Volume 1
Capitulo 35: O vento do caos (1)
"Consigo sentir o cheiro da comida deles daqui."
"Que diabos! Esses moleques estão guardando toda a comida boa para eles mesmos."
Fora da Fortaleza do Exército do Norte, dois membros da Terceira Companhia estavam reclamando enquanto patrulhavam. Seus nomes eram Nam Wol e Lee Chun-Myeong.
Até esta manhã, eles estavam se sentindo muito bem consigo mesmos. Sabiam que haveria um banquete no Salão da Jade Lustrosa e estavam antecipando isso há dias, até mesmo se privando de comida para poder se empanturrar de frutos do mar deliciosos. No entanto, seus sonhos felizes não duraram muito.
O Capitão da Guarda Mok Eun-Pyeong havia ordenado que toda a Terceira Companhia ficasse de guarda ao redor da parte externa da Fortaleza do Exército do Norte. Jang Pae-San não podia desobedecer seus novos mestres, então não teve escolha a não ser liderá-los para fora e dividi-los em grupos.
Do local atual desses dois, os outros grupos não estavam visíveis. Mais importante ainda, o capitão e o vice-capitão estavam fora de vista, fora do alcance da audição e, portanto, fora da mente. Sem seus superiores por perto para repreendê-los, os dois homens, assim como a maioria dos outros, relaxaram sua vigilância e começaram a fofocar e reclamar.
"Que tipo de perigo pode haver neste lugar desolado? Em vez de patrulhar sem sentido, eu preferiria muito mais estar praticando artes marciais."
"Sim, eu também. Nosso tempo seria muito melhor gasto aprendendo a Lâmina das Ondas de Sangue."
Nam Wol e Lee Chun-Myeong estavam viciados em praticar a Lâmina das Ondas de Sangue que haviam recebido de Jang Pae-San. Era a primeira vez que encontravam uma arte marcial que poderia ser usada para atingir a Transcendência, e isso reavivou seus sonhos de se tornarem mais fortes.
"Estou com tanta fome. Ei, quanto tempo acham que teremos que continuar patrulhando antes de nos chamarem de volta?"
"Eu me pergunto se vai sobrar alguma coisa do banquete. Vi a quantidade de comida que os servos prepararam antes de sair da fortaleza, e era suficiente para alimentar um exército."
"Ah, droga! Só de pensar nisso está me fazendo salivar. Ahh, não aguento mais! Quer beber?" perguntou Lee Chun-Myeong, tirando uma garrafa que estava pendurada em sua cintura.
Nam Wol ficou olhando para a garrafa por um tempo. Então, de repente, seu rosto empalideceu. Ele exclamou: "Isso é uma garrafa de vinho, não é? Onde você conseguiu isso?"
"Heehee! Subornei um servo para pegar isso para mim."
"Não está preocupado em ser pego?"
"Não se preocupe, esses caras têm tanto vinho que nem vão perceber que uma garrafa sumiu! Então, vai beber ou não? Se não, a garrafa inteira é minha."
"Oi! Quem recusaria vinho? Ainda assim, este lugar é muito aberto. Devemos encontrar algum lugar onde possamos nos esconder e beber sem nos preocupar com as nossas costas", disse Nam Wol, olhando desesperadamente ao redor.
Lee Chun-Myeong riu, "Deve estar tudo bem se sairmos de nossos postos por um tempo, certo?" Ele apontou para uma moita próxima.
Nam Wol sorriu, revelando dentes tão amarelados quanto os de Lee Chun-Myeong. Ele disse: "Então, vamos começar nosso próprio banquete."
Os dois trocaram olhares e seguiram para um lugar atrás das moitas.
"Kuhaa! Este vinho é incrível!"
Depois de dar um gole, Lee Chun-Myeong revelou uma expressão de êxtase, então passou a garrafa para Nam Wol.
"Ufa! Deve ser algum tipo de vinho caro!" exclamou Nam Wol, limpando a boca com a manga.
O vinho que Lee Chun-Myeong havia conseguido não era um vinho barato comum, mas um vinho Shaoxing envelhecido premium, produzido apenas em Shaoxing, Província de Zhejiang, e amplamente considerado um dos melhores vinhos das Planícies Centrais.
Depois de um vinho de tão alta qualidade, Lee Chun-Myeong e Nam Wol começaram a sentir que o mundo estava ao alcance de suas mãos. Eles se deliciaram na euforia que acompanhava a embriaguez.
Seu riso tolo ecoava pelos campos do norte, "Hahahahaha!"
Se isso significasse que poderiam beber um vinho tão bom, estavam perfeitamente bem em passar fome. Afinal, em breve voltariam para as Planícies Centrais para trabalhar para Shim Won-Ui. Lá, poderiam provar vinhos ainda mais deliciosos do que esse.
"Só precisamos aguentar essa porcaria por um pouco mais."
"Hey, depois que voltarmos para as Planícias Centrais, vamos passar dez dias e noites em um bordel."
"Sim! Vamos aproveitar bons vinhos enquanto saboreamos o prazer da carne feminina, heehee."
"Heeheehee!" Só de pensar em visitar um bordel, os dois homens explodiram em risadas novamente.
Nesse momento, ouviram uma voz oca e sinistra dizendo: "Posso ter um pouco desse vinho também?"
"Uau!"
"Quem é você?"
Assustados, os dois homens se levantaram rapidamente e olharam para trás. Um gigante vestindo roupas cinzas rasgadas estava lá, encarando-os com um olhar insano em seus olhos vermelhos brilhantes. Quando seus olhares se encontraram, os dois homens congelaram.
O gigante estendeu a mão, e Lee Chun-Myeong entregou inconscientemente a garrafa de vinho como se estivesse possuído por um fantasma.
GLUG! GLUG! GLUG!
O gigante rapidamente tomou todo o vinho. Em seguida, limpou os lábios com uma manga rasgada e sorriu, dizendo: "Pelo menos o vinho é bom."
PSSSH!
Quando Lee Chun-Myeong e Nam Wol viram o sorriso sinistro do gigante, imediatamente urinaram nas calças, tremendo incontrolavelmente de medo.
Isso não surpreendeu o gigante, pois os seres vivos tendiam a perder o controle da bexiga quando enfrentavam uma situação de vida ou morte. Parecia que esses dois não eram exceção.
☆ ☆ ☆ ☆ ☆ ☆ ☆ ☆ ☆ ☆ ☆ ☆
"Hmm?" Seo Mu-Sang olhou subitamente para cima.
"O que foi, Hyung-nim?" perguntou Yoo Gyung-Chun, confuso. No entanto, Seo Mu-Sang não respondeu.
Não sei por que, mas tenho um pressentimento ruim de que algo terrível aconteceu. Meus nervos estão todos em pé, e minha pele está coberta de arrepios.
Yoo Gyung-Chun chamou Seo Mu-Sang novamente, "Hyung-nim?"
Só então Seo Mu-Sang virou-se para ele, dizendo: "Alguma coisa está errada."
"Do que diabos você está falando?"
Em vez de responder, Seo Mu-Sang franzia a testa. Seu coração batia forte, e ele não conseguia se acalmar. Nunca havia sentido algo assim antes.
Ele se levantou abruptamente. Notando isso, Won Jeok-Sim se aproximou dele.
"Chame os outros caras."
"Hyung-nim?"
"Rápido!"
"Eh, você está falando sério..." reclamou Won Jeok-Sim.
Seo Mu-Sang estava prestes a responder quando o som de uma corneta ecoou pelos campos do norte. Este era o sinal para relatar. Todos os grupos tocaram suas cornetas em resposta, exceto o grupo na área noroeste.
"Quem está encarregado de patrulhar a área noroeste?" perguntou Seo Mu-Sang.
"Acho que é o Chun-Myeong e o Nam Wol. Vi o Chun-Myeong pegando escondido uma garrafa de vinho, então talvez esses dois tenham ficado bêbados? De qualquer forma, não se preocupe muito com isso. O que poderia possivelmente dar errado?"
"Não, acho que é algo mais sério do que isso."
Seo Mu-Sang sentiu uma estranha ansiedade, como se algo ominoso pesasse sobre seu coração. Ele desembainhou a espada de ferro enferrujada em sua cintura. Sua espada de aço havia quebrado durante a luta com Yeop Wol, e ele não conseguiu encontrar uma substituição adequada, então decidiu se contentar com uma espada de ferro barata até conseguir uma nova.
"Hyung-nim?" O rosto de Won Jeok-Sim se contraiu. Sempre que Seo Mu-Sang ficava assim, ninguém podia detê-lo, nem mesmo o capitão deles, Jang Pae-San.
De repente, Seo Mu-Sang começou a correr para o noroeste. Won Jeok-Sim não teve escolha senão correr atrás dele, reclamando: "Que porra é essa? Ahh, por que sou amigo de você de todas as pessoas..."
Seo Mu-Sang correu com toda a sua força. A cada vez que seu pé tocava o chão, ele saltava vinte pés para frente. Ele rapidamente correu muito à frente de Won Jeok-Sim e desapareceu na distância.
A mandíbula de Won Jeok-Sim caiu. Ele gritou: "Ei!? O que diabos? Desde quando você ficou tão bom em artes marciais?"
Won Jeok-Sim mal podia acreditar no que via. Seo Mu-Sang era o único membro da Terceira Companhia que não tinha aprendido a Lâmina das Ondas de Sangue, e ainda assim era muito mais rápido que ele. Isso não faz absolutamente nenhum sentido!
Para tentar acompanhar Seo Mu-Sang, Won Jeok-Sim espremeu até a última gota de energia, gastando tanto sua energia espiritual quanto sua força física no processo. Depois de um tempo, finalmente avistou Seo Mu-Sang.
Furioso, ele gritou: "Ei! Qual era o significado disso!? Por que você saiu correndo de repente?"
"......"
"Hyung-nim?"
Foi então que Won Jeok-Sim finalmente percebeu a expressão estranha no rosto de Seo Mu-Sang. Ele virou-se na direção para onde o olhar de seu amigo estava fixado.
Seus olhos se arregalaram de choque, tanto que as globos oculares pareciam prestes a saltar das órbitas.
"E-Eh?"
Seu choque rapidamente se transformou em raiva.
"NÃÃÃÃÃÃÃOOOOOO!"
Won Jeok-Sim desviou o olhar, tentando apagar a visão revoltante de sua mente. Ele sentia que aquilo deixaria uma cicatriz permanente em seu coração se não esquecesse o que tinha visto.
"L-Lee Chun-Myeong, Nam... Wol," sussurrou Seo Mu-Sang, tremendo incontrolavelmente.
Os restos mortais de Lee Chun-Myeong e Nam Wol estavam diante dos dois homens. Seus corpos foram desumanamente desmembrados e espalhados pelo chão como carne de porco e boi cortados por um açougueiro. A única prova de que esses pedaços de carne foram um dia humanos eram alguns membros distintivos.
"Hyung-nim, o-que está acontecendo aqui?"
"Parece... que temos um intruso."
Um psicopata louco, mais feroz que um urso e mais impiedoso que um tigre. Nenhuma pessoa mentalmente sã poderia ser tão selvagem.
Seo Mu-Sang virou-se na direção da Fortaleza do Exército do Norte. Pelas pegadas, foi para lá. Aquele psicopata assassino entrou na fortaleza!
"Você precisa informar os outros sobre isso. Eu irei atrás dele."
"Hyung-nim?"
"VÁ!" gritou Seo Mu-Sang, correndo em direção à Fortaleza do Exército do Norte com toda a velocidade.