A Lâmina da Imortalidade Brasileira

Autor(a): Kanino

Revisão: Ana Paula, Zezin


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 8: De volta ao lar

Em uma rua pouco movimentada existia um pequeno prédio comercial de quatro andares, reformado há pouco tempo o prédio apresentava em sua fachada um letreiro de uma empresa de limpeza chamada “Limpo e Belo”.  

Diante desse prédio estava Bianlai Xia respirando apressadamente, enquanto tentava controlar o fôlego. Ela respirou profundamente e entrou no prédio.

— Parece que finalmente resolveu aparecer.

A voz era de uma homem que estava atrás de um balcão, ele estava vendo uma série de comédia na televisão. Quando ele falou com Bianlai Xia ele nem ao menos desviou o olhar para ela.

— Estou de volta!

O nome do homem é Marcus, ele é o guarda do lugar, ninguém entra sem ele saber. Mesmo com seus quarenta anos de idade ele tem uma aparência desleixada com a barba por fazer e um olhar de peixe morto.

Apesar de não parecer, ele era um dos homens mais fortes do lugar e possuía a confiança do senhor Hayama.

— O senhor Hayama disse que queria vê-la quando retornasse. Ele parecia irritado. — Marcus nem ao menos parava de olhar a televisão, enquanto falava.

— Obrigada, Marcus.

Bianlai Xia continuou a andar e pegou o elevador. Apesar de ter apenas quatro andares, um elevador foi instalado para transporte de carga, mas como nem sempre estava em uso ele também era usado para transportar pessoas.

Parando no quarto andar a porta se abriu uma bela garota apareceu e abraçou Bianlai Xia.

— Minha princesinha eu tava preocupada com você. — A garota soltou Bianlai Xia e olhou para ela preocupada. — O que aconteceu com você? Você está bem?

— Sim eu tô bem Alicia. Eu tô indo encontrar o senhor Hayama, te conto tudo lá.

— Tudo bem, mas é melhor se preparar porque ele tava com uma cara feia.

As duas garotas andavam pelo corredor em direção a sala do Hayama. Durante o caminho elas passaram por várias pessoas que ainda estavam trabalhando, sempre havia alguém trabalhando em qualquer hora do dia.

Enquanto passavam, vários homens olhavam para elas e Bianlai Xia sabia o porquê, era por causa de Castilho Alicia, mesmo a vendo todos os dias os homens ainda ficavam fascinados pela beleza da garota.

— Eu devo te dizer que meu irmão voltou hoje? — Castilho Alicia comentou descontraída.

— O-o quê? Ele já voltou? — O rosto da Bianlai Xia corou quando ela perguntou surpresa.

— Sabia que ia ficar assim. — Um leve sorriso apareceu no rosto de Castilho Alicia.

— Como assim?

— Você não me engana, toda vez que falo sobre meu irmão você tem essa reação.

— N-não sei do que está falando. — Bianlai Xia tentou ficar séria, enquanto continuava a caminhar.

Alguns metros depois e as duas pararam em frente a uma porta dupla de madeira, Bianlai Xia respirou fundo e bateu na porta.

Toc, toc, toc.

— As duas podem entrar.

Uma voz foi ouvida do outro lado da porta e as duas entraram na sala. Na sala elas encontraram duas pessoas, uma era um homem com cerca de vinte anos que estava sentado num sofá, o outro era um homem de quarenta anos em frente à janela olhando para o lado de fora.

— Essas são roupas de se apresentar em minha sala?

A voz grave do senhor Hayama fez o corpo de Bianlai Xia tremer. O senhor Hayama era o líder da Makuredan no Japão com seus quase dois metros de altura e seus cabelos grisalhos, seu rosto quadrado e olhar frio intimidava qualquer um que o encarava. Conhecido pela sua grande lealdade ele os lideravam com braços fortes durante a crise que estavam passando.

— Me desculpe senhor, eu apenas vim me reportar o mais rápido possível.  — Bianlai Xia apenas falou o mais direta possível sem ser mal educada.

— Sua roupa está toda rasgada e essas faixas, você devia ir falar com a dra. Lana. — O homem sentado olhou para Bianlai Xia preocupado e falou.

O homem sentado era Castilho Yago o irmão de Castilho Alicia. Ele era um dos principais guerreiros da Makuredan no Japão e era uma pessoa que protegia Bianlai Xia e Castilho Alicia. Seus cabelos castanhos e olhos azuis davam uma sensação de tranquilidade, ele normalmente usava roupas brancas em contraste com senhor Hayama que estava sempre de preto. A personalidade dos dois eram opostas como Yin e Yang, mas na maioria das vezes concordavam entre si.

— São só as minhas roupas, eu não tenho qualquer ferimento. — Bianlai Xia respondeu com seu rosto vermelho.

— Eu pensei ter deixado bem claro pra você não sair sozinha e agora você aparece desse jeito. Você deixou Alicia e Donavan para trás e sumiu, o que aconteceu? Não me diga que foi atrás daquele garoto de novo. Ou foi? — Hayama falava tranquilamente, mas sua voz pressionava Bianlai Xia por respostas.

— Me desculpe senhor.

A resposta de Bianlai Xia se desculpando foi o suficiente para senhor Hayama perceber que ela foi atrás de Kishito.

— E o que aconteceu? Ele não seria capaz de fazer isso com você? — Senhor Hayama queria mais respostas.

Bianlai Xia começou a contar sobre como foi emboscada por Yuki e foi salva por Hishima Kishito quando estava inconsciente. Ela contou sobre ela tentar convencê-lo a esquecer e que ele foi atrás dela no beco. Ela também contou que foi derrotada pelo Yuki e a tentativa deles de escapar, como Yuki foi derrotado por Hishima Kishito e seu estranho poder.

Um pouco sem jeito ela contou que sugou a alma dele quando ele estava morrendo e depois foi embora deixando Hishima Kishito lá no beco.

O senhor Hayama nem ao menos se virou, enquanto ouvia a história de Bianlai Xia e apenas continuou olhando pela janela. Quando ela acabou de contar ele foi o primeiro a falar:

— Vá descansar! Amanhã te darei sua punição pelo que houve hoje.

— Sim senhor. — Bianlai Xia apertou os dentes e saiu da sala seguida por Castilho Alicia que apenas se despediu.

— Você vai puni-la depois de tudo que aconteceu hoje? Não acha que foi o suficiente o que ela passou? — Yago perguntou para o senhor Hayama logo depois das duas saírem.

— Ela me desobedeceu. Mesmo que seja a portadora ela precisa seguir as regras. É o único jeito de protegê-la.

— Você tem um jeito estranho de protegê-la.

— Esse é o jeito certo.

*****

Kiyomoto Kaiba estava sentado próximo ao balcão da lanchonete, era de madrugada, mas o lugar estava agitado. Um grupo de adolescentes fazia muita bagunça no lugar, eles tinham acabado de sair de uma festa pelo jeito. Eles estavam bastante animados.

Já para Kiyomoto Kaiba era seu horário de trabalho, hoje de acordo com sua escala de trabalho ele está de madrugada junto com seu parceiro. A noite estava bem tranquila e por isso ele veio comprar uns lanches, perder uma aposta significava pagar o lanche e essa era sua vez. Era a terceira aposta seguida que ele perdia, seu time do coração não estava indo tão bem esse ano.

— Dois combos pra viagem é de quem?

A garçonete trazia uma bandeja com os lanches e perguntava de quem era. Kiyomoto Kaiba se levantou e acenou pra garçonete que veio em sua direção.

— Oh Kaiba-san eu não sabia que estava aqui. Como tá Suzu-chan? Ela já tá andando?

— Ela está bem, está começando a andar ainda, mas já faz uma grande bagunça lá em casa.

— Nessa idade é normal, e a Sakura-san já voltou a trabalhar?

— Sim já voltou, a minha sogra tá ajudando lá em casa já que nossos horários são diferentes.

— Ter uma criança em casa anima bastante né?

— Não só anima como cansa também, mas é uma maravilha.

— E cadê o seu parceiro Yuki-san? Vocês não estão juntos hoje?

— Ele tá lá fora esperando no carro.

A garçonete olhou pra fora da loja e perguntou a ele:

— Onde? Eu não tô vendo o carro.

Kiyomoto Kaiba se virou para ver o carro, mas não havia nada lá. O carro de polícia era pra estar estacionado na frente da lanchonete, foi ali que Yuki parou.

"Será que aconteceu algo com o Yuki?"

Desesperado, Kiyomoto Kaiba se levantou e saiu da lanchonete. Ele começou a olhar em volta procurando o carro, mas não encontrou nada. Puxando seu celular ele começou a ligar para Yuki.

Tuu... tuu... tuu...

O telefone tocava, mas ninguém atendia. Kiyomoto Kaiba desligou e ligou pra um outro número, a voz no outro lado do telefone lhe atende alegremente:

— E aí Kaiba-san qual é boa?

— Sakamoto-san você pode localizar o Yuki pra mim?

— O que houve?

— Ele sumiu, de repente saiu sozinho e não tô vendo ele.

— Dá um minuto.

Kiyomoto Kaiba ficou no telefone enquanto aguardava a resposta de Sakamoto. Ele estava ficando impaciente quando ouviu barulhos de tiros que vinham de longe. Sakamoto no telefone começou a falar meio nervoso:

— Yuki-san está a dez quarteirões a leste daí, vai rápido porque eu ouvi tiros pelo rádio.

— Obrigado Sakamoto-san.

Kiyomoto Kaiba desligou o celular e correu para onde estava vindo o barulho dos tiros. Seu condicionamento físico não era um dos melhores, mas essa corrida tinha muito em jogo, seu parceiro estava em perigo e ele precisava chegar logo ao local.

Depois de alguns minutos correndo Kiyomoto Kaiba chegou aonde estava o carro de polícia. O carro estava parado em frente  um beco onde o vapor estava por todo o lugar. Kiyomoto Kaiba entrou no beco, mas não conseguia enxergar direito.

Ele foi andando pelo beco empunhando sua arma, observando todo o lugar a cada passo. O vapor ia desaparecendo e as marcas no beco começaram a aparecer. A destruição estava por todo o lugar, cortes nas paredes, buracos no chão, pregos e um pó branco espalhado.

Mais a frente Kiyomoto Kaiba viu dois corpos no chão e ele corre até eles. Ao ver que um deles era Yuki ele logo checou se seu parceiro estava vivo. Rapidamente ele pegou seu celular.

— Sakamoto-san preciso de uma ambulância na minha localização, Yuki está ferido.

— Tudo bem estou enviando. O que aconteceu?

— Eu não sei, mas Yuki está desmaiado no chão, parece que o cortaram com uma lâmina quente. — Kiyomoto Kaiba checou a pulsação do outro homem e continuou. — Tem mais um homem aqui, ele também foi cortado, mas ele não aguentou.

— Droga Kaiba-san o que será que aconteceu aí?

— É uma boa pergunta.

Kiyomoto Kaiba estava ao lado de Yuki quando a ambulância chegou, os paramédicos agiram rápido, prestaram os primeiros socorros e já estavam preparando Yuki para o transporte. Depois de tudo preparado um dos paramédicos andava em direção ao outro corpo.

— Ele está morto, quando cheguei não pude fazer nada por ele.

As palavras de Kiyomoto Kaiba soaram tristes e o paramédico olhou para o policial que agora estava sentado no chão encostado na parede. Ele pôde sentir que ver seu parceiro daquele jeito abalou o policial, mas ele precisava checar o outro homem, aquilo fazia parte do seu trabalho.

Mesmo que Kiyomoto Kaiba não está acostumado com isso, para o paramédico isso era um dia normal.

Do lado do outro homem o paramédico se agachou para checar a pulsação, ele ficou lá alguns segundos imóvel. Sem identificar se aquilo era verdade ou não ele levantou a cabeça e gritou:

— Chame outra ambulância! Esse homem tá vivo, mas sua pulsação está muito baixa!

Kiyomoto Kaiba se levantou o mais rápido que pôde e foi em direção ao paramédico.

— Você tem certeza?

— Sim, se formos rápido poderemos salvá-lo.



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