Volume 10
Capítulo 6: Os Chefes Surgem dos Bastidores
— Não é hora pra isso!!!
— H-Hã? — Takeshi olhou para os lados, confuso, enquanto seus dois melhores amigos lhe repreendiam.
Pelo seu choque, ficava claro que ele não tinha a menor noção de quão imprudente havia sido ao se jogar em uma confissão pública sem qualquer preparação. Masachika e Hikaru olharam para o teto, exasperados e incrédulos, mas não importava como reagissem: alea iacta est. Nesse ponto, tudo o que podiam fazer era assistir ao desenrolar da situação.
(N/SLAG: alea iacta est = os dados foram lançados.)
Qual será a resposta dela? Praticamente todos se perguntavam, enquanto fixavam os olhos em Sayaka, esperando que ela falasse. Ela, por sua vez, estava com os olhos arregalados de choque.

— Nem pensar… — respondeu finalmente, com a voz atônita.
(Shisuii: F soldado.)
Absolutamente definitiva — concisa, clara e direta.
Com essas duas palavras esmagadoras, Takeshi desabou de volta na cadeira, a cabeça caindo abruptamente.
— T-Takeshi! — Hikaru agarrou seu ombro, impressionado com um colapso tão espetacular, digno de manual.
— E-Ei, espera um segundo! — Masachika se inclinou para frente ao lado de Takeshi, praticamente mordendo a própria língua enquanto disparava perguntas para Sayaka. — Espera, "Nem pensar"? Tipo, você quer dizer isso no sentido psicológico ou fisiológico!? Ou é por causa de uma situação em que simplesmente não dá para fazer, tipo por circunstâncias familiares inevitáveis ou por ter decidido não ter um namorado, ou algo assim!?
Takeshi não conseguiu evitar um tique com a enxurrada de perguntas de Masachika, enquanto Sayaka piscava algumas vezes.
— A primeira, eu acho… — ela respondeu depois de um momento. — É simplesmente o fato de que nossas situações familiares não combinam.
— Então, em outras palavras, não é que você me odeie!? — Takeshi de repente se animou de novo, avançando com força suficiente para praticamente deixar rastros atrás de si. Sayaka se recostou levemente, ajeitando os óculos.
— Não é que eu te odeie ou algo assim… Eu simplesmente nunca considerei isso.
— O que significa… que ainda tenho uma chance, né!?
— B-Bem, eu não chamaria de zero… Eu acho?
— Sim! Beleza! Beeee-leza!!! — Takeshi comemorou ao perceber que não tinha sido rejeitado diretamente, batendo o punho para cima e para baixo tão rápido que parecia que o braço vibrava no lugar. Masachika e Hikaru não conseguiram evitar olhares mistos de meio exasperação, meio admiração.
— Você é forte demais, cara…
— É, sério… Eu meio que te respeito.
Objetivamente falando, a resposta de Sayaka não era exatamente positiva. "Eu simplesmente nunca considerei isso" podia significar apenas "Eu nunca te vi desse jeito" e "Eu não chamaria de zero" podia facilmente significar "Estou sendo educada, mas na real é praticamente um não."
Mas para alguém como Takeshi, ainda era motivo suficiente para ficar radiante. E, de fato, havia mais uma pessoa na sala que interpretou tudo de forma igualmente positiva.
— Woooow~, que ótimo para você, Maruyama-kun!
Essa pessoa era, claro, Maria…
— Ótimo? — Alisa respondeu, cética, ao aplauso inocente da irmã.
— Isso meio que me atingiu de forma estranha — comentou Touya.
— Bem, claro, não foi uma confissão pública no seu caso, Touya, mas… você foi definitivamente muito pior que o Maruyama-kun aqui em termos de surpresa.
— Guh…
E assim, o presidente do conselho estudantil recebeu discretamente uma boa dose de constrangimento histórico negro.
⋆⋅☆⋅⋆
— Você é realmente incrível, cara… Sério — Masachika não conseguiu evitar elogiar Takeshi, que — apesar da bagunça que havia feito — de alguma forma conseguiu marcar um encontro através da insistência, enquanto caminhavam pelo caminho em direção aos portões da escola.
— Sério… De um completo desastre a realmente conseguir um encontro… — Hikaru acrescentou.
— Não foi tão ruim assim — Takeshi tentou se defender.
— Não, uma cagada é uma cagada, tá ligado? Tipo, uma confissão pública? Tem gente que odeia esse tipo de coisa… Honestamente, é um milagre que Sayaka não tenha ficado irritada.
— Haha, é, pensando bem nesse ponto também…
Enquanto os três rapazes conversavam animadamente sobre a confissão de Takeshi, Alisa seguia alguns passos atrás deles.
Como já era tarde, todos começaram a se dispersar, indo para casa um por um depois que a situação se acalmou um pouco.
Yuki e Ayano estavam esperando o carro da família Suou, enquanto Sayaka aguardava o carro da família Taniyama, com Nonoa ficando para trás com ela. Touya e Chisaki, ambos se sentindo culpados por terem incentivado Takeshi irresponsavelmente antes, decidiram ficar mais um pouco no escritório do conselho estudantil. Maria, cuidando deles, decidiu que voltaria para casa junto com os dois.
No final, isso deixou Alisa voltando para casa com os três calouros.
Além disso, Takeshi inicialmente queria sair com Sayaka, mas Masachika e Hikaru o agarraram pelos dois braços, arrastando-o com um "Calma aí."
— Ah, bem, tudo acaba bem no final… Eu acho?
— Sim. Ele conseguiu marcar um encontro no fim das contas… Isso não é uma coisa boa?
— Isso, isso! Cara, meu primeiro encontro, hein? Bem emocionante, né?
— Incrível como a expectativa e a alegria vêm primeiro, e não o nervosismo. Mesmo sendo seu primeiro encontro…
— Só para conferir, você tem roupa para encontro, Takeshi?
— Hã?
— Hã? — Masachika e Hikaru repetiram o tom confuso de Takeshi.
Mesmo Masachika, que normalmente era cuidadoso e habilidoso em incluir Alisa na conversa, parecia absorvido demais nessa conversa só entre meninos.
Mas, para Alisa, naquele momento, isso na verdade era até melhor, considerando que ela mesma ainda estava presa às consequências da confissão de Takeshi mais cedo.
Não consigo acreditar que ele realmente confessou tão de repente…
Embora ela tivesse se envolvido na situação por acaso, até mesmo Alisa, que acompanhava a vida amorosa de Takeshi de alguma forma, achou tudo incrivelmente chocante.
Porque, afinal, para Alisa, uma confissão era algo que deveria ser feito com cuidado — passo a passo, com muita atenção.
E isso naturalmente a levou a pensar…
Será que já está na hora de eu confessar para Masachika-kun…?
Até então, Alisa estava tão envolvida na euforia do seu primeiro amor que nunca tinha tido a chance de pensar nisso seriamente. Agora que ela percebeu seus próprios sentimentos, o simples fato de uma confissão era algo que não podia mais ser evitado.
Não é como se, tipo, eu realmente quisesse me tornar a namorada de Masachika-kun ou algo assim… Ou fazer alguma coisa por causa disso…
Ela tentava se convencer.
Encontros? Eles basicamente já faziam isso de qualquer jeito, na verdade.
E coisas que só namorados poderiam fazer…? Tipo beijar, ou o que viesse depois…? Ela nem queria isso. Ou melhor, nunca tinha sequer pensado nisso.
E sobre aquilo, claro? Certo, eu meio que perdi a cabeça ontem e disse que ele podia tocar meu peito… mas isso foi só eu provocando Masachika-kun. Não é como se eu realmente quisesse que ele tocasse em mim ou algo assim.
Isso mesmo, ela definitivamente não estava pensando em nada desse tipo. Claro, talvez tenha havido um arrepio estranho lá dentro, mas era só porque ela gostava de ver Masachika todo atrapalhado. Era só o seu lado sádico sendo provocado, nada mais. E, além disso, a única outra sensação era um formigamento no peito, mas isso era só… seu desejo de ser reconhecida como mulher sendo levemente instigado. Não por algum desejo indecente.
É isso.
Eu não tenho nenhum desses tipos de desejos, tá?
Bem, talvez se Masachika-kun disser que realmente quer me tocar, então… Não, não é isso! Não é como se eu quisesse fazer esse tipo de coisa ou algo assim…
O que então surgiu na mente de Alisa foi o olhar de Masachika de ontem, quando ele conversava com Yuki.
Embora ele estivesse obviamente exasperado com o comportamento da irmã mais nova, sempre lhe dando a resposta fria, não havia a menor dúvida em sua mente de que ele tinha um olhar infinitamente gentil — transbordando nada além de profundo amor e compaixão.
Eu quero isso também… Quero que ele me olhe assim. Quero me tornar alguém importante para Masachika-kun.
O desejo de ter essa bondade, esse afeto, direcionados a ela.
E…
Eu quero Masachika-kun… Quero que Masachika-kun me ame… do jeito que eu o amo…
Ela se pegou desejando, olhando febrilmente para o perfil dele enquanto ele caminhava à frente, calmamente pensando no próximo passo.
Então, quando devo confessar…? Ou o verdadeiro problema, na verdade… como conseguir que aquele avô dele me aceite…?
Isso mesmo, Alisa, sempre tão composta, já estava muito à frente de si mesma, naturalmente pulando a fase de "falar com os pais". E, como ela não tinha intenção de namorar alguém sem a meta de se casar de verdade, isso era uma questão extremamente real para ela.
Até então, Alisa nunca tinha pensado que haveria obstáculos reais por causa das famílias. Mas agora ela sabia que a realidade ditava que Masachika era um potencial herdeiro da renomada família Suou — uma família que se destacava e era respeitada mesmo na prestigiada Academia Seirei.
E, por outro lado, havia ela — alguém de uma família média comum. Sem mencionar, meio estrangeira também.
Mas isso é realmente um problema…? Tipo a mentalidade de "Não vamos permitir sangue estrangeiro em nossa linhagem nobre!" ou algo assim? Isso ainda acontece de verdade…? Não senti nada parecido quando conversamos ontem, mas…
Deixando seus pensamentos de lado, Alisa se obrigou a parar de pensar demais.
O sangue que corria em suas veias era algo que ela não podia mudar — o que importava mais era descobrir o que ela poderia fazer para ser aceita apesar disso.
Vou ter que provar minha competência para eles, afinal, né? Além disso, ouvi dizer que o próprio pai de Masachika veio de uma família média também, e ainda assim se casou com a família Suou. Então não é como se não houvesse nenhuma chance…
Embora, realisticamente, isso provavelmente tenha acontecido porque o pai dele se tornou diplomata. Então, devo me tornar uma também…?
Não, provavelmente isso é algo que Masachika-kun deve se tornar, certo? Eu ainda não decidi o que quero ser no futuro, e escolher uma carreira pelo bem de outra pessoa me parece meio errado… Nesse caso, o que devo almejar é…
A resposta já estava clara — um título que demonstrasse claramente minha própria competência, algo que estivesse ao alcance do que eu posso conquistar agora.
…Tornar-me presidente do conselho estudantil. Então eu entrarei para o Raikokai — é aí que tudo começa.
No final, Alisa voltou ao mesmo objetivo que sempre buscou. Era algo que ela sempre tinha em mente, sem dúvida, mas agora adicionava uma nova determinação firme a isso.
Vou vencer a eleição, me tornar alguém de quem eu possa me orgulhar, e confessar para Masachika-kun!
Não havia a menor dúvida — seria o momento perfeito.
Eles dariam tempo para fortalecer o vínculo, passo a passo… E então, depois de conquistarem a vitória juntos, ela finalmente confessaria seu amor.
Perfeito.
Um plano tão perfeito que poderia servir como roteiro de novela, exatamente assim.
Isso.
Satisfeita com seu próprio plano impecável, Alisa ajeitou casualmente o cabelo atrás da orelha, composta. Seus olhos, levemente tingidos de tédio, então se voltaram para a paisagem da cidade, que começava a carregar o leve toque do inverno.
Sim, estou tomando uma decisão puramente calma e racional… Tudo que estou fazendo é simplesmente escolhendo o momento certo, com a maior chance de sucesso para mim.
Era só isso.
Não tinha nada — absolutamente nada — a ver com o momento que fez meu coração disparar mais cedo, quando ouvi Sayaka dizer as palavras: — Nem pensar.
Nem com a imagem que me fez sentir o estômago embrulhar de Masachika me rejeitando da mesma forma.
Não era isso.
Não estou, definitivamente não estou, adiando minha confissão de forma alguma. Não é como se eu tivesse medo de ser rejeitada ou surtando com a possibilidade, ou algo assim, sabe? E sobre desejar secretamente que Masachika-kun confessasse primeiro por acaso?
Ela se contorceu com a possibilidade.
Não estou pensando nisso de jeito nenhum, tá?
Mexendo no tufo de cabelo que acabara de prender atrás da orelha, Alisa inventava todo tipo de desculpa para ninguém em particular dentro da própria cabeça.
Mas, naquele instante, uma memória distante surgiu em sua mente — palavras que sua irmã mais velha lhe dissera há muito tempo.
— É melhor contar para alguém que você gosta dela mais cedo do que tarde, sabe? Porque se outra pessoa aparecer e levá-la, aí já vai ser tarde demais.
Ela voltou à realidade com isso, e seus dedos congelaram.
E se houver a possibilidade de Masachika ser "roubado" por alguma outra garota enquanto ela fica adiando sua confissão…?
Alisa imaginou as garotas ao redor de Masachika e rapidamente balançou a cabeça.
…Não vai acontecer, né? Se alguma, Yuki-san é a mais provável, mas no fim das contas ela é só a irmã dele. Ayano-san é sua criada. Quanto a Elena-senpai e Sumire-senpai… É, considerando como são… Então resta Nonoa-san… Hã, Nonoa-san?
Uma imagem surgiu em sua mente naquele momento — Nonoa flertando (?) com Masachika no parque de diversões.
Considerando que ela não sabia o quão sério Nonoa havia sido na época, que Masachika a rejeitou claramente naquele momento também, e que não houve sinais de Nonoa investindo nele desde então, Alisa quase havia se esquecido completamente disso.
Tá tudo bem… né? Masachika-kun não parece confiar muito nela, e… ele já disse claramente que é impossível ele se sentir atraído por ela como garota antes também.
Lembrando de tudo isso, Alisa recuperou sua confiança.
Isso mesmo. Masachika-kun, pelo menos, definitivamente me vê como uma garota. Não tem como eu perder para Nonoa-san nesse quesito.
Pensou, lembrando de como Masachika mantinha o olhar completamente fixo em seu peito ontem.
— Fufu~ — Alisa soltou uma risadinha satisfeita, se deleitando na sensação de superioridade.
E, ao mesmo tempo…
— !!!
Ela se contorceu, praticamente se debatendo de vergonha ao pensar em seu próprio comportamento naquele momento. Gritos quase inaudíveis escaparam de sua garganta, e ela deu pequenos pulinhos no lugar. Percebendo o quão suspeita devia ter parecido segundos atrás, ela rapidamente lançou um olhar para Masachika caminhando à frente.
— Mas ei, como você pretende chegar lá? — perguntou ele a Takeshi. — É bem longe, e essa área não fica próxima de nenhuma estação também.
— Heh heh heh… Tenho um plano secreto só para isso… Eis: o navio de cruzeiro!
— Hã?
— Você quer dizer… vai viajar pelo rio? — perguntou Hikaru.
— Exatamente! Vi na TV outro dia… — explicou Takeshi. — Não é, tipo, a melhor ideia de todas? Viajar e ainda fazer turismo ao mesmo tempo!?
— Sério~? Mas isso não é um pouco demais para um primeiro encontro?
Apesar de Alisa estar agindo de forma tão errática, Masachika aparentemente não percebeu nada de estranho. Na verdade, ele continuou conversando com os outros dois rapazes normalmente.
Alisa soltou um pequeno suspiro de alívio… mas ao mesmo tempo se sentiu um pouco irritada por não estar sendo notada de jeito nenhum.
Então, com um sorriso travesso surgindo em seus lábios, ela levou uma mão até a boca, preparando-se para sussurrar para Masachika.
— Если ты продолжишь так меня игнорировать, то... мне придется обнять тебя и прижаться к тебе сзади, понимаешь?
(Se você continuar me ignorando assim, então… vou ter que te abraçar e grudar em você por trás, sabia?)
Declarou audaciosamente em russo. E isso finalmente funcionou. Masachika estremeceu e recuou, finalmente percebendo a presença atrás dele. Virou-se rapidamente.
— Você disse alguma coisa, Alya? — perguntou.
— Não muito — respondeu ela. — Só concordei, só isso.
Ah, o habitual: Alisa desviando de sua pergunta com uma expressão inocente em resposta ao ato propositalmente desatento de Masachika.
E normalmente isso seria o fim da história.
Mas, desta vez…
— Como eu pensei! Sabia que você pensaria assim também, né, Alya-san!?
— Não, não, não, ela nunca disse que concordava com você! Ela estava obviamente concordando comigo, né!?
— Eh!?
Sua má timing e sua desculpa vaga de simplesmente "assentir" aparentemente foram descuidadas demais. Com Hikaru e Takeshi agora também se virando junto com Masachika, os três rapazes olharam ansiosos para Alisa em busca de apoio.
E tudo que ela pôde fazer foi piscar, totalmente confusa, sem ter ideia do que eles estavam falando.
Incapaz de admitir honestamente que não estava prestando atenção, o coração de Alisa começou a disparar em pânico silencioso.
Felizmente, Hikaru deu um sorriso irônico e se virou de volta para Takeshi.
— Tipo, cara, não pode ser essa a estratégia, né? Você não pode pegar o rio — está frio demais nessa época do ano — ele argumentou.
— Então a gente só vai colocar umas camadas extras de roupa; vamos ficar bem!
Rio…? Camadas extras…?
Ouvindo pedaços da conversa, a mente aguçada de Alisa rapidamente começou a juntar as peças.
E, em menos de três segundos, ela chegou a uma conclusão.
Ahhh, couro…? Tipo uma jaqueta de couro? Eles estavam falando de roupas para o encontro antes também.
Sim… ela havia chegado a uma resposta espetacularmente fora do alvo.
Sem perceber o quão fora de alvo estava, Alisa imaginou Takeshi com uma jaqueta de couro enquanto se preparava para dar sua resposta.
— Não acho que seja uma má ideia — disse.
— Huuuh? — Hikaru não conseguiu conter a decepção na voz.
— Não é isso!? Viu~, Alya-san também disse que tá bom! Então tá totalmente okay do ponto de vista de uma garota! — Takeshi se encheu de orgulho, e Alisa lhe deu um sorriso polido e discreto.
— Mas, claro, depende do tipo de couro (rio), né? — ela acrescentou, só para garantir.
— Hã, ohhh, certo… Er… que tipo de rio (couro) era mesmo?
— Quer dizer, eu pessoalmente ficaria incomodada se fosse feito de (se tivesse) crocodilos ou tubarões, ou algo assim…
— Não, não! Que que você tá falando, Alya-san!? Não existem rios (couro feito) com crocodilos e tubarões! Isso é Japão! — argumentou Takeshi.
— Hm? Sim, isso é Japão… mas eu já vi uma vez na escola, sabia? — Alisa continuou insistindo.
— Não pode ser! Onde!?
— Na cafeteria, se não me engano?
— Sério!?
— Eu definitivamente vi uma vez.
— P-Pra valer…? — Takeshi deu um sorriso irônico, como se mal pudesse acreditar nas palavras dela.
— Sopa de barbatana de tubarão, talvez…? Mas não, crocodilo…? Será que já tiveram isso antes? — Hikaru ponderou, coçando o pescoço como se tentasse resolver algum grande mistério.
— ??
E tudo que Alisa pôde fazer foi inclinar a cabeça, os olhos arregalados em confusão diante das reações dos dois.
É realmente tão surpreendente assim? Ah, bem, acho que também foi a primeira vez que vi uma bolsa de couro de crocodilo e uma carteira de pele de tubarão…
Pensou.
Yeeeah, ela tá totalmente entendendo tudo errado aqui, hein?
Masachika, que já tinha percebido exatamente o que estava acontecendo, olhou para Alisa com um olhar morno.
⋆⋅☆⋅⋆
……
Naquela noite, depois de pegar uma carona no carro da família de Sayaka e jantar, Nonoa se estirou na cama, relembrando a conversa de mais cedo.
— Então, o que você realmente achou? Da confissão do Takeshi — ela tinha perguntado sem rodeios enquanto caminhavam em direção aos portões da escola.
— Honestamente…? Eu tô meio confusa agora — Sayaka respondeu, sem nenhum sinal de hesitação.
— Hmmm~? Quer dizer, faz sentido. Foi a primeira vez que alguém te acertou com uma confissão dessas, né, Sayacchi~?
— É… acho que sim.
— Mas eee, o que você acha? Do Takeshi como garoto? Um sim? Um não? Quero dizer, você concordou em sair com ele, então ele não é um não absoluto, né~?
— Ele não é nem de longe meu tipo, para ser honesta. Meu ideal é alguém tipo Gideon de One-Arm, ou Thunder Spear Lime-kun de Kimi X Kime.
— É, trazer garotos de 2D não ajuda muito a sua causa aqui, sabia~?
— Mas é isso — Sayaka disse em tom suave, ajeitando os óculos enquanto olhava discretamente para outro lado. — Mesmo deixando de lado toda a questão familiar, acho que fiquei feliz de ele ter dito que gosta de mim tão abertamente… Mesmo sabendo um pouco sobre esse lado meu…
— Entendi~.
— Acho que meio que me senti como a heroína de um mangá ou algo assim? Bem, o herói em questão não era alto nem bonito, porém — ela acrescentou rapidamente, claramente tentando encobrir o constrangimento.
Era o tipo de reação que até mesmo Nonoa, sua amiga de infância, quase nunca tinha a chance de ver.
……
O que Nonoa tinha dito a Masachika no parque de diversões não era mentira — se Sayaka estava feliz, então ela também ficaria.
Ou pelo menos, era assim que ela pensava que seria.
Mas agora, vendo a reação de Sayaka, não totalmente indiferente à ideia, o que surgiu no peito de Nonoa foi…
— Então eu sou só a estranha no fim das contas, né? — sussurrou, os lábios torcidos em um sorriso torto. — Isso é tão solitário. Me deixa entrar também.
…Um sentimento inquieto, constante, persistente — uma espécie de tesão emocional.
Era uma parte de seu coração que ela mantinha contida desde o parque de diversões, e era justamente essa parte que agora gritava, desesperada por estímulo.
Para Nonoa, o mundo sempre fora, simplificando, um lugar entediante. Era algo quase natural para ela — não importava o que via ou fazia, seu coração raramente reagia a algo.
Mas agora havia algo que ela percebeu. Uma percepção de que talvez houvesse alguém além de Sayaka capaz de realmente mexer com seu coração.
Alguém que pudesse dar a este coração conturbado dela uma sensação que ele nunca tinha experimentado antes.
E agora que ela havia notado isso… não conseguia mais se conter.
Paciência, paciência. Só mais um pouquinho de paciência~. Tá tudo bem, tá tudo bem. As coisas devem começar a se mover dentro da semana~.
O terreno que ela vinha preparando silenciosamente por baixo da superfície estava quase pronto para florescer. O dia em que a cortina se ergueria nesse pequeno palco encantador — aquele que finalmente poderia saciar sua sede de desejo — estava prestes a começar.
Ah, certo. Preciso terminar de preparar a última peça também.
Com esse pensamento, Nonoa pegou o celular para enviar uma mensagem a Ayano.
Mas, naquele momento…
— Desculpa, Onee! — sua irmã mais nova, Rea, entrou correndo no quarto, com os braços cheios de livros e cadernos. — Me ajuda com o dever de casa!
Ela andava estranhamente motivada para estudar ultimamente, e esse tipo de súplica não era novidade. Nonoa sempre acabava ajudando, mas naquele momento, simplesmente não estava com disposição…
— Hmm~, tô meio cansada hoje, então vamos deixar para outro dia.
— Outro dia é tarde demais! Tenho uma prova amanhã! Então, por favooor! — Rea juntou as mãos na frente do rosto, espiando Nonoa por um dos olhos.
Era impressionante como ela entendia bem seu próprio charme. Era uma espécie de fofura calculada. Mas para Nonoa, naquele momento, o efeito foi exatamente o oposto.
Ugh, irritante~. Que cara ela faria se eu desse só uma apertadinha naquele pescoço fininho dela~?
O pensamento passou rápido por sua mente, mas ela logo o afastou e se levantou da cama.
— Ok, ok… Tá, só por um pouquinho, então.
— Obrigada, Onee! Sério, eu agradeço mesmo! — Rea pulou na cadeira com um sorriso de pura alegria inocente.
Observando-a de lado, Nonoa olhou para a própria nuca e deu de ombros.
Brincadeira~. Não vou realmente fazer isso. A mamãe disse pra eu ser legal com meus irmãos mais novos, afinal, e manter boas relações com quem está próximo facilita a vida~.
Nonoa também não podia fazer nada que machucasse Sayaka pelo mesmo motivo. Ela era importante para ela — alguém insubstituível.
Mas…
Kuzecchi provavelmente nunca vai ser meu, não importa o que eu faça, né? Então tudo bem, não é?
Nesse instante, seu celular vibrou na mão. Pegando-o e verificando a mensagem de Ayano, Nonoa esboçou um sorriso discreto.
⋆⋅☆⋅⋆
— Sayaka, Sayaka?
— Ah, desculpa… O que foi, Shiyouichi-niisan? — perguntou Sayaka, ao ser chamada pelo irmão mais velho dos Taniyama, Shiyouichi, que a havia percebido distraída durante o jantar.
Ele tinha vinte e sete anos, trabalhava atualmente em uma fabricante de semicondutores alheia à família Taniyama para ganhar experiência como adulto. O cabelo estava bem arrumado e usava óculos de aro preto. Apesar da diferença de idade, suas feições lembravam muito as de Sayaka.
— Você parece bem distante hoje à noite.
— Aconteceu algo na escola? — perguntou outro dos irmãos, seguindo Shiyouichi.
Ele era o segundo filho, Itsuki — um jovem de aparência gentil, com cabelo levemente longo preso na nuca. Com vinte e dois anos, estava no quarto ano da universidade, cursando Psicologia e participava de um dos laboratórios de pesquisa da faculdade.
— Vocês chegaram tarde em casa hoje, pensando bem, né? — interveio o terceiro irmão, um rapaz de aparência chamativa, com piercings em ambas as orelhas e cabelo loiro com mechas vermelhas.
Apesar da aparência, ele era o respeitável terceiro filho da família Taniyama — Kaketo. Com dezenove anos, cursava o segundo ano de Pintura a Óleo em uma universidade de arte.
Os três eram jovens bonitos, cada um com uma aura totalmente diferente, mas todos carregavam uma presença refinada inegável. Eram os três homens que carregavam o futuro da Taniyama Heavy Industries como herdeiros, e para Sayaka, eram seus respeitados irmãos mais velhos.
— Na verdade, hum… — Sayaka começou, sentindo os olhares atentos de seus três irmãos, plenamente consciente de que estava presa em um dilema mental. — Um amigo… me confessou hoje.
Ela decidiu ser honesta sobre sua situação.
— Uma confissão!? — as vozes dos três irmãos se sobrepuseram em perfeita uníssono.
O irmão mais novo estreitou os olhos em clara desconfiança, o segundo filho exibiu um sorriso frio um pouco ameaçador, enquanto o mais velho tentou manter a compostura, ajeitando os óculos apesar dos dedos tremendo violentamente.
A situação provavelmente já estava clara só pelas reações, mas, na verdade, os três eram enormes siscons. Eles mimaram tanto a irmã desde a infância que, se Sayaka fosse uma garota comum, provavelmente já teria se tornado uma princesa arrogante e egoísta.
No entanto, se Sayaka gostava ou não de ser tratada como uma princesa era outra questão completamente diferente. Desde pequena, ela sempre foi assim: indiferente, não importava quanto os irmãos a elogiavam ou a mimavam com presentes.
Mas, para seus irmãos, esse fato — a realidade de que ela não se deixava agradar facilmente — só a tornava ainda mais preciosa. Em outras palavras, eles eram pervertidos de carteirinha.
E agora, a notícia de algum "punk" ter se declarado para sua adorável irmãzinha havia chegado aos ouvidos desses irmãos irremediavelmente pervertidos. Seus pensamentos internos estavam, naturalmente, longe de estarem calmos, mas, ainda presa em seus próprios devaneios, Sayaka permaneceu alheia enquanto despejava ainda mais combustível na fogueira.
— Nós também, hum… decidimos sair em um encontro… — ela revelou ainda mais.
— Um encontro!? — as vozes dos três irmãos se harmonizaram perfeitamente mais uma vez.
Mas, desta vez, de além da mesa, uma outra voz grave se fez ouvir.
— Um encontro, é?
O dono da voz não era outro senão o pai dos quatro irmãos, e atual presidente da Taniyama Heavy Industries. Kazunari Taniyama, cinquenta e cinco anos.
— Como eu pensei… Foi descuido meu, sendo filha da família Taniyama…? — Sayaka perguntou timidamente, endireitando-se automaticamente sob o olhar penetrante que emanava por trás dos grossos óculos do pai.
Diante do olhar hesitante da própria filha, Kazunari largou os hashis, cruzou os braços e fechou os olhos, inclinando levemente o rosto, o que fez Sayaka encolher-se ainda mais. Mal sabia ela, seus verdadeiros pensamentos eram…
Não é nada disso, Sayaka… Por favor, não faça essa cara tão arrependida…
Nessa linha…
Na verdade, Kazunari sempre quis ter uma filha desde que se casou. Mas, tendo tido filho após filho e todos meninos — três seguidos, na verdade — ele quase desistiu. Pensou que era completamente sem esperança, uma causa perdida.
Até que, finalmente, pouco antes de completar quarenta anos, Sayaka nasceu.
Ele se encheu de alegria quando ela chegou ao mundo, a ponto de decidir tornar o aniversário dela um feriado pago em toda a empresa. Até que sua esposa o deteve com um tapa.
— Não dê tanto estresse para sua esposa logo após o parto — repreendeu-o.
De qualquer forma, era assim que Kazunari adorava Sayaka como pai.
Mas, embora quisesse mimá-la profundamente, havia também seu credo pessoal de que um pai correto não deveria tratar os filhos de forma diferente. Além disso, como seus filhos já mimavam a irmã mais nova tanto — e ainda mimavam — ele sentia que era seu dever, ao menos, ser rigoroso com ela. E, para completar, havia seu orgulho. O desejo de ser um pai legal e digno aos olhos da filha.
Tudo isso se combinava para culminar na figura comovente de um pai que amava sua filha até a morte, mas que não podia demonstrar isso abertamente.
E, talvez por isso, Sayaka — apesar de ser tão mimada pelos irmãos — cresceu para ser uma jovem adequada, daquelas que você poderia apresentar à sociedade sem vergonha, como filha da família Taniyama.
Mas, em troca, Sayaka aparentemente consolidou a imagem do pai como um homem rígido em sua mente. Algo que Kazunari próprio já não sabia mais como quebrar, apesar de ter sido a postura que ele havia construído.
Não tenho absolutamente nenhuma intenção de forçá-la a um casamento político… E, ainda assim, por que ela sempre interpreta errado, como nas eleições do ensino médio? Não é como se eu alguma vez tivesse pressionado ela a entrar para o Raikokai, ou casar com alguém que beneficiasse a família Taniyama… Não, Sayaka merece o melhor parceiro possível, alguém verdadeiramente digno de ser marido da herdeira da família Taniyama… Mas será que isso a pressiona também? Por outro lado, deixá-la com qualquer garoto aleatório seria apenas… Ugh…
Então lá estava o pai de Sayaka, sofrendo em sua própria solidão, enquanto a mãe balançava a cabeça para os lados em exasperação, vendo através de toda a turbulência do marido.
Enquanto isso, os três irmãos se aproximaram de Sayaka.
— Oi, quem diabos é esse cara!? Ele te chamou para um encontro logo depois de se declarar? Ele não é algum pegador, né!?
— Isso mesmo. Talvez tenha sido descuido da sua parte aceitar o encontro… Parece que teremos que acompanhar isso direitinho.
— Isso aí, Itsuki. Acho que deveríamos ir com ela no dia, só para garantir.
— N-Não, isso atrapalharia demais o Takeshi-san… — Sayaka raciocinou, tentando apressadamente parar seus irmãos e seu ataque de reações exageradas.
Mas, infelizmente, isso também foi descuido da parte dela. Especificamente porque ela acabou deixando escapar o nome do tal rapaz…
Takeshi…
Todos os quatro homens da família Taniyama estreitaram os olhos em uníssono.
E, assim, naquele momento, sem que Takeshi soubesse, múltiplos "bosses" surgiam em seu caminho rumo ao romance.
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