A Maldição da Trindade Brasileira

Autor(a): Felipe Ramos


Volume 1 – Arco 3

Capítulo 21: Alvorada

Matar o pseudo Toby? O que a minha mãe quis dizer com aquilo, já se passou três dias e eu ainda não entendi o que ela quis dizer com aquilo. O Porta-voz das chamas também não deu nenhum sinal de vida, muito menos as minhas chamas, que eu já estou aceitando que não as verei novamente, pensava Toby, olhando suas mãos enquanto mexia os dedos.

— Você tá me escutando? Parece que estou falando sozinho — reclamou Zane, que encarou o garoto com sardas.

— Desculpa… Eu estava pensando demais.

— Certo, então presta atenção que o que vou te dizer agora é de suma importância pro começo do treinamento. — Ele mostrou três dedos de sua mão esquerda. — Existem diversos tipos de poderes, mas pelo que estudei, teremos três tipos neste torneio.

Toby olhou atentamente para a explicação.

— Temos os poderes do seu tipo, os comuns, geralmente são elementais ou algo como uma super força como a Helena tem. Existem poderes incomuns, como Blair com seu sangue real e Ben com seu poder de sugar a força vital. E claro, os poderes que se consegue aprender treinando, como a cura.

— O poder do Drake então se encaixa como um poder que você consegue com treinamento? — indagou o menino com sardas.

— Sim, qualquer pessoa pode controlar elementos diversos, até diferente do seu próprio núcleo, desde que a arma tenha o seu próprio, como a excalibur do Drake e do Yuki de Yukiyama.

— E existe o quarto tipo, que você esqueceu. Os sem poderes, como eu. — explicou Toby, desviando seu olhar.

— Ainda não conseguiu achar o pseudo?

— Eu não faço ideia do que seja isso. Como que eu vou achar o falso eu?

— Eu também não entendi, acho que parte disso é só você mesmo que sabe.

— O porta-voz me disse que eu tinha que soltar meus sentimentos ruins, que todos nós temos e como eu tenho um poder emocional então reprimir eles faz as minhas chamas me odiarem. — encarou suas próprias mãos. — Será que as minhas chamas me odeiam? Se é que elas ainda existem…

— Se você quer conquistar uma pessoa você impressiona ela, então você deve fazer coisas que você reprimiu pra fazer.

— Esse é o pensamento que usa com a Helena?

— Não! Não! Longe disso! — O rosto de Zane se avermelhou rapidamente. — Já deu meu horário, preciso ir! Não esquece do garoto de Yukiyama pra ele te ajudar. Domingo nosso treinamento físico começa, eu te busco!

— Certo! Marquei com ele hoje durante o expediente, até domingo!

Algumas horas se passaram e Toby caminhava em direção ao restaurante, ele avistou um bandido correndo com uma bolsa de uma mulher em seus braços, a mulher tentou o perseguir, mas logo se cansou. O garoto com sardas sem pestanejar correu atrás do delinquente.

— Aqui acabou a sua corrida. — Toby cercou o homem.

— Acabou pra você, moleque. — Outros três homens apareceram e agora o garoto com sardas é quem estava cercado.

Essas horas é a que eu me encolhia com dor de barriga e a Blair apareceria pra me salvar, mas não dessa vez!, pensou o menino de sardas.

Toby acertou um cruzado em um dos homens e em seguida chutou a barriga de outro. Mas o terceiro conseguiu chutar sua perna e o derrubar.

— Larguem ele! — Um garoto mascarado apareceu e tocou no ombro do homem que derrubou Toby. — Descansa, se acalma.

Uma luz verde emanou das mãos do garoto fantasiado e logo desmaiou um dos homens, mas outro acertou em cheio um chute no meio das pernas do garoto, que o fez cair ajoelhado.

Toby se aproveitou e fez os dois chocarem-se de cabeça. Causando o nocaute duplo.

— Onde está o ladrão de bolsas?

— Aqui. — disse Ethan, rodando com a bolsa em seu dedo indicador, pisando na cabeça do bandido.

— Sombra exibida!

— Me chamou do quê?

— Se acalmem, gente. O herói incomum salvou o dia! — exclamou o garoto de máscara.

— Herói Incomum? Se amarrou mesmo nesse poder diferente, em Ben.

— Ben? — Toby ficou confuso.

— Como você me descobriu? — Indignou-se o garoto tímido.

— Eu só chutei, mas obrigado por me confirmar — sorriu.

— Sempre soube que era você, Ben. — falou Toby.

— Sério?

Não

— Claro que sim! — exclamou. — Mas por que você está se vestindo de super herói?

— Minha mãe sempre me falou que um herói de verdade não fazia as coisas para aparecer, sim para salvar as pessoas. — Logo virou o rosto e começou a encarar o chão. — Eu também não sou muito bom em me comunicar com as pessoas, então se elas não souberem que sou eu não tenho porque me segurar.

— Hoje é seu dia de treinamento com o Harry, não? — indagou Ethan.

— É verdade! Estava indo pra lá agorinha! Bom dia de trabalho para vocês! — correu.

Tem algo no Ben que parece diferente, o que será?, pensou o menino de sardas.

Ethan e Toby continuaram seu caminho para o restaurante, sem falar um pio por grande parte do caminho.

— Que estranho. — O garoto com sardas quebrou o gelo.

— O quê?

— Normalmente essa queimação no estômago me incomoda muito mais do que está incomodando.

— Você devia ter uma preocupação maior, aí tomou conta e a dor ficou em segundo plano.

— Mas, isso sempre acontecia quando eu era cercado e me incomodava.

— Você reagia como reagiu hoje?

— Não…

Isso parece tão óbvio agora que passei por isso, mas ter um foco maior que o incômodo no estômago me mostrou que isso não era um verdadeiro impeditivo.

— Como tá o treinamento com o meu irmão? — questionou Ethan.

— Nada demais, a gente ainda só tá na conversa, o treino físico mesmo começa domingo.

— Entendi.

— E o seu com o Harry?

— De boa.

Os dois continuaram caminhando até chegarem no restaurante, sem falar mais uma palavrinha.

Eles trabalharam o dia inteiro. Na saída, o garoto de Yukiyama chegou no local.

— Sr. Bachi, eu posso usar o frigorífico pro meu treinamento? Juro que vou fechar tudo direitinho. — pediu o garoto com sardas.

— Certo, amanhã então você abre.

Merda

— Tudo bem então.

Toby e Erick entram no frigorífico para o treinamento.

— Certo, o primeiro passo para aprender o Natsu é sentir completamente esse frio. Até o ponto da sua mente conseguir imaginar uma luz do sol iluminando. 

O menino com sardas já estava tremendo naquele momento, então ele sentiu facilmente o frio. Na hora de imaginar o banho de sol, ele apenas lembrava das chamas em seu corpo, um calor que ele nunca tinha sentido anteriormente.

— Quando sentir, levante seu braço dominante e estale seus dedos em direção aonde você imaginou o sol.

Toby levantou seu braço e estalou seus dedos, nada tinha mudado.

— Era óbvio que não iria de primeira, isso é um poder suporte que o homem aprendeu apenas usando o seu desespero e sua imaginação. — explicou Erick. — Por isso, você tem até amanhã.

Erick trancou a porta do frigorífico e acenou de fora do local.

Certo, eu não posso morrer aqui, então eu tenho que aprender na marra esse poder, só espero não morrer congelado.

Ele passou a madrugada toda tentando usar o poder de suporte. Perto do amanhecer, Erick pegou o garoto com sardas dormindo no frigorífico, quase congelado. O menino de cabelos longos e brancos entrou no local, apoiou o menino em seu ombro e o carregou até a entrada.

— Acorda, dia de trabalho.

— Quê?

Dois dias se passaram e Toby continuou treinando durante toda a madrugada. Ele já conseguia criar uma luz simulando o sol, mas era tão pequena que parecia até algum tipo de reflexo, e que não mudava a temperatura de seu corpo.

— Por que vocês chegaram dois meses antes do campeonato? — indagou Toby.

— Foi uma recomendação, conviver por dois meses até o torneio, mas ainda bem que só falta um mês, eu nem tenho intenção de participar do campeonato.

— Então por que está aqui?

— Yuki descobriu que existe outra Excalibur aqui em Solária, já o Cody é como se fosse um carrapato dele, não desgruda nunca. Os dois me obrigaram a vir para esse campeonato para esquecer de problemas.

— Então se a gente cair no sorteio você desiste?

— Não, já tô há um mês aqui, agora quero ganhar. Só um desastre me tiraria daqui.

— Eu ganho de você na porrada mesmo.

— Sabe nem usar o Natsu.

— Calado.

Eles caminharam em direção às mesas na entrada do restaurante e Erick se sentou em uma das mesas.

— Vou ficar aqui e dormir um pouco, não me acorde até duas da tarde.

— Mas ainda são nove da manhã.

— Exato.

Erick caiu em sono profundo. Ele sonhava que seus pais e sua irmã mais nova estavam na sala, quando um garoto entrou no local e congelou todos eles.

— Ei, por que está fazendo isso, Geller? Eles são nossa família! — gritou desesperado.

— Eles são a sua família, a minha família são as maldições. — o garoto empurrou a irmãzinha congelada de Erick, quando ela ia se chocar com o chão, o garoto acordou assustado.

Ao acordar, ele ignorou a existência daquele sonho como se fosse algo recorrente. Ele só conseguia ouvir Toby e Ethan discutindo de longe.

— Esses dois não conseguem ficar nem dois minutos sem se odiar não? Que chatice bicho. — disse o garoto de longos cabelos brancos, olhando para Sachi.

— Treze minutos foi o recorde de tempo sem trocar nenhuma crítica. As vezes acho que se os dois estivessem presos em uma ilha deserta juntos um deles iria se matar afogado no mar.

— Espera… É isso! Você é um gênio!

Erik pegou os dois pelos braços e os puxou até o frigorífico e os trancou lá dentro. Suas últimas palavras para ambos foram “aprende a usar ou aguentar o outro até a morte”.

— E como ficam os meus garçons? — perguntou Sachi.

— Vamos contar com o ódio deles e torcer para que saiam logo.

Dentro do frigorífico. Toby tentava incansavelmente conseguir usar o poder de suporte, mas continuou falhando.

— Você tá imaginando o quê? Que imaginação de merda você tem. — exclamou Ethan, enquanto esfregava seus braços de frio.

— Imaginando um banho de sol nesse frio.

— Isso é muito amplo, quando as pessoas vão pensar no poder de suporte, você pode imaginar o que quiser, desde que deixe claro seu objetivo.

— Erick não me contou nada disso.

— Óbvio, ele está acostumado em pensar em banho de sol para salvar animais e evitar o frio extremo, então faz sentido ele desejar um banho de sol, mas o seu caso é diferente. — explicou o loiro.

Eu odeio admitir, mas ele parece ter razão, mas o que eu quero? Por que parece tão difícil de imaginar algo que eu gostaria?

— Você tem que aprender essa merda logo, seu fracote, eu estou preso aqui contigo, então se apresse!

— Não me irrita.

— Vai logo, eu tenho coisas pra fazer na cozinha.

Esse cara é muito irritante, queria que ele sumisse daqui logo… É isso!, pensou o garoto com sardas.

Toby levantou seu braço direito e estalou os dedos, um grande sol apareceu e iluminou todo o local, causando o calor temporário. Tudo parecia tão perfeito, até passarem 7 segundos e tudo voltar ao normal.

Erick entrou na cabine olhando atentamente para Toby.

— Ainda te falta controlar o tempo de duração, mas eu confio que você consiga encontrar o caminho para fazer o poder durar mais tempo. — Erick pegou seu casaco e caminhou para a saída.

— Você já vai? Não vai me ajudar?

— Eu não sei como aprimorar o tempo de duração, então a minha parte que era a de sumonar o sol falso já está feita. — Saiu.

Então só me falta o tempo de duração. Só depois vou conseguir ter uma ideia de onde isso pode me ajudar

Erick andava pelas ruas da cidade, até que recebeu uma ligação que atendeu rapidamente.

— Alô, tá tudo bem aí? 

— Não muito, Erick. Aparentemente viram o Geller andando pelo comércio, eu queria te contar pois sabia que era algo que muito te interessava. Mas é uma pena que você tenha que ficar aí para o torneio.

— Não, eu estou voltando agora.

— E quanto aos seus colegas de time?

— Eles vão se virar sem mim, eu estou indo achar esse maldito e vingar toda a minha família.

Cerca de vinte e cinco dias antes do início do torneio, Erick desistiu do campeonato e voltou para seu país natal. Parecia que sua participação em Solária não seria nada memorável. Apenas para aquele que acabara de dominar a técnica de suporte, Natsu.

— Eu consegui! Eu consegui! — Toby gritava dentro do frigorífico, enquanto o sol artificial aumentava todo o clima do local. — Se prepare, pseudo Toby! Minhas chamas irão voltar!

Uma fumaça começou a sair dos punhos de Toby.



Comentários