Volume 1 – Arco 1
Capítulo 9: A sala dos sonhos
Era de manhã dentro do prédio da Makuredan e algumas poucas pessoas ainda estavam trabalhando. O prédio de quatro andares depois de reformado foi dividido em quatro seções distintas para acomodar o disfarce usando o nome Limpo e Belo.
O térreo onde ficava o guarda Marcus tinha a aparência de uma entrada comum de uma pequena empresa, apenas um piso branco por todo o chão, enquanto um balcão se destacava.
No primeiro andar ficavam os escritórios onde a empresa realmente funcionava, o lugar apesar de uma fachada para a Makuredan precisava agir como uma empresa comum. E por isso ela funcionava no primeiro andar com funcionários que não sabiam sobre tudo. Eram pessoas normais que foram contratadas para trabalhar com os trabalhos de limpeza que a empresa realizava.
O almoxarifado ficava no segundo andar. Lá ficavam os produtos usados pela empresa junto com os equipamentos da Makuredan. O lugar era protegido por dois membros da Makuredan e ninguém além deles podiam entrar, apesar de que para os funcionários contratados eles pareciam pessoas normais, na verdade eram dois guerreiros de elite que foram treinados por Hayama e assumiram essa função.
A partir do terceiro andar nenhum funcionário da Limpo e Belo poderia entrar. O terceiro andar foi modificado para servir de alojamento para alguns membros da Makuredan, esses membros eram especiais por serem de grande importância para a organização então eles ficavam no alojamento para serem protegidos.
No quarto andar funcionava o escritório principal da Makuredan. Era lá por onde passava toda informação que era recolhida pelos membros e também de onde vinham as missões. Também era o local onde ficava a sala do senhor Hayama.
Tap, tap, tap, tap.
O som de passos soaram no corredor do terceiro andar, enquanto uma bela garota andava rapidamente, ela usava um pijama todo amarelo claro e seu cabelo castanho bagunçado indicavam que ela tinha acabado de acordar. Seus passos apressados e seu belo corpo chamavam a atenção das pessoas, mas ela nem se importava e continuava rapidamente.
Mais alguns passos foram escutados até ela parar em frente a uma porta e a abrir com uma chave. Aquela que tinha acabado de entrar no quarto era Castilho Alicia que parecia preocupada, fechando a porta logo depois de entrar olhava para Bianlai Xia que ainda estava dormindo na cama.
— Princesinha acorda que temos algo importante para te mostrar. — As palavras da Castilho Alicia soavam claras e tinham um tom amável que ela sempre falava com Bianlai Xia.
— Hum! Hoje é domingo! Me deixa dormir mais um pouco! — Bianlai Xia resmungava, enquanto se remexia um pouco na cama.
Castilho Alicia olhou pra ela e bufou indo para a cama. Ela subiu e ficou em cima de Bianlai Xia, chegando seu rosto perto do dela e disse baixinho:
— Tudo bem então parece que vou ter que sair com o Yago sozinha.
Essas palavras fizeram Bianlai Xia despertar e tentar se levantar rapidamente, mas por agir muito rápido Castilho Alicia não teve tempo de sair e elas acabam batendo a testa uma na outra.
Bou!
— Ai! — Alicia levantou o corpo, enquanto massageava a testa que estava vermelha e seus olhos cheios de lágrimas.
— Mas, o que você tá fazendo? — Xia disse depois que seu corpo caiu na cama e ela colocava a mão na testa e seus olhos quase fechados por causa da dor.
— Eu não esperava essa reação. — Alicia parou de massagear a testa, mas continuou em cima da Xia — Vamos! O senhor Hayama está nos esperando na sala.
Alicia se levantou, enquanto segurava a mão de Xia e a puxava para sair da cama. Sem se importar que ela estava de pijama, Alicia a levou pelos corredores até chegar numa sala de estar. Essa sala ficava no centro do terceiro andar do prédio e nele havia vários sofás espalhados.
Vários funcionários paravam nessa sala para conversar depois de acordar ou antes de dormir. A televisão de sessenta polegadas que ficava na parede vivia ligada em noticiários para manter a todos bem informados.
Quando as duas entraram na sala chamaram a atenção de todos que estavam lá. As duas garotas estavam de pijamas e a maioria das pessoas na sala eram homens, por mais que elas cresceram próximas a eles agora seus corpos não eram mais de crianças e acabavam tendo os olhares deles.
— Quantas vezes eu preciso dizer para vocês pararem de andar de pijamas por aí? — O senhor Hayama estava na sala sentado em um dos sofás vendo televisão, ele se virou pra garotas e continuou. — Vocês não são mais crianças precisam parar de agir como uma.
— Me desculpe senhor Hayama. — As duas se desculparam ao mesmo tempo.
— Hum! Xia você disse que pegou a alma do garoto? — Senhor Hayama encarava Xia enquanto perguntava.
— Sim senhor.
— Você consegue senti-lo na lâmina?
— Eu ainda não tentei senhor. Aconteceu algo? — Xia não entendia porque ele perguntava isso, mas ela começou a ficar nervosa com ele a encarando.
— Tente sentir a alma do garoto.
Xia fechou seus olhos e se preparou para se comunicar com a lâmina. Para se comunicar com a lâmina ela precisava se concentrar e entrar num estado de meditação. Ela tinha acabado de se desligar do mundo e entrado em sua mente, esse era o lugar mais confortável que ela poderia ficar.
Sua consciência estava num lugar escuro, não era o lugar que ela tanto temia, mas a entrada estava próxima, se ela ir muito fundo irá chegar no vazio. Ela estava na estrada e precisava usar seu poder para encontrar o caminho para a lâmina. Envolvendo-se com o poder das almas Xia era guiada até o portão da Sala dos Sonhos, um lugar onde todas as almas que a lâmina consumia dormiam até serem chamadas.
Usando sua consciência ela vagava em meio a várias almas que dormiam na Sala dos Sonhos, olhando para as várias almas que a lâmina tinha consumido ao longo dos milhares de anos Xia se sentia estranha. Homens, mulheres e até mesmo crianças dormiam deitados no nada como se estivessem em cima de uma cama transparente.
Em seus rostos uma feição tranquila de alguém que tinha belos sonhos. Andando pela sala Xia percebeu que demoraria algum tempo até poder encontrar alguém em meio a tantas almas.
— Se você está procurando pelo Kishito ele está ali! As almas que contém os fragmentos ficam separadas.
Xia olhou para trás e viu Laila parada apontando em uma direção. Ela estava usando o vestido vermelho e em seu rosto esboçava um grande sorriso.
— Você os separa?
— É claro! Eles fazem parte do meu acervo pessoal. — Laila se virou e saiu andando pela escuridão — Vamos eu te mostro onde ele está.
Xia seguiu Laila, enquanto ela passava por várias almas dormindo. Apesar da estranheza que sentiu, a Sala dos Sonhos também passava um sentimento de tranquilidade. Um lugar onde os mortos podiam descansar. Depois de um tempo andando Xia estava ficando ansiosa, enquanto Laila andava alegremente à frente dela.
— Por quanto tempo vamos continuar andando?
— Mais um tempo. Você está com pressa? O tempo aqui dentro é diferente do lado de fora.
— Eu sei, só não gosto de ficar perto de você.
— Hum! — Laila só assentiu e continuou andando.
Elas andaram por mais alguns minutos quando avistaram uma porta branca ao longe. A porta tinha cerca de três metros de altura e sua moldura brilhava com uma fraca luz azul, se não fosse por isso qualquer um pensaria que fosse uma porta comum.
— Nós já estamos chegando. — Laila avisou, enquanto continuava caminhando.
Mais alguns minutos e elas chegaram na porta. Laila logo a abriu e passou por ela seguida de Xia. Ao entrar Xia se deparou com um grande salão com colunas de ouro brilhantes, as paredes ao redor eram gravadas com vários símbolos desconhecidos por ela e no teto havia um grande globo amarelo que iluminava todo o salão.
No chão existia um jardim onde as flores serviam de cama para as almas descansarem. Diferente do lado de fora, neste salão as almas estavam no chão e distribuídas para formar um arranjo gigantesco que podia se ver que faltava ainda muitas almas para completar.
— Essa é a primeira vez que você vem aqui não é? — Laila via que Xia estava surpresa olhando ao redor e perguntou: — O que achou do lugar?
— Você preparou esse lugar? — Xia olhava ainda com surpresa a sua volta, aquela sala parecia ser cuidadosamente planejada. — O que pretende fazer aqui?
— Eu chamo essa sala de Arranjo do Primeiro Guardião. Durante milhões de anos eu impedi que essas almas possam seguir adiante e as prendi aqui para formar esse arranjo. Todas elas têm um fragmento do meu mestre e permanecerão aqui até que eu complete o arranjo.
Xia continuava olhando ao redor e vendo aquelas almas que eram tão importantes para Laila deitadas em cima das flores. Ela quase tinha esquecido o que estava fazendo ali, mas algo veio a sua mente e a fez perguntar:
— Minha... minha mãe também está aqui? — As palavras quase não saíram da boca de Xia que perguntava num tom triste.
— Sim. — Laila respondeu indiferente, enquanto começou a andar pela sala. — Sua mãe, seu avô, Kishito e outros portadores como você descansam aqui. Acho que não preciso dizer que um dia você também virá para cá.
Mesmo com tudo que Laila falou a única coisa que Xia ouviu foi sobre sua mãe estar ali. Ela não se importava com as outras pessoas, então ela continuou andando atrás da pequena garota. Ela tentou se conter, mas seus sentimentos a forçou a perguntar:
— Eu posso vê-la?
— Não. Você não está preparada pra isso além do mais você não está aqui para vê-la.
Laila andou mais um pouco, mas agora ela estava alegre de novo, enquanto Xia cabisbaixa a seguia. Até que Laila parou em frente a uma alma que parecia dormir tranquilamente com um sorriso no rosto.
— Aqui está ele, Hishima Kishito.