A Lenda do Destruidor Brasileira

Autor(a): Pedro Tibulo Carvalho


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 6: Lockust

Na Vila dos Ladrões, num beco escuro, um Halfling encarava o seu empregador. — Então, qual o alvo?

A voz séria era distorcida, algo que só serviu para o desconforto da cliente a sua frente. A sua forma era de um homem pequenino, com uma capa escura e um capuz cobrindo seus cabelos, uma máscara da guilda dos assassinos em seu rosto.

Sua postura não transparecia nada, nem deixava escapar nenhuma emoção. Era a forma perfeita de um assassino, fria e imprevisível. Isso o serviu bem, pois hoje era um membro da liga e, como tal, tinha várias vantagens que não podia perder.

E, por ser um membro da liga, queria o melhor para ela. Por isso, a cliente que lhe contatou era tão importante. Alguém que prometeu uma alta quantia de moedas de ouro para a Facção Aristocrática, o que permitiria a ela tomar o controle da maior parte dos votos da Guilda.

Por isso, o trabalho que viria a seguir era tão importante.

Só havia uma palavra para descrever a cliente. Bela. A mulher tinha um charme de outro mundo, do tipo que faria qualquer mente destreinada se apaixonar por ela. — Há um alvo de interesse vindo para essa cidade… quero que mate-o o mais rápido possível.

Nisso, ela atirou uma foto na direção do Halfling, que a pegou. Observando a imagem e guardando-a na memória, uma chama envolveu o papel, e até mesmo as cinzas foram queimadas. — Será feito.

A mulher sorriu e deixou que as sombras a envolvessem, desapareceu dali de forma tão sutil e rápida quanto um assassino bem treinado.

 

Na manhã seguinte, Ethan acordou e se espreguiçou, sentia-se renovado, visto que fazia um tempo desde que ele não estava tão relaxado e calmo, e tudo graças a sessão de choro que teve com seu mentor.

Sentia vergonha quando pensava naquilo tudo, claro. Ainda assim, um sorriso cresceu no rosto, estava feliz. O velho havia o aceitado, algo que apenas sua mãe e avô fizeram por si, algo que não tinha preço para o rapaz.

A última pessoa que o aceitou como Ittai havia feito era seu avô, alguém que estava enterrado a nove palmos do chão. O velho também parecia genuíno, algo que o agradou. Ter alguém vivo em que ele pudesse confiar era, em sua opinião, uma benção.

Saiu de onde estava e caminhou até a porta, seus passos calmos e confiantes, que o surpreenderam com a leveza que carregavam.

— Como está? Melhor?

Ethan acenou positivamente, e ambos saíram da casa, cada um com sentimentos diferentes, mas semelhantes um dos outros. — A chuva parou, então é hora de voltar a se exercitar. Está com a Bento? Ótimo, agora volte a praticar.

O rapaz pôs os pesos nos braços e começou a série de estocadas com ânimo. Lembrou da forma de Ittai enquanto fazia-o e, a cada golpe, cansava-se mais e mais, ainda assim continuou. Não podia falhar, a memória de seus companheiros não deixava que o fizesse

Sentia-se mais leve, tanto no físico quanto no psicológico, mas isso não significaria que pararia de usar aquela maldita risada como motivador. Dessa forma, continuou firme. — Agora, quero que alterne entre a estocada e o corte. Faça da seguinte forma.

Nisso, Ittain segurou sua espada e deu uma estocada da forma mais calma e leve possível. Para Ethan, o velho era como um falcão que mergulhava sobre sua presa, com naturalidade e ferocidade esperada do animal.

Girou a lâmina nas mãos e levantou a lâmina tão rápido que o rapaz mal conseguiu ver o movimento todo, porém sabia o que era. Um arco na vertical. O jovem olhou temeroso para a própria espada, como se a ideia de usar aquela técnica contra um ser vivo fosse impensável.

O mentor explicou que aquela era uma das bases de seu estilo. — Preste atenção. O estilo Foice da Doninha precisa de força e precisão para ser conquistado. Sua espada deve deixar de ser uma arma e se tornar uma parte de seu corpo, que pode movimentar tão fácil quanto a água corre num rio.

Como fora ordenado, o rapaz empurrou e cortou, satisfeito com a forma impecável que executou, ainda assim sentiu seus tornozelos protestaram após o primeiro golpe. Seus braços também doíam por conta do quão brusco era.

Os músculos de todo seu corpo protestavam, visto que o movimento exigia um equilíbrio de força anormal. Precisava não esticar a espada demais, de forma que ela fincasse na carne e não atravessasse nenhum osso, depois tinha toda a pressão nas pernas, necessária para levantar o golpe.

Tentou usar a coluna junto do movimento, mas se arrependeu amargamente. Um grito escapou de seus lábios ao sentir uma fincada. — Garoto tolo! Não deve usar nada além das pernas!

— Mas mestre…

— Sem mas. Se usar sua coluna, corre o risco de desgastá-la, caso isso aconteça, não poderá se mover por um tempo, e tempo é essencial no campo de batalha.

Bufou em clara irritação. Suas pernas pareciam geleia, mas devia continuar. Após algumas séries, caiu de dor com cãibra nos tendões. Seu mestre o olhou impassível, moveu-se até si e começou a fazer uma massagem no jovem.

— Obrigado…

— Não agradeça ainda. Apenas no fim do dia, quando não puder mais se mover de tanta dor.

Após a massagem, levantou-se e voltou a praticar. A velocidade havia melhorado mas, para sua frustração, ainda tinha problemas em controlar a força, visto que a espada escapava de suas mãos várias vezes. Não desistiu. Na décima quarta tentativa, havia dominado a técnica. Seu mentor não fez quaisquer movimentos para o parar.

Após várias estocadas, Ittai mostrou a segunda técnica. Dessa vez, uma estocada na altura do pescoço, que exigia que o espadachim avançasse com ambos os pés para que, no final, estivesse com a espada um pouco acima de sua cabeça.

Segundo o antigo guerreiro, essa posição servia como uma forma de agilizar o golpe, da mesma forma que evitava um contra-ataque. A única reclamação de Ethan era a enorme pressão que isso pôs em suas pernas.

Sentiu-se esgotado com apenas algumas repetições.

No entardecer, Ittai mostrou aquilo que ele chamava de: ‘Continuação natural’ do golpe. — Após a estocada no pescoço, se o seu adversário conseguir desviar, ou caso tenha mais de um, gire o punho e corte na horizontal para a esquerda. Assim!

O rapaz gravou na memória a forma de Ittai e o fez, um tremor contínuo em suas coxas e que começava a se espalhar pelo abdômen.

Mesmo assim, fez como ordenado, estava mais forte, ainda assim caiu várias vezes. A Continuação Natural do golpe vinha com um impulso nas pernas, junto com a troca do balanço do próprio peso, com a imensa tensão em seus músculos, o rapaz de cabelos negros então percebeu o quão difícil era dominar aquele estilo.

“É quase como se eu usasse mais força do que consigo controlar…” Usou a arma branca para se apoiar no chão. Isso evitou com que caísse em terra, além de o irritar ainda mais. Sua respiração descompassada e o suor em seu corpo mostravam o quanto o rapaz estava exausto, mas decidido.

Ittai olhou para o pupilo, a força de vontade do mesmo causava satisfação no coração do mestre.

Assim, os meses foram passando. Ethan e Ittai ambos se tornaram mais próximos do que nunca, desenvolvendo uma relação de pai e filho. No final do quinto mês, Ittai acordou antes de Ethan e observou a mata, um sentimento curioso crescia no peito.

— Mestre.

Bocejou e, ao notar a expressão que o mentor portava, ficou preocupado. — Tudo bem?

— Ethan… você cresceu muito desde que chegou aqui. Nem parece aquele rapaz magricela — Isso era a verdade. Ethan estava mais alto, quase na casa dos 1,80. Sua musculatura também havia se desenvolvido.

Agora, exibia um físico com a desenvoltura perfeita para um espadachim. Nem muito exagerado, mas na proporção certa, seu corpo tinha o equilíbrio de velocidade e força que muitos artistas marciais sonhavam em conseguir.

Seus cabelos negros, antes curtos e comportados, agora estavam grandes e rebeldes.

O rapaz sorriu e virou-se para a mata, sentiu orgulho vindo do elogio. — Tire os pesos. — Fez como ordenado, e quando os pesos caíram no chão, eles imediatamente criaram crateras pequenas.

Ele conseguia agora se mover mesmo com 50 quilos em cada membro, totalizando um total de 200 quilogramas. Ittai tinha certeza que os Status de força, constituição e destreza de Ethan estavam agora, no mínimo, na casa dos 18, mais que o bastante para enfrentar os outros competidores do exame.

— Em um mês, o Exame dos Mármores ocorrerá. Quero que participe nele e passe.

Caminhou até voltar para o chalé, e o rapaz olhou as costas de seu mentor, sentiu-se confuso e o sorriso desapareceu do rosto ao perceber algo fundamental.

“É mesmo… eu comecei a treinar para o exame dos Mármores… nem percebi que se passou tanto tempo.”

— Bem, é isso então. Faça as malas e vá.

Nisso, o rapaz fez como ordenado. Amos entraram na cabana, cada um quieto no seu canto. Arrumava as suas coisas, as memórias do que passou ali faziam do trabalho algo quase imperceptível. Não podia acreditar que o melhor período de sua vida agora chegava ao final.

Um suspiro escapou do lábio de ambos.

Ele terminou de arrumar o que levaria. Seu mestre fez o favor de lhe proporcionar algumas roupas e peças de prata. Também lhe deu uma mochila pequena para levar itens. Agora, com a Bento em sua cintura, Ethan andou em direção a saída da floresta.

Ao contrário do que esperava, a caminhada que levava era fraca, indecisa.

Enquanto caminhava, sentiu o olhar de Ittai sobre si. Sentiu o que o velho queria dizer, mas que não tinha forças para tal, coisa que compartilhava. Respirou profundamente e, sem que pudesse controlar suas lágrimas, virou-se em direção ao velho guerreiro.

— Mestre Ittai! Obrigado por tudo! Esses foram os melhores meses de minha vida, e jamais esquecerei o que fez por mim!

Apesar do orgulho do velho, sentiu seus olhos umedecerem e não pôde conter os soluços. — Lembre-se que agora é um espadachim do estilo da Foice da Doninha! — A ordem final, que o jovem pretendia seguir, foi clara.

Não trazer desgraça para o nome do estilo.

Dessa forma, saiu em direção a mata, sem ter coragem de encará-lo de novo. Não tinha forças para isso, seja emocional ou não, apenas não conseguia, em sã consciência, manter-se ali. Sabia que era patético, mas decidiu dar a si mesmo esse direito.

Foi o primeiro laço fora de sua família que formou.

Foi alguns minutos depois da despedida que Ethan percebeu o fato curioso de que o estilo de seu mestre tinha o mesmo nome do esquadrão que participou… e as variadas formas eram mais parecidas com diversos estilos de luta, que usavam as mais diversas armas.

“Ele criou um estilo inteiro apenas para honrar seu antigo grupo…” Sim, Ittai era esse tipo de pessoa. O tipo que dedicaria uma vida inteira pela honra dos que já se foram. “Eu tenho que me esforçar a partir de agora.”

O rapaz não soube de onde veio aquele sentimento, apenas que era algo que o compelia a seguir os passos do velho, de viver de uma forma que Ittai se orgulharia.

Já longe da cabana, Ethan sentiu um cheiro de ferro, junto com alguns gemidos enfraquecidos. Curioso, dirigiu-se até o local onde o odor era mais forte e imediatamente engasgou com a visão.

Um enorme Urso Negro estava no centro de uma matilha caída de lobos, que pareceram ter causado vários ferimentos no corpo. O rapaz decidiu sair dali, mas o Urso Negro havia o notado. Eles tinham um ótimo olfato.

Rugiu e correu até Ethan, que pôs a mão sob a empunhadura da Bento. — Acalme-se… — Seu coração batia em seu peito num ritmo acelerado. Em alguns instantes analisando a besta, decidiu qual forma usar. — Forma básica, andorinha raivosa!

Seu trabalho de pés excelente o enviou para a esquerda. A besta havia tentado o acertar com uma patada, e agora não haveria defesa para o próximo golpe.

A ponta da lâmina fincou no lado do urso e cortou o mesmo. O machucado tirou um pouco de sangue, mas só pareceu deixar o animal ainda mais zangado.

Com olhos arregalados em surpresa, o rapaz desviou de uma mordia, não pensou no próximo movimento, mas meses de treino o fizeram ser capaz de atacar de forma eficiente.

A espada fez um corte no focinho do animal.

O Urso Negro gritou de dor e cuspiu sangue no processo. Pelo fato de haver cortado o nariz, o animal mostrou certa dificuldade em respirar sem engasgar no próprio sangue. Ethan não deixaria a distração do animal passar batida.

— Forma básica, falcão acendente! — Usou a lâmina para cortar o ombro do animal de baixo para cima. Sua postura criava tensão nas pernas, visto que elas estavam praticamente agachadas, o que permitiu ao rapaz evitar um golpe das garras da besta. — Forma composta, Pendulo inverso!

Como se desse continuidade ao golpe anterior, liberou a tensão nas pernas com um salto para frente e a espada desceu. O golpe foi profundo o suficiente para quase arrancar o ombro do animal fora.

Com um urro de dor, a besta ficou em duas pernas e tentou derrubar Ethan, mas o rapaz não parou. — Forma Composta, V vitorioso — Saltou, a espada subira junto, o que criou um V imperfeito.

O ser gritou com o pedaço do ombro arrancado, seu corpo caiu para o lado com um chute de Ethan, que ainda estava no ar.

O animal tentou se equilibrar com suas três patas boas, visto que uma estava jogada para o lado. Olhou para o homem a sua frente com olhos temerosos e zangados. Queria a carne do rapaz como uma vingança por fazê-lo passar por aquilo.

“Será que terei que usar uma Forma Finalizadora aqui?” Seus pensamentos foram interrompidos no momento em que a besta caiu no chão, ainda viva, mesmo que por pouco. O rapaz suspirou cansado.

Foi até o enorme animal e cravou sua espada no crânio dele, terminando com seu sofrimento. — Bem, espero que a carne de urso seja boa…

Nisso, guardou a espada e carregou o urso até a estrada. Era um tanto pesado, mesmo com um pedaço a menos, mas o rapaz estava surpreso com a força que tinha agora, não teve dificuldades em carregar um animal que pesava mais de 100 quilos. Dessa forma, com a carcaça em suas costas, saiu da floresta sem nenhum outro problema.

Chegou na estrada, certa nostalgia em seu olhar ao ver como ela estava. Não ouve grandes mudanças nos cinco meses, mas isso era bom. Começou a limpar o animal enquanto assoviava uma melodia que ouvira de seu mentor. Era uma que evocava tensão e… um sentimento de nostalgia a quem ouvisse.

Ao terminar, cozinhou a carne numa fogueira improvisada. Como não havia temperos e Ethan não sabia como assar um urso, a carne estava dura e com um gosto horrível. O jovem de cabelos negros mordeu com certo receio, tentara ignorar a dureza enquanto pensava no fato óbvio de que só precisaria de mais algumas semanas e poderia fazer o teste.

Estava perto da Vila dos Ladrões…

Terminou de comer, pôs-se a correr em direção ao seu destino com antecipação nos passos e um sorriso no rosto, sua velocidade superava e muito a que tinha anteriormente, e em algumas horas, enfim havia chegado no portão da cidade de Lockust.

O enorme arco era feito de mármore branco, com as seguintes palavras escritas em obsidiana: “Aquele que entrar há de perder toda pureza”. Engoliu em seco e pisou, com certa ansiedade, na cidade.

Seu destino era a Taverna, pois estava de noite. Precisaria dormir um pouco antes de seguir para o prédio da associação, além do mais, não se oporia a uma cama quentinha. Por mais que tenha adorado o tempo que passou com Ittai, o fato dele ter como cama apenas palha sempre o deixou desconfortável.

Entrou na rua e não pôde deixar de se sentir intimidado.

Notou como todo o tipo de escória encarava-o, com olhos cheios de ganância e hostilidade mal contida, o que fez com que pusesse a mão na empunhadura de sua espada por reflexo. Nunca sentiu algo parecido.

Era como se estivesse num ninho de serpentes, com várias cobras olhando para si, buscavam algum ponto fraco em suas defesas. Suspirou e então começou a caminhar, seus passos eram lentos e o vento balançava sua camisa negra e bagunçava seus cabelos.

A cautela foi recompensada, visto que um elfo negro tentou cortar sua cabeça fora com duas foices, assim que entrou na cidade. Não conseguiu nem ao menos pensar, a ansiedade tomou conta de si e deu lugar para os instintos mais básicos que desenvolveu.

Ethan pôs a espada a frente e conseguiu segurar a primeira foice, mas precisou desviar da segunda. Colocou sua arma a frente de seu corpo e tentou uma estocada. O elfo negro conseguiu desviar para a direita, e o rapaz teve que segurar um sorriso.

“Forma composta: Pendulo verdadeiro!” pensou ao girar a espada em sua mão e cortar o ar em direção ao pescoço do ladrão, que mal conseguiu desviar e teve uma pequena incisão no pomo de adão.

O rapaz fez uma careta ao ver o corte. Por pouco havia ceifado a vida do elfo, tanto que teve que diminuir a velocidade consideravelmente para que o assassino pudesse escapar, algo que o mesmo percebeu.

— Você… nunca matou ninguém, não é? — O rapaz imediatamente foi posto na defensiva pelo adversário, que correu em sua direção. Conhecia sua fraqueza e por isso, seus ataques vinham de forma errante e impiedosa.

Ethan notou como o seu inimigo ficava cansado mais e mais rápido. Estava perdendo e fôlego, e aproveitou-se disso para infringir novas incisões nos braços e pernas, profundas o suficiente para afetar os músculos.

O elfo saiu de perto do rapaz de cabelos negros, os pés bambos afetavam claramente seu equilíbrio. Ao ver isso, o jovem samurai avançou, pôs mais e mais incisões no corpo do rival, ao ponto do ladino não poder mais se manter em pé.

Arf Arf… desista.

Mesmo com a espada apontada contra sua garganta, os olhos do bandido ainda tinham desejo de continuar, como uma chama que nunca se apagaria. O rapaz desviou seu olhar, que era incapaz de encarar aquele brilho. Não entendia o porquê daquilo.

Como pode alguém derrotado manter um espírito de luta inabalável como aquele? E por que um rato de rua tinha tanta determinação? Foi então que ocorreu a Etan que, talvez, o homem não fosse apenas um ladrão de carteiras.

— Você… tem alguém a proteger, não é? Volte para casa… não vou te matar aqui.

Com os olhos arregalados, o bandido aceitou a oferta e levantou-se aos poucos. Mancou para um beco e deixou um rapaz pensativo. Pondo sua espada de volta na bainha, caminhou para longe… até que o som de carne perfurada, junto a um gemido esganiçado entraram em seu ouvido.

Virou-se imediatamente para trás, e a visão a sua frente o fez segurar a empunhadura de sua espada em clara ira. Um elfo negro, não diferente do que acabou de atacá-lo, segurava um tridente, preso ao corpo do outro.

Com um movimento rápido, tirou o tridente da carne do seu compatriota e secou-o, o sangue espalhado na terra, junto ao cadáver que agora ocupava as ruas, faziam uma visão macabra e odiosa na mente de Ethan.

Porém, aquilo que fez a raiva em seu peito borbulhar era a forma que o ladino se ajoelhou ao lado do cadáver e começou a pilhar o corpo. Estava para tentar fazer justiça com as próprias mãos, quando as vozes dos cidadãos ao seu redor o alcançaram.

Pessoas reclamava sobre como não forma rápidas o suficiente para roubar o elfo negro caído, e como aquilo foi uma oportunidade perdida.

O rapaz ficou em choque com aquilo, mas o que lhe deixou mais perplexo foi a forma como matar, naquela cidade, era visto com tanta naturalidade.

— Sabe, você devia deixar essa bobagem de permitir que seus oponentes vivam… isso não vai te levar longe nessa cidade.

— Como é que é?

Voltou a pilhar o corpo sem olhar para o espadachim, sem sequer dar importância para o jovem. — Existem três tipos de pessoas que vivem aqui. Aqueles que querem fugir do seu passado, aqueles que são loucos, e os que tem um pouco dos dois… e você é bonzinho demais para se encaixar.

Ele então começou a andar em direção ao rapaz com a lança a postos, apenas para defendê-lo de um possível ataque. — Se veio aqui para se inscrever no teste da associação, então ouça meu conselho. Pare de poupar seus inimigos. A única forma de chegar ao centro é ser estupidamente forte, ou ter o favor de um dos governantes… e alguém que se recusa a matar seus inimigos não tem nenhum dos dois. Então deixe de gentileza. Quem avisa, amigo é.


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Peço que respondam e até a próxima semana.



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