A Detetive já está Morta Japonesa

Volume 3

Prólogo

“Então, nesse caso... a Siesta teve um final feliz?”

Os olhos de SIESTA se arregalaram levemente.

Mas veja bem, é uma boa pergunta, não é?

Digamos que Natsunagi e eu, Saikawa e Charlie, todos nós já havíamos superado nossos passados, feitiços e tudo mais.

E a Siesta?

Será que ela teve um final genuinamente feliz?

“Kimihiko... Isso não está certo.” Mesmo com o corpo frágil e trêmulo, SIESTA se forçou a ficar de pé. Natsunagi rapidamente passou um braço por seus ombros para apoiá-la.

“A Senhorita Siesta está satisfeita com esse final. Ela deixou vocês quatro como seu legado e resolveu os seus problemas. Isso significa que sua missão está….”

“Não!” Balancei a cabeça, recusando a resposta que ela tentava me dar.

“Porque, veja bem... ela estava chorando.”

Pensei no confronto com Hel, no esconderijo da SPES, um ano atrás. Siesta havia escolhido selar o inimigo ao custo da própria vida, e nosso tempo juntos havia chegado ao fim. O pólen da arma biológica me derrubou, e eu nem sequer consegui vê-la em seus momentos finais.

Mas agora, eu lembrava. Eu lembrava mesmo.

Ela tinha... A Siesta tinha chorado.

Ela se lembrou do gosto da torta de maçã que comemos juntos. Reviveu o tempo que moramos naquele apartamento barato. Olhou com carinho para aquela foto que tiramos, com ela vestida de noiva. Ela deveria estar comigo no dia seguinte, e na semana seguinte, e no mês seguinte, para sempre. E não queria nos separar.

Ela pensou naqueles três anos tão brilhantes, e “A Siesta chorou e disse que não queria morrer.”

E então, é isso mesmo. Isso só pode significar uma coisa...

“Escuta, SIESTA. Quando você nos sequestrou e nos mostrou aquelas cenas do ano passado... Aquele momento final. Quando nos mostrou aquela cena em que a Siesta chorava, depois que desmaiei por causa do pólen. Não foi você quem decidiu nos mostrar aquilo?”

Afinal, aquela teimosa detetive de elite quase nunca deixava os outros verem seu sorriso verdadeiro. Não conseguia acreditar que ela deixaria que eu a visse chorar tão facilmente. Em outras palavras, eu vi aquilo porque a empregada traiu sua mestra.

Então por que ela fez isso? Só podia ser porque….

“Essa é a verdadeira resposta para a busca pelo erro, não é?”

Natsunagi e os outros pareceram surpresos.

Esse havia sido o primeiro problema que SIESTA nos propôs, a mim e a Natsunagi: encontrar um certo erro que a Siesta cometeu um ano atrás. Havíamos encontrado o erro relacionado à Hel.

Mas eu tinha certeza de que não era o único. Havia outro erro, um que nem a própria Siesta tinha notado.

E foi por isso que SIESTA registrou um pedido para mim... Bom, para a Natsunagi, a nova detetive. Ela pediu à nova detetive que corrigisse o erro da Siesta.

Na verdade, Natsunagi já havia chegado a essa conclusão por conta própria.

Ela havia gritado durante a luta contra Fuubi, que a Siesta não deveria ter morrido.

O futuro correto era aquele em que ela sorria junto das pessoas que amava.

O que significava que um final em que Siesta tivesse que chorar era  errado.

“Kimihiko... O que você pretende fazer?”

Apoiada no braço de Natsunagi, SIESTA parecia atônita.

Segurei-a pelos ombros e gritei através dela, para a garota que estava além dela.

“Preste atenção, Eu não vou desistir de você, Mesmo que você esteja satisfeita com esse final, eu não vou aceitar isso!”

“Claro, talvez ninguém entenda, Nem a Natsunagi!, Nem o Saikawa!, Nem a Charlotte, Talvez vá contra todas as leis naturais. Mas eu te prometo,um dia eu vou trazer você de volta à vida, eu vou conseguir, juro que vou!”

No momento seguinte, Saikawa e Charlie se agarraram aos meus braços.

“Você é um idiota, Kimizuka.”

“Você é um bobo, Kimizuka.”

As duas choravam enquanto me seguravam, lágrimas grandes escorrendo por seus rostos.

Quando olhei para cima, vi Natsunagi me observando com um sorriso quase às lágrimas.

“Você é mesmo um tolo, Kimizuka.”

Ela colocou uma mão trêmula sobre o lado esquerdo do peito.

Será que tinha entendido?

Será que minha voz alcançou aquela que ainda estava lá dentro?

“Francamente.”

Ouvi um leve suspiro. E então, com um sorriso como se estivesse olhando para um bando de crianças difíceis de lidar, SIESTA disse...

“Vocês são todos idiotas.”

Eu tinha certeza de que era a Siesta quem estava dizendo isso, através dela.

Uma lágrima rolou por seu rosto, e ninguém que visse poderia dizer que ela era apenas uma máquina.

“...O sol está nascendo,” ela murmurou baixinho, olhando de lado.

A aurora despontava na estrada costeira. O laranja se misturava ao azul profundo do céu. No oceano, além do farol branco, a noite chegava ao fim, e o sol espreitava no horizonte distante.

“É. É aqui que tudo começa.”

A partir deste momento, nos rebelaríamos contra o nosso mundo.

A detetive já está morta?  Não.

Esta é a longa, longa e vertiginosa história do tempo até que eu traga a detetive de volta.

 

 

Traduzido por Moonlight Valley

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