Volume 1 – Arco 2

Capítulo 56: Sinal (6)

Era cedo pela manhã quando Kishito estava sentado na cadeira dentro da sala de aula. Era o dia depois do passeio no parque e seu corpo estava espalhado na cadeira.

Ao seu lado estava Alicia, enquanto Xia e Donavan tinham saído para falar com um dos professores.

— O que ouve para estar tão cansado? O parque de ontem não foi tão cansativo. — Alicia perguntou ao ver o modo que Kishito estava sentado, com o rosto que parecia estar lutando para se manter acordado.

O olhar do Kishito parecia o de uma pessoa que nem podia se mover direito, quando sua boca se moveu era tão lento que as palavras saíram devagar: — O seu passeio acabou depois do parque, e lá foi onde meu tempo com a Rika começou.

Ouvindo a reclamação fez Alicia sorrir. Apesar de ser comum ver ela sorrindo, Kishito julgou que dessa vez era diferente do jeito que sorria normalmente, ele não sabia porque, mas achou peculiar.

— Foi o que? Ela te fez ver novela a noite toda? — Alicia perguntou.

Kishito tremeu um pouco quando ouviu a pergunta. Esse foi realmente o caso, depois do parque eles foram para casa, mas quando pensou que depois do dia cansativo seria um momento de descanso…

Seu palpite foi errado!

Depois de tomar um banho ele foi pego pela Rika para passar mais um tempo juntos.

Tudo foi muito bem-planejado. Os dois ficaram acordados quase a noite toda, porém, o cansaço impediu que Rika continuasse o que a fez cair no sono.

Mesmo sendo que o dia foi bem cansativo isso também o deixou bastante alegre, do mesmo jeito que Rika sentiu falta dele durante sua viagem ele também sentiu muita falta dela. Desde que voltou esse foi a primeira vez que passaram o dia todo juntos e depois de todo aquele treinamento isso foi muito prazeroso.

— Hahaha! Acertei não foi? — Alicia começou a rir quando viu o rosto dele tremer com sua pergunta.

Vendo-a rindo fez Kishito achar melhor não falar nada, depois desse ultimo mês que ficou bastante tempo perto dela, o que o fez perceber como lidar com Alicia quando começava as provocações. Se ele tentar retrucar só vai piorar.

Enquanto os dois estavam conversando, Xia e Donovan entram na sala. Quando Kishito os viu, percebeu que a garota estava séria.

— Aconteceu algo? — Kishito perguntou a vendo séria.

— Recebi uma ligação do Sr. Hayama. — O olhar da Xia passou pelo Kishito e a Alicia quando continuou. — Ele me disse para…

Pririmrimrimrimrim!

Um alarme de incêndio tocou interrompendo o que Xia estava falando, todos os alunos que estavam na sala se levantaram, agitados com o sinal.

— O que está acontecendo? — Um dos alunos perguntou em meio ao barulho.

— A escola está pegando fogo! — Outro aluno gritou atiçando a preocupação e agitação dos outros.

Entre o barulho do alarme e a conversa dos alunos, uma aluna tentava chamar a atenção de todo mundo.

— Pessoal fiquem calmos, vamos agir de acordo com o treinamento.

A representante de classe tentava acalmar os alunos organizando eles para poderem sair da sala com segurança para o ponto de encontro em casos de emergência.

Mesmo com a representante tentando organizar tudo, um aluno ainda gritou querendo saber mais sobre o que estava acontecendo: — Alguém sabe onde está o fogo?

Essa pergunta deixou as pessoas confusas, pois, ninguém sabia onde estava pegando fogo para disparar o alarme.

De acordo com o treinamento de incêndio da escola, o representante precisa organizar os alunos na sala e esperar por um dos professores para levá-los por uma rota segura para fora do prédio.

— Vamos descobrir isso depois, por enquanto precisamos… — A representante ainda tentava organizar os alunos quando alguém gritou a interrompendo.

— É lá fora, a árvore do pátio que está pegando fogo.

O grito chamou a atenção de todos os alunos que foram para a janela ver a árvore pegando fogo.

Kishito estava com os olhos bem abertos olhando a árvore, mas a cena não era comum como parecia para todos estavam vendo. Entre a chama que cobria a árvore, ele viu mana fluindo e o fogo parecia estar somente em volta da dela não a queimando em si.

Olhando para a cena ele se lembrou do que Hidori, a garota com cabelos escarlates, lhe contou. Ela tinha lhe contado sobre a história da árvore que nasceu em meio ao fogo.

Agora olhando para essa árvore no meio da chama o fez sentir que algo estava estranho, ele não tinha escutado ou lido sobre nenhum evento como esse antes na escola.

 

*****

 

Paft.

— Você está bem? — Uma voz feminina perguntou depois de ver o tombo de um garoto.

O garoto caiu de cara no chão e quando se levantou seu rosto estava cheio de sujeira. Quando se levantou a garota começou a rir de seu rosto.

No entanto, o garoto não ficou irritado, ele viu a garota rindo e parou encantado olhando para ela. Nem ao menos se importando em se limpar.

— Se você não limpar seu rosto vai ser um pouco difícil que eu pare de rir. — A garota comentou em meio a sua risada.

O garoto rapidamente limpou o rosto olhando para a garota meio envergonhado sem saber o que dizer. Pegando o balde que caiu no chão.

O garoto parecia ser bem simples sem nenhuma característica muito marcante, ele tinha cerca de quinze anos e era um pouco baixo para sua idade. Seu cabelo estava desarrumado depois da queda, mas seus olhos tinham um brilho encontrado naquelas pessoas que tinham uma vida feliz e tranquila.

Isso não era para menos, pois, hoje estava mais feliz que o normal, apesar de algumas coisas não saírem como queria, ainda tinha dado tudo certo. A garota que estava ao seu lado agora era Shantia Iravani, uma garota que conhece desde criança.

Ela é uma garota normal no lugar onde moravam e não se destacava entre as outras, com uma estatura baixa e um corpo magro. Seus grandes olhos brilhavam mesmo depois que algo ruim acontecia, o cabelo vivia trançado e tinha uma cor amarronzada. Uma coisa que as pessoas sempre viam era o sorriso quando estava com seu amigo, Jahan Rouhani. Quando não está com ele, ela parecia está sempre triste.

Quando era criança Shantia não era assim, pois, estava sempre alegre, porém, quando fez dez anos era o tempo dela testar sua aptidão a magia passando por um ritual comum no lugar onde moravam, e lá descobriu que não poderia usar magia. Fadada a ser uma comum pelo resto da vida.

Isso foi um grande golpe para ela, e para piorar as pessoas do seu clã não se importavam mais com seu futuro. O tratamento dos pais não era o mesmo, pois, colocavam todas as esperanças no irmão mais novo que foi considerado um dos gênios do clã.

O lugar onde moram é afastado da cidade sendo controlado pela Aliança dos Cinco Clãs, uma aliança formada por cinco clãs guerreiros que viviam afastado do mundo, não se importando com o mundo exterior. Entre esses clãs estão o Clã Rouhani e o Clã Iravani.

A aliança foi formada no século doze para resistir as grandes guerras que se alastravam no país vivendo até hoje protegendo o território. O exército liderado pela aliança ganhou notoriedade ao marchar na guerra para expulsar os invasores. O que ninguém sabe foi o que aconteceu para depois da guerra em vez deles se expandir, decidiram fechar-se no próprio território morando em reclusão. No entanto, ninguém duvidava do poder da aliança depois de todo esse tempo.

Jahan é o jovem mestre do clã Rouhani, com seu status ele deveria ser respeitado na aliança, mas na verdade, era ao contrário. O clã era bastante respeitado na aliança, mas tudo mudou há três gerações atrás, na época de seu avô.

Na época, o avô de Jahan, Rostam Rouhani, era o mestre do Clã Rouhani e liderou o clã para proteger o território da aliança. Liderando um grupo com os guerreiros mais fortes do clã para a fronteira, no entanto, alguns meses depois seu avô foi o único a retornar para a aliança trazendo consigo uma pequena árvore que media um metro de altura.

Depois de seu retorno, Rostam foi interrogado pelo Conselho da Aliança, mas depois de dias de interrogatório seu avô voltou para casa e num canto do jardim do Clã Rouhani plantou a pequena árvore. Sobre o que aconteceu na fronteira e o por que dele voltar com essa árvore, apenas ele e o conselho sabem.

O conselho não fez nada contra o seu avô, no entanto, parou com as expedições e fechou ainda mais as portas da aliança. Com isso a aliança perdeu territórios, o que ocasionou a insatisfação de vários membros, porém, os membros ainda seguiram as ordens do conselho para se fechar em seu território.

Desde então Rostam Rouhani, passou a cuidar dessa árvore como um tesouro do clã e agora ele estava velho, por não poder continuar, entregou essa função para seu neto Jahan.



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