Volume 1

Capítulo 13: Espreitador

O Sol surgiu forte para esquentar a atmosfera estranha daquela manhã, Colth e Aldren saíram de seu apartamento rumo ao restaurante, onde encontrariam Garta, a exemplo do dia passado, mas foram surpreendidos assim que deixaram o prédio da moradia improvisada.

Encontraram Garta acompanhada de Celina, esperando por eles, frente à alfaiataria da Runa.

— O que estão fazendo aqui? — perguntou Colth surpreendido. Após a conversa com o Gerente no dia passado, não imaginou que veria Celina tão cedo.

— Uma mudança de planos, nada mais — respondeu Garta sem demonstrar qualquer sentimento que pudesse ser lido.

— Como você está? — Aldren disse em encontro a Celina.

A garota respondeu com um simples sorriso tímido enquanto o rapaz irradiava a sua felicidade corriqueira.

— Vamos. — Garta, como de costume, liderava secamente.

Logo começaram a caminhar em meio a rua estreita pouco movimentada. Mesmo sendo um horário onde os moradores locais estavam se locomovendo para os seus trabalhos, as ruas paralelas se mantinham bem vazias, dificilmente eram usadas.

— O restaurante não fica para lá? — perguntou Aldren.

— O restaurante fica para lá, sim. E daí? — Garta respondeu em tom vazio. — Não vamos para lá.

— Mas e a sua “pesquisa” com a Celina?

— Ordens mais importantes devem ser cumpridas antes. —respondeu a líder convencida.

Continuaram pelas apertadas ruas do Norte enquanto os ventos mudavam de direção, o calor intenso daqueles dias parecia estar prestes a acabar, não era para menos, o verão estava no seu fim.

Colth acelerou os seus passos para chamar a atenção do restante do grupo, ainda estava confuso quanto a presença de Celina ali, mas deixou isso de lado por um momento.

— Qual é esse trabalho de última hora, Garta?

— Vamos investigar uma coisa. — Fingiu não se importar e manteve os passos.

— Investigar? — sussurrou Colth. Imaginou que possuía a resposta para a pergunta em relação a Celina, mas preferiu, de todo modo, confirma-la. — Por isso trouxe ela, não foi?

— Isso — hesitou a guardiã na resposta, mas cedeu. — Celina vai me ajudar a investigar.

Colth sorriu ao ter seu orgulho justificado, não poderia ser chamado de tonto agora, mas logo mudou a sua expressão quando percebeu Garta revirando os olhos com desdém em resposta.

— O quê? O que foi? — perguntou ele contrariado e foi duramente ignorado.

O grupo andou por mais alguns poucos minutos até pararem em meio a uma viela próxima ao muro fronteiriço da Capital, Colth reconheceu aquele lugar, novamente estava na loja de velharias.

— O que vamos fazer aqui? — Aldren até tentou, mas Garta não deu ouvidos à sua pergunta.

A mulher já abria a porta de metal do velho prédio. Assim que passou pela entrada, foi imediatamente recepcionada pela fala do velho atrás do balcão ao fundo.

— Garta! Que bom rever você. — A recepção em tom animado do lojista soava novamente forçada.

— Sem gracinhas, Frederic. Não estou com muita paciência hoje. — Garta respondeu deixando os outros três colegas para trás e se afundando na loja. O restante do grupo a seguia com olhos curiosos sobre os artefatos soterrados por poeira e teia de aranha contidos nas prateleiras.

— Você nunca está com paciência, não é? Não encoste nas mercadorias! — O grito repentino do velho repreendia Aldren, que estava prestes a tocar em um dos bens expostos, ecoou fragilmente pela construção escura.

O objeto que brilhava aos olhos do rapaz curioso, era uma bela adaga de lâmina azul brilhante. Com detalhes em vermelho na sua empunhadura, aquele objeto chamava a atenção e se destacava em meio a tanta porcaria. Aldren deu um passo para trás e baixou a mão boba imediatamente.

— Desculpa — disse com um sorriso amarelo no rosto.

Celina continuou observando a bela lâmina mantendo distancia enquanto Colth e Aldren se aproximavam a passos lentos do balcão. O homem grisalho com uma cicatriz de corte na bochecha se voltou para Garta e continuou a sua conversa com a mulher:

— Vejo que trouxe sangue novo — disse ele apontando com o queixo para os que se aproximavam.

— O quê? — Garta se virou minimamente surpreendida. — Eu não disse para vocês ficarem lá na entrada?

— Não. Não disse — respondeu Aldren enquanto varria as mercadorias atrás do balcão com os olhos.

— São de fora, né? São, com certeza — o lojista pensou alto com olhares julgadores para cima da clientela. Celina se juntou ao grupo e também ganhou olhares curiosos do lojista.

— Essa sua capacidade de dar os palpites certos, sempre me irritam, velho — Garta se debruçava sobre o balcão com o rosto mais fechado do que o normal.

— Não são meros palpites, criança. São os olhos. Os olhos revelam tudo. — O velho gesticulava com as mãos. — Venham aqui, se aproximem. Me deixem vê-los.

Com um pouco de hesitação, os três deram alguns passos em direção ao homem excêntrico.

— É claro que ele vai se exibir... — sussurrou Garta entortando o rosto.

— Os olhos desse rapaz, por exemplo. — O lojista olhava fixamente para Aldren. — Compaixão, bondade, um resquício de ódio, e um breve... sentimento de aprisionamento?

Aldren se espantava enquanto era observado de perto pelo homem. Arregalou os olhos ao passo que os outros a sua volta duvidavam das palavras ditas. Imediatamente, com um esquivar para trás, se distanciou rapidamente do lojista.

— ... — O rapaz ficou em silêncio encarando o velho enquanto os outros estranhavam a situação.

— Então você é igual ao Aldren? — perguntou Celina impressionada. — Consegue ver o que as pessoas pensam e sentem só de observar os seus olhos?

— Quem é essa, Garta? — O lojista não acreditou na sinceridade da garota e estranhou veemente — Mais uma maluca para o seu grupo?

— Para de palhaçada — Garta arrancou o assunto pela raiz. — Aí, não fiquem impressionado com esse charlatão, todo mundo aqui se sente aprisionado, estamos literalmente cercados por muro. Frederic mal sabe ler palavras, muito menos ler o que os outros estão pensando.

— Quanta amolação — respondeu descontente. — Me pergunto quantos dias eles vão conseguir te aturar, Garta — retrucou o lojista em deboche.

— Isso não é da sua conta. Agora, me diz que você tem alguma coisa que vale a minha vinda até aqui — disse ela apoiando-se no balcão de forma entediada. — Eu não vim para você ficar apenas se exibindo com essas bobagens, né?

— Aff. Por que eu ainda me impressiono com você? — se perguntou Frederic ao se abaixar atrás do balcão. Voltou com um objeto grande, algo como uma caixa coberta por um pano branco. — Aqui está.

Colocou a peça sobre o balcão, despertando a curiosidade de todos os outros. Em seguida, puxou o pano que cobria a superfície da coisa, revelando do que se tratava.

— O que é isso? — Garta se manifestava descontente ao ver uma gaiola para pequenos animais diante de seus olhos.

Dentro das finas grades de metal, um pássaro, parecido com um corvo, observava atentamente tudo ao seu redor.

— Alguns homens, funcionários da fábrica de sapatos, capturaram essa coisinha enquanto trabalhavam. Ele estava parado sobre o letreiro da faixada da fábrica.

— Hmm. — Garta demonstrava o seu desinteresse e até desprezo pelo assunto. — Você deve ter enlouquecido de vez. O que tem demais em um corvo imundo?

— Olhe mais de perto, criança. Isso não é um corvo. — As palavras do homem fisgaram a atenção de Garta que admitiu olhares sobre a gaiola. Frederic continuou a falar enquanto ela analisava o suposto animal dentro das grades. — Ele estava sobre o letreiro, como eu havia falado, mas aí é que vem a coisa bizarra. O pássaro estava lá, há mais de três dias. Direto, sem interrupção. Os funcionários da fábrica fizeram uma aposta, ou coisa parecida. Enfim, um deles achou que o animal era adestrado e que poderia conseguir alguns trocados.

— E você comprou? — Aldren se intrometia na conversa.

— É claro que eu comprei. Não é todo dia que se pode comprar uma criatura sombria por apenas cinquenta malpezas.

— Cr-criatura sombria? — A surpresa do rapaz foi compartilhada por Colth. — Está me dizendo que isso é uma criatura sombria? Não. É pior do que isso. Está me dizendo que tem criaturas sombrias dentro dos limites da Capital?

— É o que parece — o lojista respondeu convicto.

— Celina? — Garta deu espaço para a garota calada se aproximar e analisar o pássaro.

— Eu achei que as criaturas só apareciam do lado de fora da capital. — disse Celina sem conclusão aparente enquanto observava de perto a gaiola. Com o seu costumeiro ritual pensativo, o polegar sobre os lábios e o olhar certeiro, tentava chegar a alguma conclusão.

— Isso significa que a capital não tem toda essa luz que dizem ter? — Colth fazia uma pergunta que todos os outros achavam trivial.

— É claro que não, Colth. Isso não passa de historinhas que a igreja da Capital conta para se sentirem superiores as outras cidades. — A resposta de Aldren não surpreendeu ninguém.

— Realmente, parece uma criatura sombria — Celina confirmou as suspeitas.

— É claro que é uma criatura sombria! — O velho lojista respondia aborrecido mesmo sem ser contrariado. — O que é ela, mesmo? Uma especialista em criaturas sombrias?

— Deixa ela pensar, Frederic — Garta rebateu a pergunta ironizada de forma séria.

  — Se uma criatura sombria está dentro dos limites da cidade, então significa que pode haver outras? — Celina tomou a frente com o seu próprio pensamento sussurrado.

— Então, realmente... — Garta pensou alto após ficar minimamente surpresa com aquela dedução. Continuou em um tom hesitante, quase como se pedisse um conselho: — Nunca antes foi avistado uma criatura sombria na capital, e agora podem aparecer mais? Você acha que isso é realmente possível, Celina?

— Eu não sei se podem ter mais, mas não podemos descartar essa possibilidade. — continuava ela pensativa ao se voltar para Garta. — Além disso, essa é bem pequena. Fora da capital, há enormes criaturas que assustam, afugentam, e até acabam com vilarejos inteiros. Se um desses aparecer na capital...

— Seria um desastre completo — concluiu Garta. — Velho, mantenha isso em segredo. Eu preciso falar com o Gerente sobre.

— Tá, claro. Não esqueça que vocês me devem cinquen... Não. Duzentas malpezas pela criatura.

— Você tinha dito cinquenta antes. — Aldren sem pensar.

— Eu sou um lojista, não uma casa de caridade — respondeu o velho sem piedade.

— Claro, Frederic. Eu vou providenciar o seu dinheiro — Garta encerrou a discussão e acenou para os colegas se apressarem. — Vamos.

— Além do dinheiro, eu vou querer uma mesa no Gato Implacável. Eu vou jantar muito bem amanhã. — O comerciante sorria em felicidade plena.

Deixaram o estabelecimento ainda pensativos. Garta caminhou com o grupo calada e, após passar por algumas vielas vazias em retorno a praça do restaurante Gato Implacável, se depararam com uma dupla de policiais, distantes à frente.

— Droga — Garta sussurrou em revés. Ela segurou o passo do grupo e brandiu as mãos para que todos ficassem atentos.

Os policiais uniformizados pareciam cumprir ordens de averiguar os apartamentos e os moradores daquela rua. Batiam nas portas e faziam perguntas aos moradores.

— O que foi?

— Quietos — ordenou Garta ao abaixar-se atrás de uma grande lixeira sobre a calçada.

Os outros três do grupo seguiram a líder. Ela observava os oficiais do outro lado da rua de forma pensativa.

— O que foi? — Aldren se manifestou novamente impaciente.

— O que eles estão fazendo aqui? — perguntou Garta.

— Os policiais? — Colth não pensou além. — Devem estar procurando um devedor de imposto, ou eu sei lá.

— Não. Não aparecem policiais assim por aqui. Eles mal se importam com essa região — retrucou Garta tentando solucionar o mistério enquanto observava a sua volta. — Eles devem estar procurando por alguma... — A mulher calou-se ao se dar conta de onde estava.

— Vamos só sair daqui e dar a volta... — disse Aldren ao vento.

— Hã? O que foi, Garta? — Colth percebeu o espanto nos olhos dela. Se fixava no prédio do outro lado da rua.

— Esse aqui é o esconderijo do Oskar.

— Aquele da parede de tijolos falsos?

— Isso. Aquela viela fica atrás desse prédio. — Garta parecia apreensiva e até assustada.

— Quem é Oskar? — perguntou Aldren para ser ignorado.

— Venham. — Garta caminhou se espreitando até a porta da casa de tijolos de que falavam.

A guardiã bateu na porta de uma forma bem especifica e esperou com seu grupo desconfiado. Os policiais seguiam as suas averiguações de casa em casa, e se aproximavam dali.

— O que você está fazendo, Garta? — sussurrou Aldren inquieto.

— Não podemos deixar eles aqui. Vão acabar sendo presos.

— Eles? Eles, quem?

Antes que a resposta retornasse, a porta se abriu. Uma mulher com um sorriso simpático os recebeu, mas antes que pudesse dar as boas-vindas, Garta se atirou para dentro da casa e gesticulou com as mãos para acalmar a moradora.

— Espera, Garta. O que você... — Colth se surpreendia com a atitude. Ele e os outros também adentraram pela sala da pequena casa.

— Shhh. — Garta colocou o dedo indicador atravessando os seus lábios enquanto fechava a porta da entrada da casa.

— Garta, o que... — A moradora sussurrava buscando respostas. Os outros três ficaram mais aliviados ao saber que a mulher tinha a guardiã como conhecida, mesmo que isso não explicasse nada.

— O que aconteceu, querida? — Perguntou o marido junto de sua filha ao entrar pela sala vindos da cozinha.

— Iara, Senhor Figo. Que bom que estão aqui. — Garta mostrou o seu alivio no rosto e na voz.

— Garta e o homem da caixa — disse a garota abrindo um sorriso enorme ao reconhecer as visitas intrusivas.

— Você conhece esse...

— Não temos tempo para isso, senhor Figo. — Garta interrompeu o bom humor e as apresentações com o seu tom sério emergencial. — Onde está o Oskar?

— Ele foi para Lagunia, deve voltar em uma semana.

— O quê?... — Garta estranhou. — Não importa. Tem dois policiais vindo, vocês precisam se esconder imediatamente — reforçou a urgência.

— A polícia? O que eles... — disse a esposa abraçando a filha em pavor.

— Eu não sei. Mas vocês precisam se esconder agora.

— E se saíssemos pela passagem secreta da viela dos fundos? — sugeriu o morador.

— Não. — Garta recusou balançando a cabeça. — Não sei se há mais policiais por aí.

— Entendi. Então, o porão.

— Isso. Vamos.

Imediatamente todos atravessaram a sala e a cozinha para chegarem à porta que levava até as escadas do porão. O lugar era minúsculo, úmido, e fedia a bolor de tal forma que irritava o nariz de qualquer um, mas era o suficiente. Além disso, uma coisa brilhante sobre o armário velho do cômodo chamou a atenção de Garta.

— Então é aqui que você esconde, Oskar? — Garta sussurrou para si mesma enquanto se esticava para alcançar a superfície de cima do móvel.

— O que é isso!? — Colth se espantou ao ver a mulher carregando um mosquete de pólvora em direção as escadas para voltar ao térreo.

— Nunca se sabe. — Ela passou ignorando a expressão de terror dele.

— Nunca se sabe?... — Colth percebeu que o mesmo pavor em seu rosto estava estampado no rosto da criança que era abraçada pelos seus pais. Ele disfarçou o seu medo e tentou mostrar confiança. — Não se preocupe, estamos seguros aqui. — Sorriu falsamente em direção ao fundo do porão.

— Eles já estão aqui! — exclamou Garta em voz baixa no alto da escada enquanto visualiza o exterior da casa por entre as cortinas da janela.

— A polícia? — perguntou Aldren ao se aproximar de Garta. Havia percebido o pavor no rosto da família e não soube reagir ou mesmo ficar junto a eles no porão.

— É claro que é a polícia. Quem mais seria? — Garta estava aflita e suas palavras mostravam isso. Ela não tirava os olhos da pequena abertura que lhe dava a visão de alguns homens fardados andando pela rua carregando seus mosquetes.

— O que fazemos agora? — perguntou Colth sem saber o que prever. A família ilegal continuava aflita enquanto os colegas se juntavam nas escadas entre o porão e a cozinha.

— Parece que estão em um grupo de quatro pessoas. — Garta narrava o que observava. — Estão passando de casa em casa, em dupla, uma dupla de cada lado da rua. Bem armados com mosquetes Sathsai.

— Mosquete Sathsai?! — estranhou Aldren. — Por que a polícia precisaria de algo assim? Isso derrubaria um cavalo com apenas um disparo.

— Se estão bem armados, é por que esperam resistência. — Celina tocava os seus lábios com o seu polegar enquanto pensava alto. — Eles já sabem que há uma força contraria ao império aqui e, provavelmente, que há um esconderijo. Um informante...

— Informante? — Aldren se espantou.

— É o que parece, mas isso não importa agora. — Assim que Garta terminou suas palavras, ela se virou bruscamente para o grupo a suas costas. — Estão vindo pra cá.

— O que vamos fazer? — perguntou Colth tomando cuidado para não deixar transparecer o seu nervosismo com a situação.

— É só ficarmos quietos e escondidos aqui no porão e fingir que não tem ninguém em casa — Aldren exprimiu a sua ideia.

— Não. Eles derrubariam a porta. Parecem bem desesperados para acharem algo. — respondeu Garta.

— Podemos apagar eles. Uma dupla de cada vez, não vai ser muito difícil. — Aldren trouxe uma segunda alternativa.

— Apagar? — Colth rebatia as palavras do colega, mas ninguém lhe deu ouvidos.

— Não — negou Garta novamente. — O sumiço de dois, ou quatro, oficiais da polícia só traria mais deles pra cá...

O som do bater na porta vinha da entrada da casa e apressava as palavras de Garta.

— Vamos enrolar eles. — disse aceitando a sua própria ideia que tinha em mente. — É uma casa comum. Celina e Aldren vão se passar por moradores da casa enquanto o Colth e eu nos escondemos e damos apoio, caso as coisas saiam de controle.

— Moradores normais? Você tá brincando? — Aldren desgostava da ideia, mas Garta respondeu apenas brandando a cabeça.

— Não se preocupe, nenhum deles vai reconhecer a Celina. —tentava convencer o seu grupo. — Esses policiais são de baixa patente, mesmo que a Defesa esteja atrás da guardiã, duvido que eles saibam.

A batida da porta apressava a tomada de decisões. Aldren e Celina aceitaram conjuntamente os planos de Garta, não havia muito mais o que poderiam fazer.

O último a aceitar a ideia foi Colth. Com olhares nervosos, eles partiram rapidamente para subirem os degraus restantes que dariam acesso ao térreo da casa. Rapidamente, empurraram uma das várias estantes da cozinha frente a porta que dava acesso ao porão de modo a esconde-la.

— Aqui, Colth. Pega isso. Não dá para saber o que pode acontecer. — Garta entregou uma faca retirada da gaveta da cozinha ao colega.

Colth engoliu seco aceitando o objeto como sua arma. Imaginou que não usaria, afinal, Garta tinha um mosquete. Só precisaria usar aquela lâmina em último caso, era o que ele pensava assim que segurou o cabo de madeira do utensílio.

Celina e Aldren se aproximaram da porta da entrada da casa e esperaram, para que Colth e Garta entrassem e se escondessem nos dois armários na sala. Um em cada extremidade do cômodo da entrada, eles se esconderam e esperaram.

As batidas na porta aumentavam.

— Aqui é a polícia da capital! É o último aviso! Abram a porta ou, seremos obrigados a usar a lei. — A voz masculina se impunha do lado de fora da casa.

Sem ter mais tempo, Aldren respirou fundo e, ao lado de Celina, girou a maçaneta após destranca-la. Abriu a porta gentilmente para visualizar dois policiais impacientes.



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