A Maldição da Trindade Brasileira

Autor(a): Felipe Ramos


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 10: Sombra Resplandecente

Na região nordeste do pântano, Ben carregava Toby, à procura de algum aliado.

— Acho que eu consegui enganar aquele cara que estava nos perseguindo, vi ele indo pra outra direção, mas tô preocupado que ainda não achamos ninguém. — Ben olhou para Toby. — Acorda, a gente precisa ajudar os outros. Drake confiou em nós.

Lenny, que tinha perdido os dois, passou um tempo correndo pelo noroeste até chegar no oeste, onde avistou Zane tentando acordar o seu irmão.

Ethan estava em um sono profundo. Ele estava sonhando com um evento no centro da cidade de Solária, onde ele era a atração principal. 

— Estamos aqui com o herói da cidade, e faremos uma grande entrevista no evento. Pois ele é o mais humilde de todos e quer que todos possam assistir! — contou o apresentador do evento.

— Prazer a todos, sou Ethan Rogers, o irmão mais forte da família, por favor, façam suas perguntas.

— O que você mais gosta, herói? — perguntou um dos espectadores.

— Eu gosto que todos saibam que eu sou o superior e me idolatrem assim como vocês, meus queridos fãs.

— E o que você não gosta? 

— De pessoas que não entendem minha superioridade e são fracos. — A platéia explode em comemorações, como se a frase dita tivesse sido algo incrível. 

Um conhecido pegou o controle e perguntou.

— Quando é que você vai entender que é só uma sombra do Zane?

— Toby! Seu maldito!

Uma grande sombra cobre Ethan no palco, quando ele olha para o que estava bloqueando a luz do sol, ele vê uma versão gigantesca de seu irmão.

— Acorda, Ethan.

Ethan acordou assustado e percebeu que tinha voltado para sua realidade e se decepcionou.

— O que você quer? — Ele percebeu que estava sentado numa poça de lodo e lembrou do campo amaldiçoado. — Onde estão os outros?

— Eu não sei, tenho que encontrar a Maya o quanto antes para desfazê-lo, mas você não acordava então fiquei preocupado.

— Não se preocupe comigo, eu também sou forte. — Se afastou de Zane.

— Vocês não vão a lugar nenhum! — ameaçou Lenny, com suas pernas tremendo.

— Ele é um dos capangas da Maya, o mais fraco de acordo com as fichas, vou cuidar rapidamente dele. — Zane avançou, mas foi barrado pelo braço de seu irmão.

— Deixa comigo, eu vou acabar com ele rapidinho.

— Então venha! Fracote! — Lenny colocou as mãos no bolso e chamou a atenção de Zane, que percebeu rapidamente o que estava para acontecer.

— Ethan, ele tem-

— Eu também percebi, idiota. Vá procurar Maya que eu cuido dele.

— Não vou, você pode se ferir.

— Se não me deixar por bem, vai me deixar por mal. — Ethan empurrou seu irmão mais velho — Campo de Luz!

Um domo de luz prendeu Ethan e Lenny dentro, os isolando de Zane. Enquanto o campo de luz se fechava, o irmão mais novo fez um sinal de positivo para o mais velho.

O domo se fechou completamente e Zane já não conseguia mais ter visão do que acontecia.

— Assim que um de nós estiver nocauteado, o campo irá se desfazer, ou seja, quando sua cara tiver amassada no chão eu vou poder sair daqui. — sorriu Ethan.

— Você não devia ter vindo pra cima de mim assim, não devia ter se garantido. Sou muito forte, mesmo sem meu irmão mais velho. — Lenny lembrou das últimas palavras de seu irmão o desprezando. — Você vai morrer aqui e agora, eu vou mostrar pro irmão que sou forte!

— Que patético, você é um lixo mesmo.

— O que você tá falando!?

— Enquanto você trabalhar pra agradar ele, nunca vai superá-lo, vai apenas ficar sendo um ajudante dele.

— Você não sabe de nada sobre isso, riquinho! — se irritou e tirou algo do bolso.

— Você é patético e fraco. Isso que estou falando. — O punho direito e Ethan começa a brilhar com uma luz branca, ele se mexe em uma velocidade incrível e acerta um golpe em cheio no rosto de Lenny, que cai quase desacordado.

— Merda… Eu não tenho chance assim.

— Não acredito que meu irmão estava com medo de eu perder pra você, vai logo, ingere o sangue da Maya que tem no seu bolso. Quero verdadeiros desafios. 

— Você vai deixar? Vai se arrepender disso! — Lenny tirou um bolinho do bolso e comeu.

Lenny começou a espernear e socar o chão de tanta dor, quando ia soltar toda dor em um grito desesperado, vomitou uma quantidade significativa de sangue. Ele perdeu sua consciência, que foi tomada por uma sede de sangue, uma vontade de cortar coisas. Seus dedos cresceram e viraram lâminas de ferro.

Ethan ficou esperando que Lenny avançasse. Quando finalmente chegou a hora, ele se esquivou com facilidade do primeiro ataque.

— Você continua lerdo, quero ver me acertar em cinco minutos. — Um corte aparece na bochecha de Ethan. — O quê!?

— Eu… Vou… Te matar! — Tentou outro ataque, que cortou a blusa de Ethan.

— Ele ainda tem alguma consciência? — Se assustou.

— Tudo pelo irmãozão! — Outro ataque cortou ainda mais a roupa do loiro.

A força de vontade dele… Que coisa incrível, ele perdeu a consciência, mas a vontade permaneceu, pensou o nobre.

— Faltam quatro minutos, pode vir! — Tirou a blusa rasgada, ficou apenas com a camiseta azul que estava por baixo. — Olhe minhas mãos! 

As mãos brilhavam com uma luz tão forte que cegou o inimigo e o deixou paralizado sem saber para onde ir, Ethan se aproximou e aproveitou a brecha.

— Esse aqui eu estou treinando há um tempo! Cinquenta golpes em dez segundos! — Ele golpeou em uma velocidade incrível, com luzes imbuídas em seus braços e pernas. Ele deixava um rastro de luz de tão veloz.

Lenny caiu no chão, ainda faltavam três minutos para a injeção de força acabar.

Existem núcleos que são emocionais e racionais, alguns poderes dependem da emoção para sua força, outros apenas da razão e do controle do usuário. A injeção do ódio da maldição por meio do sangue é incrível, é como se fosse um poder emocional, exaltando o sentimento do ódio. Já tentaram vender essas drogas no mercado negro, como minha fámilia é uma com poderes emocionais já tiveram doentes que usaram e acabaram morrendo. Por isso eu tenho que acabar com esse cara!

— Vou te mostrar como uma injeção de sentimentos de maldições não é tão forte como o poder emocional de verdade!

Faltando dois minutos, Lenny se levantou novamente e foi com um ódio que causou três cortes na barriga do nobre.

Não foram ferimentos graves, eu consigo sobreviver esses últimos dois minutos…

— O quê? Por que eu estou pensando isso! Eu sou forte, eu não vou esperar o efeito acabar, isso é pensar como um fracote! 

Lenny avançou com a sede de sangue para usar os seus golpes o mais rápido possível, para não acabar o tempo. O loiro ficou parado esperando sofrer o golpe, até que o mãos de lâminas o golpeou, mas foi barrado por uma parede invisível.

— Seu golpe foi bem forte mesmo, foi difícil de aguentar, mão de tesoura. — Um grande brilho apareceu vindo da parede que antes era invisível. — Ser forte de verdade é aguentar seus próprios golpes, Escudo Real! O troco! 

O brilho que vinha da parede foi em direção ao inimigo e devolveu a intensidade de seu último golpe, o que o feriu tanto que o efeito da droga passou antes e Lenny voltou a sua forma humana.

— Curve-se perante ao seu Deus! Fracote!

Eu perdi? Não, eu tenho que fazer de tudo pra vencer esse cara, então eu vou usar o que eu guardei e não dei para meu irmão!, pensou Lenny, enquanto lembrava de sair da luta de Kenta e Drake sem dar o bolinho para seu irmão.

Sem conseguir se mexer direito, ele pegou o outro bolinho e ingeriu.

— Você é idiota? Isso vai te matar de vez! — gritou Ethan.

— Ainda… Resta… Um tempo…

Isso não vai durar cinco minutos, vai durar muito menos, ele vai se matar pra me matar junto, não consigo nem fugir. O próximo golpe vai ter a intensidade gigantesca!, pensou o nobre.

— Escudo Real! — Se preparou antecipadamente para conseguir se proteger do golpe que viria.

O corpo de Lenny começou a inchar e várias lâminas de ferro começaram a sair de todas as partes de seu corpo. Ele sentia a dor de cada lâmina saindo de cada lugar de seu corpo, era uma dor que logo o fez perder a consciência novamente. Ele começou a flutuar pelo ar e seu corpo inteiro já estava completo de lâminas, não se conseguia ver nenhuma parte da pele, apenas metal.

Merda, eu vou morrer se o escudo não me proteger o bastante, não posso morrer pra um fracote assim, não consigo desfazer o campo de luz!

Algumas miragens começaram a aparecer para Ethan, como se fossem uma revisão de coisas importantes de sua vida antes de morrer.

 — Você vai morrer antes de me achar? — disse uma menina de cabelos escuros e roupas vermelhas, ao terminar a frase ela desapareceu no ar.

— Ru!? Não! Eu vou te achar!

— Eu não deveria ter deixado você sozinho, eu falhei em não te proteger. — exclamou uma miragem de Zane, que também desapareceu em seguida.

— Parem com isso! Eu não vou morrer, que saco! — gritou assustado. — Ele que se drogou e eu que to vendo coisa!?

— Você é mesmo uma sombra, não aguenta nem um carinha fraco desse! — falou uma miragem de Toby, que se desfez como fumaça no ar.

— Seu verme, sua existência me irrita tanto. Eu não vou perder mais, não vou morrer aqui, e tudo por que você me irritou como sempre, seu desgraçado! — Ele se irritou e o escudo aumentou de tamanho e espessura. — Meu poder emocional se cria na raiva, e nada me irrita mais que um fracote falando merda!

O corpo de Lenny soltou todas as lâminas do seu corpo e muitas pararam no grande escudo, mas muitas também passaram e diversos cortes tiraram bastante sangue de Ethan. Ao acabar a chuva de milhares de lâminas, o corpo de Ethan estava completamente ensanguentado, e ele caiu no chão.

Nenhum corte profundo… Eu vou viver… O escudo real evoluiu, mas foi a primeira vez que usei nessa intensidade, da próxima vez nada vai passar dele…

Ethan quase desmaiou, mas permaneceu acordado, tentando usar sua luz para queimar os cortes e os fazer parar de sangrar. Para a sorte do nobre, ninguém estava perto para ouvir seus gritos de dor.

— Eu não vou ficar pra trás! Aaaaaaaaargh! — gritou.

Do lado de fora do domo, Helena chegou e parou sua moto em frente.

— Chegamos, eu vou tentar entrar primeiro pra você não ser pega por alguma coisa do outro lado. — Helena tentou entrar, mas bateu de cara com o domo. — Merda… Eu não consigo passar, essa doente deve ter colocado alguma especificação de maldição.

— Srta. Helena… — disse Kaya, com um braço para dentro do campo.

— O quê!? — Essa velhinha deixou uma especificação para apenas crianças entrarem, que nojo.

— O que eu devo fazer, mestra? 

— Entre e ache a Blair, use o rastreador dela, aqui fora ele não funciona, mas lá de dentro ele deve funcionar.

Ela rastreia a princesa… Faz sentido, mas ainda é muito esquisito porque tenho certeza que a princesa não sabe, pensou Kaya.

Kaya pegou o rastreador da mão de Helena e começou a entrar no campo.

— Mais uma coisa, esse campo contém especificações, então ele não é um campo amaldiçoado que você deve destruir o usuário. Em algum local desse campo existe um núcleo, e destruindo ele o campo será desfeito e vocês vão poder sair sem ter que derrotar a maldição, mas só pense nisso depois de conseguir saber se a princesa está bem! — explicou Helena.

— Certo! Vou completar a missão, e…

— O quê?

— Quero que seja minha mentora e me recomende para o Exame!

— Eu já estou sendo sua mentora agora, só mostre que você vale a pena. — contou Helena, com um olhar sério e um sorriso de confiança.

— Fechado! — gritou Kaya, enquanto entrava no pântano.

Helena sentou do lado de sua moto e ficou esperando.

— O que eu mais quero depois de terminar essa missão, é me vingar daquele sardento barulhento, por causa dele tomei uma multa do condomínio. Toby, você está morto!

Nas costas de Ben, Toby acorda com um sentimento de medo forte, como se alguém querendo o matar estivesse próximo, mas ele ainda está bem tonto e não consegue nem falar ou se mexer direito.

Luta no Oeste finalizada. Ethan é o vencedor. Lenny está eliminado. Uma participante nova se junta ao jogo.



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