Volume 1 – Arco 2

Capítulo 59: Momentos antes da missão

Alicia escapou do abraço do Owen e disse: — Pensei que você estava numa missão com meu irmão, aconteceu algo para que voltasse mais cedo?

Owen estava animado não se importando com Alicia escapando dele e Xia recuando ao vê-lo. Um grande sorriso ainda estava em seu rosto: — Tive alguns problemas para resolver e vim mais cedo, nada de mais. Você não está preocupado com seu irmão está?

— Por que estaria? Ninguém nesse país pode derrotá-lo. — Alicia disse confiante.

Esse simples comentário dela era um pensamento comum entre os membros da Makuredan, Yago é considerado um gênio e seu grupo se tornou um pilar para a organização nesses tempos difíceis.

— Hahaha. — Owen riu da confiança dela e depois mudou de assunto — Eu soube que vocês irão para uma missão, tomem cuidado para não fazer nada errado e acabar morrendo.

— Não diga algo como isso! — Com um grito Alicia mostrou seu descontentamento com o comentário.

Owen estava indiferente ao grito da Alicia ao continuar seu caminho para a sala, antes de fechar a porta ele deixou algumas palavras com um sorriso: — Estarei de folga então não façam nada que acabe com ela.

O grupo ainda ficou parado em frente a porta por um tempo antes de se virar para sair, eles precisavam se preparar para ir à missão.

 

*****

 

A porta se fechou, o sorriso que estava no rosto do Owen o tempo todo desapareceu quando ele encarou Sr. Hayama o esperando. A única pessoa com que não mantinha um sorriso ou um modo mais indiferente era com o atual líder da Makuredan.

Uma postura séria era requerida para tratar de certos assuntos, Owen sabia que foi chamado para algo importantes hoje.

— Deixar apenas os três para completar o trabalho pode atrasá-los um pouco. — Owen começou fazendo um comentário ao se sentar em frente ao Sr. Hayama. — O que o fez me dizer para voltar com tanta pressa?

Sr. Hayama não respondeu Owen, diferente de quando estava falando com o grupo da Xia ele parecia bem mais preocupado. Uma pasta foi jogada na mesa: — Você já sabe sobre a missão que foi dada para Xia, na sua frente está a ordem que o Ninho nos mandou.

Owen pegou a pasta e começou a ler os arquivos dentro dela. No começo não parecia ter nada anormal, eram apenas algumas informações sobre pessoas que poderiam estar envolvidas com a missão.

No entanto, quando estava nas páginas finais do arquivo Owen mudou completamente sua expressão. Se tornando extremamente séria quando retornou seu olhar para o Sr. Hayama: — Que tipo de brincadeira é essa?

— Essa ordem veio direta do Ninho. — Sr. Hayama já esperava a reação do Owen e continuou. — Depois da ordem tentei contestar, mas não consegui contactar eles.

Um tempo se passou com os dois em silêncio. Owen se acalmou um pouco e falou: — Você quer que eu os proteja?

— Não apenas isso. — Sr. Hayama confirmou e colocou outra pasta na mesa. — Quero isso também.

 

*****

 

Depois de sair da sala do Sr. Hayama, Kishito foi para seu quarto na Makuredan. Esse quarto foi lhe dado depois de se juntar, mas como sempre vai para casa ele apenas o usa para guardar algumas coisas que não seria muito bom levar.

Olhando ao redor, o quarto ainda não tinha muitas coisas, apenas uns equipamentos que estava usando durante seu treino. Durante o treinamento de caça não foi usado apenas seus punhos para lutar contra os monstros, para guerreiros usar uma arma era comum.

Pensando sobre isso seu olhar caiu sobre um bastão em cima da cama, o bastão iria parecer bem comum se não fosse a corrente o envolvendo, cada ponta estava fixada em uma das extremidades. Essa foi a arma dada a ele para lutar e que utilizou por grande parte do treinamento.

Kishito ainda se lembra do dia que o levaram a armaria para escolher uma arma, para ser mais preciso, era para ser escolhido por uma. Quando lhe falaram sobre isso o deixou meio confuso.

As armas usadas pelos guerreiros não são apenas pedaços de metal, cada arma tem sua própria consciência e o guerreiro precisa do seu consentimento para utilizá-la. Entretanto, elas não são como a Lâmina da Imortalidade que tomam forma física e andam pelo mundo.

Essas armas também não conversam com seus usuários, elas apenas dão seu consentimento para o usuário usa-las ou não. Para ser escolhido pela arma a pessoa teria que abrir seu coração e mente, assim ela iria julgar e escolher se aceitaria o novo mestre ou não.

No dia que Kishito foi a armaria, preocupou muitas pessoas na Makuredan. O processo para ser escolhido por uma arma era rápido para a maioria das pessoas, durava menos de uma hora até a conclusão. Contudo, isso foi diferente para Kishito, ele teve que ficar dentro da armaria por horas enquanto recitava o canto para ressoar com as armas.

Seu canto acordou muitas armas ao mesmo tempo, elas brilhavam e ressoavam ao seu redor, mas nenhuma o escolhia como usuário. Um guerreiro normalmente acordaria apenas uma arma e quando acordava logo escolheria quem a acordou como usuário.

Algo parecia incomodar essas armas que as impediam de escolhê-lo, ninguém sabia o por que além delas.

Depois de várias horas de canto uma arma finalmente o escolheu e estava ali agora em cima da cama.

Kishito deu um sorriso quando olhou para a arma, durante o canto na armaria ele imaginou do porque várias armas não quererem escolhê-lo. Contudo, isso não importava agora que foi escolhido por uma.

A hora para sair estava se aproximando, Kishito ainda precisava arrumar a arma antes de partir. Ele pegou um tubo telescópico colocando a arma dentro dela, esse era o disfarce.

Com tudo arrumado, era hora de sair para a missão.

Kishito se reuniu com o grupo na sala antes de sair, onde obteve mais informações sobre a missão. Existiam muitos detalhes nos arquivos que os entregaram, mas Kishito conseguiu entender as partes principais do que deveria ser feito.

Como haviam dito antes, era uma simples missão de proteger um homem durante uma transação que iria fazer. Não havia a necessidade de dizer nada e se tudo ocorresse de acordo então eles apenas acompanhariam o cliente, sem nada para se preocupar.

É claro que Kishito não era burro em acreditar que não iria acontecer nada, não era por acaso que o cliente veio contratá-los para proteção durante essa transação. Apesar de não se importar sobre que tipo de transação era, Kishito ainda sabia que não era nada comum.

— Olhando para esses arquivos parecem até mesmo que é algo fácil de se fazer. — Kishito comentou depois de ler o arquivo.

— Sim parece. — Xia concordou com ele, mas em seguida ela aconselhou: — Mas não se distraia por nem um minuto, porque tudo pode dar errado em apenas um instante.

— Ok! Vou ficar atento. — Kishito respondeu sem muita animação.

Xia deu um suspiro ao ver que Kishito não parecia levar tão a sério a missão, durante o treinamento sua postura era igual. Mesmo lutando contra os monstros na formação todos os dias, esse modo de agir como se não se importasse com o que estava acontecendo não tinha mudado.

Durante o treinamento Xia tentou por várias vezes fazer Kishito levar mais a sério, mas não houve mudanças, deixando para que com o tempo ele pudesse entender melhor no tipo de mundo que estava entrando. Ela só esperava que não acontecesse nada pior antes disso.

Enquanto Xia pensava sobre isso teve algo que chamou sua atenção, era sua amiga Alicia. Ela parecia um pouco estranha depois que recebeu a missão, não estava com o sorriso que mantinha normalmente.

Desde que entraram na sala, Alicia não disse uma palavra e foi assim até mesmo depois de ler o arquivo. Xia se preocupou ao notar sua mudança e perguntou: — Tem algo errado Alicia?

A pergunta de Xia não houve resposta. Alicia parecia distraída depois de olhar os arquivos e não percebeu ela a chamando.

— Alicia? — Xia a chamava tentando pegar sua atenção. — Alicia? Alicia?

— Sim? — Após a terceira vez Alicia percebeu que estava sendo chamada pela Xia e respondeu.

— O que houve para você estar tão distraída? — Xia estava preocupada com ela.

— A… não foi nada. Estava apenas pensando em algumas coisas. — Alicia respondeu com um sorriso.

Aquele sorriso da Alicia não era o mesmo que estava todos os dias. O grupo percebeu isso, mas desde que ela não quis falar agora, seria melhor esperar que acontecesse naturalmente.

— Só… não perca sua atenção enquanto estivermos na missão ok? — Xia achou melhor apenas relembrar ela para não perder o foco.

— Tudo bem. Não vai haver problemas com isso.

Toc, toc.

A batida chamou a atenção do grupo antes da porta se abrir, Dra. Lana, a médica que cuidou do Kishito quando chegou, passou por ela carregando uma pequena bolsa.

— Cheguei a tempo antes de vocês saírem. — Dra. Lana falou ao entrar.



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