Volume 1

Capítulo 22: BlackJack

Afreim estava nervoso e suava frio enquanto encarava o Dealer, que entregava as cartas devagar. Por outro lado, Sienna que estava ao seu lado nem mesmo piscava.

O homem então explicou rapidamente as regras do BlackJack

O objetivo do jogo era derrotar o Dealer. E para realizar tal façanha, era necessário possuir uma mão mais elevada que a da mesa, mas não poderia passar do número 21. Em compensação, você poderia ganhar se sua mão for menor que 21, mas a do Dealer também for.

O Às possuia o valor de 1 ou o valor de 10, os restantes das cartas tinham um valor fixo. Que ia de 2 até 10.

Os outros homens sentados a mesa encaravam o rosto do novato, Afreim, com sorrisos de zombaria. Eles já estavam jogando aquilo desde que foi lançado o jogo no Cassino, mas nunca conseguiram ir muito longe; ganhar um bom dinheiro.

Terminando de explicar as regras, valores de cada carta e nomenclaturas, os homens na mesa começaram a apostar as suas fichas, mas Afreim percebeu que ainda não havia pego nenhuma. 

Ao perceber isso, os jogadores soltaram risadas alegres. Sienna nem mesmo notou isso, pois os seus olhos focavam apenas na mão da mesa que embaralhava as cartas com precisão, demonstrando estar habituado a isso.

— Senhor, não se preocupe. Pedirei que alguém lhe traga algumas fichas — disse o Dealer gentilmente. Ele estava sendo pago para isso. 

Logo, uma das beldades surgiu e entregou-lhe as fichas, seguindo o seu caminho com um bocado do dinheiro de Afreim.

— Bem.. então podemos começar?

O Dealer passou a entregar as cartas e Sienna abriu um pequeno sorriso, pois notou que ele utilizava apenas um único baralho. 

Terminado o processo, a mesa ficou dessa forma. Cada homem recebeu um par de cartas e a mesa também. Graças as regras do salão, caso a mesa vencesse receberia bem mais que os homens, então eles estavam praticamente disputando entre si.

As cartas dos jogadores foram viradas para cima. No caso do Dealer, apenas uma carta ficou virada para cima. A carta da mesa era um 5 comum, então os homens começaram a planejar os seus jogos enquanto Sienna os observava com cuidado. Afreim apenas ficou parado ainda suando frio.

O jogo de Sienna valia um total de 17 pontos e nenhum dos outros homens tinha jogos muito diferentes. 

A mesa puxou mais uma carta, sendo outro 5 e parou por ali. Os homens fizeram as suas jogadas e a vez de Afreim chegou. Ele olhou para a Sienna que apenas acenou com a cabeça para cima e para baixo.

Afreim então puxou uma carta, chegando ao número 19, alguns homens passaram do 21 e outros ficaram próximos do número 20 e estavam satisfeitos, e assim foi feito.

O Dealer puxou a sua mão, terminando no número 20. Sienna e Afreim perderam. Os jogadores deram risadas, mas as apostas não terminaram. Afreim e Sienna continuaram jogando, possuindo uma taxa de vitórias baixas.

Até que em um certo ponto do jogo, Sienna deu um chute na perna de Afreim. 

— Aí! — exclamou o homem que foi encarado pelos demais. — Me desculpem! 

— Tsk! — Um outro clicou com a língua e voltou a sua atenção para as cartas.

— O que foi, garota? 

— Aposte mais.

— Hã?! Por quê? 

— Só aposte logo!

Com todos olhando para dupla, Afreim só seguiu as ordens de Sienna. 

O homem deu as cartas, Sienna olhou os jogos e Afreim apostou. De primeira, Afreim pegou uma carta o número foi perfeito 21. 

— Sorte de iniciante! — latiu um dos apostadores, um homem velho e magricelo.

— Hehe! Deve ser!

Logo, a taxa de vitória de Sienna e Afreim continuou a aumentar cada vez mais. Eles pararam de perder dinheiro e começaram a ganhar, chamando não só a atenção das demais mesas como também dos trabalhadores do Cassino

— Parabéns! Mais uma vitória! — exclamou o Dealer, entregando as fichas para Afreim que agora ria alegre.

Os jogadores há muito já haviam sido trocados e uma multidão começou a se formar ao redor da mesa de BlackJack.

— Nossa! Eles são incríveis. Nunca vi alguém ganhar tanto esse jogo! – comentou um deles.

— Realmente. Esse cara aí tem uma mão de ouro — respondeu outro.

De repente, um homem vestindo roupas caras se aproximou da mesa e sentou-se para jogar. Ele puxou um grande saco de fichas e apostou tudo de uma vez.

— Hey... Esse cara não é um Sultão do Leste? — disse o que havia comentado anteriormente, apenas para receber um olhar frio do homem rico.

Afreim engoliu seco ao ver a bolada na mesa, mas Sienna nem piscou. A mesa puxou as cartas, sendo uma Às que valia 10 ou 1 para a mesa, duas cartas que valiam 10 para o homem rico e dois 5 para Sienna e Afreim.

As pessoas engoliram seco e começaram a discutir sobre as chances. Os olhos de Sienna piscaram, cheios de um vermelho profundo e ela deu um chute na perna de Afreim.

Uma das beldades que observava notou o chute que Sienna deu e prestou muita atenção na jogada.

O rico homem pulou a vez, vendo a vitória em mãos, a mesa comprou outra carta, sendo essa outro Às, criando um clima tenso no lugar. A vez de Afreim chegou e ele comprou uma carta. Sendo essa outro 10.

Afreim suspirou aliviado, pois empatou com o homem, então os riscos de perder tudo diminuíram bastante. Sienna, por outro lado, quis ir em frente. Ela deu outro chute no comerciante, obrigando-o a continuar apostando.

Pressionado, Afreim não teve escolha e decidiu pegar outra carta. A multidão reunida engoliu seco, mas Sienna estava calma como um lago tranquilo.

A carta foi puxada e o Dealer, que sempre pareceu um homem calmo, exclamou:

BlackJack! É impossível! Quais são as chances?!

Afreim acabou tirando outro Às do baralho. A multidão entrou em loucura e o homem rico bateu na mesa de jogo com raiva.

— Eles estão roubando! Isso é impossível. Devolvam minhas fichas! 

— É impossível, senhor. Eu mesmo embaralho as cartas. — comentou o Dealer. 

Contudo, ele foi ignorado pelo raivoso.

Ele bufava em fúria, quebrando tudo pelo caminho e partindo para cima de Afreim, derrubando-o no chão.

 Sienna foi jogado no chão e um luta generalizada começou no salão, sendo só interrompida pela beldade que observava tudo. Ela agarrou o rico pelo pescoço e lhe deu um golpe, desmaiando o homem.

Logo um outro grupo de mulheres levaram o homem para o lado de fora.

— Senhor, pedimos desculpas pelo ocorrido — disse a mulher com um belíssimo sorriso no rosto. — Como compensação convido-o para a área Vip do estabelecimento. Poderia me acompanhar?

Ela estendeu os braços na direção do lugar que tinham como principal objetivo. Afreim recolheu as suas fichas e os dois seguiram em direção a área Vip.

A beldade passou próxima de uma de suas companheiras e comentou baixo em seus ouvidos:

— Avise para o mestre que temos alguém interessante no salão.

— É aquele homem gordo?

— Não... — Ela fixou os olhos em Sienna. — É o menino.

 

 

Havia um pequeno restaurante do lado de fora do Cassino. Curiosamente, este estabelecimento chegou próximo de falir; mas, por conta do surgimento daquela casa de apostas, ele acabou tornando-se um dos mais reconhecidos restaurantes da região.

Nele iam apenas a mais alta casta da sociedade. Era requerido uma série de requisitos de sofisticação e classe para adentrar ao lugar.

O andar de baixo do restaurante era luxuoso, sendo um retrato cuspido e escarrado dos homens que ali visitavam, mas o de cima era onde ocorria o verdadeiro conforto.

Acima do restaurante comum, havia uma pequena área que poucos conheciam e era ali em que o dono do restaurante ficava a maior parte do seu tempo.

Uma pequena varanda florida, cheia de rosas do deserto e cravos da seca. Para chegar nesse lugar, a pessoa não só precisava ter classe, mas também renome.

Apenas aqueles em que o pequeno dono do restaurante realmente confiava a sua vida, poderiam adentrar no seu humilde recanto de sossego.

E, neste lugar, havia dois homens.

O primeiro era o garçom chefe que, apesar de trabalhar ali a anos, nunca havia visto alguém ter acesso ao segundo andar, por conta disso, suava frio.

O outro era um homem de preto que bebia um chá tranquilamente enquanto observava o Cassino de uma distância segura.

— S-senhor... Gostaria de mais uma coisa? 

— Não. Pode se retirar. — Ele respondeu friamente. O Garçom estava prestes a sair, contudo foi chamado no último instante. — Ah! Diga ao seu chefe que envie abraços a esposa e que em breve retorne a dar os remédios a ela, pois, mesmo depois de tantos anos, talvez possa retornar.

— S-sim, Senhor! Eu direi! 

O garçom saiu do salão e foi até a cozinha, onde encontrou-se com o seu chefe que andava de um lado a outro com nervosismo.

— Ele gostou do lugar?! — exclamou o elegante homem baixinho, agarrando o seu garçom. — Ele disse alguma coisa?

— Arh! Ele mandou apenas um abraço para o senhor e para a sua esposa, e disse para não esquecer de dar os remédios a ela.

Com um enorme sorriso no rosto, o dono do restaurante abraçou o homem.

— Para falar tanto... Ele provavelmente amou o lugar. Glória! Vamos homens... Vamos trabalhar que hoje é um ótimo dia! 

O garçom não entendeu a situação, mas ficou feliz, pois era a primeira vez que via o seu chefe de tão bom humor.

No segundo andar, Morpheus deu um pequeno gole no chá, aproveitando o ambiente tranquilo, mas nunca retirando a sua atenção do seu alvo.

— Parece que eles conseguiram chegar na área Vip. — Morpheus bebeu um pouco mais do chá. — Meu familiar está sendo bloqueado por alguma coisa. Parece que logo precisarei me mover...

O cheiro das flores impregnava o lugar e o vento fresco balançava as vestes negras e cabelos de mesma cor do homem sentado ali.

Uma batalha em breve ocorreria.  



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