Volume 10

Capítulo 3: A gente só tá deitado na cama abraçado e falando de amor; tem algum problema com isso?

Vamos voltar um pouco no tempo, especificamente para quando Alisa estava sendo levada até o quarto da Ayano. No quarto da Yuki, os dois irmãos estavam a sós, frente a frente. Haviam se passado dois dias desde que a irritada Yuki expulsara Masachika do seu quarto. Essa era a primeira vez que eles se encaravam desde então.

A primeira a falar foi Yuki, sentada na beira da cama.

Então? Já conseguiu descobrir por que eu tava brava, seu onii-chan-sama idiota? — começou.

Você tá me insultando ou sendo respeitosa? Decide logo uma das duas… — Masachika não conseguiu evitar retrucar ao bizarro mix de honoríficos da irmã.

Mesmo assim, Yuki não acompanhou o tom leve dele, preferindo semicerrar os olhos num olhar afiado. Diante daquele protesto silencioso, Masachika encolheu o pescoço de forma constrangida, claramente culpado.

Foi mal.

Hmph! — Yuki bufou, irritada, apoiando o cotovelo no joelho dobrado enquanto continuava sentada.

Naquela posição, Masachika — sentado bem à frente dela — tinha uma visão clara da calcinha da irmã. Era algo que ele pretendia ignorar, dado o clima do quarto… mas…

Ei…

Hm?

Que história é essa de calcinha com ursinho? — no fim, ele não conseguiu se segurar.

Sim… não era exatamente fácil simplesmente ignorar um ursão de pelúcia encarando você com olhinhos de botão debaixo da saia dela.

Não tira sarro de mim.

Essa era a minha fala!

Calcinha não tem nada a ver com isso agora.

Então talvez não fique mostrando desse jeito se não for pra ser!

O quê, a Jodie aí tá te distraindo tanto assim?

Você deu nome pra isso? Que nojo! — Masachika resmungou, lançando a Yuki um olhar meio exasperado, meio derrotado diante da idiotice dela, mas ainda visivelmente irritado. — Ei, a gente não devia estar tendo uma conversa séria agora?

Bom, essa era minha intenção, mas… — Yuki respondeu com um ar mais sério, desviando o rosto. — Eu meio que já gastei toda a minha seriedade hoje… naquela conversa com a Alya-san mais cedo.

O quê, tipo energia de passar de fase em videogame?

Tô falando sério! Ficar no modo séria o tempo todo foi drenante, cara.

Mas você ficou com a Jodie enfiada entre as coxas esse tempo todo, não foi?

E o que exatamente você quer dizer com "Jodie enfiada entre as minhas coxas"?

Cala a boca! Até eu percebi o quão estranho isso soou assim que falei!

Ah, e a Mary também tá aqui atrás.

Atrás…? Ah, tipo na sua bunda… Espera, não, dane-se — Masachika ironizou, soltando um longo suspiro, enquanto Yuki se jogava de costas na cama com um baque.

Com o movimento, a saia levantou suavemente, revelando completamente a parte de trás da calcinha dela — onde um enorme tubarão estava estampado sem vergonha alguma.

Olha, é a Mary — ela apontou.

Não precisava me mostrar isso. E pera aí, a Mary é um tubarão? Que tipo de combo agressivo é esse?

Não acha que me faz parecer mais forte?

Então essa é a sua calcinha da sorte, é isso? Quer saber, cala a boca! E ajeita essa postura decente de uma vez! — ralhou Masachika.

Yuki, que estava falando enquanto ficava com a bunda empinada numa posição que, para uma garota, era um desastre completo, rolou para a frente e começou a se sentar… mas no meio do movimento perdeu as forças e acabou caindo de novo, abrindo braços e pernas sobre a cama.

Então, o que você quer fazer? — perguntou sem nenhum traço de motivação na voz. — Ainda quer ter uma conversa séria agora?

Qualquer outra pessoa teria interpretado o tom dela como uma tentativa óbvia de fugir do assunto. Mas como irmão, Masachika entendeu perfeitamente o que aquelas palavras realmente significavam.

Ah… Então era por isso que ela estava brincando tanto…

"Podemos simplesmente deixar pra lá", era o que ela praticamente dizia. Era a forma dela de oferecer esquecer tudo, fingir que a briga nunca tinha acontecido, pular a conversa difícil que mexeria com os sentimentos de ambos… e apenas voltar a ser os mesmos irmãos de sempre.

Uma oferta que, para alguém como Masachika — que detestava mexer nas emoções das pessoas — era, honestamente, muito… tentadora.

Mas eu não posso continuar… me apoiando assim na bondade dela, ele ainda pensava.

Sua irmã mais nova sempre foi alguém que sorria — alguém que sempre fazia piadas, sempre transmitia silenciosamente que ele não precisava se preocupar com a família Suou. Era nessa bondade que ele se apoiava vez após vez, e isso tinha criado o Masachika de agora, afogado em culpa e auto-aversão.

Nada mudaria se ele se agarrasse a esse conforto de novo. 

Por isso, ele precisava dar um passo à frente agora…

Se quer saber, eu gostaria mesmo que a gente conversasse direito sobre isso — declarou Masachika, firme em sua resolução. Isso levou Yuki — que ainda estava deitada de costas — a soltar um suave "Entendi", aproveitando o impulso para se sentar.

Pois bem, parece que vamos ter uma conversa séria então~. — disse ela em tom leve, mas o olhar era sério.

Ajeitou a saia, cruzou as pernas e apoiou o queixo em uma das mãos. Esse simples gesto fez o coração de Masachika estremecer ao encarar seus olhos.

Ali estava a verdadeira Yuki. Despida de artifícios, sem cálculos nem máscaras. Essa era Yuki como realmente era.

E dos lábios dela saiu uma retomada da conversa inicial.

Então? Já descobriu por que eu estava brava? — perguntou de novo, mas agora com um tom mais gentil.

Masachika fechou os olhos por um momento, depois fitou diretamente a irmã ao dar sua resposta:

Eu disse… algo totalmente fora de lugar. Ignorei seus sentimentos, tudo o que você construiu até agora — tudo — e saí falando como se soubesse. Assumi, por conta própria, que você era apenas uma vítima desta família. Pisei no seu orgulho.

Isso mesmo… Hm, só de lembrar já me dá raiva de novo. O que você fez.

Desculpa.

Não peça desculpas. Ainda tenho muito o que dizer.

Entendido — assentiu Masachika, sério. Foi o sinal para que Yuki logo em seguida torcesse a expressão.

Tipo, que diabos, não me trate tão levianamente assim — é isso que eu quero dizer, sabe? — disparou em voz áspera e carregada de emoção. — Tanto eu quanto minhas responsabilidades como herdeira da família Suou. Me irrita você achar que posso ser substituída tão facilmente, e nem entendo por que deveria ser digna de pena. É simplesmente insultante.

Com uma dureza impossível de imaginar dela em circunstâncias normais, Yuki despejou toda a frustração em cima de Masachika.

Olha, eu entendo, tá? Mas não é como se eu subestimasse as responsabilidades de ser herdeira da família Suou. Você já teve esse papel, não teve? Mas isso foi no passado; agora é diferente. E aí, do nada, você aparece depois de todo esse tempo com essa vibe de "dEsPeRtEi pArA o MeU dEsTiNo" de protagonista de shounen, enquanto eu só consigo pensar: "Mas que porra é essa desse capricho repentino? Cai na real, idiota."

……

As palavras "capricho repentino" perfuraram fundo o peito de Masachika. E ela tinha razão. Até pouco tempo atrás, ele hesitava até em colocar os pés na mansão Suou. Mas depois de apenas meio dia ali, de repente declarara que voltaria.

Uma mudança drástica de coração que soava apenas como imprudência, impulsividade, falta de reflexão. De qualquer ângulo que se olhasse.

Não foi por capricho… Eu sabia há muito tempo que precisaria fazer isso um dia… Mas, sim, só quando vi o quanto minha irmã sofria é que finalmente me movi. Agora, qualquer coisa que eu diga vai soar vazia, né…

Sem rebater, Masachika ficou em silêncio, recebendo cada palavra da irmã. Ao notar o silêncio dele, Yuki foi suavizando o tom gradualmente.

Ei… eu pareço mesmo tão miserável assim pra você? — murmurou.

Não…! — respondeu Masachika de imediato, quase gritando. Percebendo o volume da própria voz, respirou fundo e repetiu mais calmo: — Não é isso. Nunca pensei em você como miserável.

Era uma pergunta que também o atormentava desde que ela havia chorado isso diante dele. E agora, enfim, ele conseguiu dar a resposta que encontrou, escolhendo bem as palavras:

Não é isso… É só que… você tinha sonhos; tinha escolhas. Tantas coisas que queria ser, tantas coisas que queria fazer… Eu simplesmente não consigo acreditar que se tornar herdeira da família Suou sempre foi o que você queria, no fundo… Então… — seu rosto se contorceu à medida que confessava, até a voz fraquejar diante do peso em seu peito. Mesmo assim, continuou: — Então, quando olho pra você agora, isso me frustra… e dói.

Recebendo a sinceridade crua do irmão, Yuki o encarou com seriedade.

Você já disse isso antes, não disse, onii-chan? — respondeu em voz baixa. — Que achava o Papai incrível, por escolher ser diplomata só pra poder casar com a Mamãe.

Sim.

A mudança repentina de assunto o confundiu, mas ele assentiu.

E eu? Eu também escolhi este caminho com o objetivo de me tornar diplomata, para proteger o sorriso da nossa família. Você não sente orgulho de mim por isso também? — perguntou com uma tristeza suave no olhar.

Era uma pergunta genuína, e fez a dor atravessar o peito de Masachika.

Sinto, sim… Acho você incrível — mais do que qualquer um. — Sua voz tremia, o rosto prestes a desabar em lágrimas. — Eu não tenho nada além de respeito por você. Mas é justamente por isso que… o fato de eu ter acabado te forçando a fazer essa escolha me dói tanto.

Entendi — Yuki fez um leve aceno e ergueu o olhar para o vazio. Fitou o nada com expressão distante, e logo sua voz escapou como um murmúrio: — Sua determinação… não mudou, né?

Não… — confirmou Masachika, entendendo perfeitamente o sentido oculto daquelas palavras. — Eu vou forçar você a ser livre… para me libertar desta dor. Quer você queira ou não. Não faço isso por ninguém além de mim mesmo. — Pausou por um instante, antes de declarar claramente: — Vou tomar de você a posição de herdeira da família Suou.

Yuki abaixou o olhar em resposta, aceitou a firmeza nos olhos do irmão e, então, os fechou novamente.

Eu também queria te libertar, onii-chan — disse com um sorriso triste. Foi uma confissão de sentimentos ocultos que tirou o ar de Masachika. — Não queria que você sofresse mais, onii-chan… só queria que você finalmente fosse livre.

Esse era o desejo a que Yuki se agarrara certa vez, de seu leito de doente. Agora, revivendo-o, baixou os olhos em silêncio entristecido.

Mas é… entendi… Acho que, pra você, onii-chan, agora, ficar longe desta família dói ainda mais — concluiu.

O que nublava sua expressão? Seria uma frustração inabalável consigo mesma, por fazer o próprio irmão sentir isso? Ou a impotência de ambos desejarem a mesma liberdade um para o outro e, ainda assim, acabarem em conflito?

Se ao menos tivéssemos nascido numa família normal…

O pensamento atravessou o coração de Masachika. Sem linhagem prestigiosa, sem expectativas sufocantes. Apenas uma família comum — como qualquer outra. Uma família onde ambos poderiam escolher livremente seus próprios caminhos…

Um desejo inútil, mas ainda assim ele pensou.

Mesmo agora, poderiam seguir outra rota, se realmente quisessem. Poderiam abandonar a família Suou de uma vez e fugir juntos. Mas Masachika sabia que essa era uma escolha que sua irmã jamais faria. E, por isso, sabia exatamente o que ela diria em seguida.

Mas, ainda assim, há coisas com as quais eu também não vou desistir — declarou Yuki, erguendo a cabeça, suas palavras acompanhadas de um olhar firme e inabalável.

Eu sabia…

Masachika não pôde deixar de pensar ao observar sua atitude.

— Ninguém vai destruir tudo o que construí até agora — continuou ela. — Eu vou me tornar a cabeça da família Suou, custe o que custar. Vou vencer as eleições e me tornar presidente do conselho estudantil para provar isso. Eu não vou perder. Nem para você, nii-sama, nem para a Alya-san. Nunca.

Era uma declaração deslumbrante de determinação, carregada de fé inabalável e resolução firme. Um brilho da alma que apenas alguém como Alisa, que trilhou seu próprio caminho, poderia irradiar.

É realmente ofuscante para alguém como eu — alguém que só ficou vagando sem rumo até agora…

Pensou Masachika, suspirando enquanto mais uma onda de autodepreciação inundava seu coração. Mas ele não deixou transparecer em seu rosto. Pelo menos, decidido a não perder em dignidade, endireitou as costas.

E eu me tornarei um Masachika Suou do qual posso me orgulhar. Para isso, vou te derrotar na eleição e entrar no Raikokai junto com a Alya — declarou então.

Então você também não vai recuar, né, onii-chan? — perguntou Yuki.

Sim, decidi seguir este caminho.

Entendi…

Mas ainda assim foi errado da minha parte menosprezar sua determinação. Sinto muito por isso — Masachika inclinou a cabeça, deixando Yuki um pouco desconfortável enquanto ela pigarreava.

É… bom, eu também te chutei, então vamos considerar que estamos quites — respondeu ela. — Hm… então, quer dizer que estamos de paz por enquanto, certo?

Se você estiver disposta a me perdoar…

Ah, qual foiiiii~. Para com essa atitude toda humilde e submissa! Tá deixando a situação super estranha~! — Yuki resmungou, balançando os braços e batendo as mãos como se quisesse dispersar o clima sério. — Tá bom! Estamos de paz! Entendeu?

Entendi.

Kaay~, acabou a briga! Tá ótimoooo!

De pé na cama, com as mãos na cintura, Yuki olhou para baixo, para Masachika, com um sorriso convencido e levantou o queixo orgulhosamente, soltando um brincalhão "Hmph!".

Vamos jogar o "jogo do eu te amo" — anunciou.

Por quê???

Como sinal de nossa reconciliação, é claro. Vamos expressar nosso amor um pelo outro.

O "jogo do eu te amo"… Você quer dizer aquele em que a gente se olha nos olhos e diz "eu te amo" até o primeiro que ficar envergonhado perder, certo?

Isso. Mas vamos mudar um pouco as regras desta vez: em vez de perder quem se envergonhar primeiro, perde quem se satisfazer primeiro.

Satisfazer…? O que você quer dizer com isso?

Só cala a boca e faz. Vamos, vem aqui, vem aqui — Yuki o chamou.

Tá, tá.

Sabendo que não adiantava resistir quando ela estava assim, Masachika se acomodou obedientemente na cama ao lado da irmã. Depois de se sentar, deixando um pequeno espaço entre eles, Yuki se virou completamente para ele e o encarou.

Onii-chan… eu te amo — disse ela.

Oh — Masachika estremeceu ao ouvir tamanha sinceridade, sem o tom de brincadeira de sempre. — Ah, euhh, eu também—

Olhe nos meus olhos — repreendeu Yuki, e o olhar dele vacilou ao tentar corresponder, soltando um "Guh…" involuntário.

Eu te amo, Yuki — conseguiu dizer, contendo a vergonha.

Eu também te amo.

Eu te amo do fundo do meu coração.

Eu te amo mais do que qualquer pessoa neste mundo, onii-chan.

Eu também te amo mais.

Mufufuuun~. — Yuki riu.

Parece que você já está totalmente satisfeita — brincou Masachika, encarando-a seriamente, enquanto ela continuava a sorrir de orelha a orelha, balançando a cabeça de um lado para o outro.

Nnnão, ainda não estou satisfeita. Continua.

Que julgamento parcial…

Onii-chan… eu te amo mais do que qualquer um, sabe? Meu querido, adorável onii-chan — disse Yuki, olhando para ele com os olhos brilhantes, ignorando sua resposta fria.

Eu também. Você é a irmã mais doce e adorável. Eu te amo.

Nyufufuuuuuun~.

É, isso sim é satisfação total.

Nuh-uh, ainda não estou satisfeita. Ainda não recebi amor suficiente.

E você diz isso enquanto me abraça assim?

Mas que sério ela está com isso…?

Masachika suspirou internamente, pensando exatamente isso enquanto Yuki o abraçava firme e encostava a cabeça nele.

Ei… Quão séria você está com isso? — perguntou, decidindo que agora era a chance certa de fazer a pergunta diretamente.

Hmm~? Sobre o quê?

Tipo… sinceramente, não consigo pensar em nenhum motivo pelo qual você me ame tanto… — Masachika finalmente falou a pergunta que vinha guardando na mente todo esse tempo.

Piscando algumas vezes, Yuki então soltou os braços e se afastou, seu semblante se apagando enquanto ele a encarava em silêncio.

Eu sou… o irmão frio que não fez nada além de viver uma vida preguiçosa e sem rumo, enquanto você lutava contra sua doença nesta casa e se esforçava para se tornar herdeira da família, não sou? — Masachika falou com cuidado, encontrando os olhos da irmã. — Se é pra falar a verdade, eu mereço seu ressentimento, não seu carinho.

Os olhos de Yuki se arregalaram levemente ao ouvir isso, antes de se transformarem em um sorriso suave.

Você é irritantemente lógico — disse ela simplesmente.

O quê—

Mas se você vai colocar desse jeito, então eu era a irmãzinha que fugia dos estudos e das lições enquanto você se esforçava, né? A que vivia aprontando e atrapalhando você? E pra completar, eu monopolizei toda a atenção dos nossos pais com minha asma, não foi? Você pensaria que eu seria ressentida, não amada.

Isso é…

Ela não estava errada se você apenas considerasse os fatos, mas a verdade era que Masachika nunca tinha realmente ressentido Yuki.

Não… acho que ela está exagerando aqui. Sim, houve algumas vezes que achei ela bem irritante… Espera, na verdade, mais do que algumas…

Mas mesmo assim, Yuki sempre fora apenas sua adorável irmãzinha. Seja como criança travessa, doente com asma, nerd e fazendo todo tipo de besteira, ou agindo como uma jovem elegante, Masachika sempre a achou irresistivelmente fofa. Essa irmã de espírito livre, caótica, aparentemente egoísta, mas sempre atenciosa? Ela era simplesmente alguém que ele amava de todo o coração.

Eu sinto o mesmo — comentou Yuki, com um sorriso radiante, como se tivesse lido seus pensamentos como um livro. — Você é preguiçoso às vezes, pensa demais em tudo, vive preso a arrependimentos e preocupações, e se afunda na depressão se eu te deixar sozinho. E ainda assim, você é sempre gentil, sempre me deixa depender de você, e continua me amando não importa o que aconteça. Eu amo todos esses lados seus, onii-chan.

Dito isso, Yuki se ajoelhou e puxou delicadamente a cabeça de Masachika para perto dela.

Eu sempre vou te amar.

Uma sensação suave pressionou sua testa, seguida por um beijo delicado, enquanto ela apertava sua cabeça contra o peito.

Diferente dos abraços brincalhões de antes, esse era completamente diferente. Era caloroso e gentil, como o de um pai tentando transmitir amor ao filho.

Então é isso… Sempre sentimos da mesma forma.

De repente, tudo fez sentido.

A vontade de proteger alguém da família além da razão — aqueles sentimentos que Yuki tinha por Masachika eram os mesmos que ele sentia por ela.

Os braços de Yuki então se afrouxaram um pouco, e quando Masachika olhou, encontrou sua irmã sorrindo com a expressão gentil de sempre.

……

Mas então, sem dizer nada, Masachika a puxou suavemente para um abraço próprio, assim como Yuki fizera com ele.

Yaaaa~, você tá me fazendo corar~. — Yuki soltou um gritinho exagerado, abraçando-o de volta, soltando uma risadinha satisfeita enquanto se acomodava nos braços de Masachika. — Nyufufuuuuuun~♪

E assim, os dois simplesmente aproveitaram o conforto do coração e do calor um do outro por um tempo.

E aí, o que vamos fazer com esse clima? Quer falar de peitos ou algo assim?

…Até que Yuki, de repente, soltou uma sugestão absurda com seu tom travesso de sempre, quebrando a atmosfera pacífica num instante.

Não vamos. Por que diabos faríamos isso? — retrucou Masachika.

Não, é que tipo… eu sinto que vamos entrar em uma rota diferente se deixarmos assim…

Uma rota diferente? Como assim?

Tipo: "Eu amo minha irmã…" Mas é como mulher? Ou como família?

De jeito nenhum! Olha, até pode soar assim, mas não tem nada a ver! É como família, sem discussão!

É porque meus peitos não são grandes o suficiente? É realmente por causa disso, né?

Não force a conversa por esse caminho!

Mas tipo, você já teria me jogado no chão se eu tivesse peitos grandes, né?

Uma irmãzinha com peitos grandes é tipo o mau-olhado de algum velho careca, gordo e oleoso.

Ggh, caramba, isso até que é uma boa analogia… — Yuki fez uma careta como se tivesse mordido algo amargo, mas não pôde deixar de admirar a perfeita analogia do irmão sobre como irmãs pequenas com peitos grandes são amaldiçoadas e psicologicamente perturbadoras.

Se afastando de Masachika, ela colocou a mão na testa e fez uma expressão de dor.

Espera… E se aquele velho gordo e oleoso fosse na verdade um ex-herói que voltou de outro mundo, e agora, trinta anos depois, desbloqueou seu mau-olhado para proteger a família amada… Eu até poderia entrar nessa. Sim, eu poderia entrar nessa! — falou empolgada.

Você tá realmente se apoiando no poder da ilusão, né? Basicamente, é a mesma coisa que olhar pros peitos da sua irmãzinha e tentar se convencer desesperadamente: "Esses aqui são da minha idol gravure favorita XX-chan!"

Guh! Mas imaginar uma história legal versus cobrir as partes inconvenientes com delírios fantasiosos são duas coisas totalmente diferentes…

E ainda assim você não consegue se empolgar do jeito que é — no fim, é a mesma coisa.

Ggh, ugh… grrrghhh…!

Soltando um gemido contido, Yuki se encolheu na cama, batendo os punhos nos lençóis.

Por quê…? Eu pensei que qualquer garota com peitos grandes automaticamente seria sexy, não importa o quê…! — reclamou, como se estivesse tossindo sangue.

Contra-argumento: Elena-senpai.

Gah!

E de qualquer forma, mesmo que a garota seja bem dotada, sua primeira reação não vai ser "uau, ela é sexy", a menos que ela esteja usando algo super revelador. Normalmente você só pensa: "Uau, ela tem peitos grandes", e só — explicou Masachika, balançando a mão de lado a lado com desaprovação, enquanto Yuki permanecia congelada, derrotada.

No instante seguinte, ela se endireitou com um olhar vitorioso e convencido.

Heh… ah, vamos lá, me dá um desconto… Não me diga que até você, meu querido irmão, ainda está nessa fase?

Oh? O que é isso? De repente voltou à vida, hein?

Com um sorriso provocador, Yuki levantou as mãos e balançou a cabeça de um lado para o outro, totalmente indiferente ao olhar frio do irmão. Então ela baixou o olhar levemente, soltou um suspiro suave e fez um gesto extravagante com as mãos.

Tá, eu admito. Roupas que mostram bastante pele — biquínis, roupas íntimas e afins — são realmente magníficas… Mostram a pele macia e nua de uma jovem normalmente invisível. Mas mesmo assim, há aquele charme irresistível e provocante que vem da dor de não poder ver as partes mais importantes por baixo. E se ela for bem dotada, então… o jeito que os seios se mexem a cada pequeno movimento faz a imaginação correr solta sobre quão macios e firmes devem ser ao toque… Mas, mas, dito isso… — Yuki parou por um momento, se virando levemente para dar a Masachika um olhar de lado cheio do mais irritantemente provocador "game face". — É justamente por isso — sim, justamente por isso — que há um erotismo único nos seios grandes presos firmemente por roupas rígidas como uniformes ou ternos, totalmente diferente de qualquer tipo de exposição…

Não, tipo, como eu disse antes, eu não penso imediatamente que seja erótico só de olhar—

Como você NÃO acha que é erótico!?!? — Yuki então se inclinou de repente, com os olhos arregalados e brilhando, e Masachika recuou instintivamente, corpo e espírito.

Ok, uou, calma! Essa energia é aterrorizante! — ele rebateu, fazendo a expressão de Yuki se contorcer.

Idiota! Grande idiota, onii-chan! Você simplesmente NÃO ENTENDE! — ela continuou a gritar, agora com lágrimas nos olhos.

Uh, que diabos deu em você de repente?

Você é quem disse isso antes, onii-chan! "Mostrar tudo de uma vez só mata o clima. A arte da provocação é justiça!" — Yuki trouxe à tona uma antiga citação.

!

Masachika ofegou, atingido pelas palavras que ele próprio dissera à irmã com tanta convicção, enquanto Yuki continuava a encará-lo com olhos marejados.

Você é quem… quem me ensinou a apreciar o erotismo do que está escondido, não foi, onii-chan? — ela chorou — E agora você — você de todos — não entende mais isso? O puro erotismo de manter as coisas escondidas!?

Grgh…!!

A súplica angustiada atingiu Masachika no fundo do peito. Com mãos trêmulas, ele apenas cobriu a boca e baixou o olhar, deixando seus olhos vagarem em turbilhão enquanto permanecia em silêncio.

Ah, s-sim… você está certa… você está absolutamente certa… — ele finalmente murmurou rouco, por trás das mãos. Sussurrando como um homem que acabara de ver a luz, Masachika se voltou para a irmã com expressão de pesar.

Desculpe… eu estava errado.

Idiota! Grande idiota, onii-chan!

Mesmo enquanto continuava a lançar insultos, Yuki se atirou em seu peito e o abraçou com força. Abraçando a irmã de volta, Masachika continuou a reconhecer seu erro.

Você está certa… Seios grandes são eróticos — disse com voz suave — Mesmo escondidos sob roupas, ainda são eróticos. Exatamente como você disse.

Exatamente! Seios grandes forçados sob roupas apertadas! As rugas artificiais no tecido quando esticam demais! A silhueta visivelmente distorcida causada por eles! Botões sendo puxados como se pudessem saltar a qualquer momento! É isso que é erótico neles! Uwaaaaaaah~!!! — Yuki soltou um grito de lamento, enquanto Masachika a abraçava gentilmente, como se estivesse confortando uma criança.

 E enquanto se abraçavam com força…

 Alisa observava, com uma expressão incrivelmente rígida.

U-Umm, Ayano-san… O que exatamente esses dois estão fazendo aí?

Eles estão reafirmando o vínculo entre irmãos — Ayano respondeu sem hesitar, fazendo Alisa lançar um olhar profundamente cético.

Sériooo~? — ela perguntou, recuando um pouco ao ver os olhos de Ayano brilharem como se observasse algo incrivelmente puro e sagrado.

Tendo sua curiosidade despertada pelo leve som das acusações de Yuki filtrado pela porta, Alisa espiou com hesitação e viu tudo em um instante. Visualmente, parecia apenas uma reconciliação emocionada entre irmão e irmã, mas o conteúdo do diálogo era nada além da típica zoação entre garotos do ensino médio. A informação entrando em seus olhos e ouvidos era tão incongruente que seu cérebro praticamente travou.

Ela estaria assistindo a um vídeo de meme inteiro?

……

Diante do absurdo da conversa, Alisa olhou para o próprio peito, que, no Japão, era indiscutivelmente considerado mais do que generoso — um peito que continuava a crescer até hoje. Ela cruzou os braços discretamente, consciente de si mesma. Ayano, por outro lado, apesar de pequena, também era bem dotada, mas não se incomodava em esconder seus atributos.

Aliás, onii-tan, quando você vai perceber o apelo erótico das barrigas?

Não, sério, eu realmente não entendo. Quero dizer, barrigas não são tão diferentes entre homens e mulheres, não acha?

Como assim, seu idiota…!? Vai dizer a mesma coisa sobre bundas e coxas, né!?

Hmm, agora que você mencionou… Sim, acho que umbigos podem ter alguma "personalidade", dependendo da pessoa.

Oho, então é assim, né? Verdade, algumas pessoas até têm piercings neles. Pode ser charmoso para alguns.

Bem, eu realmente não entendo o apelo de piercings no umbigo também…

Piercings dependem muito do gosto pessoal, saca~. Hmmm~, o que mais poderia ter na barriga… Um brasão lascivo, talvez?

Epa, você realmente foi full 2D com isso, hein…? Mas sinceramente, eu também não vejo graça nisso.

Mm-hmm. Não acho que brasões lascivos sejam tão eróticos.

Basicamente são só tatuagens nesse ponto, né? Quer dizer, são como piercings: realmente uma questão de gosto. Mas, pra mim, não gosto da ideia de desenhar palavras ou padrões na pele bonita.

Mas você acha que marcas de contagem (正) são totalmente eróticas, não acha?

(N/SLAG: 正: marcador de contagem (tally mark), parecido com 卌. No hentai, é usado para marcar quantos caras já passaram o rodo na mina.)

Definitivamente são.

Seu pervertido.

Ainda se abraçando, os dois irmãos continuaram sua estranha e entusiasmada discussão, enquanto do lado de fora, as duas garotas inocentes inclinavam a cabeça em uníssono, confusas com o termo desconhecido.

Marcas de contagem…?

E assim, a conversa absurda de irmão e irmã — com o tom ridiculamente típico de garotos do ensino médio — continuou até Masachika finalmente notar a presença de Alisa.

Nota: Yuki, na verdade, percebeu desde o início que Alisa estava espiando.

 

 

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