A Lenda do Destruidor Brasileira

Autor(a): Pedro Tibulo Carvalho


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 12: O Plano suicida, as chamas azuladas atacam.

Ethan caminhava a passos largos na cidade, estava nervoso por dentro mas tentava manter a calma. Mesmo que o pensamento de capturar o ladrão servisse de motivação para si, não podia deixar de se assustar com cada barulho ao redor.

Manter-se calmo era uma tarefa difícil.

Caminhou de beco em beco, lidara com diversos bandidos que tentaram a sorte consigo. Não demorou muito para que sua fama se espalhasse na cidade, e, com isso, alguns nomes interessantes prestassem atenção em si.

Já estava nessa brincadeira a alguns dias mas não podia mais esperar. Tinha que resolver tudo aqui e correr para fazer seu registro, sabia disso. Sua ansiedade fora descontada na forma das várias lutas que travou, e sua habilidade como lutador aumentou muito desde que chegou ali — motivo de orgulho, em sua opinião —, mas agora que ninguém mais queria lutar consigo, e não conseguia tempo de treinar, toda a inquietude que esteve segurando caiu sobre si.

“Merda, estou nessa a dias e nada… desse jeito, terei que mudar os planos.” Bem quando estava para desistir, captou de relance uma sombra, que se movia em sua direção. Com um rápido movimento, sua espada se chocou com as adagas de um Halfling.

— Oi! Está bem arrogante, andando sem nenhuma preocupação em território inimigo, não é? — Elix gritou e, com um chute, afastou-se de Ethan. — Mire em meus inimigos e acerte! Magicae Sagitta.

O encantamento foi recitado enquanto desviava de algumas espadadas, tomou distância e deixou a energia mágica acumulada em si disparar.

Aquele poder se chocou contra o peito de Ethan numa explosão, o que o fez voar para longe.

Não teria descanso ou tempo para se recuperar. A sombra do Halfling estava sobre si, trocavam golpes com suas armas, quando o rapaz ouviu o som familiar de uma flecha. Com um chute, afastou-se e olhou para o local em que estava, várias flechas perfuravam aquele lugar.

Com um movimento de corte, faíscas voaram do choque da Bento com as adagas. Mesmo que tentasse manter um movimento constante, estava claro que o arqueiro tinha problemas em mirar, pois passou-se seis segundos e nada do ataque.

“Que merda, o que aquele elfo maldito está fazendo!”

— Andorinha raivosa! — A espada fez um pequeno corte no estômago do inimigo, que bufava. — Pendulo Inverso! — O corte veio de cima, e o oponente sentiu a dor do ombro cortado até o estômago.

Afastou-se enquanto tentava desviar de golpes do alvo. Cada movimento tinha precisão que anos de treino traziam.

Demorou alguns instantes, mas enfim conseguiu mover um dos pequenos frascos, escondidos num molar, e com uma mordida, engoliu a poção.

Os efeitos foram imediatos, sentiu os ferimentos fecharem com a dor da carne costurada. Nisso, aproveitou e abriu o primeiro Ciel. Com força renovada, forçou Ethan para longe e começou o encantamento.

O rapaz era jogado para longe e tinha que proteger todo o seu corpo, visto que o tamanho e destreza do inimigo eram bem utilizados. Perdeu o Halfing de vista, e sentiu várias flechas impactarem em suas costas.

Caiu de joelhos no chão.

Apenas ficar de pé era difícil. Ignorou o sangue no esôfago e abaixou o tronco para desviar da adaga. Empurrou o chão e deu uma forte cabeçada no nariz do Halfling.

No instante seguinte, usou a Patada do Leão.

O tronco do pequenino quase foi cortado em dois, e foi apenas a força de sua Aura que o mantinha vivo. Olhou surpreso para o rapaz, que respirava com dificuldades. — Merda… — Tossiu um pouco de sangue, amaldiçoou uma vez mais ao vê-lo tirar algemas do bolso e usá-las para o prender. “Que caralhos está fazendo, Vento Leve?”

 

Alguns minutos atrás, o “Vento Leve” estava para disparar outra saraivada de flechas com a mesma precisão e disciplina que os elfos eram conhecidos quando foi interrompido.

Desviou das adagas do mascarado, que vestia o traje da facção imperialista.

Puxou uma de suas facas de arremesso e a atirou contra o assassino.

Moveu a cabeça para o lado e correu em direção ao Elfo. Os dois se moviam de forma a evitar um confronto direto.

Hector começou a entonar o feitiço enquanto desviava de várias facas de arremesso. — Magicae Sagitta!

Não pôde ver se acertou, visto que teve de bloquear algumas facas. Pulou para longe e pousou num telhado oposto do Elfo.

Permitiu que a Aura fluísse e apareceu em frente do Aristocrata.

Com claro medo, Alein desviou das adagas e liberou o primeiro Ciel.

Hector estava com problemas para detectar os movimentos do adversário, guiava-se com o olhar, mas seu cérebro não conseguia lutar naquela velocidade. Gritou ao sentir um corte no ombro e pulou para frente.

Quase perdeu a cabeça.

Teve que desviar de uma saraivada de flechas do arco e só então percebeu que a arma servia como duas adagas quando separado. “Merda, vou ter que chamar mais atenção do que queria.” Apontou a mão e entoou com o máximo de poder possível:

— Mire em meus inimigos e acerte-os! Magicae Sagitta.

As flechas mágicas voaram para cima, viraram e caíram no telhado onde estavam. A força foi tanta que o lugar colapsara, o que criou uma cortina de fumaça. Os dois ficaram em silêncio, esperavam o próximo movimento do adversário.

O elfo sorriu ao ouvir a respiração errática do adversário, correu em direção a ele e estava para perfurar seu pescoço. A ponta da arma já estava na pele, mas o humano a sua frente desviou. Seu choque foi grande, e o pomo da adaga impactou na têmpora.

Caiu desacordado.

Nisso, Knives caiu exausto no chão. Sentia seu corpo pesado, perguntou-se quando foi a última vez que estava tão cansado, com os olhos estreitos e um suspiro de irritação, levantou-se e pegou o corpo desacordado do elfo e o apoiou nos ombros.

Numa rápida corrida, chegou aonde o outro estava, com o Halfling já algemado. — Vejo que correu tudo certo. — Olhou para o tronco do prisioneiro e percebeu o imenso corte no peito, algo que o irritou. — Céus, você não tem autocontrole nenhum?

— Vai procurar chifre em cabeça de cavalo em outro lugar! — Os dois seguiram em direção ao esconderijo, o rapaz sentiu o olhar do companheiro sobre si por alguns minutos. Parou de repente e se virou. — Tá me encarando por quê?

— Motivo nenhum, só estava pensando… — Olhou preocupado para o céu, que tinha um tom laranja belo. As nuvens eram pintadas por essa mesma luz, que banhava a cidade. O céu estava para se pôr. — Não acha que foi muito fácil?

— Acho que ficar aqui por mais tempo que o necessário vai nos dar mais problemas que o ideal. — Os olhos rondavam os becos escuros da cidade com clara paranoia, algo que se agravou em si desde que chegou ali. — Vamos continuar.

Seguiram em direção ao esconderijo, haviam chegado lá a tempo de ver o sol se pôr.

 

— Então, aquela é a base dos Imperialistas? — Uma sombra pairava, um binóculo em suas mãos permitia que seguisse os movimentos de Ethan e Hector a uma distância segura. Seu companheiro, o “Dragão em forma humana” apenas acenou.

Não precisava de binóculos ou uma pílula para aumentar os sentidos. Só era necessário que olhasse para as costas dos dois para que um sorriso feral surgisse na sua expressão exitada e empolgada, os olhos reconheciam aquela espada em qualquer lugar.

— Sim… e parece que ele se aliou aos Imperialistas. Isso é ótimo! Queria muito a chance de lutar contra ele de novo. — O outro apenas ignorou a sede de sangue que vazava, deu um passo para o lado com certo nervosismo.

Os dois decidiram reportar isso ao conselho, ao menos foi a sugestão que a sombra deu a Colt, que apenas saiu correndo em direção a base com um sorriso maníaco nos lábios. — Merda… é melhor que isso não seja descontado da folha do meu pagamento…

Desceu do telhado em que estava, com cautela para não cair com as lajes fora do lugar e desapareceu num beco. No instante seguinte, o badalar do sino na igreja fora ouvido, o que enviou sinais de alerta a todos os homens e mulheres da cidade.

Um Padre havia chegado.

 

Alvaro Heliosville olhava para dois membros da Facção Imperialista com curiosidade, sua postura também denotava tédio e impaciência, algo que os dois a sua frente notaram. Não que isso os preocupasse, tinham boas notícias.

Os olhos verdes caíram sobre o Assassino na direita, que tomou a deixa para falar. — O Elfo não falou nada, mas o Halfling abriu a boca rápido. No final, é como o senhor suspeitava. A base central dos Aristocratas está em outra cidade. Não sabia dizer qual era.

Aquelas eram notícias problemáticas. Por um lado, estava feliz que ainda tinha controle de tudo o que ocorria naquela cidade, por outro… sabia que não poderia simplesmente invadir outra cidade, não importava o quão sem importância ela era.

O Rei de Gália não deixaria barato.

— Porém, há boas notícias. Um Padre da Igreja de Seth chegou na cidade, e por mais que não tenhamos boas relações com eles, os Aristocratas formaram uma aliança. Aquele homem tem segredos importantes, que podem nos dar a chance de acabar com essa guerra.

“Ótimo…” Por um lado, o fato do Halfling não saber onde estava a Base Central mostrava que operavam por células, e que uma só tinha conhecimento limitado do que a outra fazia. Por mais que isso fosse ruim, o mais preocupante era o fato de que um membro da Igreja veio ali.

Era uma variante desconhecida, o fato de que chegou em sua cidade só queria dizer uma coisa. Os planos dos Aristocratas estavam se movendo, e rápido. Não tinha tempo de se preparar e, por isso, tinha que se mover o mais depressa possível.

— Meu Rei! — A porta foi aberta, e um mensageiro apareceu. Estreitou os olhos, seja o que fosse, devia ser importante para interromper uma reunião. — É terrível! A nossa base foi invadida pelo inimigo!

— O quê?

 

Jack Colt caminhava com calma nos corredores da base inimiga. Ao seu redor, vários corpos. Para sua irritação, não conseguia puxar sua espada naquele espaço, por isso, teve que usar outra tática.

“Que coisa…” Estava desapontado, e isso transparecia em sua face. “Só um soco já é o bastante para matar esses caras…” Como prova, os corpos no chão tinham todos buracos de punho, além, é claro, de sangue espalhado.

Seus socos criavam ondas de choque que explodiam o oponente de dentro para fora, algo que não ocorreria se os assassinos fossem um pouco mais fortes. “Bem, não se pode ter tudo.” Mais um grupo surgiu a sua frente, olhavam temerosos para os corpos que fez até então.

“Já estou sentindo sua falta, Ethan!” Correu para frente, sem dar tempo deles prepararem feitiços. A alguns metros de distância, notou a diferença do espaço que estavam para o corredor estreito em que se localizava.

O sorriso se alargou.

Puxou a espada, que agora tinha espaço o suficiente para ser empunhada, balançou-a e partiu os sete assassinos ao meio. Caminhou mais para frente, ignorara o sangue que se acumulava em sua armadura e prestou atenção na presença a sua frente.

— Finalmente, alguém que pode desviar! — A frase era verdadeira, ante a penumbra das tochas estava um único assassino. Ou assassina? Era difícil dizer com a pouca luz, mas suspeitava que era uma mulher.

Sentiu o ar tremer com a Aura liberada, uma clara demonstração de força. Estava feliz com isso, pois aquela a sua frente poderia dar um desafio interessante. O salão ao redor dava iluminação ideal para um assassino lutar, a força da mulher também era grande o suficiente para que tivesse que levar a batalha a sério.

O tremor de antes não podia se comparar ao calor de agora. O lugar chacoalhava, as tochas caíram no chão, de forma a banhar o local na mais profunda sombra. — Bem, acho que primeiro devo acender uma luz! Chamas divinas, Venham ao meu comando, mostrem-nos o desejo da providência e tome forma, Ó fogo de Prometeus! Flamae Providentia! — O mais impressionante para a ladra era o fato de que conseguia se manter recitando o feitiço enquanto bloqueava seus ataques.

Naturalmente, aquela era uma magia de Nível 4 e, por isso, tinha poder mais que o suficiente para acender uma luz. Junte o aumento dos Status que os Ciels proporcionavam e um pequeno sol foi formado, antes de dissipar-se em chamas azuis, que destruíram tudo o que tocavam.

Toda a base veio abaixo com a força do feitiço.

Vários morreram soterrados, outros tantos foram queimados até a morte. Vários, no entanto, deram suas vidas para que Ethan escapasse. Hector foi com ele, e juntos conseguiram chegar a superfície.

Olharam o que restou da base e dos que não conseguiram escapar. Apenas poças de sangue e pedras torradas. Uma grande cratera estava no lugar do que antes fora uma grande estrutura. O Ladino estava congelado no lugar, sentia-se imponente ante aquele poder que sentiu antes, enquanto tocava na poça de sangue do que antes fora um companheiro, lágrimas em seus olhos.

Sua expressão assustada não o impediu de assumir uma postura defensiva com sua espada, nem de tremer ainda mais ao ver o responsável por toda aquela destruição. Jack Colt se ergueu do túmulo.

— Droga, ela escapou… bem, é uma lástima que tenha investido tantas vidas enquanto acreditava que daria uma boa luta. — Os olhos vermelhos caíram sobre os dois e sorriu ao ver a postura. — Bem, ao menos não vai ser atoa. Vamos nos divertir, Ethan?

Três sombras estavam ao redor. Duas prestes a interromper a batalha, enquanto outra saia dos destroços de sua cela, portava vários ferimentos, mas se levantou. Estava exausto, cansado dessa cidade e dessa missão.

Alein tinha que chegar em Elfrad e enviar a mensagem para seu rei de uma vez, por isso, saiu dali discretamente.

Os três se entreolharam, uma alma quebrada ao ver tudo que era seu desmoronar. Raiva estampada numa face que não queria deixar ninguém morrer… e um hedonista, que só queria se divertir.

— Maldito! — Antes que pudesse atacar e ser morto, uma das duas sombras apareceu na sua frente, pôs uma mão na sua frente e sussurrou algo ininteligível, o que fez com que o rapaz dormisse de uma vez.

Pegou os dois, tirou-lhes dali. Deixaria o “Dragão em forma Humana” com a capitã. O homem estava para os perseguir, quando vários projéteis de raios o acertaram, paralisaram-no por um segundo, algo que a mulher aproveitou.

Sua Katana se aproximou do pescoço do homem, mas o efeito da Tonatis Sagitta passou mais rápido do que esperava. Desviou da espada e deu um forte soco no estômago da mulher, que voou para longe.

— Você… não é que nem os fracotes daqui… — Estava feliz por isso, pois finalmente teria um oponente digno. Os outros caíam mortos com apenas um golpe, mas essa mulher não só sobreviveu a dois de seus ataques, como também estava disposta a lutar.

Apenas silêncio o cumprimentou, a máscara que vestia, junto a postura quieta e calada davam uma atmosfera estranha para ela. Sentiu os nervos a flor da pele, pois cada vez que olhava na direção daqueles olhos, sentia-se sendo observado por algo mais.

— Você está certo… diferentemente dos idiotas da Guilda, eu tenho algo a perder. — A voz era fria, porém bela. Estava claro que estava irritada consigo e que tentaria o matar, mas isso só servia para o deixar mais empolgado. — Você quase tirou essa pessoa de mim… espero que esteja pronto para morrer.

Gargalhou com aquela frase. Fazia tanto tempo desde que alguém corajoso o bastante para ameaçá-lo surgiu… estava feliz. — Vamos começar essa festa! — As duas espadas se chocaram, a mulher sentiu a imensa força do homem e, por isso, foi obrigada a alterar o eixo do golpe.

Sua Zanbatou impactou no chão e criou uma cortina de fumaça. A Katana foi contra o rosto do adversário, que prontamente levantou as mãos, trouxe a espada, cujo imenso tamanho serviu como escudo.

Forçou a mulher para longe e correu. Ambos se moviam a velocidades inacreditáveis, ambos usavam tudo que podiam de seus Ciels, estava claro quem vencia. A Katana era bloqueada pela armadura, o que permitiu que Jack forçasse a mulher na defensiva. Por ter imensa energia, não se cansaria tão rápido.

O mesmo não podia ser dito da mulher, que tentava em vão conjurar algo. — Ó espectro, venha a mim e conceda sua força, enlouqueça e traga-os para o inferno, ó servo de Azrael! Spiritus Voca…

— Como se eu fosse deixar! — O punho impactou contra o estômago, perdeu o ar e o encantamento foi interrompido. Não podia mais chamar ajuda. Ajoelhou-se enquanto tentava recuperar o ar, a espada imensa caia em direção do ombro, mas algo a parou. — Não… ainda não é sua hora.

Virou-se para longe e caminhou, a mulher levantou com clara raiva na postura. — Pare aí mesmo! Qual o seu problema? Não vai terminar a luta? — O homem parou e se virou, os olhos vermelhos encaram a máscara com certa indiferença. — É por que eu sou mulher?

— Não seja idiota. — A raiva estava clara na voz do homem, que mesmo baixa, pôde-se ouvir em todo campo de batalha. — Não ligo se é homem ou mulher. Só ligo para suas capacidades como lutador. Você mostrou ter isso mais que de sobra, mas não é por isso que te poupei… — Virou-se para a direção aonde Ethan e Hector estavam, havia certa inquietude e nervosismo presentes no olhar. — Te poupei pois sei que, se eu morresse, minha irmã ficaria triste.

Nisso, caminhou para longe, a mulher apenas olhou para suas costas. Aquelas palavras a paralisaram, não sabia o que dizer daquilo. O “Dragão em forma Humana”, um dos assassinos de aluguel mais temíveis de toda Nefra, a poupou pois sabia que tinha um irmão, e que o mesmo ficaria devastado caso a perdesse.

— Com isso dito, não pense nem por um momento em tentar usar minha irmãzinha contra mim. Caso o faça, pagarei na mesma moeda.


Opa, fiz um server no discord pra obra, se possível, deem uma olhada nele para novidades e combos: https://discord.gg/hCNhyEPv




Comentários