Volume 2

Capítulo 71: Tentar acalmá-la

Provavelmente porque estava suprimindo seus sentimentos por todo esse tempo, as emoções negativas das suas duas vidas explodiram. Ye Wanwan continuou a chorar por mais de uma hora e, sem conseguir controlar as lágrimas que estavam caindo, seus lamentos pareciam não ter fim.

Do começo ao fim, Si Yehan ficou parado, rígido, sem dizer uma única palavra ou realizar qualquer movimento. 

Depois que o seu mestre desapareceu, Xu Yi o seguiu, e agora estava parado ao lado da porta. Vendo a mulher chorar de forma tão intensa, se sentiu naturalmente culpado. Afinal, dessa vez, eles tinham mesmo a entendido mal. Não havia muito do que se pensar, era óbvio o quão assustada ela estava agora. 

As suas boas intenções foram mal interpretadas. Como não ficaria ferida? Felizmente, a verdade foi revelada. 

“Mas… Mestre, ela tá chorando tanto, você não devia ao menos tentar acalmá-la? Ficar parado como uma estátua assusta as pessoas ainda mais, sabia?”

“Bem, não importa! O que ele disse há pouco deve ser o seu limite. Não consigo imaginá-lo sendo gentil com uma garota.”

Aquelas simples palavras já tinham chocado o secretário o suficiente.

Naquele momento, os lábios finos de Si Yehan estavam pressionados juntos, como que com a força da corda do arco sendo tensionada ao extremo. Ver a jovem chorar de forma cada vez mais intensa rasgou o seu coração de várias formas.

Era a primeira vez dele vendo Ye Wanwan chorar. Não importava o quanto ela o odiasse ou sentisse medo, nunca havia chorado antes. 

Bastante tempo se passou e eles se mantiveram na mesma posição, até que o sujeito respirou fundo. Depois de resistir por vários segundos, a soltou do seu abraço. Ajustando a sua expressão facial para a frieza e indiferença de sempre, o seu tom estava calmo de novo:

— Xu Yi, leve-a para a escola. — disse antes de dar as costas e sair do quarto sem nem olhar para trás.

Escutando aquilo, o assistente ficou surpreso, mas então, após olhar para as costas do seu chefe, sentiu que a sua figura parecia desolada.

“O mestre não sabe consolar os outros, deve estar achando que se manter distância, ela ficará um pouco mais feliz!”

Suspirando levemente, ele voltou seu olhar para garota, que ainda estava soluçando na cama. 

— Senhorita Ye, não chore mais. Fique tranquila. O problema já foi resolvido. O Mestre não irá mais prendê-la aqui, como pode ver, ele até me pediu para mandá-la de volta!

***

Meia hora depois, Ye Wanwan estava de frente ao portal do Colégio.

— Senhorita, nós chegamos. 

Xu Yi parou o veículo e deu a volta para abrir a porta traseira. Enquanto pisava no chão, a face da jovem ainda tinha marcas de lágrimas. O sujeito que a acompanhava abriu a boca, como se quisesse dizer algo, mas acabou desistindo. 

Apenas quando o carro negro desapareceu no horizonte, engolido pela escuridão da noite, foi que os seus olhos ganharam vida de novo. Ainda assim, ficou parada alguns minutos antes de caminhar devagar na direção dos prédios.

Em vez de ir direto para o seu dormitório, ela se sentou em um dos bancos em frente ao pequeno lago. O vento frio atingia o seu rosto, parecendo clarear a sua mente.

Algumas horas antes, o passado parecia estar se repetindo, mas, agora, ela tinha recuperado a sua liberdade. No começo, a sua intenção era apenas vencer a outra no seu próprio jogo, entretanto, mesmo tendo o controle da situação, o medo que sentiu por Si Yehan era real, e toda a dor que sentia também.

Não era só o sofrimento deste dia, era todo o ressentimento que tinha sido acumulado nas duas vidas. Derramar o seu coração tinha secado todas as lágrimas que poderia pôr para fora, mas, agora, após desabafar, se sentia muito melhor.

Além disso, a atitude que Si Yehan demonstrou foi completamente inesperada. Não havia considerado a possibilidade do homem bruto e frio das suas memórias — incapaz de expressar qualquer emoção humana — se desculpar.



Comentários