Volume 1

Capítulo 47: Nunca o vi sorrir

Vendo a mensagem de texto que Ye Wanwan havia enviado, Si Xia engasgou com um monte de sangue na sua garganta, quase sufocando-se até a morte.

Desde que era pequeno, não importava onde fosse, ele era sempre tratado como se todas as estrelas girassem em torno da sua lua. O garoto nunca tinha sido difamado daquela forma!

Se aquela garota ridícula estivesse tentando chamar a sua atenção, agora tinha conseguido.

Heh… feio?

Ao ouvir a voz ao seu lado, a mulher percebeu que o conteúdo da sua mensagem tinha sido lido por olhos curiosos. Mas, apesar disso, ao contrário do que seria esperado naquela situação, não havia nenhum pingo de culpa na sua consciência. 

Depois de guardar o telefone, ela virou para o menino mais bonito da sua escola e sorriu, dizendo: — Não se sinta inferior. Pra falar a verdade, sua aparência é mais ou menos, mas a diferença é enorme, se comparado ao meu namorado!

“.....” Si Xia queria poder chamar o tal namorado dela para comparar as suas figuras, mesmo sabendo que aquilo seria impossível. Respirando fundo, o rapaz fechou os olhos e decidiu dormir. Se continuasse tentando se comunicar com aquela retardada, acabaria tendo uma síncope.

Em resposta àquilo, Ye Wanwan ergueu os cantos da boca. “Tsc. Ele não quer acreditar~”

Ao mesmo tempo, na casa ancestral da familia Si.

Si Yehan havia acabado de terminar seus exames de rotina.

Além de Mo Xuan, havia um doutor bastante idoso em cena. E, sentada do lado oposto do paciente, estava uma senhora de 78 anos. 

Aquela mulher tinha a cabeça inteira de fios prateados e segurava contas budistas na mão enquanto olhava preocupada para o neto. 

O médico mediu o pulso do homem, e a sua expressão foi ficando cada vez mais grave. Vendo como o doutor reagia, a expressão da senhora também ficou mais sombria. 

De uma hora pra outra, a atmosfera do quarto tinha sido tomada por nuvens escuras. Apenas Si Yehan, a pessoa que tinha causado tudo aquilo, não demonstrava nenhuma mudança nas suas expressões. Depois de ter o pulso checado, ele bebeu do chá enquanto se sentava no sofá, parecendo indiferente a condição do seu próprio corpo.

— Doutor Mo, Doutor Sun, sejam honestos comigo, os dois. Vocês não têm permissão de mentir. Qual a condição do pequeno Nono atualmente? — a idosa perguntou com cuidado.

Mo Xuan olhou para o “pequeno Nono” e tossiu, como se não ousasse dizer nada. 

Ao ver aquilo, a mulher mais velha lançou um olhar para ele e exclamou: — O que está fazendo olhando pra ele!? Me responda logo!

O sujeito só respondeu depois de considerar cada coisa que estava prestes a dizer.

— Respondendo à velha madame, ele continua na mesma. 

A senhora bufou friamente. 

— Pare de mentir! Ontem, você disse que ele tinha dormido por algumas horas, e no dia anterior e no antes desse também!

Não havia nada que o doutor pudesse fazer, apenas responder cautelosamente: — Três dias atrás, a hinopse falhou, e anteontem…. também… mas, na noite passada, o Senhor Si não retornou para o Jardim Jin até às três da manhã, e não permitiu que o tratamento fosse feito…

O rosto da madame mudou ao ouvir aquilo.

— Três dias! Por que ele não tem dormido a três dias!?

O indivíduo não teve coragem de contar a ela que, na verdade, o seu neto estava tendo problemas para dormir durante uma semana inteira. Ele havia estimado que ontem seria o limite, então estava preocupado que um grande problema fosse ocorrer, mas, de alguma forma, o estado atual de Si Yehan não era tão mal quanto pensava. Aquilo com certeza o surpreendeu. O velho médico próximo dele suspirou.

— Velha madame, não posso mais esconder isso de você. Durante os últimos dois anos, a doença do Nono Mestre tem se tornado cada vez mais difícil de tratar. Se não encontrarmos uma forma efetiva de tratá-lo logo, tenho medo de que se tornará tarde demais, e o resultado… lampeiro seco, queima o fogo*. Já dissemos isso antes, então a senhora deve estar ciente das consequências. 

(metáfora para uma “vida sendo exausta”, mais especificamente, morrer de alguma doença ou de idade avançada.)

Ao ouvir aquele ditado, a matriarca não pôde se segurar mais. 

— Eu sei… e daí que eu saiba disso!? Vocês precisam fazer alguma coisa! Vocês não são especialistas? Por que não conseguem tratar um problema pequeno como a insônia?! 

— Madame, a doença do Nono Mestre é no coração. Ele consegue dormir mais quando está de bom humor, mas, quando está zangado, não consegue nem dormir por um minuto. — Mo Xuan respondeu desamparado.

— Então, o faça se sentir bem!

Ao ouvir aquelas palavras, o doutor deu um sorriso sem graça. “E pensar que você não sabe o quão complicado é o temperamento do seu neto… fazê-lo se sentir bem? Mais fácil falar do que fazer! Verdade seja dita, mesmo tendo estado ao lado do jovem mestre por tanto tempo, nunca o vi sorrir.”

O clima no quarto estava ficando mais e mais estagnado. No sofá, o frio e indiferente Si Yehan, que estava olhando para o celular, subitamente, deixou escapar um riso leve. 

Hah…



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