Volume 1 – Arco 2

Capítulo 60: Jardim Verdante

— Eu trouxe esse kit para vocês usarem. — Dra. Lana continuou — Espero que vocês não precisem usá-lo.

Ela entregou a bolsa para Kishito. Que estava surpreso com isso e perguntou: — O que é isso?

— É um kit de primeiro socorros, sei que a missão não é complicada, mas estar preparado é uma coisa boa. Entre todos vocês, você é o que conhece mais como usar isto. — Dra. Lana contou enquanto olhava para Kishito.

O grupo não foi contra a decisão da Dra. Lana entregar para ele. Dentre o grupo, Kishito era o que mais conhecia sobre primeiros-socorros. Essa foi uma habilidade que ele aprendeu da Yukiko.

A habilidade do Kishito foi comprovada no dia que ele cuidou da Xia quando ela estava desacordada. Uma vez durante o mês de treinamento Dra. Lana o chamou e testou suas habilidades. Ela ficou impressionada com os conhecimentos que ele possuía.

Yukiko não tinha passado para ele apenas o básico dos primeiros-socorros, ela lhe passou várias técnicas e conhecimentos avançados que só eram utilizados por profissionais em medicina.

O conhecimento que ele tinha não era grande ou abrangente como o de um profissional formado em medicina, ou enfermagem, mas era maior que pessoas que recebiam esse tipo de treinamento tinham.

— Obrigado. — Kishito agradeceu ao pegar a bolsa.

O grupo não demorou muito na sala e logo depois de Kishito receber a bolsa eles saíram para começar a missão.

O início da missão era se encontrar com o cliente que os contratou, o local de encontro era em um dos locais onde o contratante guardava suas mercadorias.

Kishito e os outros chegaram a frente de um prédio comercial perto do centro de Tokyo, as ruas estavam bastante movimentadas apesar da hora. O relógio marcava dez horas da noite, mas a cidade brilhava como se fosse dia.

O prédio que iriam encontrar o cliente não era diferente dos que estavam ao redor, ele tinha mais de trinta andares com várias placas brilhando e chamando a atenção para os vários escritórios que haviam ali. Cada placa brigava por seu espaço pela atenção das pessoas que passavam pela rua.

Kishito encarou essas placas e reconheceu muitas daquelas que estavam ali, mas existiam muitas que ele nem tinha ouvido falar. Quando ele se lembrou que já passou por essa rua e em frente a esse prédio uma centena de vezes, ele não pode se segurar ao dar um sorriso irônico.

“Em pensar que eles se escondem bem na nossa frente.” Ele pensou olhando para esse prédio que parecia tão normal. Outro prédio também veio a sua mente no que ele parecia bem mais humilde, o da Makuredan.

O disfarce da Makuredan era o de uma pequena empresa de limpeza. Só aqueles que conheciam mais sobre esse mundo iria ver a verdade atrás do disfarce. Em pensar que lá havia vários funcionários que nem sabiam o que estava acontecendo e o que a empresa fazia de verdade.

“Quantas pessoas trabalham pensando que é em um lugar normal e acaba sendo apenas um disfarce para algo maior?” Outro pensamento passou pela sua cabeça.

Kishito entrou com os outros no prédio, ao passar pela porta ele viu a entrada do lugar maravilhado. Por fora essa construção não era diferente das outras, mas ao entrar ele se deparou com uma decoração que achava ser digna de palácios.

O saguão principal era gigantesco com mobílias feitas de mogno e detalhes que brilhavam com um leve brilho dourado. O balcão, sofás, mesas, tudo parecia ser feito do mesmo material e os lustres iluminavam o saguão de modo que pensariam ser todo banhado de ouro.

Quando olhou para a esquerda Kishito viu um restaurante que pertencia ao prédio, o lugar que parecia bem comum pelo lado de fora era, na verdade, uma das mais luxuosas construções no centro de Tokyo. Abrigando os escritórios das mais importantes empresas do país, o prédio tinha o nome de Jardim Verdante.

O Jardim Verdante se tornou um dos principais pontos onde os grandes empresários se encontravam. Pela porta de entrada as pessoas mais poderosas do país acessam o restaurante mais importante da cidade, o Restaurante Verdante.

Não eram apenas empresários que vinham para esse lugar, várias figuras políticas também se encontravam no restaurante para criar contatos e manter seu poder. As decisões que foram tomadas nesse lugar mudaram o país na última década.

— Boa noite, a senhorita marcou horário ou veio encontrar alguém?

Kishito saiu do seu estupor quando ouviu uma voz, ele viu um homem que não parecia ser muito mais velho do que ele. O homem estava vestindo uniforme onde o símbolo de um jardim estava bordado nele.

O homem era um dos recepcionistas do Jardim Verdante, seu rosto era bem definido com uma expressão calma não se importando com a aparência do grupo e os tratando como qualquer outra pessoa que passasse pela porta.

— Viemos encontrar o Sr. Kazuyoshi. — Xia que estava na frente do grupo respondeu.

— Vou comunicar ao Sr. Kazuyoshi sobre a sua chegada. — O recepcionista disse com um sorriso amigável, logo depois ele olhou para todo o grupo e continuou a falar para Xia. — Espero que a senhorita não se sinta ofendida, mas devo lhe avisar que o Jardim Verdante é um local neutro e peço que siga as regras.

— Entendo. — Xia acenou com a cabeça concordando.

— Obrigado pela consideração senhorita. Por favor aguarde no saguão e fiquem a vontade. — Com isso o recepcionista se retirou.

Xia liderou o grupo até um sofá no canto sob os olhares de muitas pessoas. Ela parecia não se importar e se sentou.

— Porque estão todos olhando para nós? — Depois de se sentar Kishito perguntou.

— Um grupo usando roupas comuns e carregando grandes bolsas entrando aqui, todos sabem que somos guerreiros. Eles estão preocupados de que iremos criar alguma confusão. — Alicia respondeu indiferente.

Kishito olhou para as pessoas no saguão, muitos deles ainda olhavam para o grupo: — Então as regras que o carinha falou?

— O Jardim Verdante está sob a supervisão da Igreja, isso classifica esse lugar como neutro. O aviso do recepcionista foi porque a Igreja é complacente com jovens, mas eles não desejam ter prejuízos conosco, agindo desenfreadamente por causa da benevolência deles. — Alicia respondeu e depois fechou os olhos para descansar no sofá.

— A igreja é uma organização? Peraí, qual delas? — Kishito ficou surpreso sobre o que Alicia falou e inquiriu mais.

No entanto, Alicia continuou com os olhos fechados e não disse mais nada. Kishito esperou um tempo, mas foi em vão. Ele ainda olhou para Xia e Donovan como se esperasse uma resposta, mas nenhum deles quis responder.

Depois disso o grupo passou o tempo sem falar nada a espera do Sr. Kazuyoshi, o cliente. Não demorou muito até um senhor com idade de cerca de 60 anos aparecer e parar próximo a Xia, ele tinha um rosto bastante amigável e usava uma roupa de mordomo. Cada um dos seus movimentos era elegante e cuidadosos, enquanto parecia ver tudo que acontecia sem precisar virar seu rosto.

— Boa noite senhorita, meu nome é Nobutoki. — O mordomo se apresentou para Xia e continuou. — Sou o mordomo do Sr. Kazuyoshi, por favor me acompanhem.

O mordomo não esperou pela resposta e saiu. Xia e os outros se olharam antes de segui-lo. Eles passaram por todo o saguão e usaram um elevador.

Um tempo depois a porta do elevador se abriu no vigésimo terceiro andar, a primeira visão do Kishito foi um corredor no mesmo estilo do saguão com um brilho dourado se alastrando por todo ele.

Kishito ficou espantado ao ver que um corredor poderia ser arrumado de tal modo que o deixaria tão lindo, que o fez pensar: “O que a Rika diria se visse um lugar como esse?”

Contudo, não houve muito tempo para observar o lugar, pois, o mordomo logo continuou a guiá-los até o Sr. Kazuyoshi. Ele andou um pouco e parou em frente a uma porta com o número 2311, com o grupo se posicionando atrás dele.

Uma placa com letras azuis estava pendurada na porta com o nome “Permuta Kazuyoshi”.

Toc, toc.

— Senhor eu trouxe os convidados. — O mordomo anunciou depois de bater na porta.

— Traga-os aqui. — Uma voz respondeu vindo do outro lado da porta.

O mordomo não demorou e abriu a porta trazendo o grupo para dentro.

A cena no lado de dentro não era como o de fora, o lugar era bem mais simples, mas havia coisas que abria os olhos de quem entrasse. O lugar era uma pequena loja com vários produtos espalhados por todo canto.

No entanto, não eram produtos comuns e sim coisas que variam entre armas, armaduras e objetos que Kishito nem sabia o que eram. Havia até algumas coisas que pareciam vivas dentro de potes que ele nunca tinha visto antes.

Cada um desses produtos tinham uma placa com um valor que deixou Kishito boquiaberto, enquanto olhava os preços, o menor preço que ele encontrou foi de sete milhões de ienes.

“Nem se eu trabalhar a vida toda consigo comprar a coisa mais barata dessa loja.” Kishito pensou com um sorriso irônico.



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