Volume 1 – Arco 2
Capítulo 61: Kazuyoshi
Kishito continuou a andar pela loja e observava os produtos espalhados pelo lugar, quanto mais andava mais caro se tornava os items em exposição. Ele ficou horrorizado ao ver uma katana com entalhes vermelhos que valia quarenta e dois milhões de ienes.
Enquanto o grupo andava pela loja, Kishito chegou perto da Alicia e perguntou: — Que tipo de lugar é esse para vender essas armas tão caro?
— Estava tudo no arquivo, você não leu ele? — Perguntou Alicia levantando uma sobrancelha.
Ele coçou a cabeça com a pergunta e respondeu sem graça: — É que tinha algumas coisas que eu não entendi no arquivo.
*Suspiro*
Alicia suspirou antes de falar: — Essa é uma loja de comércio de armas e materiais mágicos, esse tipo de produto não é facilmente criada. Para forjar qualquer uma dessas armas é necessário vários dias de trabalho e são criadas a partir de materiais raros. Por isso que o preço é tão alto.
— São tão difíceis de encontrar esses materiais? Então como tem tantas armas espalhadas por aqui? Na Makuredan também não tem várias delas? — Kishito fez várias perguntas dessa vez.
— Existirem tantas armas disponíveis não são porque são fáceis de se criar, mas sim pelo acúmulo de várias gerações. Essas armas são feitas com materiais que suportam mana e podem durar por milhares de anos, com o tempo que passou, ter acumulado um grande número delas não seria nada estranho. — Alicia começou a responder. — Agora sobre a raridade dos materiais, você sabe que é feito a bainha da sua arma?
A pergunta pegou Kishito de surpresa, ele recebeu a arma a pouco tempo e teve que procurar sua história antes de poder utiliza-lá. Estudar a arma que vai usar é essencial para ter completo controle sobre ela.
Cada arma mágica tem um desejo que foi imbuída no momento de sua criação, essa é a fonte de poder dada pelo seu criador. Enquanto o dono da arma cumprisse esse desejo ela iria segui-lo. O ritual de escolha que Kishito fez antes era para a arma julgar se seu novo dono iria cumprir esse desejo. Se o dono não seguisse o desejo da arma ele seria abandonado.
— A bainha foi feita de um Orvalho das Terras Centrais, pelo que li é um material com boa resistência ao fogo. — Kishito respondeu.
— Correto. — Alicia confirmou a resposta e continuou — O Orvalho das Terras Centrais é feita de uma árvore de tronco vermelho que demora anos até maturar, depois de ser banhado com água do Rio Vermelho por cem anos para se transformar no Orvalho das Terras Centrais. Qual seria o valor que você daria a um material que demorou mais de cento e cinquenta anos para produzir? Isso foi apenas a bainha que tem a função de resistir ao calor, tente imaginar os outros materiais usados.
Quando Kishito pensou sobre o que Alicia disse, percebeu que fazia sentido os materiais e armas que estavam ali valer tanto dinheiro. Somente o material da bainha precisou passar por um processo tão demorado, então os outros materiais devem ter passado por algo similar para ser produzido.
Enquanto a arma que ele carregava era composta por mais de vinte materiais diferentes, imbuída com o desejo do criador e mana. O valor dela não deve ser menor que qualquer outra arma que estava a amostra nessa loja.
— Essas armas são como as que usamos? — Depois de um tempo Kishito voltou a perguntar.
— Não, elas são armas reforjadas. — Alicia olhou para algumas armas ao redor com tristeza — Elas perderam seus desejos e agora não passam de meras ferramentas.
Armas reforjadas é um dos três tipos de classificação utilizadas pelas organizações atualmente. Os três tipos são Armas Únicas, Armas Elementares e Armas Reforjadas.
As Armas Únicas são aquelas que foram criadas há muito tempo, tanto que seu molde e o modo de criar foram perdidas durante o passar de anos. Sendo hoje em dia impossível de recriar a mesma arma, mesmo conhecendo o material de que ela é feita.
Por ter um número limitado, esse tipo de arma é bastante procurado com vários guerreiros procurando uma que seja compatível com eles. Contudo, apenas encontrar uma dessas armas não quer dizer que ele vai poder utilizá-la. Armas Únicas foram criadas a tanto tempo que seus desejos são profundos, o que a torna difícil de aceitar um novo dono.
Algo importante sobre esses desejos são o fato que a cada dono, a arma torna seu desejo mais forte ao se conectar e absorver a mana do usuário. Existem armas únicas que estão sendo usadas a tanto tempo que criaram consciência e tomaram forma não precisando mais depender de um dono.
Contudo, a característica mais importante são suas habilidades únicas, cada arma única tem pelo menos uma habilidade que traz grande vantagem para seu dono. Essas habilidades variam de acordo com o desejo da arma podendo garantir ao dono algo até mesmo fora do senso comum.
Um bom exemplo é a Lâmina da Imortalidade que toma a forma da Laila para interagir com o mundo. Ela está no mundo por muito tempo e não há como mais tracejar sua origem. Além disso, uma de suas habilidades torna o dono dela uma existência próximo a um imortal.
Uma arma como essa incita a ganância de muitos guerreiros pelo mundo, mesmo não sendo aceito por ela, isso não quer dizer que um dos seus descendentes também não irá.
As Armas Elementares são armas que foram criadas recentemente, nas últimas dezenas de anos e tem amplas informações sobre elas, como métodos de criação e moldes. Apesar disso elas não são simples de ser criadas ou mais fracas do que as armas únicas.
Elas também possuem desejos, no entanto, é mais fraco devido a ter poucos anos e ter passado por poucos donos. Essas armas são projetadas para um dono específico a qual são escolhidos os materiais e o desejo imbuído na arma, o que torna o primeiro ser a única pessoa que pode exercer todo o poder da arma.
Algo que deve ser lembrado é que as armas únicas são Armas Elementares que foram criados há muito tempo por isso tem desejos mais fortes e acabaram criando suas habilidades únicas. Armas Elementares podem ser consideradas armas bebês enquanto armas únicas são sua forma adulta.
O último tipo de armas são as reforjadas, também conhecidas como armas mortas. Elas são uma variação das Armas Elementares.
Depois do primeiro dono uma arma não irá mais exercer todo seu poder por mais compatível que seja com o novo dono, nem mesmo ao se tornar uma arma única. Ao ganhar sua habilidade única essa diferença se torna quase nula, mas elas são feitas para uma pessoa específica então não importa quem seja, o novo dono nunca terá controle sobre o verdadeiro poder da arma.
Isso foi verdade até meados do século catorze quando a técnica de reforja foi criada. Uma técnica com o objetivo de destravar o verdadeiro poder da arma para um novo dono. No entanto, essa técnica trouxe efeitos colaterais que tornam elas inutilizadas com o tempo.
Quando uma arma passa pela reforja, seu desejo é destruído para fortalecê-la e sem seu desejo não consegue lidar com a deterioração causada pelo tempo. Uma arma sem desejo é uma arma morta, sem vontade, ela se torna uma arma comum a qual não escolhe um dono. Ela se torna apenas uma ferramenta.
Uma arma reforjada pode ser usada por qualquer pessoa e seu poder é imenso, no entanto, ela só irá durar por vinte anos. Após esse tempo ela vai perder todo seu poder e apodrecer se tornando cinzas ao vento.
— Eles mandaram crianças para me proteger?
Kishito ouviu uma voz debochada enquanto olhava para as armas ao redor. Essa voz o chamou a atenção o fazendo olhar para o lugar de onde tinha vindo.
Ao fazer isso ele se deparou com um homem de pé em cima de um banco com os braços abertos. Esse homem tinha uma aparência comum de alguém de quarenta anos, ele era um pouco gordo e vestia um terno que ajustava ao seu corpo. Com uma estatura baixa e olhos pequenos, ele tinha uma aparência de mercador que Kishito tanto via nas histórias que lia.
Kishito não pode se segurar e deu um sorriso ao se lembrar disso, mas ele logo escondeu para não ter nenhum mal-entendido.
Pelas fotos que estavam no arquivo Kishito logo reconheceu o homem sendo Sr. Kazuyoshi. No entanto, tinha mais um homem com ele, era um senhor que parecia ter sessenta anos usando roupas bem comuns. Esse homem tinha algumas fitas métricas penduradas em seu pescoço e usava a outra nas mãos enquanto media o corpo do Sr. Kazuyoshi. Ele era um alfaiate.
O senhor não se importou com a chegada do grupo e continuou seu trabalho. Enquanto Sr. Kazuyoshi passou seu olhar pelo grupo como se estivesse medindo o valor de uma de suas mercadorias.
— O senhor não precisa se preocupar, somos fortes o suficiente para protegê-lo. — Xia Não se importou com o comentário do homem e respondeu com um sorriso.