dos alunos ainda tentar compreender o que estava acontecendo. — Ainda há tempo; não é tarde demais! Se ainda existe ao menos um mínimo de consideração por sua antiga amiga, agora é a hora! Vocês deveriam levantar a mão, aqui e agora!?
Erguendo a mão pelo cabelo, Yuusho examinava a plateia.
— Aqui e agora! Aqueles que declaram sua intenção de entrar para o clube de piano, levantem as mãos agora!!! — gritou.
Com isso, os estudantes finalmente começaram a entender suas intenções. Um murmúrio percorreu rapidamente a plateia e então… lentamente, mãos começaram a se erguer das cadeiras. Uma, duas, três… Confirmando isso, Yuusho sorriu satisfeito e se virou para Touya, que permanecia de pé no púlpito.
— Presidente do Conselho Estudantil — dirigiu-se a ele. — Como pode ver, o clube de piano recuperou seus membros. Com isso, a premissa da assembleia de hoje foi revertida, não foi?
— Ah, é. Bem, acho que sim, né? — Touya respondeu com um leve tom de hesitação.
Assentindo lentamente antes de limpar a garganta, ele voltou seu olhar para o presidente do clube de música leve, à esquerda do palco.
— Uhhh, opositor — disse. — Embora a assembleia estudantil tenha votado a favor da sua causa, agora é incerto se suas demandas serão atendidas, já que a dissolução do clube de piano foi anulada. Os resultados serão oficialmente registrados, mas espero que consiga compreender isso, não?
— Hã? Ahhh, sim, entendo. Se é assim, então… — o presidente do clube de música leve hesitou, ainda sem parecer compreender totalmente o que havia acontecido.
Ainda assim, não se podia negar o alívio visível em sua expressão.
Mas, ao mesmo tempo, como se suas mentes finalmente tivessem alcançado o ocorrido, resmungos insatisfeitos começaram a surgir da plateia.
— Hã…? Do que se trata tudo isso? — perguntou alguém confuso.
— Que tipo de brincadeira é essa…? — outro questionou.
— Qual foi o sentido daquela votação mais cedo, então…? — argumentou alguém.
— Tirem logo o Kiryuuin do palco — veio um comentário antagonista.
Com isso, múltiplas ondas de hostilidade agora se voltaram para Yuusho, que não apenas invadira o palco sem ser convidado, mas ainda virou toda a situação de cabeça para baixo.
Ainda assim, ele permaneceu impassível e se virou para Aoi.
— Que discurso esplêndido, vice-presidente… — disse a ela. — Seu grito sincero realmente os emocionou. Você deve se orgulhar.
Com a mão direita pressionada no peito e o braço esquerdo aberto, Yuusho fez uma reverência grandiosa em sinal de respeito.
— Kiryuuin… — Aoi apenas murmurou.
E então, como se tentasse tranquilizar a garota que havia lutado sozinha o tempo todo, Yuusho sorriu gentilmente, deixando Aoi se aproximar dele e…
— É culpa sua, seu maldito!! — ela gritou.
— Desculpe!!!
Em seguida, com toda força, Aoi cravou o joelho no plexo solar de Yuusho.
⋆⋅☆⋅⋆
Tomando o joelho de Aoi de frente, Yuusho desabou no chão do palco.
Era uma cena totalmente lamentável e cômica, e parecia satisfazer os membros da plateia que haviam direcionado sua irritação a ele. Alguns começaram até a rir um após o outro.
Enquanto a atmosfera do auditório começava a se acalmar graças à reviravolta cômica, Nonoa observava Yuusho com expressão impassível.
Sem chance… pensar que justamente Yuusho iria se meter aqui… Eu estava de olho nele também…
Até então, Nonoa não possuía informações específicas que sugerissem que Yuusho estava agindo para impedir a dissolução do clube de piano. Mas agora, com base no que acabara de acontecer, ficou claro que ele vinha secretamente contatando os ex-membros, incentivando-os a comparecer à assembleia como público.
E o simples fato de ele ter operado tão perfeitamente às escondidas significava que estava atento a qualquer interferência desde o início…
Que diabos, não me lembro de ter vacilado tanto a ponto de levantar qualquer sinal óbvio…
Pensou Nonoa, intrigada.
Quer dizer, Yuusho já passou por experiências difíceis comigo antes. Talvez ele apenas tivesse um pressentimento ou algo assim~?
Nesse momento, o garoto em questão se levantou lentamente, segurando o abdômen, e seus olhares se encontraram naquele exato instante… Pelo menos, Nonoa achou que se encontraram.
Ao ver o sorriso levemente triunfante em seus lábios, ela estreitou os olhos.
…É meio irritante vê-lo todo convencido com a vitória, mas talvez eu vá me afastar silenciosamente hoje — concluiu Nonoa.
Não é como se eu tivesse sofrido algum dano, e ainda ganhei Ayanono como uma nova peça~, então não foi totalmente perdido.
Com esses pensamentos, Nonoa controlou a frustração de ter sido superada no último instante, dando de ombros para ninguém em particular.
— Maaaan~, que perda de tempo, hein? — murmurou.
— Ah, sim. Com certeza… — Takeshi levantou a voz em concordância.
— Ou melhor, por que eles não voltaram para o clube de piano antes, se planejavam levantar a mão aqui… — comentou Hikaru.
— Vai saber~? — disse Nonoa. — Talvez aquela Vice-Presidente simplesmente não tenha conseguido ser honesta até agora, ou talvez tenha sido mais fácil para ela levantar a mão no momento. Algo assim, não acha?
Embora tenha oferecido um palpite para o comentário vago de Hikaru, a verdade é que Nonoa não se importava nem um pouco em descobrir qual era a razão real.
Aaaah, tô ficando irritada de novo. Acho que vou só pra casa e assistir uns vídeos de pegadinhas extremas de fora. Aquelas em que as vítimas ficam tão assustadas que saem correndo gritando~.
Com essa nova determinação de consolar seu coração ressecado com um combustível rápido e sujo, ela começou a se levantar da cadeira.
— Ну,посмотри,кか、актебе見てて? (Veja só… e quanto a você?) — uma vozinha, quase como uma prece para fortalecer quem a pronunciava, flutuou suavemente pelo ar naquele momento.
Mas logo em seguida, transformou-se em uma voz de fria convicção, cortando a atmosfera relaxada.

— O que você quer dizer com "a votação foi manipulada"?
Ao ouvir aquela voz familiar, Nonoa voltou os olhos para o palco.
A autora das palavras, ninguém menos que Alisa, levantava-se lentamente de seu assento. Perfurada pelo olhar afiado dela, Aoi só pôde se manter rígida no lugar.
— Eh, ah, isso é… — ela gaguejou.
— Não posso ignorar o que você acabou de dizer — Alisa prosseguiu. — Isso implica que você está questionando a lisura da assembleia estudantil conduzida pelo conselho estudantil.
— Ah, ugh… — Aoi apenas abaixou a cabeça diante da pressão, seu rosto ficando pálido.
Parecia que poderia explodir em lágrimas a qualquer momento, e sua fragilidade mais uma vez despertou olhares de compaixão na plateia. Ao mesmo tempo, Alisa recebia olhares de reprovação.
— Presidente, por favor, recolha as bolas restantes dos votantes e faça uma nova contagem — ela se dirigiu a Touya.
— Kujou? Isso é…
— Simplesmente não posso permitir que qualquer suspeita permaneça, sendo eu uma das responsáveis pela contagem dos votos — Alisa o interrompeu. — Pelo bem da minha reputação e da de Kimishima-san, por favor.
— Hmm…
— De qualquer forma, vamos recolher as bolas restantes no final. Fazer isso agora não vai demandar tempo extra nem esforço. Assumo total responsabilidade — ela avançou com uma firmeza incomum, fazendo os olhos de Touya se arregalarem.
— Entendido — ele finalmente assentiu. — Deixarei isso com você, mas a responsabilidade é minha.
— Muito obrigada.
— Certo, então, pessoal — Touya se dirigiu à plateia. — Pedimos desculpas pelo inconveniente, mas agora faremos uma nova contagem. Por favor, coloquem suas bolas restantes na urna, assim como antes.
Oh, meu Deus… — um sorriso surgiu nos lábios de Nonoa diante do drama inesperado.
— Hã, uma nova contagem agora? — Takeshi expressou sua surpresa.
— Alya-san…? — Hikaru murmurou, confuso.
Instigados novamente por Touya, os estudantes — muitos com expressão confusa ou exasperada — começaram a se dirigir ao palco.
— Muito bem, coloquem todas as suas bolas restantes aqui — Alisa instruiu mais uma vez. — Certifiquem-se de colocar ambas se tiverem se abstido antes.
Seguindo suas ordens, os estudantes depositaram suas bolas, uma após a outra, na urna.
— Trabalhando duro, Alisa~. Dia difícil, hein~? — comentou Nonoa.
— Sim; não tem como evitar — Alisa respondeu calmamente, mantendo o olhar fixo na urna mesmo enquanto Nonoa falava com ela novamente.
Sua postura era composta e inabalável, e Nonoa não pôde deixar de sentir um pressentimento particular diante disso. Seu coração bateu mais rápido com excitação.
Ooooh~? Então, então… como será que isso vai acabar? — pensou, voltando ao seu assento, aguardando a nova contagem com um humor inesperadamente animado diante da sequência de eventos.
A coleta das bolas restantes finalmente terminou, e novamente elas foram alinhadas nas pranchetas com moldura de madeira, transmitidas para toda a plateia ver. E, à medida que a classificação avançava… murmúrios perplexos começaram a surgir por toda a plateia.
— Hmm? — disse alguém.
— Hã? — outro murmurou.
— Hã, tem algo errado…
À medida que a contagem se aproximava do fim, mais e mais vozes surpresas se erguiam diante da cena obviamente estranha exibida na tela.
— Por que… agora há mais bolas vermelhas? — alguém finalmente apontou o problema óbvio.
Era uma discrepância que qualquer um poderia reconhecer. Claro, nem todos os alunos presentes lembravam com exatidão da contagem anterior, mas a disparidade atual era simplesmente impossível. Não havia como o número de bolas vermelhas não utilizadas superar o número das que foram inicialmente usadas para votar contra o clube de piano.
— Hã, que diabos? — continuou a confusão audível.
— O total de bolas… não bate, né?
— Ou melhor, se agora há mais bolas vermelhas… Hã? Espera, espera! Isso não significa que o clube de piano realmente venceu antes!?
Mais vozes confusas explodiram da plateia diante da situação anormal. Tornou-se evidente que o número de bolas coletadas na segunda contagem não correspondia ao número de votos originalmente lançados. Sem contar os votos em branco, é claro.
Mas, afinal, essa era justamente a armadilha que Nonoa havia preparado.
Não era nada particularmente complicado. Tudo o que ela fez foi entregar oito bolas vermelhas extras (através de Miyabi) a oito colaboradores, previamente retiradas do depósito. Em seguida, em vez de devolver as bolas brancas restantes que deveriam ter sido entregues na nova contagem, eles colocaram as vermelhas extras que haviam recebido antes.
Como resultado, oito bolas brancas não usadas desapareceram, enquanto oito bolas vermelhas adicionais apareceram do nada. Isso resultou em uma mudança de dezesseis votos (mais oito para o clube de piano, menos oito para o clube de música leve), insinuando que o clube de piano havia vencido por apenas dois votos. Essa margem foi puramente coincidente, mas o efeito dramático foi enorme.
— Qual é o significado disso!? — uma voz aguda irrompeu na plateia, chamando a atenção dos alunos confusos.
Lá estava uma estudante em pé, apontando o dedo acusador para Alisa com um olhar cortante.
— Você fala com tanta autoridade e, ainda assim, houve fraude, não houve!? — continuou seu ataque.
— Ela está certa! — outro estudante falou, acompanhando a explosão da garota. — Isso significa que o clube de piano deveria ter vencido, não é!?
— Não me diga… Você manipulou a votação porque ainda guarda rancor do clube de piano por causa do festival cultural, não é!?
Vozes se ergueram uma após a outra, condenando Alisa.
Como se instigados pelo crescente tumulto, os estudantes que não estavam envolvidos também começaram a lançar olhares suspeitos para Alisa… Mas Nonoa — a verdadeira mente por trás de toda a operação — apenas lançou um olhar frio na direção de seus colaboradores.
Idiotas, ela pensou consigo mesma. Claro, é um ataque surpresa total, e talvez pudéssemos avançar apenas com o impulso se essa fosse a situação certa. Mas neste caso~? Tentar colocar a culpa em Alisa é puramente injusto. Teria sido muito mais eficaz apenas colocar as bolas brancas restantes durante a nova contagem em vez das vermelhas se quisessem realmente prejudicá-la.
Pensando como se fosse problema de outra pessoa, Nonoa voltou seu olhar para a garota que havia falado primeiro… percebendo que reconhecia seu rosto.
Hã? Acho que já a vi antes… Ahhh, é a que arrumou confusão com Alisa outro dia. Então é por isso que o sangue subiu à cabeça dela, né?
O plano original era que Aoi solicitasse a recontagem, durante a qual a fraude seria "descoberta" e atribuída a Alisa. Ainda assim, teria sido uma acusação totalmente falsa, é claro, sem qualquer prova conclusiva de que ela tivesse manipulado a votação. Mesmo assim, apenas a suspeita de fraude em uma votação da assembleia estudantil seria fatal para qualquer candidato nas eleições.
Quem, em sã consciência, votaria em alguém que pudesse ter cometido fraude eleitoral? Mesmo se fosse injustamente acusada, a incapacidade de limpar essa suspeita a marcaria como uma opção fraca na cédula, incapaz de ser uma candidata legítima.
E assim, Alisa e Ayanono — responsáveis pela contagem dos votos — seriam culpadas pela manipulação, sendo forçadas a sair da eleição… Isso teria feito Kuzecchi e Yukki vencedores por padrão, enquanto Ayanono e Sayacchi comemorariam… Não que eu realmente esperasse que tudo saísse tão perfeito assim~.
Ainda assim, o que Nonoa não esperava era que Alisa, mesmo diante de acusações sem fundamento, não demonstrasse qualquer sinal de hesitação. Mesmo com mais e mais olhares suspeitos da plateia, Alisa continuava a recontagem calmamente, composta como sempre.
E talvez essa postura serena irritasse ainda mais a garota que se levantou primeiro.
— Ei! — ela levantou a voz, frustrada. — Diga alguma coisa ja—
— Por favor, fique quieta? Estamos no meio da recontagem — Alisa a interrompeu prontamente.
Era uma voz fria e plana como gelo, capaz de extinguir qualquer tumulto.
Sua postura era mais gelada, mais severa e, ainda assim, mais digna do que qualquer coisa que Alisa Kujou já tivesse demonstrado em tal situação. Inabalável diante das ondas de hostilidade vindas de múltiplos lados, ela permaneceu firme e ereta. Como uma rainha de gelo.
A garota antagonista, junto com os outros estudantes, prendeu a respiração em uníssono, podendo apenas encarar Alisa sem se mover. Sob a pressão de todos os olhares, Alisa — agora o centro indiscutível de todo o palco — abriu a boca lentamente.
— De fato, houve fraude — declarou. — No momento, temos cinquenta bolas vermelhas e quarenta e oito brancas. Estritamente falando, considerando os votos em branco, deveríamos ter quarenta e duas vermelhas e cinquenta e seis brancas… Isso significa que oito votos foram trocados — oito bolas vermelhas substituindo oito brancas — disse de forma clara, olhos fixos e inabaláveis nas bolas à sua frente.
Então, erguendo a cabeça, Alisa lançou um olhar afiado pela plateia.
— No entanto, nem preciso dizer… Não fui quem manipulou os votos. Não teria exigido uma recontagem se tivesse, expondo minha própria fraude — explicou, proclamando sua inocência com absoluta calma, virando-se para Ayano ao seu lado antes de continuar. — Da mesma forma, não acredito que Kimishima-san, que não me impediu de insistir na recontagem, seja a culpada. Então, nesse caso…
Hesitando brevemente, Alisa voltou seu olhar para a plateia mais uma vez.
— Há alguém entre a plateia que trouxe bolas vermelhas extras, manipulou os números e fabricou esta fraude — declarou claramente, com voz firme e resoluta.
Um murmúrio percorreu a plateia em resposta à acusação. Suas palavras haviam cruzado o ponto sem retorno; era como se tratasse todos como criminosos.
— Hã? O que, o que ela quer dizer? Que diabos está acontecendo? — Takeshi levantou a voz, confuso, pela enésima vez naquele dia.
— Não, espera… — Hikaru também falou em tom similar. — Então fizeram isso para fazer o clube de piano perder…? Não, espera, hã?
Por outro lado, aqueles encurralados pela dedução acusatória de Alisa começaram a protestar em desespero.
— Não brinque com a gente! Que tipo de prova você tem!?
— Mais vale que esteja mostrando evidências de verdade se for dizer isso!
Completamente impassível diante do clamor, Alisa voltou seu olhar para Touya mais uma vez.
— Vamos revistar os pertences de todos, presidente. Aqui e agora — exigiu.
— Uma revista…!? — Touya respondeu, perplexo.
— Devemos encontrar facilmente vários indivíduos com pelo menos uma bola branca escondida se minha suposição estiver correta.
— N-Não, mas…
— Você disse que confiaria essa questão a mim, não disse?
— Mmf… — Touya apenas hesitou diante da proposta drástica de Alisa, enquanto a garota que havia se levantado primeiro pegava sua bolsa às pressas.
— Cansei dessa bobagem…! — murmurou amargamente, dando alguns passos em direção à saída.
*KABOOOOM!!*
Um som semelhante a uma pequena explosão ecoou pelo auditório no instante seguinte, tão poderoso que provocou até um pequeno tremor. Ele sacudiu Alisa e os outros no palco com um choque repentino.
A fonte de tal força era um painel que estava à frente do palco, atingido por ninguém menos que Chisaki. Seu rosto estava sombrio, chamando a atenção de todos no auditório.
Erguendo lentamente a cabeça, com o braço ainda estendido em direção ao painel, ela lançou um olhar ameaçador aos estudantes sentados, arrancando um estrangulado "Eek!" de algum canto da plateia.
Desde que se juntou a Touya, Chisaki raramente mostrava esse lado — a face da "Donna" da escola. Era uma expressão que fazia vários garotos tremerem de medo, enquanto algumas garotas estremeciam de excitação.
— Todos! Coloquem as mãos atrás da cabeça e não se movam nem um passo — ordenou, com uma voz tão ameaçadora quanto a fumaça negra que sai de um vulcão em erupção. — Quem se mexer será tratado como inimigo.
Era uma ordem completamente unilateral, e não havia uma única alma corajosa na escola disposta a desafiá-la. Nem mesmo por instinto.
Vendo todos obedecerem silenciosa e rapidamente, Chisaki então se voltou para aqueles atrás dela com uma expressão completamente diferente, gentil.
— Posso assumir daqui em diante, Alya-chan? — perguntou em tom amigável.
— Sim — respondeu Alisa após uma breve pausa. — Muito obrigada. Deixo o resto com você, Sarashina-senpai.
Dando um leve aceno ao receber a permissão, Chisaki novamente lançou um olhar predominante, à la Donna, sobre a plateia antes de tirar o celular.
— Estou ligando para os membros restantes do comitê disciplinar que estão no campus — declarou. — Faremos revistas completas, corpo e bolsas. Achou que poderia aprontar alguma COISA com a gente, o conselho estudantil, durante uma assembleia estudantil? Nem pensar.
Com isso, os culpados que haviam armado a armadilha para Alisa encontraram seu destino.
⋆⋅☆⋅⋆
— Hah, hah, haah… — Alisa ofegava enquanto corria pelo corredor vazio em direção à sala de música, com a assembleia estudantil finalmente encerrada.
Era uma atitude completamente fora de seu caráter, da garota que normalmente seguia as regras da escola com devoção dogmática. Felizmente, antes que algum professor pudesse percebê-la, a pessoa que ela procurava finalmente apareceu na outra extremidade do corredor.
— Hm? Uau! Bom trabalho hoje, Alya!? — Masachika chamou, surpreso, parando bem a tempo de Alisa se lançar sobre ele com a força de uma jogadora universitária de futebol americano.
— Uuuuuu — ela gemeu, segurando firme o uniforme dele e enterrando o rosto no ombro dele.
— Q-Que foi!? — Masachika perguntou, em pânico. — Aconteceu alguma coisa!?
— Uuuu… — Mas Alisa não respondeu à pergunta ansiosa dele; em vez disso, resolveu se agarrar com força, segurando seu corpo como se a própria vida dependesse disso.
Diante da visão de sua parceira tremendo, Masachika, talvez pressentindo o que ela havia passado, começou a acariciar suas costas suavemente.
— Entendi, você realmente se esforçou — afirmou com palavras reconfortantes. — Sim, você foi incrível.
……
— E fez tudo sozinha… Você realmente, realmente se esforçou ao máximo.
Sem dizer mais nada, Masachika simplesmente confortou Alisa em silêncio.
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