Volume 10
Capítulo 2: Ayano se Dissolve no Ar
— Já se acalmou?
— Sim… Obrigada, Ayano-san.
— De nada.
Depois de toda a comoção, quando suas emoções haviam explodido de dentro para fora, Alisa fora levada ao quarto de Ayano, para se afastar da verdadeira fonte de sua perturbação: Yuki. Lá, tomou um gole de chá quente e, finalmente, começou a se acalmar.
Enquanto permanecia ali, exausta pela estranha e indescritível manipulação mental de Yuki, ela se pegou refletindo sobre ela mais uma vez, chegando, enfim, a uma conclusão única e inegável.
A personalidade central da Yuki-san… no fim das contas ainda é a de uma criança incrivelmente perversa, travessa e problemática, não é…?
(N/SLAG: Provavelmente.)
Afinal, essa fora a primeira coisa que a própria Yuki dissera sobre si mesma, quando contou sobre o seu passado. E agora Alisa experimentava em primeira mão o que isso realmente significava.
Todas aquelas coisas estranhas que ela dizia… Claro, talvez houvesse algum significado mais profundo em parte daquilo, mas, no fundo, ela só estava se divertindo ao me ver constrangida, não estava…? Certamente…
Pensava Alisa, recostando-se fundo na cadeira, com a mente vagando de novo, mas desta vez em outra direção. Ou melhor! Se essa é a verdadeira natureza dela, o que será que passa por sua cabeça quando age como uma dama perfeita na escola!?
Alisa se lembrou da reputação de Yuki no colégio: graciosa, elegante, impecável. Até ela mesma, em silêncio, cultivava uma profunda admiração por seu comportamento impecável e sua postura refinada — coisas que uma garota de família de classe média como ela jamais conseguiria imitar por completo. E não era apenas admiração… havia também certa inveja, talvez até um pouco de ciúme.
Mas quando a máscara caía… era isso que havia por baixo.
Sério mesmo… Que tipo de dupla personalidade é essa…?
Até instantes atrás, o choque que Alisa sentia não era algo do tipo: "Espera, então é isso que ela é de verdade!?" Mas sim: "E-Existe mesmo alguém tão caótica assim…?" E agora, de algum modo, pela pura força de vontade, conseguira aceitar com um resignado: "Bem, acho que esse é apenas o jeito da Yuki Kuze…"
O problema? Yuki Kuze e Yuki Suou eram a mesma pessoa. Essa era a verdade ainda difícil de engolir.
Enquanto Alisa gemia, segurando a cabeça com as mãos outra vez, Ayano, em silêncio, serviu-lhe mais uma xícara de chá.
— Apenas por precaução, permita-me dizer isto — falou suavemente. — Preciso pedir que se abstenha completamente de comentar sobre o comportamento de Yuki-sama ou sobre a relação dela com Masachika-sama.
— Hã? Ahhh, sim, claro… Quero dizer, duvido que alguém acreditasse em mim mesmo que eu contasse.
— Mesmo assim, especialmente em relação a Masachika-sama, se isso viesse a público, poderia ser interpretado como algum tipo de disputa interna na família Suou. Não haveria benefício algum se essa informação vazasse para terceiros.
— Entendo… Será que é assim mesmo…?
Alisa também sabia que, ao longo da história, disputas de sucessão entre famílias nobres ou de guerreiros muitas vezes degeneravam em conflitos brutais e sangrentos, arrastando todos ao redor para a guerra. Claro, não acreditava que algo tão extremo pudesse acontecer no Japão moderno, mas rumores sobre disputas internas na família principal dos Suou certamente dariam margem para que oportunistas tentassem tirar proveito.
Era simplesmente um mundo distante demais para que uma garota comum conseguisse imaginar facilmente. Mas, ainda assim, ela sentia o peso das palavras de Ayano.
Ah…
De repente, Alisa se lembrou de algo, abrindo a boca com um traço de inquietação na voz:
— Erm… Ayano-san.
— Sim, o que foi?
— É que… eu acabei contando para a Nonoa-san sobre o Masachika-kun estar tentando voltar para a família Suou… Isso foi errado, não foi? — confessou, lançando um olhar apreensivo para o rosto de Ayano.
Como de costume, Ayano mantinha a expressão impassível, apenas inclinando levemente a cabeça.
— Foi algo que Miyamae-sama perguntou diretamente a você? — devolveu a pergunta.
— Uhhh… mais ou menos… — respondeu Alisa, balançando a cabeça de um lado para o outro. — Não, é verdade que ela perguntou, sim… Mas, na realidade, ela apenas percebeu que eu estava incomodada e se ofereceu para ouvir. A decisão de falar… foi totalmente minha.
— Entendo.
Por um instante, os olhos de Ayano pareceram estreitar-se sutilmente. Vendo isso, Alisa encolheu os ombros.
— Sei que foi descuido da minha parte, pensando agora. Mesmo sendo uma amiga em comum, acabei falando de assuntos de família de outra pessoa sem permissão… Vou me desculpar com o Masachika-kun e com a Yuki-san depois — disparou logo em seguida, enquanto Ayano fechava os olhos em contemplação, em vez de simplesmente assentir.
— Isso seria o melhor — respondeu por fim, em seu tom neutro de sempre, após um breve silêncio.
Ainda assim, até mesmo essa postura imutável fez Alisa se sentir estranhamente repreendida, deixando-a um tanto desconfortável.
— Uhhh… O chá estava realmente delicioso, a propósito.
— Muito obrigada.
— Há algum segredo para fazê-lo ficar tão bom?
— Não diria que tenho habilidade para falar sobre o assunto… Na verdade, Maria-sama é melhor em preparar chá do que eu.
— S-Sério? Eu realmente não acho que seja o caso…
— Não, ainda tenho muito a aprender.
— Entendo…
Que sensação era aquela? O jeito como Ayano escolhera suas palavras soava quase como se dissesse: "Se você realmente se interessa por chá, não deveria perguntar à sua irmã mais velha?" Estaria Alisa apenas paranoica?
— Ah, a propósito, sua roupa de empregada é muito fofa. Cai muito bem em você.
— Muito obrigada… Hm? Ah, é verdade — o que você viu da última vez foi o uniforme de mangas curtas, não foi?
— Isso, sim. Eu lembro; o de mangas curtas. Acho que foi quando visitei a casa do Masachika-kun.
— Entendo.
— Mas o de mangas longas também é muito fofo…
— Muito obrigada.
……
E agora ela não conseguia evitar pensar se não havia um sutil "Você também usa um uniforme parecido, e ainda assim não se lembrava?" escondido em suas próprias palavras.
C-Como eu suspeitava… A Ayano-san está mesmo irritada comigo, não é…?
Alisa lançou um olhar furtivo ao rosto de Ayano para tentar avaliar seu humor, mas, como esperado, a expressão dela permanecia completamente imóvel, tornando impossível perceber qualquer coisa. E, além disso, o silêncio sufocante só deixava tudo ainda mais constrangedor.
Agora que já estava calma, o ideal seria voltar para onde estavam Masachika e Yuki. O problema era que, provavelmente, os dois estavam no meio de uma reconciliação após a briga de irmãos — e não era algo em que ela pudesse simplesmente se intrometer.
Devo dar pelo menos mais uns vinte… não, trinta minutos para eles ficarem a sós, certo?
Alisa entendia isso perfeitamente bem, mas também significava que teria de passar pelo menos mais vinte minutos sozinha com Ayano…
— Hm… — começou ela novamente, tentando reunir o restinho de forças para puxar conversa. Mas, depois de já ter falhado duas vezes em iniciar algum assunto, seu ânimo estava prestes a se despedaçar. Mesmo assim, agarrou-se ao momento e insistiu: — Você conheceu o Masachika-kun desde quando ele morava nesta casa, não foi, Ayano-san?
— Sim.
— Então… como eram o Masachika-kun e a Yuki-san naquela época?
……
Ayano ergueu levemente o olhar para o canto superior do quarto diante da pergunta de Alisa, como se estivesse refletindo. Após cerca de dez segundos de silêncio, finalmente respondeu num tom calculado:
— Eles eram como… o príncipe perfeito e a princesa moleca.
— U-Um príncipe!?
— Sim.
— S-Sério…?
A descrição de Masachika era tão inesperada que deixou Alisa completamente sem palavras.
Um príncipe? Um príncipe?? Aquele cara???
Embora Yuki tivesse contado há pouco tempo que Masachika fora incrivelmente sério e aplicado em sua juventude, como Alisa não o conhecera naquela época, só conseguia imaginar o Masachika de agora — e, por mais que tentasse, a palavra "príncipe" simplesmente não se encaixava nele. E mais: depois de ter presenciado aquele outro lado de Yuki, o termo "princesa" também não lhe caía nada bem…
Com certeza a Ayano-san está romantizando bastante as coisas. É melhor levar o que ela diz com uma boa dose de ceticismo — concluiu Alisa em pensamento.
Ela relaxou um pouco, mas então Ayano voltou a falar de repente.
— Erm…
— Hm?
— Sobre o que aconteceu depois… da sua festa de aniversário, outro dia…
— Sim…? — respondeu Alisa, instintivamente se endireitando, um pouco tensa, sem saber para onde aquilo iria, enquanto Ayano buscava cuidadosamente as palavras.
— Como foi que você… conseguiu persuadir Masachika-sama…?
— Persuadir…? Quer dizer, para ele ir visitar a Yuki-san?
— Isso mesmo…
— Uhhh, certo…
Enquanto tentava se lembrar do que havia dito e feito com Masachika naquele momento, uma onda repentina de vergonha a atingiu.
A-Aquilo, pensando agora… foi totalmente cena de drama…
Ela praticamente se jogara sobre Masachika, que se afundava no próprio desprezo, suplicara em lágrimas com palavras inflamadas, segurara sua mão e avançara junto com ele. Nada daquilo era algo que pudesse simplesmente contar de cara limpa.
É… melhor… dar uma suavizada — decidiu, achando que também não seria certo simplesmente não responder nada. Assim, com as bochechas visivelmente coradas, Alisa abaixou o olhar e escolheu com cuidado as palavras.
— Uhhh, então… Eu disse algo como: "Vamos ver a Yuki-san. Coloque um fim nos seus arrependimentos." Mais ou menos isso.
— Então foi aí que Masachika-sama decidiu retornar à mansão Suou?
— Bom, acho que sim?
— Entendo — respondeu Ayano, na sua voz sempre neutra, enquanto Alisa abaixava ainda mais a cabeça, parte por vergonha, parte por uma pontada de culpa.
Por isso mesmo, não percebeu.
A expressão que Ayano tinha no rosto ao ouvir sua resposta.
⋆⋅☆⋅⋆
Eu era uma criança inútil. Uma criança inútil que não conseguia fazer nada. Comecei a frequentar o jardim de infância aos três anos e, muito rapidamente, fui obrigada a encarar essa verdade.
— Anda logo, Ayano-chan. Não fica aí parada! Vem por aqui!
— Rápido! Poxa, você tá sempre viajando!
Eu não conseguia acompanhar as atividades em grupo, nem seguir o ritmo das outras crianças, nem fazer as coisas do mesmo jeito que elas. Eu era inútil. Até mesmo instruções simples de uma professora, como "Venha aqui e sente-se", já eram demais para mim.
Não era que eu estivesse distraída. Não é isso. Pelo contrário, eu pensava demais. Pensava sem parar.
Onde eu deveria sentar?
Espera, será que eu não deveria guardar meus lápis de cor primeiro?
Mas as outras crianças estão deixando os blocos de montar espalhados — talvez isso signifique que não precisamos guardar nada?
Mas e se alguém pisar neles, cair e se machucar?
Isso seria perigoso — talvez fosse melhor guardar primeiro.
Mas espere, devo guardar primeiro os lápis ou os blocos?
Os lápis são meus, mas os blocos foram deixados pelos outros. Devo cuidar do que está perto de mim primeiro?
Mas os blocos representam um risco maior…
Uhh, uhhhhh…
Quanto mais eu pensava, menos sabia qual era a "resposta certa".
E assim eu ficava parada, sem conseguir me mover.
— Poooxa, Ayano-chan! Você não consegue ouvir o que a professora diz?
— Ayano-chan, você é tão lerdinha!
Parem! Esperem! Eu estou tentando pensar!!!
Mas… seria certo deixar esse grito sair do meu coração?
Só de pensar nisso, minha cabeça já girava de novo. Meus pensamentos se embolavam em círculos, e meu corpo se recusava a dar sequer um passo. Eu não conseguia me mover até que a professora, já sem paciência, pegava minha mão à força e me arrastava.
— Sinceramente, você dá tanto trabalho… Por que não consegue nem fazer uma coisa tão simples? — repreendia, num tom de reprovação.
— Nossa, ela é mesmo uma tartaruguinha, né~.
Os olhares irritados de todos ao redor eram apavorantes. Não conseguir fazer as coisas como os outros… doía tanto.
Então, acabei abandonando o jardim de infância.
— A Ayano disse que não quer ir ao jardim de infância amanhã também… O que fazemos…?
— O que fazemos? Bem, não podemos simplesmente deixá-la sozinha em casa, não é? Além disso, o jardim de infância é justamente o lugar para ela aprender habilidades sociais. Se ela já está tropeçando aí, então o que será do futuro dela?
— Mas não faria ela ter ainda mais medo se a obrigássemos a ir, quando está claro que ela odeia aquilo?
— Mesmo que você diga isso, não é como se qualquer um de nós pudesse faltar ao trabalho todos os dias. Ou está dizendo que devemos deixá-la com outra pessoa? Só para ficar claro, meus pais estão completamente fora de questão. E os seus também vivem no local de trabalho, então não são opção, certo?
— Sobre isso… A família Suou, para quem meus pais trabalham… Parece que eles têm uma criança da mesma idade da Ayano, que também ainda não começou o jardim de infância. Eu estava pensando que talvez a Ayano pudesse se dar bem com ela…
Depois de muita discussão, meus pais decidiram me deixar aos cuidados dos meus avós paternos, que trabalhavam na mansão da família Suou.
Chorei quando me disseram que eu iria para a casa dos meus avós. Achei que estava sendo abandonada por ser uma criança fracassada.
Foi nisso que acreditei, então gritei, chorei e recusei. Mas, depois de chorar até adormecer, colocaram-me no carro. E, quando acordei, já estava diante de uma enorme mansão.
— Bem-vinda, Ayano. Esta é a casa onde o vovô e a vovó trabalham.
— Bem-vinda, Ayano-chan. Vamos dar nossas saudações agora, então comporte-se direitinho, está bem?
Meus avós, que me receberam no trabalho, pareciam pessoas completamente diferentes das que eu conhecia. Vestiam roupas formais e tinham uma postura afiada, parecendo incrivelmente elegantes aos meus olhos infantis. Enquanto eu estava encantada com o quão impressionantes eles eram, me conduziram a uma sala…
E ali, eu os conheci.
— Vamos nos dar bem, está bem?
— Eu sou Yuki Suou! Prazer em conhecê-la, Ayano-chan!
Eles eram deslumbrantes, como se tivessem nascido para ser protagonistas de uma história.
Chika-kun conseguia fazer qualquer coisa, e cada gesto e palavra dele transbordava uma bondade pura, como a de um príncipe de conto de fadas. Já Yuki-chan era fofa, espontânea e sempre radiante, como uma pequena princesa travessa.
Calma e ação. Príncipe e princesa, tão diferentes entre si, mas era óbvio — perceptível num simples olhar — que se importavam profundamente um com o outro.
É mesmo possível que existam pessoas tão belas e preciosas neste mundo?
E, ao mesmo tempo…
Eu não pertenço a este lugar…
Foi algo que senti instintivamente. Porque eu era um fracasso. Uma criança incapaz de fazer qualquer coisa. E ainda assim, eles não me olharam com esses olhos. Na verdade, apesar de tudo em mim, eles…
— Você será minha parceira a partir de agora também?
— Você é minha melhor amiga do mundo, Ayano-chan!
Eles me trataram como alguém importante. Mesmo sendo eu quem era, me colocaram como a número dois deles.
— Ah!!
Como eu poderia colocar em palavras aquele sentimento? Aquela emoção esmagadora? Foi a primeira vez na vida que senti orgulho de mim mesma… Uma felicidade tão grande que até doía.
Queria rir, chorar, abraçá-los — cair de joelhos diante deles.
Este é o meu lugar…
Esse pensamento surgiu naturalmente, do fundo do meu pequeno coração infantil. E desse coração nasceu um sonho. O sonho de permanecer ao lado daqueles dois, mais próxima do que qualquer um, e sempre cuidar deles.
E o caminho para realizar esse sonho? Bem, já estava ao meu lado.
— Vovó… Eu quero servir ao Chika-kun e à Yuki-chan.
Assim começou meu treinamento como serviçal, algo que, inesperadamente, também trouxe mudanças maravilhosas para mim. As pessoas pararam de me repreender por me misturar ao ambiente. Isso me deu espaço para pensar no meu próprio ritmo. Minha avó me ensinou a estabelecer prioridades para que eu pudesse executar tarefas de forma rotineira e eficiente, e graças a isso me tornei menos propensa a ficar paralisada em pensamentos.
Eu podia sentir que estava deixando de ser um fracasso. Mas, mais do que isso, poder servir e ajudar aqueles dois, mesmo sendo alguém como eu, me deixava tão, tão feliz.
— Obrigado, Ayano!
— Obrigada, Ayano-chan!
Os sorrisos deles, suas simples palavras de gratidão — tudo isso se tornou tesouros inestimáveis em meu coração.
Quero ficar aqui para sempre… Quero que nós três estejamos sempre juntos…
Esses foram desejos que brotaram, de verdade, do fundo do meu coração…
Mas quando chegou o momento em que eu mais precisava agir, não consegui me mover novamente. Havia tantas coisas que eu queria dizer — tantos sentimentos que queria transmitir. Mas simplesmente não sabia como transformá-los em palavras.
E, enquanto eu buscava por essas palavras, o tempo escapou por entre meus dedos. No fim, não consegui dizer nem uma única coisa importante… E então os dois seguiram caminhos diferentes.
Masachika-sama deixou a família Suou, ainda carregando seu coração partido. Yuki-sama escolheu permanecer, mesmo enquanto seu corpo estava preso a um leito de enfermidade. E eu simplesmente observei tudo acontecer.
De uma posição mais próxima do que a de qualquer outro, eu apenas assisti. Assisti o sonho que eu havia tanto valorizado se despedaçar diante dos meus olhos.
Haveria algo que eu… poderia ter feito?
Nunca pensei em mim mesma como igual a eles. Nem mesmo como coadjuvante — apenas alguém nos bastidores. Não como quem sobe ao palco, nem mesmo como quem torce ou vaia da plateia. Apenas alguém que, das coxias, observa em silêncio o brilho deles.
E eu achava que isso estava certo. Que esse era o papel que combinava comigo. Mas, por ter aceitado permanecer nesse lugar, tudo o que fiz foi assistir, impotente, à tragédia que se desenrolava no palco.
O que… eu deveria ter feito?
Essa pergunta girava sem parar na minha cabeça, e eu continuava a pensar nas palavras que talvez pudessem ter mantido os dois juntos, embora já fosse tarde demais…
— Ei, Ayano, você vai concorrer na eleição comigo?
Mas acredito que foi justamente por isso que, naquela época, segurei a mão de Yuki-sama e decidi subir ao palco. Para que, desta vez, eu não deixasse a tragédia escapar diante dos meus olhos. Para que, desta vez, eu pudesse dizer as palavras que precisavam ser ditas, no exato momento em que deveriam ser ouvidas.
— Masachika-sama… Eu entendo que o senhor esteja evitando a família Suou. Mas… poderia, por favor, visitar Yuki-sama?
— Neste momento, acredito que Yuki-sama precise mais do senhor do que de qualquer outra pessoa.
— Estarei esperando lá embaixo por dez minutos.
Desta vez, eu vou…
…
…
…
O relógio sinalizou que o tempo prometido já havia passado. E ainda assim, não havia nenhum sinal de Masachika-sama na entrada do apartamento.
— O que devemos fazer, Ayano-san…? Esperamos mais um pouco?
— Não… Vamos.
— Entendido.
No fim, não importava o quanto eu me movesse, o fluxo da história não mudava.
— Onii-cha… Hic, uuuu.
— Perdão, eu sinto muito, Yuki-sama…
Eu não passava de uma ajudante de bastidores. Uma garota de sorte que, por acaso, estava próxima do príncipe e da princesa.
— Eu… eu não consegui trazer Masachika-sama comigo…!
Esmagada pela impotência e pela culpa, senti meu peito se afundar. Queria desaparecer deste mundo por completo.

Mas então, ouvi uma batida na porta.
— Masachika-sama…
— Me desculpe. Estou atrasado.
Masachika-sama apareceu como um salvador. E, atrás dele, estava… sua parceira atual.
Ah…
Ali estava alguém que podia fazer a história avançar. Simplesmente não era eu — eu era apenas uma garota que não conseguia fazer nada. Alguém que só podia assistir.
Tudo o que eu queria era permanecer como o número dois de vocês dois…
O que eu deveria ter feito?
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