A Maldição da Trindade Brasileira

Autor(a): Felipe Ramos


Volume 1 – Arco 3

Capítulo 16: Recrutamento

Ainda com quase todo o seu corpo enfaixado após a missão passada, Toby digitava em seu celular para ter respostas de Helena.

Toby: Eu não acredito que você armou pra mim, Ethan?? Sério??

Helena: O quê? O Ethan está aí? Nem imaginei…

Helena: :P

Ethan também estava a mexer em seu celular, ele cobrava seu irmão.

Ethan: DESGRAÇADO!!!

Zane: O quê?

Ethan: Toby está aqui!

Zane: Se divirtam então, agora tenho que resolver uma coisa.

Ethan: MALDITO SEJA!!!

Em um bar no sexto distrito, Zane e Helena bebiam enquanto mexiam em seus celulares.

— Eles vão causar um caos naquele restaurante, tem certeza que é uma boa? — perguntou Zane, virando o resto de cerveja em seu copo.

— Tá tudo sob controle, eles vão conseguir. — Virou uma garrafa inteira — Não esqueça que eles vão conhecer o meu primo, um pouco de rivalidade deles não deve atrapalhar, ahi! — soluçou.

— Eu estou mais preocupado com a outra equipe que montamos, aquelas ali podem causar uma guerra a qualquer instante.

— Relaxa, depois do pântano elas ficaram mais de boa, brrr — arrotou.

No segundo distrito. Blair e Natsumi tocaram a campainha de uma casa.

— Tem campainha no segundo distrito? — indagou a princesa.

— Vou ignorar seu ataque gratuito à pobreza e dizer que essa daqui foi construída pelo nosso alvo. — explicou Natsumi, sem fazer contato visual.

— Kido Tanaka, um engenheiro de robótica de quinze anos. — Blair guardou o celular no bolso e virou para a menina de cabelos castanhos. — Como esse cara vai lutar?

— Eu-

Uma mulher adulta abriu a porta da casa e logo arregalou seus olhos.

— Princesa! — gritou.

— Olha, eu sei que é difícil de acreditar, mas estou aqui para pedir que seu fi-

A mulher passou reto pela ruiva e segurou as mãos da plebeia.

— Princesa dos Plebeus, o que te traz aqui? — A mulher sorri, enquanto Blair fingiu que nada aconteceu.

— Olá, eu vim pedir para que você deixe seu filho entrar no Torneio de Solária, que acontece daqui dois meses. — Ela aponta para Blair e para si mesma — Nós temos uma amiga que precisa de dois membros para ela conseguir entrar no torneio, e os mentores recomendaram seu filho.

— Sim, ele foi muito bem requi- 

— Olha, eu achava bem perigoso, mas já que a própria princesa veio até a minha casa pedir, eu com certeza aceito. Mas só se entrarem e tomarem um cafezinho comigo.

— Seria ótimo. — Natsumi olhou para a princesa com um olhar de deboche e entrou na casa.

— Venha menina, você também pode entrar já que acompanha a princesa. Eu até vou apresentar o Kido para vocês! — falou a mulher.

— Certo! — A ruiva abriu um sorriso falso e entrou na casa.

De volta à porta do restaurante, os dois garotos guardaram seus celulares e decidiram falar um com o outro.

— Pode ir pra casa, eu resolvo. — Os dois falaram ao mesmo tempo.

— Não! Eu que vou resolver isso! — exclamou Ethan.

— Eu já estou indo! — Toby correu até a porta do restaurante, mas quando ia entrar, Ethan o segurou e assim começaram uma série de empurra-empurra que acabou com os dois caindo na parte de dentro do restaurante.

— Mesa pra dois! — gritou um garçom.

Os dois se sentaram na mesma mesa com muita vergonha dos olhares dos outros, até que um homem de idade chegou para servi-los.

— Olá, vocês devem ser os dois que a minha sobrinha Helena disse que enviaria. — O homem entrega dois cardápios.

ELA ARMOU MESMO, pensaram juntos.

— Onde está o seu filho, Sachi Yamamoto? Dizem que ele é o melhor garçom do terceiro distrito.

— E que é muito forte, que é a razão de estarmos aqui.

— Eu já sei de tudo, e ele também sabe. Ele queria participar do Torneio, mas como aqui tem muito trabalho todos os dias, ele não teria tempo pra treinar, então recusou ir. — Ele virou e olhou para seu filho atendendo outra mesa. — Espero que vocês consigam o convencer.

— Vamos conseguir!

— Eu vou conseguir. — disse Ethan.

— Sombra — sussurrou.

— Fracote — sussurrou de resposta.

Quando outro embate entre os dois começaria novamente, um grande homem virou uma mesa e a jogou longe.

— Essa comida tá horrível! Eu pedi sem mostarda! — Um grande homem com uma roupa branca gritou.

— Desculpa, senhor. Mas você tinha pedido pra tirar o ketchup. — explicou Sachi.

— Não interessa! Agora vou embora sem pagar, como dono do quarto distrito eu vou deixar passar, mas se da próxima vez isso estiver ruim assim, ligarei para a Berta, minha amiga e dona do terceiro distrito e farei com que ela feche esse restaurante.

— Então você é o cara do quarto distrito, eu moro lá e nunca te vi, que engraçado não é. — gritou Toby, enquanto Ethan apenas se retraiu.

— Quem você acha que é? Sua múmia!

— Um menino que cresceu com as pessoas falando que o dono do meu distrito estava mamando bolas da realeza.

O homem tentou dar um soco em Toby, mas Sachi segurou com apenas um braço.

— Sem brigas dentro do restaurante, por favor. — encarou com um olhar irritado.

Hmpf. — O grande homem apenas se soltou de Sachi e foi embora, no caminho ele percebeu que Ethan estava ali e apenas abriu um sorriso assustador. — Oi esfomeado, veio pedir esmolas aqui?

Ethan cerrou seus punhos e apenas evitou o contato visual. O homem continuou andando, até que saiu do restaurante.

— Golias Rogers, a cada dia eu encontro um pior dessa família. — exclamou o garoto com sardas.

— Não me compare com ele, nunca mais. — Ethan olhou com raiva para Toby e logo desviou o olhar.

— Certo, vocês vão comer ou só vieram pra quase destruir o restaurante? — indagou Sachi.

— Nós viemos pela Helena. Queremos que você participe do torneio nacional. — respondeu o garoto de sardas, desviando o olhar para Ethan enquanto falava.

— Sem chance, não vou participar desse circo.

— Circo? — se irritou.

— É difícil não pensar que é um circo quando mandam o palhaço fracote falar com ele. — Ethan se recompôs.

— Vou te mostrar quem é o palhaço seu merda. — Os dois voltam a se encarar.

— Vão embora.

— Ou o quê? Vai tirar a gente como, na força? Você nem tem coragem de lutar, como vai nos tirar daqui? — provocou Toby.

— Eu posso vencer vocês dois apenas nos punhos livres, não preciso me mostrar pra milhões de pessoas pela televisão.

— Vai televisionar? 

— Foco, Fracotoby. — O loiro virou para o garçom. — Se eu vencer numa luta de punhos livres, quero que entre no campeonato, se eu perder, nós dois vamos trabalhar aqui até o fim do torneio.

— Fechado. — Os dois se cumprimentam.

— O quê? Eu não concordei com isso!

— Se eu vencer o loirinho, deixo você me enfrentar também, se estiver com condições… — Sachi encarou os vários esparadrapos no corpo do garoto de sardas.

— O Ethan tá cheio de band-aid também! — Ele levantou a manga do loiro. — Viu?

— Sai daqui, não me toque, seu merda. — Ethan o empurrou.

Os dois garotos esperam o fim do expediente, até que finalmente acaba e os três vão junto do pai de Sachi até um parque, onde lutariam.

Ethan e Sachi se posicionaram para lutar.

— Quem cair primeiro, está derrotado. — explicou Sachi.

— Vai ser bem fácil então. — disse o Ethan.

— Sachi, Sachi! Sachi, Sachi! — Torciam o pai do garçom junto de Toby.

Esse desgraçado tá torcendo contra mim até quando deveria torcer a favor, desgraçado! pensou o loiro.

A luta começou e os dois avançaram. Ethan desferiu vários golpes, enquanto Sachi apenas esquivava.

— Merda.

— Nossa, você parece bem refém do seu poder, seus ataques são bem mixuruca. — Dizia Sachi, até que Ethan acertou um em cheio em seu estômago.

— Fala agora!

— E quando acerta, é bem fraco. — Sachi segurou no braço de Ethan, seus músculos estufaram e ele arremessou o loiro para cima.

Que força é essa!?, pensou Ethan, que começou a cair.

— Ele é mesmo primo da Helena! Que força incrível! — gritou o menino de sardas, tentando afastar um mosquito estranho.

— Ela sempre me diz que ele tem capacidade de ficar forte como ela, ou até superar. — disse o pai.

— O quê? Nossa, então estou tentando fazer um grande concorrente entrar nesse campeonato? Não me parece inteligente.

— A minha sobrinha gosta muito dele, mas sempre é tão fiel em proteger a princesa. Por isso eu fico bem assustado ao saber da dimensão de força que ela me contou que ele pode ter.

— É tão grande assim?

— Basicamente, ela me disse que o meu filho consegue vencer Blair Morgan, a princesa.

— Blair?... — Toby ficou cabisbaixo.

— O que aconteceu, menino?

— Blair e mais um amigo não me respondem mais, acho que pra salvar eles eu arrisquei tanto a minha vida que eles tem medo de me motivar mais, então eles estão me ignorando.

— Isso é ruim?

— Não é?

— Eles não te mandaram parar, apenas estão te ignorando. E se eles te consideram um rival e por isso não estão falando contigo?

— Isso… É impossível…

Eles ouvem um grande estrondo de algo caindo no chão, e percebem que Ethan perdeu a luta.

— Foi bem fácil. — disse Sachi.

— Eu não acredito que perdi assim, me sinto humilhado.

— Você não é forte apenas na força bruta, se um dia perdesse seus poderes, como se viraria? — exclamou o garçom, deixando Ethan pensativo.

Toby aparece de frente com Sachi.

— Minha vez. Eu posso lutar.

— Então venha! Mumificado!

Será se Blair e Drake me consideram um rival agora? Eu não entendo nada, mas é uma boa eu ver o quão forte eu estou agora!, pensou o garoto, que logo avançou.

Sachi agachou e acertou uma rasteira em Toby, que estava distraído e caiu no chão.

Hahahahahahahahahaha! Que pateta! — Ethan tinha dores de barriga de tanto rir.

— Tá rindo de quê? Agora a gente vai trabalhar nisso até o torneio acabar! 

— Bem-vindos ao Bar Restaurante mais famoso de Solária. — Sachi entregou avental para os dois.

— Toby! Ethan! Vocês conseguiram? — Perguntou Kaya, quando chegou no parque.

— Me desculpe, Kaya. Nós perdemos pra ele. — explicou Ethan.

— Poxa, Helena me avisou que Natsumi e Blair conseguiram convencer a mãe de Kido pra ele se juntar à minha equipe. Então vai ficar faltando um já que só se entra no torneio inscrito como uma equipe de três pessoas…

— Prazer, Srta. Kaya. — Sachi se curvou — Sou seu novo companheiro de equipe.

— O quê!? — O menino de sardas e o loiro gritaram ao mesmo tempo.

— Agora que o restaurante do meu pai tem dois novos funcionários até o fim do torneio, vou poder revezar de turnos e conseguir treinar com minha equipe. Vocês conseguiram, muito obrigado!

Os dois novos contratados não conseguiam esconder o ódio em seus olhares.

— Aconteceu exatamente o que a minha sobrinha disse que ia acontecer, que engraçado. — disse o pai do Sachi.

— ELA REALMENTE ARMOU PRA GENTE! — gritaram os dois, enquanto Kaya, Sachi e seu pai riam da situação.

Dentro da casa de Kido, no segundo distrito. Blair e Natsumi ainda ouviam histórias da mãe do garoto.

— O Kido é traumatizado de quando o pai dele entrou em depressão profunda por não ter conseguido classificar para fase final de lutas do Torneio Nacional. Desde lá ele estuda todos os campeonatos para não cometer o mesmo erro do pai dele.

— Que interessante… — disse Blair, distraída.

Uma campainha estranha e diferente tocou.

— Meu filho agora pode receber vocês, desçam por aquela porta cheia de tecnologias que chegarão lá!

— Certo! — Blair levantou-se correndo e puxou Natsumi junto.

Quando chegaram no quarto, avistaram o garoto no computador, com cerca de oito monitores em sua frente e vários protótipos de invenções espalhados pelo quarto.

— Olá, me desculpem pela minha mãe, ela ama contar milhões de histórias do meu pai desde que ele faleceu. — disse Kido, sem tirar os olhos do monitor em nenhum estante.

— Óculos legais — disse Natsumi.

— Obrigado. — Ele arrumou seu coque no cabelo.

— Então você vai participar do Torneio, já avisei a Kaya e é só esperar os garotos conseguirem que o Sachi participe, assim vocês poderão estar no torneio daqui dois meses. — Blair entregou uma carta de recomendação.

— Certo, obrigado, eles acabaram de conseguir. — Kido apontou para um monitor, mostrando os garotos bravos enquanto os outros riam.

— Você estava filmando eles? — perguntou Blair, um pouco assustada.

— Sim.

— Ei, Princesa Natsumi, suba aqui! Tenho uma coisa pra te mostrar! — gritou a mãe do garoto.

— Vou indo na frente Blair, te encontro lá em cima. — Natsumi subiu.

Blair ficou parada olhando para as coisas.

— Eu vou indo também, foi legal te conhecer, Kido.

— Não vai adiantar nada isso que você está tentando fazer. — disse Kido.

— Isso o que?

— Ignorar Toby pode deixar ele mais forte, mas ele não vai estar na fase final do torneio, eu te garanto.

— Como pode ter tanta certeza?

— Eu estudo todas as probabilidades, e ele tem uma chance mínima de ficar entre os doze finalistas.

— Então ele tem alguma chance.

— Tinha, pois eu vou me preparar para eliminá-lo do torneio e conseguir pegar a vaga na final.

— Você acha que vai ser fácil assim?

— Sim, nem você acredita nele, mesmo que queira muito. Eu vou me preparar perfeitamente, pra quando chegar o momento certo, eu destruir ele.

— Por que essa perseguição? O que ele te fez?

— Você quem fez, eu não sou o único que vai querer eliminá-lo, tirar ele é o mesmo que tirar parte de você, não é? Princesa.

— O que você quer dizer com isso?

— Você se culpa todos os dias por fazer o Toby acreditar que pode ser forte. Você nunca quis isso, mas ao te ter como exemplo, foi assim que ele ficou.

— Por isso eu estou ignorando ele, não precisa o perseguir.

— Não adianta ignorá-lo. Todos já sabem que ele tem envolvimento com você, e isso é a pior coisa que poderia ter acontecido com ele. — Kido ajeitou os óculos e virou para a princesa. — Toby Burn será eliminado de forma humilhante neste torneio, e eu farei com que isso aconteça muito cedo.



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