Volume 1 – Arco 2
Capítulo 26: O Rei dos Ladrões vs. O Titã Enegrecido, parte 1, Luz vs. Abismo
Assim que ouviu aquelas palavras, o rei dos Ladrões puxou sua espada de luz e avançou contra o monstro.
Vendo o avanço do adversário com a arma, a criatura ficou levemente apreensiva. Seu tipo não gostava de luz e uma arma daquelas atrapalharia sua regeneração.
Lançou seu punho a frente, a força e velocidade geraram uma onda de choque que manteve o rei afastado. Continuou dando vários socos no ar, o vento era disparado como míssil contra Alvaro.
O rei não ficou parado e, rapidamente, viu as várias linhas de ataque possíveis.
Assim que achou uma que o agradasse, pulou no ar e fez o cântico da Magicae Sagitta, disparando as flechas e criando uma cortina de fumaça.
Enquanto um mestre na arte não teria problemas em ver além da mais espessa névoa, o cheiro e som ainda eram distrações que poderiam ser usadas.
Sua lâmina caiu contra o monstro e cortou dois de seus dedos, mas o preço foi alto, pois assim que perfurou aquela espessa fumaça, o monstro deu um forte soco no estômago do rei.
O golpe estouraria o corpo de um ser mais fraco. De fato, só sobraria sangue e tripas, mas Alvaro estava longe de ser alguém normal. Mesmo que ele não gostasse de admitir, sua tela de Status tinha números absurdos.
Estes eram:
Força: 297
Destreza: 555
Constituição: 307
Sabedoria: 300
Inteligência: 453
Ele era alguém que se encontrava no limiar do quarto nível. Sua destreza já pertencia ao quinto. Ele era terrivelmente forte e poderia acabar com qualquer força invasora normal.
Por conta dessa enorme constituição que ele não morreu imediatamente com aquele golpe. Contudo, ainda sentiu os órgãos internos chacoalharem com a onda de choque.
Seu corpo foi jogado contra uma casa e a atravessou. “Merda… esse ataque doeu.”
Levantou-se e olhou para a parede em frente. Irritado, ele levantou seu sabre e cortou a casa em pedaços. Em seguida, avançou contra o titã enegrecido.
Os dois se encontraram um em frente ao outro. O ser parecia insultado com os dois ocos na mão, mas nada além disso.
Os punhos encontraram a luz e sangue voou de ambos os lados. Sem dúvidas, mesmo que a luz agisse como um veneno para sua espécie, o Titã seguia lutando. Sua mão direita agarrou o braço de Alvaro e o lançou ao ar.
Ciente do que viria a seguir, colocou a espada a frente e defletiu um soco que mirava no coração. Girou o corpo no ar e, ao alcançar uma parede, pulou de volta a luta.
O titã deu uma rajada de socos, todos desviados com expertise pelo rei, e então o pegou pela perna. Estava para tacá-lo no chão, quando Alvaro deu um forte chute no pulso e usou da velocidade para se afastar e preparar um Magicae Sagitta.
Segurou o ataque enquanto corria até lá e, ao estar perto o suficiente, disparou as flechas magicas.
Elas serviram com distração para ele preparar uma versão mais poderosa do mesmo feitiço. Pulando acima, ele disse:
— Ó nobre constelação, perfure tudo numa chuva, mire em meus inimigos e acerte-os! Magicae Sagitta Regulus!
A variante Regulus era usada pelo poder de perfuração e dano em área. Naturalmente, o rei focou todo seu esforço num único ponto e o urro de dor que ouviu lhe deu os resultados que queria.
Sentiu um prazer violento se espalhar ao ver a gota de sangue escapar do rosto do titã.
— Então você também sangra? — comentou, balançando a espada e avançando uma vez mais contra o monstro. — Vamos derramar mais sangue?
Conforme disse isso, deu mais e mais cortes. Cada ataque era defendido com maestria pelo inimigo. Contudo, a luz da espada começara a mostrar seus efeitos no monstro.
Ainda que fosse venenosa para seu tipo, a intensidade do veneno dependia da fé que os humanos carregavam para símbolos religiosos. Por isso mesmo, ele reparou a diferença que aquela luz tinha sobre as outras.
— Você não tem um pingo de fé em Seth, não é? — disse, dando um forte soco no chão, espalhando lanças de sombras no campo de batalha. — Se tivesse alguma fé numa deidade, sem dúvidas essa luz já teria me matado!
As lanças enegrecidas afastaram o rei, que desviava de cada ataque com maestria. — Magicae Sagitta Regulus! — A luz das flechas mágicas tentou perfurar novamente a escuridão, mas as lanças serviram como um escudo improvisado.
Ele as sobrepôs uma a uma, parando assim a magia. Contudo, Alvaro além de ser um mestre na espada e nas artes antigas, também tinha a habilidade de Multi Conjuração.
Assim como o nome sugere, essa habilidade permite que o usuário conjure vários feitiços, combinando diversos cânticos.
—… a beleza radiante, corte o caminho! — Desenhou um arco no ar com sua espada, enfim terminando o cântico da segunda magia. — Conscidisti in Fulgor!
Dez lâminas de pura luz saíram da ponta da espada e foram contra a barreira de sombras, enfraquecida pelas flechas ela tombou com a primeira lâmina. Apenas duas acertaram o alvo, visto que o titã pulou para longe.
Mesmo com esse pulo, o ataque ainda cortou profundamente as pernas do monstro, o que enfraqueceu o equilíbrio dele. Além disso, o manto que o cobria foi, ainda que brevemente, levantado, e o rei pôde ver o que se escondia debaixo.
“Mas… o quê?” Arregalou os olhos ao ver a massa de sombras que eram os pés da criatura.
— Você espiou — comentou, enviando mais e mais massas de escuridão. Pego de surpresa, o rei defletiu algumas com a espada e impediu-as de acertar pontos vitais.
Ainda assim, algumas cortaram e perfuraram sua carne.
O monstro avançou contra ele, usando das estacas como distração para chegar mais perto.
Mesmo com as pernas feridas, a velocidade dele ainda era sobrenatural, ao ponto de estar sobre Alvaro em dois pulos.
Um soco carregado de sombras foi contra a cabeça do rei, que desviou como podia. A onda de choque o lançou para longe e teve de fazer um pouso improvisado para conseguir defletir e desviar de mais lanças sombrias.
O monstro o mantinha afastado com as massas de sombra enquanto carregava um ataque mais poderoso. Alvaro viu o futuro que aconteceria caso não fizesse nada e, justamente por isso, foi obrigado a abandonar suas defesas e recuar.
— Morra! — Um enorme corte de escuridão foi lançado contra o rei, que desviou da onda como podia enquanto via sua cidade ser partida em duas.
Pulou num prédio e observou o chão, que começou a rachar. “Isso não é bom… se continuarmos nesse ritmo, sem dúvidas haverá muitas mortes.” Lembrou do imenso terremoto que afundou 1/4 de sua cidade em chamas e cinzas.
Teve de sair do prédio em que estava para não ser pego pelas massas de escuridão enquanto cortava e defletia as lanças ainda no ar.
“Não só consegue usar essas coisas sem um cântico, também é capaz de dispará-las indefinidamente…” notou que estava se afastando do ponto principal da briga. Era como se o inimigo quisesse ele longe. “Não pode ser… ele está tentando se regenerar?”
Parando para observar, viu que as sombras começaram a costurar a carne perfurada e cortada do monstro, ainda que lentamente. “Estamos empatados em poder, mas se ele conseguir prolongar muito a luta…”
Pousou num prédio e começou um cântico em especial. Aquela magia era algo secreto, que foi descoberto por um nobre de Nevra e que pouquíssimos magos tinham acesso.
— Ó encarnação de Asclépio, venha e conceda tua benção. Tu que és bondoso, traga vida onde não há! Magna restitutio!
Uma luz dourada cobriu o corpo de Alvaro, curando suas feridas e restaurando sua força.
De fato, há um motivo para essa magia em específico ser tão poderosa.
Ela não apenas cura ferimentos — como os milagres dos clérigos — mas também dá uma regeneração passiva, tanto física quanto de Mana e Energia, contanto que o usuário se concentre nela.
— Essa magia é antiga… quase perdida no tempo. Incrível que você a conheça — disse, reconhecendo a luz que cobriu as mãos de Alvaro.
Sabia que essa luta acabara de ficar mais difícil. Ainda assim, ele tinha que vencer.
Mandou mais ondas de sombras enquanto avançava contra o rei, que desviou e correu de encontro ao inimigo. Assim que ambos estavam próximos um do outro, começaram a tentar vários golpes.
Seja cortes e estocadas, ou socos e chutes, tudo parecia valer. Enquanto um deles dançava com maestria, o outro aguentava o dano.
— Ó incarnação de Apolo…
Ainda que nenhum ataque tocasse completamente no rei, era fato que os ferimentos se acumulavam em seu corpo.
Não apenas as ondas de choque causavam dor interna, também havia as sombras, que aumentavam o alcance dos golpes e rasgavam a carne.
Contudo, conforme os ferimentos se acumulavam no corpo do Titã, era visível a forma como seus golpes ficavam mais lentos.
— traga a este mundo a beleza Radiante…
Ele começou a bufar mas continuou disparando socos. Aquela era uma verdadeira batalha de resistência, e Alvaro sabia disso. De fato, tanto sabia que ele tinha a certeza de que devia acabar logo com aquilo.
A constituição do monstro a sua frente era maior que a sua.
— corte o caminho…
Com isso dito, só havia uma coisa que podia fazer. Girou a espada e desenhou um arco enquanto gritava “Conscidisti in Fulgor”. Diversos cortes feriram o inimigo, permitindo que Alvaro saísse dali com um salto e respirasse.
“É a primeira vez em muito tempo que faço isso…” pensou que a luta contra seu antigo amigo o forçaria a tal, mas estava errado. A tempos ele não libera sua energia interna e ter de fazer isso agora só mostrava a força do oponente.
Com um grito, uma explosão de energia que abalou a cidade inteira foi liberada. Seus músculos se expandiram e seus Status aumentaram.
De fato, ele liberou o primeiro Ciel.
Com um passo, estava sobre o titã, e com um balançar de sua espada, sangue jorrou do peito. O monstro não entendeu nada, apenas que as sombras que o protegiam ficaram agitadas e começaram a se projetar para todos os lados, tentando acertar alguém que era invisível aos olhos humanos.
Tão rápido era Alvaro que mesmo o Titã Enegrecido, que tinha como parte de seu ser uma essência demoníaca, não conseguia o acompanhar direito.
Dependeu das sombras para formar um escudo e pensar numa forma de lutar contra aquela velocidade. Enquanto planejava, várias flechas leoninas impactaram no escudo, quase o destruindo.
“Isso é mal…” Era verdade. Se ele não fizesse nada, morreria na próxima saraivada de flechas. Por isso mesmo, decidiu tomar um tempo no subsolo.
Mantendo o escudo de sombras sobre si, ele cavou para longe do campo de batalha. Bem como esperava, mais flechas impactaram no escudo, que foi desfeito.
Nisso, Alvaro viu que ele não estava mais lá.
“Droga…” Abriu seus sentidos e permitiu que seu verdadeiro eu buscasse pelo oponente. Esperava uma resposta, mas tudo que obteve eram leituras dos cidadãos da cidade. “Como pode ser? Ele pode suprimir quem ele realmente é, mesmo nessas condições?”
Antes que pudesse divagar mais, saltou para longe, desviando de uma enorme lança de sombras. Várias delas começaram a tentar acertá-lo, mas Alvaro era rápido demais para elas.
De fato, tão rápido era que não percebeu um detalhe crucial sobre aquelas lanças.
Vários cidadãos já se desesperaram e correram para suas casas. Os espertos decidiram arriscar ir para as saídas da cidade, mas muitos foram engolidos pelo rio de escuridão que se formava no chão.
De fato, aquele era o plano do Titã. Se não poderia derrotar o rei em velocidade, então diminuiria a mobilidade dele e miraria nos pontos em que ele pudesse aterrizar.
— Conscidisti in Fulgor! — Alvaro cortou o chão em vários pedaços, buscando onde o titã pudesse estar. Em seu nervosismo e pressa, não percebeu as várias presenças desaparecendo.
Parou encima de um prédio e respirou fundo.
Essa magia tomaria bastante poder de suas reservas, mas devia ser o suficiente para conseguir, ao menos, achar o lugar onde o titã estava.
“Ele não pode ter ido muito longe e não tem ninguém por perto…” Sorriu enquanto lembrava das informações colhidas pelos seus agentes depois da destruição da base da Guilda. “Tenho que te agradecer, Dragão em forma humana.”
— Chamas divinas, venham ao meu comando, mostrem-nos o desejo da providência e tome forma, ó fogo de Prometeus! Flamae Providentia! — Nisso, um muro de fogo azul irrompeu e queimou o chão inteiro.
Como era de se esperar, essa magia estava mais forte do que quando foi usada por Jack. Tão forte que a área inteira foi transformada num poço de lava.
As chamas da providência continuaram cavocando até serem engolidas e soterradas pela rocha derretida, criando assim uma visão digna do inferno.
“Apareça… sei que isso não vai te matar.” Olhou para todos os cantos enquanto buscava o monstro. O poço de lava começou a borbulhar e se agitar.
Naquele momento, Alvaro sabia onde o inimigo estava.
Antes que pudesse reagir, um corpo feito de sombras saiu do rio e foi contra ele.
Numa velocidade que superava a anterior, o impacto destruiu o prédio.
— Essa luta apenas começou, Rei dos Ladrões! — gritou, enfurecido.
Bem, antes de acabar, tenho que pedir que deem uma olhada na minha outra Novel, Dualidade. Ela está sendo postada nesse mesmo site.
Além disso, desculpem-me pelo atraso. Estou fora da minha cidade e as coisas estão BEM bagunçadas aqui.
Se querem interagir comigo e com minha comunidade, deem uma olhada no meu discord: https://discord.gg/bXmjmXHK
Com isso dito, até um próximo dia.