Volume 10

Capítulo 4: Destruindo o Cérebro de Alisa Repetidamente

Ei, Yuki, a Alya está olhando! A Alya está nos vendo!

Tudo bem~, é ainda mais motivo para arrasar… Heeyaa~, Tesoureira-chan, está assistindo~. Masachika-kun e eu estamos completamente abraçados na cama agora!

Para de dizer isso de um jeito tão sugestivo! Solta. Me. Solta!

Masachika tentou desesperadamente empurrar Yuki, enquanto encarava o olhar frio de Alisa, mas os braços de Yuki continuavam firmemente apertados em seu pescoço, recusando-se a soltá-lo.

Oh, meu querido, o que houve, Masachika-kun? Você estava me abraçando com tanto entusiasmo e paixão há apenas um minuto♡ — coçou, adotando um tom exageradamente feminino e doce, como se ronronasse.

Nesse momento, Alisa se aproximou rapidamente, segurando a gola de Yuki e puxando-a para longe de Masachika.

Oh, céus~.

Yuki soltou um grito monótono enquanto caía para trás de maneira cômica.

Alisa, observando friamente enquanto Yuki rolava para longe, voltou seu olhar para Masachika… só para ter um choque ao perceber a parte de trás exposta de Yuki.

Pfft!? — não conseguiu segurar a reação.

Epaa, ajeita a Mary aqui, ajeita a Mary — Masachika chamou Yuki para arrumar a saia, desviando rapidamente o olhar de Alisa, que estava com uma rara expressão, prestes a explodir de rir.

Ah, opa, foi mal por isso — Yuki se desculpou, ainda caída em uma pose digna de mangá cômico, antes de se levantar, arrumar a saia e lançar a Alisa uma sobrancelha levantada. — Ei, ei, garota bonita… Que cara é essa? Não vai sobreviver nessa casa se rir de qualquer coisa.

Não arraste a dignidade da família Suou na lama. Você é a única esquisita desta casa.

 — Exatamente! E sou eu, essa esquisita, que, no clima sério desta mansão, se esconde onde Vovô e Mamãe não podem ver, tentando fazer as pessoas rirem. Eu chamo de: "A Visita à Casa da Família Suou Onde É Absolutamente Proibido Rir…"

Você realmente precisa parar com isso, sabia? E não fique mostrando a Jodie pelas costas do Vovô, ou algo assim. Sério.

Jodie…? — Alisa perguntou curiosa.

Sim, Jodie — Yuki reafirmou, levantando a saia rapidamente para mostrar sua calcinha de ursinho.

Pfft!?

Alisa, prestes a explodir de rir novamente, tampou a boca a tempo.

Mal conseguindo segurar a risada, ela olhou para Yuki com um olhar meio exasperado, meio de admiração relutante.

Você é realmente boa em esconder sua verdadeira natureza na escola, não é…?

O ato magistral de um lobo em pele de cordeiro, não acha?

Certo…? Sim, sério, é como se você tivesse TID.

Oh, chamar de TID é horrivelmente terrível… — Yuki mudou de comportamento, fala e até tom de voz instantaneamente. — Não prefere chamar de meu "modo feminino"?

Nyaaagh! Minha cabeça vai explodir… — Alisa segurou a cabeça, soltando um som que Masachika nunca tinha ouvido dela antes.

Imagino que Yuki a todo vapor seja demais para a Alya séria, hein?

Pensou Masachika, descendo da cama para se aproximar dela.

Tudo bem, Alya, vamos para o meu quarto por enquanto.

Oh, então eu também, eu também — Yuki se enroscou em Masachika em cima da cama, agarrando-o com força antes que Alisa pudesse responder.

Uau… Não, você não vai vir.

Não é justo, não me deixa de fora… Grude, grude — a irmã de Masachika pronunciou a onomatopeia enquanto colocava as mãos nos ombros dele e enrolava as pernas, subindo habilmente sobre o corpo dele.

Para, para — Masachika se preparou para não cair enquanto respondia.

Mesmo assim, Yuki não deu atenção, continuando a prender as pernas na cintura dele, apertando com força enquanto se segurava na cabeça dele.

Nãooo! Nós acabamos de nos reconciliar! — ela gritou — Não quero ficar longe, não quero ficar longe!
Isso é perigoso ei, para! Você vai realmente ferrar meu pescoço!

Ei, vocês dois são sempre assim…? — o canto da bochecha de Alisa se contraiu levemente ao ver Yuki se agarrar em Masachika como uma criança chorona.

Hmm? Sim, claro, sempre somos assim—

Não, não somos. Isso é só aquele tipo de "depois da tempestade vem a… calma, pelo menos deveria vir" — ele corrigiu.

Geeez~, qual é, meu querido onii-sama♡. Será que você está envergonhado na frente da Alya-san?

O que há com você hoje—ack! — Masachika perguntou antes de ser puxado novamente por trás.

Ela está mais grudenta que o normal hoje, não é? Não pode ser só porque nos reconciliamos…

Pensou Masachika, até que percebeu algo. Ele olhou para cima, estreitando os olhos para Yuki.

Você está se divertindo, não é? — perguntou, sentindo o afago dela no topo da sua cabeça parar abruptamente antes de continuar. — É a primeira vez que mostra esse lado de si para um amigo… Está se divertindo com isso, né?

Como esperado do meu doce onii-chan — ela falou meio em inglês. — Você enxerga tudo, hein?

Yuki então pulou de repente para longe dele e se virou para Alisa, dando um sorriso levemente apologético.

— Desculpe, Alya-san — ela disse com uma voz deliberadamente séria. — É a primeira vez que mostro esse lado de mim para alguém que não seja da família ou Ayano… Me deixei levar um pouco.

Ah, s-sim… — A expressão dura de Alisa suavizou, e ela murmurou baixo. — Итак, я первый… (Então eu sou a primeira…) — Antes de erguer o nariz com uma expressão um pouco convencida, que não parecia exatamente desagradável. — Bem, acho que não tem jeito… se é sua primeira vez.

Nihihi, muito obrigada. É por isso que gosto tanto de você, Alya-san.

É-É mesmo? Obrigada…

Surpreendida pelo carinho repentino e direto de Yuki, os olhos de Alisa se arregalaram por um instante antes de desviar o olhar e brincar com o cabelo. Era dolorosamente óbvio que era a forma dela de esconder o constrangimento.

Muito óbvio…

Os pensamentos dos irmãos se sobrepuseram perfeitamente, sem querer.

Então — Yuki levantou as mãos com um sorriso. — Que tal um abraço de reconciliação? Vamos lá~, sem segundas intenções da minha parte, tá bom?

Não diga isso com esses olhos de velho safado — Masachika retrucou, agarrando a gola da camisa de Yuki e parando-a enquanto ela começava a avançar, apertando as mãos em movimento de agarrar na altura dos ombros.

Só alguns momentos depois Alisa pareceu perceber o que ia acontecer, cruzando rapidamente os braços sobre o peito e dando um passo para trás.

V-Você realmente é… Ou melhor, por que você é tão obcecada por seios, afinal? — ela perguntou. — V-Você também tem, sabia?

— Hmph… Que bebezinha inocente — Yuki, ainda segurada pelo colarinho, suspirou exasperada, parecendo totalmente irritada. — Ouça bem, tá? Existem quatro tipos de seios no mundo. Uns que não dá pra tocar, uns que dá pra tocar de leve, uns que dá pra agarrar firme, e… uns que dá pra fazer sanduíche.

Isso é mesmo algo a se dizer com essa cara convencida?

Eu tenho seios que dá pra tocar — Yuki colocou a mão no próprio peito, continuando, ignorando completamente a resposta fria do irmão. — Os de Ayano são seios que dá pra agarrar. E os seus, Alya-san… estão quase prontos para sanduíche.

Q-Que diabos você tá falando? — Alisa perguntou, confusa.

Oh? Claro, quero dizer di—

Hora de embalar.

Sem hesitar, Masachika jogou a irmã na cama e a enrolou no edredom como um burrito, completando com um travesseiro sobre o rosto dela. Ignorando o abafado "mgeh" vindo debaixo dele, ele se voltou para Alisa e fez um gesto em direção à porta.

Tudo bem, vamos — disse. — Ficar mais tempo com ela só vai te cansar.

Diz o cara que tá tentando atrair uma garota pro quarto com um pretexto meia-boca… Hey, não vai ser mais cansativo, não acha~? — saiu a voz abafada de Yuki, trazendo o assunto de volta. — Tipo, todo esse esforço realmente vai te cansar, né~?

É, só ignora isso.

Ignorando a voz abafada debaixo do travesseiro, Masachika conduziu Alisa gentilmente até a porta. Virando-se para Ayano, que estava parada silenciosa perto da porta, ele falou baixinho.

Ela tá muito animada pra alguém que acabou de se recuperar. Fique de olho e faça com que descanse, ok?

Entendido — Ayano respondeu, no mesmo tom baixo.

Hm? Ayano?

Apesar de Ayano ter acenado em sinal de compreensão, havia algo nela que fez Masachika pausar. Ele olhou mais de perto, tentando perceber o que era.

Aconteceu alguma coisa? — ela perguntou, ainda baixo, inclinando a cabeça, mantendo a expressão neutra de sempre.

Não… Conto com você — ele se resignou.

Sim.

Ainda se perguntando se era só impressão, Masachika seguiu Alisa até o que costumava ser seu próprio quarto. Abrindo a porta, gesticulou para que ela entrasse.

Pode entrar… embora eu não tenha certeza se ainda posso chamar isso de meu quarto.

Desculpe a intromissão…

Seguindo Alisa, que entrou hesitante, Masachika fechou a porta atrás deles.

Alisa então começou a olhar ao redor do quarto, que parecia congelado no tempo de anos atrás, sua mente já distante da cena caótica anterior.

Então é aqui que você cresceu — ela disse, pensativa.

Mm-hmm. Fiquei surpreso também por ainda estar exatamente como era.

Posso olhar por aqui?

Fique à vontade.

Recebendo permissão de Masachika, Alisa se aproximou da estante e puxou um livro, folheando-o, franzindo lentamente a testa.

Você já lia isso no primário? — ela perguntou.

Hm? Deixa eu ver, deixa eu ver… Ahhh, sim, lembro vagamente disso. Bem, honestamente, acho que na época eu nem tinha entendido direito — Masachika olhou nostalgicamente para o livro de história moderna e assuntos globais que Alisa segurava, soltando uma risadinha.

Entendi… De alguma forma… finalmente está começando a parecer real.

Hm? O que está? — Masachika perguntou, levantando o olhar e encontrando os olhos de Alisa, cujos lábios se curvaram suavemente em um sorriso.

Que você realmente foi Masachika Suou um dia… — ela falou com voz delicada, gesticulando pelo quarto. — Que você se esforçou aqui para se tornar o herdeiro da família Suou… Tudo isso… finalmente começa a parecer real para mim agora. Hm, finalmente entendo.

……

Talvez Alisa estivesse imaginando o jovem Masachika, estudando com afinco com seu corpinho pequeno, neste exato momento.

Sem saber como responder, tudo que Masachika pôde fazer foi dar um aceno vago com a cabeça.

Você também… Você se esforçou muito, não foi? — murmurou Alisa baixinho.

Hm?

Ah, não… É só que… eu sempre achei que você era do tipo de pessoa que consegue fazer qualquer coisa sem precisar se esforçar — disse Alisa de maneira um pouco estranha, sendo pega pelo olhar interrogativo de Masachika, antes de voltar o olhar para as fileiras de livros grossos que preenchiam as estantes. — Mas você se esforçou desde pequeno, não foi? Provavelmente até mais do que eu… Pensando nisso agora… Hm, só sinto… não sei, arrependimento por ter te entendido mal.

……

Era algo que Masachika nunca havia considerado antes, e ele não conseguia compreender imediatamente. Mas enquanto Alisa passava a mão gentilmente pelos lombos dos livros, continuou com uma voz calorosa.

Cada um desses livros… Cada um deles representa um pedacinho do esforço que você acumulou… E esses esforços são o que moldaram a pessoa que você é hoje… Saber disso me deixa feliz.

……

Aquelas palavras inesperadas deixaram Masachika paralisado. Esforço. Algo que ele sempre considerou antitético a si mesmo.

Por toda sua vida, Masachika realmente acreditou que só havia conseguido por causa dos talentos que herdara de seus pais. Era isso que sempre se dizia a si mesmo.

Mas agora…

Os esforços de Masachika Suou…

Quando ele pensou nisso, certamente vieram à mente algumas lembranças.

Agora que penso… entrei na Academia Seirei porque estudei como um louco quando morava aqui, não foi…?

Mesmo com sua habilidade excepcional de aprendizado, não havia como alguém passar nos exames de uma das escolas mais difíceis do Japão apenas com seis meses de preparação. Sem dúvida, foi porque ele já estudava com a intenção de entrar na Academia Seirei desde que morava nesta casa.

As habilidades sociais que adquiri aqui, a capacidade de abordar qualquer pessoa, a forma como me comporto para não deixar os outros desconfortáveis…

Apesar de vir de uma família de classe média — pelo menos aos olhos dos outros — ele conseguiu se manter firme contra filhos e filhas de todas as famílias poderosas da Academia Seirei, graças a essas habilidades.

E até minhas capacidades como pianista…

Para Masachika, o piano era, sem dúvida, o centro de seus dias felizes com a mãe, mas também foi o que provocou a ruptura de seu relacionamento com ela.

Simbolizava tanto seu amor quanto seu ódio por ela.

E ainda assim, essa mesma habilidade agora o ajudava na eleição do conselho estudantil.

A razão pela qual ele conseguiu frustrar os planos de Yuusho e conquistar Elena foi porque Masachika Suou era alguém que se esforçou incrivelmente para aprimorar suas habilidades como pianista.

Ah, é isso…

Ele não precisava negar os dias em que viveu como Masachika Kuze. Não precisava pensar neles como erros.

Isso foi algo que Alisa lhe ensinou três dias atrás. E agora, novamente, Alisa lhe ensinava a mesma verdade, mas desta vez sobre Masachika Suou.

Os dias que passou se dedicando seriamente para se tornar o herdeiro da família Suou, os dias em que queria corresponder às expectativas do avô e os dias em que buscava o elogio da mãe… Todos eram dias que ele havia desprezado, perdendo de vista seu valor e se dizendo que eram inúteis.

Ainda assim… Alisa apenas os aceitou.

Apenas isso. Só isso já fez com que ele sentisse que todos aqueles dias finalmente foram recompensados — permitindo-lhe acreditar que não foram inúteis afinal.

……

Antes que percebesse, lágrimas começaram a escorrer pelos olhos de Masachika.

Eh, o-o que houve? — Alisa chamou suavemente, preocupada, com os olhos arregalados.

Mesmo assim, Masachika não sabia ao certo o que aquelas lágrimas significavam.

Talvez… talvez fossem as lágrimas de Masachika Suou.

Ah… Agora posso…

Finalmente aceitar o garoto que fui.

O garoto que buscava o elogio da mãe.

O garoto que neguei e rejeitei junto com ela, quando me desapontou.

O garoto que se apegava desesperadamente a algo tão inútil e foi chamado de tolo.

O puro e inocente Masachika Suou que desprezei e afastei.

Está tudo bem…? — Alisa perguntou, tocando suavemente a bochecha de Masachika, com um olhar preocupado, a frieza da mão fazendo-o perceber o quanto seu rosto estava quente.

Ah, não, estou b-bem — tentou dizer com seu sorriso habitual, tentando disfarçar casualmente.

Ainda assim, por algum motivo, ele não conseguiu terminar a frase.

Umm… acho que nunca estive realmente bem…

Percebeu finalmente.

Eu… sabe… 

Hm? 

Eu… — A garganta de Masachika tremia enquanto sussurrava, suavemente encorajado pela voz e pelo toque desajeitado, mas reconfortante, de Alisa. — Eu… eu realmente me esforcei tanto…

Eu sei.

Porque tudo que eu queria era que a minha mãe… me elogiasse… então continuei me esforçando tanto…! — ele forçou aquelas palavras a saírem do fundo da alma, ofegante enquanto as lágrimas brotavam uma após outra.

Mas a cada palavra, ele sentia o peso que carregava no peito se tornando cada vez mais leve.

Masachika fechou os olhos lentamente, enquanto Alisa continuava a acariciar sua bochecha com delicadeza.

⋆⋅☆⋅⋆

 

Já está se sentindo melhor?

Sim.

Embora Masachika não soubesse quanto tempo havia se passado, não dava para negar que seu coração se sentia surpreendentemente calmo agora que suas lágrimas finalmente haviam parado.

É estranho… Eu já não sinto mais nenhuma dor por estar aqui.

A sensação desagradável de ter suas memórias mais amargas enterradas lá no fundo do peito sendo cutucadas — aquela opressão que sempre o assombrava toda vez que estava aqui — havia desaparecido completamente agora.

E tudo isso, cada pedacinho, era graças à garota ao seu lado.

Com isso em mente, Masachika segurou a mão dela, que ainda repousava em sua bochecha, e abaixou a cabeça, pressionando a testa contra o dorso da mão, ajoelhando-se.

Eh, M-Masachika-kun!?

Obrigado, Alya. Suas palavras… salvaram tanto quem eu sou agora quanto quem eu fui — falou sinceramente, ainda segurando a mão dela enquanto olhava para seu rosto corado. — Você me deu o empurrão que eu precisava para seguir em frente depois de tanto tempo parado. Eu realmente nunca poderei te agradecer o suficiente.

Os olhos de Alisa se arregalaram diante da sinceridade dele, antes que ela desviasse o olhar, ligeiramente envergonhada.

Этот взгляд… совершенно несправедлив… (Esse olhar… é totalmente injusto…) — murmurou.

Uhm?

T-Tá tudo bem! Poxa, é constrangedor, então levanta logo!

Tá, tá — Masachika soltou uma risadinha seca e se levantou ao ouvir o chamado de Alisa, como se ela não aguentasse mais. — Mas, o que eu disse antes realmente veio do coração, tá…? Sou grato a você, Alya.

Ah, sim… Bom, eu também tenho minhas próprias coisas para te agradecer, então estamos quites — disse ela, de maneira direta, continuando em um murmúrio suave.

Это ты заставил мир расти…

(Foi você quem fez meu mundo crescer…)

— Entendi… Então vamos ficar com isso, então — Masachika fez um leve aceno para sua parceira, que estava emburrada de vergonha. Depois, limpando as marcas das lágrimas com um gesto, ele mudou o tom para algo mais leve. — Enfim, agora que te contei tudo, Alya, talvez eu deva explicar a situação para os outros que você convidou para o seu aniversário também.

Eh…? Ah, agora que você mencionou, a Nonoa-san e a Sayaka-san já sabiam sobre o seu verdadeiro relacionamento com a Yuki-san, não é?

Oh? Quem te contou isso?

A Nonoa-san. E também… desculpa.

Hm? O que houve? — Masachika perguntou, surpreso ao ver Alisa baixar a cabeça de repente.

A Nonoa-san… tinha perguntado se realmente estava tudo bem eu e você termos vindo aqui ontem — Alisa falou de forma apologética logo em seguida. — E naquele momento, eu… acabei contando para ela que você estava pensando em voltar para a família Suou.

Oh, ohhh? Entendi… Bem, ela não é do tipo que espalha boatos ou qualquer coisa assim, então se foi ela, está tudo bem mesmo — Masachika explicou, tentando juntar os fatos na mente, imaginando que a Nonoa — que conhecia sua situação — devia estar preocupada e tinha perguntado por cuidado.

Hm? Aquela garota preocupada com alguém…?

Ele reconsiderou imediatamente, sem conseguir evitar um certo desconforto que passou rapidamente por sua mente.

Talvez não fosse tanta preocupação assim, mas apenas curiosidade?

Pensou ele, deixando o assunto de lado no final. Mesmo assim, apesar do perdão de Masachika, a expressão de Alisa ainda não se iluminava.

É verdade, mas… eu também tinha pensado que você poderia ter contado seu segredo para a Nonoa-san e a Sayaka-san antes de me contar — ela confessou. — E essa frustração meio que me fez acabar falando sobre a sua situação… Então, desculpa.

Ah, então era isso… — Masachika deu um pequeno aceno, finalmente entendendo a verdadeira razão da culpa de Alisa. — Não, você está completamente certa em sentir isso, e sério, não se preocupe… Sim, não é de se estranhar que você tenha sentido assim. Ah, mas só para você saber, na verdade foi porque a Nonoa já me conhecia de antes. Eu também não lembrava, mas aparentemente nos conhecemos em algum recital de piano.

Ah, então foi assim.

É. E como o sobrenome Suou é bem reconhecível, e também algo vago sobre… como meus olhos pareciam com os da Yuki, ou algo assim? — ele explicou. — Ela percebeu. Quanto à Sayaka, ela descobriu pela Nonoa.

Então foi assim que aconteceu, né? Desculpa, eu…

Não, sério, já chega — Masachika a interrompeu gentilmente quando Alisa tentou baixar a cabeça novamente.

Ue? Parece que estou esquecendo de algo…

Pensou ele, aquela sensação tênue ecoando na sua mente, mas mesmo assim, ele conduziu a conversa de volta ao assunto.

Enfim, estava pensando que talvez seja melhor contar ao resto que a Yuki e eu somos irmãos. Eles não são do tipo que espalham essas coisas, de qualquer forma… Claro que preciso falar com a Yuki sobre isso primeiro — ele continuou.

É verdade… Enquanto você estiver de acordo, acho que tudo bem também — Alisa disse, inclinando ligeiramente a cabeça. — Mas, nesse caso, a Yuki-san… hum…

Não, acho que ela não revelaria sua verdadeira personalidade, sabe? — Masachika acenou com a mão, percebendo que Alisa estava prestes a dizer algo. — Acho que vamos apenas contar que somos irmãos, nada mais…

Ah, certo. Claro…

A propósito, como você estava mais cedo? Quero dizer, consigo imaginar a Yuki te provocando bastante… — Masachika perguntou, lembrando-se de como Alisa tinha batido contra seu peito com aquelas bochechas infladas, arrancando um sorriso resignado dele.

Yeaaah… Ela já chegou ao ponto de não tentar pensar sobre isso, né?

Ele pensou, prestes a acenar em compreensão, confiante na sua dedução. Isso seria, se Alisa não tivesse agarrado sua gola de repente.

O que foi aquilo!? Sério, o que foi aquilo!? — ela exclamou bem na frente dele.

Ah, então ela ainda não processou, né…? Não, sério, o que foi aquilo, hm?

Masachika falou consigo mesmo, sem tentar se esquivar, mesmo enquanto Alisa o sacudia com intensidade quase demoníaca, compreendendo perfeitamente o que ela sentia.

Essa garota… odeio dizer isso assim, mas ela não bate bem da cabeça, né!? — ela perguntou desesperada.

Hmm, é… Não dá para discutir com isso.

Na verdade, Masachika já tinha perdido a conta de quantas vezes pensou "Essa garota é louca" sempre que Yuki estava no modo irmãzinha. Para Alisa, que só conhecia a versão refinada e elegante dela, o contraste devia ser ainda mais chocante.

Com isso bem entendido, Masachika simplesmente aceitou a tempestade de emoções de Alisa. Então, quando ela finalmente parou de sacudi-lo e começou a respirar pesadamente de frustração, ele ergueu ambas as mãos.

Ah bem, se tem uma coisa que posso dizer… é esta: tentar ter uma conversa normal quando a Yuki está naquele estado é completamente inútil — ele falou. — Ela basicamente funciona só por impulso e energia, sem usar o cérebro, sempre que está brincando a todo vapor. Você só está desperdiçando seu esforço se tentar entender algo que ela nem pensou direito.

Então o que eu devo fazer…?

Retribuir tentando entrar na mesma sintonia. Isso… provavelmente é impossível para você, então só se acostume, eu acho.

Eu não quero ser exposta a esse lado dela a ponto de realmente me acostumar com isso.

Tá tudo bem, tá tudo bem. Agora você já tá melhor em lidar com minhas brincadeiras, né? Você consegue — Masachika falou, tentando tranquilizá-la.

Fácil pra você dizer… Espera, então você sabia que vem me levando na conversa o tempo todo?

Ugh… bom, sim — Masachika desviou o olhar, fazendo uma careta leve enquanto Alisa o encarava com intensidade, antes de soltar um pequeno bufar pelo nariz e finalmente largar sua gola. Vendo sua camisa amassada e a gravata desalinhada, ela soltou um suspiro suave e franziu um pouco os lábios, começando a arrumar as roupas dele.

Bem… desculpa por descontar minha frustração em você.

Não, tá tudo bem, eu entendo. É difícil direcionar toda essa raiva para alguém tão pequeno e recém-saído de uma doença. E, como eu disse antes, parte de o porquê dela estar assim agora também é culpa minha…

Certo… E como é que eu faço pra amarrar isso, aliás? Sempre fica meio torto.

Espera, você tava fazendo isso sem saber como?

Não tem como evitar! Nunca amarrei uma gravata antes…

Ge… e-então você não precisa se forçar a arrumar…

Desistir no meio do caminho não é meu estilo!

Mesmo que você diga isso, eu nem consigo ver como tá ficando agora sem um espelho — Masachika retrucou.

Por mais que baixasse o rosto, ele não conseguia enxergar nem um pouquinho do nó sendo feito. Tudo o que via era o rosto lindo de Alisa, concentrada numa batalha feroz com sua gravata, e sua pele impecável, quase de porcelana, com olhos brilhantes enquadrados por longos cílios. Enquanto a observava tão intensamente, Masachika lembrou de como praticamente tinha desmoronado em lágrimas na frente dela — chorando como nunca antes — e uma onda avassaladora de vergonha tomou conta dele.

Ugh… Uuughhh… Que desgraça…

E, além disso, ele estava sendo cuidado assim por ela agora — tendo a gravata arrumada o fazia se sentir um garotinho de novo. Masachika não conseguiu evitar virar o rosto.

Mm, pronto… Ficou assim? — Alisa soltou a gravata naquele exato momento, olhando rapidamente para seu rosto.

Vendo-o se afastar de forma constrangida, como se escondesse algo, Alisa piscou algumas vezes, confusa… antes de engasgar e proteger o peito apressadamente, recuando.

Percebendo que estava sendo acusado injustamente de algo absurdo, Masachika levantou a voz apressadamente.

Não, espera um pouco! Você não tá entendendo errado isso!?

Entendendo errado…?

Eu não olhei. Sério, não olhei.

Olhou pra quê? — Alisa fingiu ignorância de propósito.

S-Sabe… hum, seu peito.

Então por que você se virou todo estranho e envergonhado?

Isso é… — Masachika começou, rapidamente ficando sem palavras, encurralado entre querer proteger seu orgulho de homem e o olhar cada vez mais frio de Alisa.

Você é o pior. Então você estava me olhando daquele jeito, né? — ela cuspiu, cheia de desprezo.

Não, isso provavelmente é outro mal-entendido também! Sobre mais cedo com a Yuki, sabe, aquela história de "peitos grandes"? Você deve ter ouvido, né? Eu só estava entrando na dela! Exatamente, é isso! Eu só estava acompanhando o ritmo, como eu te disse — na mesma sintonia, nada mais!

Ou seja… você tá dizendo que acha mesmo que eu tenho seios grandes, né?

É que… bem… são grandes, na verdade… — Masachika parou, percebendo que só se meteria em um problema ainda maior — beirando assédio sexual — não importava o que dissesse.

Ele desviou o olhar, derrotado.

Não, mas sério, eu não estava olhando pra você com esse tipo de pensamento… — tentou explicar novamente. — Quer dizer, mesmo agora há pouco, eu realmente não estava olhando pro seu peito…

Ah, certo, é isso. Você só acha erótico quando alguém tá usando roupa reveladora, né, Masachika-kun?

Não, é… bem… sim… — Masachika desviou ainda mais o olhar, murmurando a resposta.

E, imediatamente, a expressão de Alisa mudou fora de sua linha de visão.

Hmmm~?♪ — ela murmurou.

(N/SLAG: Só tem brincadeira gostosa nessa novel, vátomarnocu.)

Seu olhar frio e escarnecedor desapareceu, substituído por um sorriso brincalhão e sádico, como quem encontrou o alvo perfeito para provocar. A expressão lembrava muito a que Yuki usou mais cedo ao mexer secretamente com Alisa, mas, claro, ela própria não percebia isso enquanto se aproximava lentamente de Masachika.

Ou seja… você ficou pensando em algo erótico desde que eu estava de maiô, né? — ela provocou, com prazer sádico.

Sem comentários.

Admissão pelo silêncio é válida, sabia~?

Sem comentários.

Ah, claro… Agora que penso bem, você também ficou de olho no meu peito quando eu usei aquele vestido na nossa pequena festa pós-festival cultural, né? Pensou em algo erótico naquela hora também?

Até quando isso vai continuar?

Até você confessar tudo.

Por que você de repente tá tentando me arrancar uma confissão!?

Porque ter seu parceiro sempre te olhando de forma tão lasciva é desconfortável, não é isso? — Alisa continuou, com o tom agora totalmente livre de desprezo, substituído por uma energia travessa e alegre. Masachika finalmente percebeu, franzindo a testa enquanto a olhava.

Não, como eu disse antes, eu não fico sempre olhando pra você assim. Sério — ele enfatizou, garantindo sua inocência, dizendo apenas a verdade.

E, ainda assim, contrariamente ao esperado, Alisa não parecia nem um pouco desanimada. Ela estreitou os olhos, que brilhavam com um olhar provocador, e levantou levemente o queixo.

Hmmmm~? Mas você sempre dá umas olhadinhas pro meu peito, pelo que eu já vi, não é?

Isso é… coisa de homem…

Reeeealmente~? Então essas olhadinhas não têm nada de safadeza, hmmm~?

Obviamente não.

Ah, é mesmo~? — ela perguntou, sem demonstrar acreditar nele.

Cruzando os braços firmemente sobre o peito, levantou os ombros num encolher exagerado, fazendo seus seios saltarem para cima e para baixo com impressionante destaque.

……

Senti que seus olhos até se arregalaram por um segundo, não foi?

I-Isso é não é justo.

O que é? Você mesmo disse — não olha pra mim desse jeito se eu não tô usando nada revelador, né~?

Você tá fazendo isso de propósito, né? E meus olhos se arregalaram porque fiquei surpreso; não é como se eu estivesse olhando de forma perversa ou qualquer coisa assim — Masachika fez uma expressão cansada de propósito, soltando um suspiro profundo. — Ou melhor, por que você de repente parte pra ofensiva desse jeito às vezes?

Atacar de repente?

Exatamente, tipo… sabe, durante a afterparty do festival. Tipo assim.

Tipo assim?

Exatamente… Não, você sabe exatamente o que eu quero dizer! — Masachika não conseguiu segurar a voz, incapaz de suportar aquele ato exageradamente inocente dela.

Alisa então inclinou a cabeça com um olhar levemente confuso, depois se inclinou um pouco para frente — mantendo o braço esquerdo dobrado sobre o peito — e desabotoou o terceiro botão da camisa, puxando-a levemente com a mão direita.

Quer dizer isso? — provocou ela.

Sua…! — Masachika só conseguiu soltar isso, enquanto seus olhos involuntariamente se fixavam no decote perfeitamente formado pelo aperto dos seios dela, com um vislumbre da lingerie azul clara aparecendo por entre a camisa.

Nossa, sua excitação realmente brilhou nos seus olhos, não foi?

Ao ouvir aquela voz divertida, Masachika voltou à realidade, forçando-se a desviar o olhar com toda a racionalidade que conseguiu reunir.

V-Vê, tipo isso! Por que você de repente faz essas coisas!? — deu um grito sufocado.

Porque a sua reação é tão divertida?

E-Ei… Você está realmente se expondo demais… — Masachika resmungou, rangendo os dentes de frustração por ter sido tão facilmente manipulado, coçando a cabeça com as duas mãos enquanto continuava a falar. — Mais importante, você realmente precisa parar de fazer esse tipo de coisa com os caras…!

Por quê?

Porque aí você não vai ter direito de reclamar do que eles fizerem! — ele disparou, olhando para ela com intensidade.

Alisa, ainda assim, permaneceu impassível. Cruzando os braços novamente, deu um encolher de ombros exagerado, como se realmente estivesse confusa

Oh? Então você quer tocar, né? — perguntou ela.

!?

Não me importo nem um pouco, sabe? Se você quiser tocar… — disse, pressionando os braços para cima debaixo do peito, abrindo ainda mais a camisa e deixando o decote perigosamente atraente à mostra. — Mas só… se você disser claramente. Que você quer, tá bom?

As tentativas incessantes de Alisa de provocar Masachika com um sorriso sedutor não pareciam ter fim.

Era uma visão que desafiava a realidade, simples assim. À sua frente estava a mesma Alisa que ele conhecia de uniforme escolar, e ainda assim, sob a fita vermelha que ela usava, aquelas curvas impressionantes apareciam de forma completamente oposta à sua imagem habitual. A mente de Masachika congelou.

E para aquele cérebro paralisado, Alisa sussurrou suavemente algumas palavras em russo, tingidas de um leve constrangimento:

Essas palavras explosivas fizeram a mente de Masachika ferver de uma vez, e ele não conseguiu evitar se contorcer. 

Espera aí! Não pode ser que ela tenha ideia do que realmente está falando, né!?

Gritou ele mentalmente.

Considerando que Yuki havia falado sobre "apertar" e "pegar", o mais provável era que Alisa ainda pensasse que "sanduichar" se referia apenas às mãos ou algo igualmente inocente.

Nunca que eu faria algo assim com uma garota tão pura e inocente!

Uma voz de razão ecoou em sua mente enquanto ele apertava os punhos até cravar as unhas nas palmas.

Nrggh… grhh…! — soltou um gemido doloroso, baixando o olhar como se estivesse sob uma grande agonia. Depois, com voz trêmula, declarou.

Eu… quero tocar, mas não vou…! Porque sou um cavalheiro…!

Diante de sua expressão atormentada, que faria qualquer um pensar se ele ia cometer seppuku ali mesmo, Alisa piscou rapidamente e então caiu em risada.

(N/SLAG: Seppuku (切腹) é um ritual japonês de suicídio por desentranhamento, praticado principalmente por samurais.)

Nossa, é mesmo~? Não sei se a palavra "cavalheiro" se aplica quando você parece tão desesperado.

O fato de eu estar reprimindo meus desejos me faz um cavalheiro.

Fufu, verdade… Você realmente é um cavalheiro — admitiu Alisa, ainda provocando.

Ok… Hum, você poderia, por favor, abotoar sua camisa agora? — Masachika, ainda olhando para o chão, implorou.

Hmm~? — Alisa inclinou-se para olhar seu rosto, mesmo contra os protestos dele, com um sorriso astuto. — Então, que tal isso… Já que eu ajeitei sua gravata, por que você não abotoa a minha? Meu botão.

O-O quê!?

Um verdadeiro cavalheiro deveria ser capaz de abotoar a camisa de uma dama com perfeita compostura, não deveria? — Ela se endireitou, cruzando as mãos atrás das costas como se declarasse que não faria isso sozinha.

Masachika ficou sem palavras diante da postura de Alisa, que parecia desafiá-lo a prosseguir.

Sério!?

Pensou ele, boquiaberto, mas ela apenas sorria, claramente aproveitando cada segundo do tormento dele.

Não, isso é demais!! Que diabos aconteceu com você!? Cadê sua habitual organização!? Foi algo que Yuki falou que mexeu com você?

Mesmo assim, era ir longe demais.

Então, enquanto refletia, Masachika teve uma súbita realização.

Não é por rivalidade… É mais como… desabafo? Tipo uma revanche por como Yuki mexeu com ela.

Alisa havia sido totalmente provocada por Yuki sem limites, tratada como um brinquedo. Agora, inconscientemente, estava descontando a frustração nele.

E lembrando disso, Masachika percebeu que Alisa tinha murmurado antes que sua cabeça iria explodir quando Yuki estava por perto.

Entendi agora… Ela só está me provocando como válvula de escape por ter sido provocada.

Finalmente compreendendo, e sentindo uma calma crescer nele, Masachika colocou suavemente ambas as mãos nos ombros de Alisa, suavizando a expressão com compaixão.

Você está cansada, Alya… — falou gentilmente.

Que tom é esse de repente, tipo "sou médico de hospital"? — Alisa respondeu, parecendo levemente exasperada com a mudança repentina de cavalheiro para médico dele.

Mesmo assim, Masachika apenas balançou a cabeça lentamente, com os olhos cheios de tristeza.

Não, tudo bem. Eu entendo, realmente entendo.

 — Que jeito estranho de falar… — Alisa lançou-lhe um olhar sério antes de finalmente descruzar as mãos e colocá-las no peito. — De qualquer forma, apenas abotoa minha camisa logo, tá? Sou uma garota, preciso me manter aquecida.

Masachika, aliviado por ela finalmente parecer ter voltado ao normal na maior parte do tempo, sentiu a tensão em seus ombros relaxar — mas apenas por um instante… Porque então Alisa voltou a exibir um sorriso malicioso.

Porque se você não fizer… haverá mais coisas para você lidar, sabe? — ela acrescentou, movendo a mão para o segundo botão da camisa, que já estava tensionado pelo que havia por baixo, parecendo prestes a estourar a qualquer momento.

Os olhos de Masachika se arregalaram instintivamente e ele recuou de repente. Ao ver sua reação, o sorriso de Alisa se tornou ainda mais perverso, e ela começou a desabotoar o botão lentamente.

CLACK! NÃO FIQUE TODA CONFIANTE SÓ PORQUE É UMA VIRGEM IMACULADA E PERFEITA!!! SLAM!

Uma "bala verbal" disparou de repente naquele momento, enquanto alguém batia a porta antes de fugir…

……

Eles permaneceram paralisados, encarando a porta que se abriu e fechou num piscar de olhos.

Que diabos foi isso agora?

Será que foi aquilo mesmo?

Murmuraram, atônitos, quase em uníssono. Só depois de alguns segundos o significado do que havia sido gritado finalmente alcançou o cérebro de Alisa.

Eh, hã? E-E-la… acabou de dizer… v-virgem? E… imaculada e perfeita…? Q-Que…? — Ela apertou as mãos trêmulas, os olhos arregalados em choque, deixando escapar uma voz entrecortada e ofegante.

Claramente incapaz de organizar seus pensamentos, Alisa permaneceu paralisada. Enquanto ela processava a situação, Masachika se aproximou da porta silenciosamente e espiou o corredor, mas, claro, o responsável já havia desaparecido há muito.

Claro que eu sou… Mas por que ela… Ou melhor, quanto ela ouviu…? E-E-primeiro de tudo, o que eu mesmo… estava fazendo… A-Agindo … como algum tipo de ninfomaníaca…!?

(N/SLAG: "Ninfomaníaca" é um termo popular — e um pouco antiquado — usado para se referir a uma mulher que apresenta um desejo sexual considerado excessivo ou compulsivo.)

Ao se virar, Masachika viu Alisa com o rosto rapidamente ficando vermelho, à medida que a plena percepção de suas ações a atingia. Vendo-a naquele estado, ele concluiu sabiamente que definitivamente não deveria permanecer ali.

Descanse — ele disse, emitindo aquelas gentis palavras de despedida, fechando a porta suavemente e soltando um longo e profundo suspiro.

Salvo… Eu fui realmente salvo… Ou posso mesmo dizer isso…?

Pensou ele, inclinando ligeiramente a cabeça, ainda sem conseguir processar totalmente o que havia acontecido.

Em seguida, ele se dirigiu ao quarto de Yuki e, depois de bater e ouvir sua resposta, entrou, encontrando-a sentada como se fosse um final boss esperando pelo desafiante, com um sorriso destemido no rosto.

Oh? Deixando Alya-san para trás assim, meu irmão? — falou ela, meio em inglês.

Ei… Que diabos foi isso agora?

O quê, você pergunta?

Tipo, o que você quis dizer com "imaculada e perfeita"? E, mais importante, desde quando — e como — você nos escutou em primeiro lugar?

— Bem, tipo… — Yuki começou, pegando casualmente um copo de uma mesa próxima, inclinando-o e pressionando o fundo contra o ouvido. — Assim. Pressionando um copo contra a porta.

Sério? Isso é tão antiquado. Espera, você realmente consegue ouvir alguma coisa assim?

Não, não exatamente… Mas eu conseguia sentir, sabe? Eu tive a sensação de que vocês estavam todos atrapalhados, e que Alya-san estava se divertindo muito, então achei que ela provavelmente estava ficando um pouco cheia de si. Tipo isso.

Que tipo de sexto sentido é esse…?

Nihi… Eu tenho um ahoge que consegue detectar ondas de energia de comédias românticas… — Yuki apontou para o tufinho de cabelo no topo da cabeça.

(N/SLAG: Ahoge é um fio de cabelo que fica em pé na cabeça.)

Ah, entendi… — Masachika respondeu secamente.

Abandonando a pose imediatamente, Yuki deu de ombros, voltando ao tom normal.

Então, se você quer saber quanto eu realmente ouvi, a resposta é praticamente nada. Quanto ao negócio de "imaculada e perfeita", bem, eu só pensei sobre como Alya-san é pura, definição clássica de virgem, provavelmente nunca viu nada de "intimidade", então… acho que simplesmente saiu na hora.

Intimidade? O que você é, criança de escola primária?

Ah, e a propósito, quando eu disse "imaculada e perfeita", quis dizer sem nenhum pelo—

Durma — Masachika fechou a distância entre eles num instante, arrancando o copo das mãos de Yuki, carregando-a no colo estilo princesa, deitando-a na cama, cobrindo-a e colocando-a para dormir.

Zzzz~

Pronto, ela dormiu — Masachika assentiu satisfeito.

Uma batida na porta aconteceu quando Ayano entrou naquele momento, segurando uma pequena garrafa térmica.

Masachika-sama…? — Ela inclinou a cabeça levemente, chamando-o em tom questionador; Masachika percebeu que ela provavelmente esperava que ele ainda estivesse com Alisa pela expressão dela.

Conto com você para o restante aqui. E também… — ele baixou a voz, falando devagar, hesitando brevemente antes de decidir rapidamente ao encontrar os olhos de Ayano. — Sabe onde a mamãe está agora?

Yumi-sama, é…? Acredito que esteja em seu quarto no momento… — Ayano respondeu, imitando seu tom baixo.

Entendi. Obrigado.

Hm…? Ah, minha avó estava se perguntando se, se não for incômodo, você gostaria de se juntar a nós para o jantar… Alisa-san também.

Não, obrigado, vamos recusar. Alya provavelmente tem o jantar esperando em casa também.

Entendido.

……

Masachika observou Ayano silenciosamente enquanto ela abaixava a cabeça.

Está acontecendo alguma coisa? — perguntou Ayano, notando-o

 — Ayano… Aconteceu… alguma coisa?

Não, nada de especial para mim…

É mesmo? — Masachika perguntou, os dois ainda falando em voz baixa.

Ele também havia sentido algo estranho nela antes, mas se ela dizia que não era nada, então provavelmente era só imaginação dele. Decidiu deixar pra lá por enquanto.

Você sempre pode me contar, ou contar à Yuki, se alguma coisa acontecer, ok?

Sim, muito obrigada.

Mm — Masachika descansou a mão sobre a cabeça de Ayano, fazendo um gesto gentil de carinho, antes de sair do quarto. — Certo…

Após se dar uma pequena conversa motivacional, ele firmou a determinação e se dirigiu ao quarto de sua mãe.

⋆⋅☆⋅⋆

 

Masachika-san… um, você realmente…? — Yumi se interrompeu, perguntando da entrada da sala de piano da família Suou, observando Masachika enquanto ele levantava a tampa do piano de cauda.

Ela se mantinha com uma postura que mostrava tanto o medo de se aproximar quanto a incapacidade de fugir. Ficou ali, paralisada. Masachika lançou-lhe um breve olhar antes de voltar sua atenção para as teclas do piano.

Na verdade, eu não gosto muito de piano, sabia? — disse ele.

!

Ele pôde sentir a respiração de Yumi se prender, surpresa, mas não olhou em sua direção.

Bem, na verdade não é só o piano… — continuou. — Eu meio que nunca me lembro de ter pensado: "Eu realmente gosto disso" ou "Ei, isso é divertido" com todas as aulas que tive nesta casa.

Embora suas palavras pudessem soar um pouco sarcásticas, Masachika não demonstrava ressentimento em sua voz. Falava apenas com um tom calmo e objetivo. Yumi ouviu em silêncio.

Mas outro dia… na escola, tive tipo uma sessão, acho, com meus colegas de banda? Na época, e ainda não sei bem por quê, mas senti que estava me divertindo… Pensei que, com certeza, era a primeira vez que realmente tinha gostado de tocar música, mas… — explicou ele, antes de se calar, deixando o olhar vagar pela sala de piano — uma sala que mal havia mudado desde sua infância — enquanto dava um pequeno sorriso nostálgico. Seus olhos não carregavam mais a amargura de antes; apenas uma suavidade agridoce que abraçava o passado.

Mas então lembrei… de muito tempo atrás, quando Yuki e eu éramos bem pequenos… Acho que foi antes de começarmos as aulas de piano… Teve uma vez que tocamos piano com você. Bem, quero dizer, não sei se dá para chamar o que fazíamos de "tocar" na época…

Na verdade, provavelmente estavam mais bagunçando enquanto ela tocava.

Yuki, sendo travessa desde pequena, invadia com notas graves altas enquanto a mãe tocava. Por outro lado, Masachika atacava aleatoriamente as notas agudas, produzindo sons que dificilmente poderiam ser chamados de acompanhamento. Mas mesmo quando os filhos atrapalhavam tanto, a mãe apenas sorria suavemente, improvisando junto com o caos.

A gente só fazia barulho do jeito que queria… Mas mesmo assim, eu amava aqueles momentos.

Naquele tempo, sem conhecer nem o básico do piano, sem nenhum pensamento de tocar uma música de verdade, Masachika simplesmente passava o tempo brincando no piano com a mãe e a irmã. Aqueles eram momentos em que ele realmente gostava de tocar piano. Ele amava aquilo.

Eu… realmente amava te ouvir tocar piano, mãe. De verdade.

Masachika falou seus sentimentos em voz alta e claramente para a mãe, e os olhos de Yumi se arregalaram instantaneamente, surpresa com as palavras do filho.

Então… você poderia tocar para mim de novo? — continuou, pedindo com sinceridade ao encontrar seus olhos.

Ele sentia que poderia recuperar a sensação de novo se ela o fizesse — a sensação que ele havia perdido ao começar as aulas formais, esforçando-se para melhorar. Aquele sentimento puro de simplesmente aproveitar o piano pelo que ele era, sem objetivos ou propósito.

E também… os sentimentos que o jovem Masachika Suou tinha por sua mãe, que ele simplesmente amava.

Só uma vez. Por favor… poderia? — perguntou novamente, olhando para ela.

Yumi manteve o olhar dele em silêncio e, por um momento, pareceu que poderia desviar o olhar. Mas, em vez disso, fechou os olhos silenciosamente, e então os abriu de novo, encarando Masachika.

Muito bem.

Com isso, Yumi finalmente entrou na sala de piano.

⋆⋅☆⋅⋆

 

O som de um piano ecoou de repente por toda a mansão Suou.

Ayano ergueu a cabeça ao lado da cama de Yuki, e o tom da música lhe disse instantaneamente que era Yumi quem tocava.

Por que agora, de todos os momentos?

Pensou, inclinando ligeiramente a cabeça. Mas quando outra nota se juntou à melodia, os olhos de Ayano se abriram completamente.

Eh…?

A expressão escapou involuntariamente, surpresa. A performance da segunda pessoa era claramente diferente da primeira — era um tom que Ayano conhecia muito bem, afinal. Mas mesmo assim, estava bem menos refinado do que agora, especialmente se comparado à pessoa que ela sempre associou à música.

E ainda assim…

Ah…

Não pôde evitar de murmurar.

Parecia que não estavam tentando tocar habilidosamente. Na verdade, nem era bom — parecia até que estavam apenas pressionando as teclas aleatoriamente às vezes.

Mas apesar disso… não, talvez por causa disso, a música ressoou profundamente no peito de Ayano.

Ah… Ahhh…!

Ela fechou os olhos e apertou as mãos sobre a saia. E à sua frente… na cama, Yuki estava deitada, um sorriso gentil se espalhando suavemente pelos seus lábios.

 

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